Líder do PT desafia delator e oposição

Nas entrelinhas da nota do senador Humberto Costa (PT-PE) fica implícito o desafio para que os líderes da oposição façam o mesmo, abram seus sigilos.

Leia a Nota de esclarecimento:

Em relação à publicação do jornal O Estado de São Paulo deste domingo que relata supostas acusações do sr. Paulo Roberto Costa dirigidas a mim em delação premiada, afirmo que:

1. Todas as doações de campanha que recebi na minha candidatura ao Senado em 2010 foram feitas de forma legal, transparente, devidamente declaradas e registradas em minha prestação de contas à justiça eleitoral e inteiramente aprovadas, estando disponíveis a quem queira acessá-las;

2. Assim, nego veementemente ter pedido a quem quer que seja que solicitasse qualquer doação de campanha ao sr. Paulo Roberto;

3. Tal denúncia padece de consistência quando afirma que a suposta doação à campanha teria sido determinada pelo Partido Progressista (PP) por não haver qualquer razão que justificasse o apoio financeiro de outro partido à minha campanha;

4. Mais inverossímil ainda é a versão de que se o sr. Paulo Roberto não tivesse autorizado tal doação, correria o risco de ser demitido, como se eu, à época sem mandato e tão somente candidato a uma vaga ao Senado, tivesse poder de causar a demissão de um diretor da Petrobras;

5. Causa espécie o fato de que ao afirmar a existência de tal doação, o sr. Paulo Roberto não apresente qualquer prova, não sabendo dizer a origem do dinheiro, quem fez a doação, de que maneira e quem teria recebido;

6. Conheci o sr. Paulo Roberto em 2004 e minha relação com ele se deu no campo institucional, no processo de implantação da refinaria de petróleo em Pernambuco, do qual participei assim como vários políticos, empresários e representantes de outros segmentos da sociedade pernambucana o fizeram;

7. Conheço e sou amigo de infância do sr. Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (ASSINPRA), que também foi partícipe da mesma luta pela refinaria. Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao Sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010;

8. Tenho uma vida pública pautada pela honradez e seriedade, não respondendo a qualquer ação criminal, civil ou administrativa por atos realizados ao longo de minha vida pública;

9. Sou defensor da apuração de todas as denúncias que envolvam a Petrobras ou qualquer outro órgão do Governo. Porém, entendo que isso deve ser feito com o cuidado de não macular a honra e a dignidade de pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto estar incluído em um processo de delação premiada não dá a todas as suas denúncias o condão de expressar a realidade dos fatos;

10. Aguardo com absoluta tranquilidade o pronunciamento da Procuradoria-Geral da República sobre o teor de tais afirmações, ocasião em que serão inteiramente desqualificadas. Quando então, tomarei as medidas cabíveis;

11. Informo ainda que me coloco inteiramente à disposição de todos os órgãos de investigação afetos a esse caso para quaisquer esclarecimentos e, antecipadamente, disponibilizo a abertura dos meus sigilos bancário, fiscal e telefônico.

Recife, 22 de novembro de 2014,

Humberto Costa
Senador da República


Verdade do dia


Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil (* e venal) coma ela mesma.

Jospeh Pulitzer







Operação abafa está varrendo petrolão tucano para debaixo do tapete, por Antonio Lassance


As investigações da operação Lava Jato são só para petistas e, no máximo, para os peemedebistas. Para tucanos, impera a Operação Abafa.
Primeiro, foi o mensalão. Agora, é o "petrolão". Em ambos os casos, o esquema de desvio de dinheiro público foi inventado desde o governo tucano de FHC - pelo menos -, mas só descoberto quando vieram os petistas.

Estamos aguardando Aécio Neves, que além de Senador é agora comentarista político do Jornal Nacional, aparecer no estúdio para confessar que continua com a ideia fixa de que tudo o que o PT fez e ampliou começou com FHC.

Há gente muito otimista quanto ao desfecho do atual escândalo, na linha de que não sobrará pedra sobre pedra e que todos serão tratados igualmente pela Polícia Federal do Paraná, pelo Ministério Público e pela Justiça.
Poderíamos citar Dante e sua Divina Comédia para recomendar a todos que deixem a esperança na porta, ao entrar; mas a situação combina mais com o bordão do compadre Washington (aquele do "sabe de nada, inocente").

