Manifestações contra o golpe

Todas manifestações contra o golpe são pacíficas, até o instante em que vândalos vestidos com farda de polícia chegam e começam a agredir os defensores da democracia.

Golpe, Ajuste Fiscal, Soberania e Paz Mundial, por Roberto Requião

O cenário internacional no qual se movem nossas economias e nossas políticas, abrangendo igualmente a América Latina e a Europa Ocidental, está dominado por nuvens  excepcionalmente densas de ameaças com raros precedentes na História.

Esse cenário tende a afastar ainda mais as possibilidades de retomada do desenvolvimento econômico em grande parte do mundo, pondo em risco, por outro lado, a própria a paz mundial. 

Devemos, como políticos, assumir a responsabilidade pelas raízes dessa crise e pelo imperativo inadiável de buscar saídas. Do contrário todos, e sobretudo os pobres, serão submetidos a sofrimentos ainda maiores do que os que lhes tem sido impostos.

O Brasil, como sabem, passou por uma experiência política dramática, com o afastamento de uma Presidenta sem que ficasse provado qualquer crime de responsabilidade por parte dela, pré-requisito de impeachment segundo nossa Constituição. Entretanto, não me alongarei aqui a respeito dessa questão política interna, ainda em pleno desdobramento.

Acontece que a crise brasileira deve ser vista no contexto de crises similares em outros países da América Latina onde, por artifícios diversos, presidentes democraticamente eleitos foram apeados do poder. Não deve ser surpresa que todos esses presidentes afastados fossem do campo progressista. Não é surpresa que todos, sem exceção, tentaram evitar se submeterem às regras explícitas do neoliberalismo, como é o caso da privatização de bens públicos em larga escala.

A crise pela qual passam América Latina e Europa Ocidental tem uma dupla origem:

(1) a derrocada prática e da credibilidade do capitalismo neoliberal a partir de 2008, do qual a maioria dos países ocidentais não se livrou, e

(2) a insistência com que a maioria dos países desenvolvidos insistem em salvar o neoliberalismo na marra pela imposição do credo neoliberal a si mesmos e a outros Estados  mais fragilizados economicamente.

É preciso ressaltar, a esse respeito, que o Governo norte-americano não tomou o veneno que receitou, através do FMI, do Banco Mundial, do BID e da OCDE, tanto para as nações europeias quanto para as nossas nações sul-americanas.

Adotaram, sim, uma política tipicamente keynesiana no campo fiscal e monetário, com déficit de 1,4 trilhão de dólares em 2009, 1,3 trilhão em 2010, 1,2 trilhão em 2011, 1,1 trilhão em 2012, 1,0 trilhão em 2013. Só a partir de 2014 o déficit ficou abaixo da casa do trilhão de dólares, assim mesmo em nível elevado.  Como resultado os Estados Unidos recuperaram algum crescimento, embora não muito grande, mas de qualquer forma suficiente para uma melhora sensível do mercado de trabalho.

A Europa, ao contrário, mergulhou fundo no receituário neoliberal. Seus sacerdotes, sediados sobretudo na Alemanha, em torno do BCE, obrigaram os países do sul do continente a trocarem a salvação de seus bancos superendividados como consequência da orgia financeira  pré-crise de 2008 pelo estrangulamento fiscal. 

O Banco Central Europeu ofereceu crédito a zero por cento, sim, aos bancos dos países mais desenvolvidos. "Em contrapartida", a esses pacotes de refinanciamento da dívida bancária, o Banco Central exigiu uma contenção fiscal extrema aos países mais pobres. Isso contrai o setor estatal e impediu novos investimentos públicos.

Nega-se, assim, o que o mundo sabe desde os anos 30, com John Maynard Keynes, ou seja, que a curto prazo nenhuma nação capitalista pode romper uma crise de demanda sem recorrer a investimento público deficitário. É o que fizeram os EUA para sair da crise mais rápido que a Europa. Mas os EUA não deixam que outros o façam.

O desemprego atingiu níveis catastróficos em alguns países da Europa Ocidental, e, agora, também no Brasil. O Estado do bem estar social, símbolo do mais elevado estágio de civilização do planeta, está sendo corroído velozmente pelas políticas neoliberais.

Ouvi, espantado, há anos, do presidente do BCE - um burocrata, claro, sem mandato popular – que para sair da crise a Europa teria de liquidar com seu Estado de bem estar social.

Surpreende-me que nenhum líder político, representante do povo do continente, tenha reagido a essa declaração. Há uma capitulação geral ao neoliberalismo, uma espécie de "consciência pesada" dos capitalistas e políticos pelo que se concederam de forma supostamente excessiva, no passado, a trabalhadores, pobres e minorias. Os ricos, beneficiários da maior concentração de renda dos últimos 40 anos, dos quais 1% já detém a maior parte da riqueza do mundo, querem mais, muito mais.