Pouco adianta a constatação do Ministério Público de que o esquema que assaltou a Petrobras existe há pelo menos 15 anos.

Se não houver a devida investigação para dar nome aos bois do período FHC, a constatação cai no vazio - ou melhor, na impunidade.

O problema não é se vai sobrar pedra sobre pedra, mas para onde serão dirigidas as pedradas, se é que alguém ainda tem alguma dúvida.

A apuração feita pela Operação Lava Jato não é neutra. Os investigadores da PF encarregados do caso não são neutros, muito pelo contrário.

A maioria é formada por um grupo de extremistas que foram flagrados em redes sociais vomitando comentários raivosos e confessando suas opções partidárias. 
Se dependermos dessa gente diferenciada, não teremos Estado de Direito, mas Estado de direita.

O Código de Ética da associação nacional dos delegados da PF proíbe a seus membros a manifestação de preconceitos de ordem política. Mas alguém acha que esses vão sofrer qualquer reprimenda?

Alguém imagina que os deslizes, considerados ao mesmo tempo graves e primários por gente séria da própria PF, terão a punição que foi aplicada ao ex-delegado Protógenes Queiroz, que cometeu o crime hediondo de prender um banqueiro?

O PSDB tem sido zelosamente preservado nessa "investigação" que deveria feita na base do doa em quem doer. Balela.

A operação Lava Jato é só para petistas e, no máximo, para os peemedebistas. Para tucanos, impera a Operação Abafa.

O senador Álvaro Dias e o deputado Luiz Carlos Hauly, ambos tucanos do Paraná, citados por delatores, até agora estão absolutamente preservados.

O nome de Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB, já falecido, apareceu menos como uma revelação do que como um "boi de piranha". Guerra já não pode confessar nada nem sob tortura.

PT e PMDB têm seus operadores. O PSDB também, mas onde estará o infeliz? Certamente, por aí, limpando sua conta e seus rastros.

Quase metade da lista de políticos citados pelos delatores é formada por apoiadores da campanha de Aécio Neves em 2014 (confira aqui).

A sina persecutória dos delegados paranaenses chegou ao ponto de incriminar o atual Diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, sem qualquer prova, sem sequer testemunho. O crime do diretor estava apenas na pergunta dos investigadores.

Até mesmo um ex-diretor da PF nomeado por FHC considerou o episódio contra Consenza o cúmulo do absurdo, conforme relatado pelo jornalista Ilimar Franco em sua coluna. 

Isso não se faz, a não ser com segundas e terceiras intenções. Não foi erro material", como os investigadores alegaram, nem mera trapalhada, foi obra do comitê eleitoral da campanha tucana de terceiro turno.

As tartarugas do ministro da Justiça

Das duas tartarugas que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tinha que cuidar, uma já fugiu; a outra está escondida debaixo de seu nariz.

A defesa da autonomia da Polícia Federal, que é de uma obviedade gritante, não resolve uma dúvida crucial: a PF do Paraná tem autonomia para varrer a sujeira do PSDB para debaixo do tapete, ao sabor da preferência partidária de alguns investigadores?

Está claro que o comando da PF no Paraná tem autonomia suficiente para não ser aparelhada pelo PT, nem pelo PMDB, mas pode gozar de autonomia para ser aparelhada pelo PSDB?

Se depender do ministro Cardozo, claro que sim - é para isso que serve a autonomia - para que qualquer órgão público faça o que bem entender, com base nas conveniências de seus servidores.

Por sorte, ao alargarem o tamanho do escândalo, para que ganhasse ares superlativos - suficientes para serem aproveitados por uma oposição que, incapaz de ganhar eleições presidenciais, só vê saída no impeachment -, os investigadores cometeram um erro crasso. Comprometeram todo o sistema político. Excelente ideia.

A rigor, todo aquele que recebeu doações de qualquer dos envolvidos no escândalo deveria ter seu mandato cassado.

Considerando que a Polícia Federal paranaense chegou à conclusão de que não existe almoço grátis, de cada 10 parlamentares eleitos, pelo menos 4 deveriam ser impedidos de assumir o mandato. Agora, ou vai ou racha.

A investigação que Gilmar Mendes determinou que se faça contra as contas da campanha de Dilma, com uma força tarefa formada por TCU, Receita Federal e Banco Central, deve ter uma similar para Aécio e todos os demais candidatos, à exceção dos do PSOL, PSTU e PCO - os únicos que se livraram do pavoroso expediente de receber "doações" de empresas.

É uma pena que o anticomunismo dos investidores encarregados da operação os impeça de chegar à conclusão, em seu relatório, de quem ninguém presta na política nacional, salvo os comunistas. Todos os demais partidos, nessa lógica, estão infestados de ladrões.

Se negarem vinculação com o PSDB e continuarem a recusar simpatia aos comunistas, aos delegados paranaenses restará apenas o movimento Punk - se for essa a opção, contarão doravante com meu respeito.



Frase do dia

Dilma Invocada:

"O engraçado é que a oposição fez, faz e fará o diabo para pegar esse abacaxi "

Papo de homem

Brucutus e mocinhos num mundo além do preto e o branco

O mundo das produções culturais em geral usa como matéria prima a vida cotidiana. O sofrimento e sua superação são os temas mais usados, assim como o modo como entendemos esse sofrimento. 
Esse jogo constitui um fluxo em que realidade e ficção moldam uma a outra, ficando pouco claro quem veio primeiro, o ovo ou a galinha, embora saibamos que tudo se trata de uma via de mão dupla. É assim que nascem personagens que tanto nos influenciam. 
O entendimento sobre o que é o sofrimento e como lidar com ele, em suma, a filosofia de vida das pessoas, está intimamente ligada ao zeitgeist (termo que se refere às características do tempo e do local onde se vive; o espírito da época). Observando a linha do tempo de filmes dos anos 70 para cá podemos traçar essa mudança de padrões.


 

Se antigamente predominava o jeitão Clint Eastwood, com cara de mau e um pé sempre pronto para chutar o traseiro dos problemas, hoje temos um grupo mais misto, com homens que escolhem uma abordagem diferenciada (mais discursivos, mais empáticos).
Essa mistura indica que estamos numa época de transição, ou que encontramos um meio termo para agir.
Não estou presumindo que homens nos anos 80/70 eram brutamontes incultos e burros. Sim, eles podiam ser inteligentes, mas o estilo era muito mais pragmático. Soluções eram vistas muito mais como ação do que como mudança de perspectiva sobre a realidade circundante.
Quando via um problema o machão setentista/oitentista pensava no que poderia fazer para derrotar as adversidades; as gerações posteriores, entretanto, passaram a ter um olhar mais interno, se perguntando sobre como podiam mudar a perspectiva sobre o problema. Esse jeito de agir (o primeiro citado) moldou o cinema de ação e ao mesmo tempo esses homens foram moldados por ele. 
Esse padrão aparece em diversos personagens, como RamboRockyJohn McClane e outros. 
Imagine um desses sujeitos discutindo direito de minorias, filosofia, ou discutindo relacionamento com a esposa. Sairiam falando que são todos uns frescos tagarelas.
É o protótipo do macho que acha que tudo é simples e que quem reclama de algo não está exigindo um direito ou querendo uma negociação, mas sendo fresco e fracote. Na prática a coisa poderia não ser tão estereotipada quanto os filmes mostravam, claro, mas essa era a imagem passada. 
Isso é o que um brucutu dos anos 80 faz com os problemas. Aguenta seus golpes, mas no final manda-os para a lona
Isso é o que um brucutu dos anos 80 faz com os problemas. Aguenta seus golpes, mas no final manda-os para a lona
Por determinado ângulo é admirável um cara sisudo, com aquela marra de badass, capaz de proteger a si e aos que estão ao redor, sem medo de desafios nem do perigo. Isso deve fazer a cabeça de mulheres, que por mais independentes que sejam hoje, são atraídas por homens com recursos e meios capazes de protegê-las. 
Para esses caras, problemas são comidos no café da manhã, simples assim. 
Se restar algo pendente, uma boa dose de birita no bar com os amigos e falar bastante mal do chefe e do político da vez resolve as coisas. 
Essas características estão sumindo – para o bem ou para o mal, e isso tem a ver com o espírito de nossa época, que vem mudando desde o fim da Guerra Fria. 

A influência dos tempos de guerra sobre o cinema e sobre a personalidade

O afastamento progressivo dos tempos de guerra, que precisam, de fato, de homens belicosos e durões, nos deu uma amolecida. Isso é natural, já que as gerações hoje nascem em meio à relativa paz. Não temos mais um grande medo a compartilhar mundialmente, como a guerra. 
Num nível individual, pode ser que esse estilo esteja falhando como um solucionador de problemas. Ao invés de resolver pepinos, as pessoas acabam achando que é melhor reprimi-los. Talvez isso explique o motivo pelo qual, em homens, a agressividade possa ser um sintoma de depressão. 

O maniqueísmo está sendo deixado de lado

Vivemos também numa realidade muito mais complexa. Em tempos de Guerra Fria, um clima de dualismo rondava as esferas da moralidade e da política. Era o bem e o mal, o preto e o branco. 
Atualmente, num cenário internacional bem mais pacífico, demoramos mais para extrair um padrão moral (certo ou errado) da realidade. Vemos uma enorme gama de cores intermediárias, não apenas o preto e o branco. 
Se os próprios americanos começam a querer eliminar seu maior símbolo do “bem” contra o “mal”, é porque eles não sabem mais tão claramente o que é bom e o que é mau
Se os próprios americanos começam a querer eliminar seu maior símbolo do “bem” contra o “mal”, é porque eles não sabem mais tão claramente o que é bom e o que é mau
Esse, inclusive, é um dos dilemas do Capitão América, tanto nos quadrinhos quanto nos filmes. Ele, um soldado da Segunda Guerra Mundial, foi parar numa época totalmente diferente, cujozeitgeist refuta toda a sua filosofia de vida. 
A partir dos anos 90 passa a diminuir os personagens e as histórias maniqueístas e vem os enredos mais mistos. 
Nossas melhores produções hoje combinam essa confusão na bússola moral, antes apontada somente para o norte. Histórias que nos permitem questionar o que é a virtude e o que é o vício, quem está certo e quem está errado, são as que mais instigam. 
O estilo dos personagens mais atuais indica que estamos repensando a filosofia de vida do macho dos anos 80. A chegada dos brucutus-coração-mole, essa espécie que acaba de ser descoberta, combina elementos um tanto contraditórios entre si, mas cuja combinação resulta numa liga fortíssima quando entrelaçados adequadamente. 
Duas boas referências desse novo universo masculino é o Rocky Balboa do sexto filme da série Rocky e Rust Cohle, da série True Detective. Os dois mantém uma postura badass, mas o primeiro parece sábio, reflexivo e com disposição para os desafios que virão, enquanto o outro é mais pessimista e desorientado. Ambos estão muito mais articulados e falastrões do que o típico brucutu.
Sobre Rocky, basta assistir a esse discurso inspirador para entender o que estou falando. 
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Muitos outros filmes e séries poderiam compor um infográfico recheado de personagens e histórias que ajudam a contar o rumo da filosofia pessoal das pessoas desde a Guerra Fria até hoje. A sétima arte ajuda muito bem a traçar essa jornada na medida em que é espelho e ourives do mundo.
A julgar por esse critério, então, diria que o novo modo de viver e se relacionar com o mundo é estar disposto a ser  prático, rápido e objetivo como uma katana, mas ao mesmo tempo, analítico, disposto ao diálogo e à reflexão, adicionar uma dose de sensibilidade.
De fato, creio que um indivíduo que aprendeu a conciliar essa multiplicidade de traços está preparado para a maioria dos dilemas da vida.


por Felipe Carvalho



Charge do Dia


Ensinar-te

Se eu acertar a viver, com certeza, volto para ensinar-te!

+Marco A. Leite da Costa Leite