Esse tipo de economia política nos faz pensar que a Europa, mãe de revoluções, está apenas dormindo, inconsciente de sua própria tragédia. Em breve, vamos descobrir que foi rompido, em razão da avareza do capital, o pacto social básico que possibilitou, durante décadas, a convivência do capitalismo com o Estado de bem estar social. A hegemonia definitiva de Mamon – o dinheiro, como lembrado pelo Papa Francisco – nós levará a um novo ciclo de convulsões sociais alimentas por uma luta de classes refundada, alastrando-se pelo mundo.

Na América Latina, a tragédia tem uma peculiaridade: a crise econômica toma logo formas políticas, e uma das indicações é fazer da crise um simulacro de razões legais para derrubar presidentes da República legitimamente eleitos.

A crise recomeça quando Europa e EUA descartam G20

Não precisava ser assim. Em 2008, logo na eclosão da crise, o G-20 se reuniu em Washington e a decisão unânime dos líderes mundiais foi no sentido de expandir vigorosamente as políticas fiscais e relaxar as políticas monetárias. A mesma orientação comum foi tomada nas reuniões seguintes de Londres e Pittsburg, ambas em 2009.

 Não havia nenhuma surpresa. Todos sabiam que, com a economia em depressão, era fundamental ampliar os gastos públicos deficitários para reverter a queda da demanda agregada e estimular o crescimento do investimento, do emprego e da renda. Entretanto, com a mudança do governo na Grã-Bretanha e a reconversão da França ao neoliberalismo, a Alemanha, junto com ambos, impôs aos países do euro uma contração geral da política fiscal sob a legenda metafórica de "exit strategy", ou estratégia de saída das políticas expansivas.

É importante assinalar por que a Alemanha pôde tomar esse rumo sem ferir os próprios interesses. É que a Alemanha é uma economia chamada "export led", ou seja, comandada por exportações. Tem anualmente gigantescos superávits comerciais e na balança de conta corrente, já que o euro, para ela, representou uma desvalorização. Isso significa que a ação comercial externa alemã supre as necessidades de liquidez para o financiamento da expansão da economia sem necessidade de políticas fiscais expansivas.

Entretanto, como é óbvio, isso não se aplica aos demais países do euro, submetidos, além disso, às duras restrições do Pacto de Estabilidade e Crescimento. São economias externamente deficitárias. E seus grandes déficits comerciais, sem dúvida contracionistas internamente, são justamente em relação à Alemanha.

O comércio é um jogo de soma zero. Se um país tem superávit, outro deve ter déficit para compensá-lo. É um absurdo lógico recomendar que todos os países tenham superávits comerciais ao mesmo tempo. A recomendação – diria, a imposição – alemã para os demais países do euro recorram a políticas de melhora de eficiência e de produtividade para superarem a crise através do aumento de exportações é um contrassenso.

Na verdade, alguém tem que bancar a saída: no pós-guerra, foi o Plano Marshall, do qual a Alemanha foi a grande beneficiária. Agora caberia a ela, como líder econômica da Europa, fazer sua parte.

Contudo, ela não faz sua parte. Ela é um centro de formulação ideológica da regressão econômica e política do mundo, dados os efeitos que a crise na Europa irradia para o resto do planeta. O resultado da "exit strategy", formalmente apoiada pelo BCE, pela Comissão Europeia e pelo FMI, foi a recidiva da crise em toda a Europa, particularmente nos países do sul. E a situação continua ainda hoje.

No Brasil, o presidente Lula tomou inicialmente a sábia decisão de seguir as recomendações de expansão fiscal do G-20 logo no início da crise. Através do BNDES, o governo brasileiro injetou na economia, em 2009 e 2010, R$ 180 bilhões para investimentos. Ao lado disso, aumentou os valores do salário mínimo e da Bolsa Família, o que teve, conjuntamente, grande impacto favorável na demanda agregada e o investimento. Em consequência, a economia cresceria 7,5% em 2010, depois de contração no ano anterior.

Infelizmente, em fins de 2010, seguindo a linha da "exit strategy" do FMI, as autoridades econômicas brasileiras se curvaram à ortodoxia neoliberal, como aconteceu com a Europa, e a economia voltou ao ritmo lento.

O resto da América Latina padece da mesma doença neoliberal. Como exportadora de commodities agrícolas e minerais, sua economia segue o compasso da economia chinesa, a qual mantém um ritmo ainda forte de crescimento do produto, a despeito de pequena queda nos últimos anos.

Entretanto, no campo do emprego, todos estamos impondo a nossas populações sofrimentos terríveis, sem necessidade. Se rompêssemos com a ditadura da austeridade fiscal, recorrendo a déficit produtivos, poderíamos a curto prazo recuperar o emprego, o investimento e o crescimento econômico. Basta coragem para confrontar a ortodoxia com seus slogans de suposta responsabilidade fiscal.

Permita-me uma rápida divagação sobre isso, citando o pensamento de Randall Wray, um notável economista norte-americano que escreveu o clássico "Understanding Modern Monday". As economias, qualquer delas, avançam sempre em ciclos. Ora estão em expansão, ora em recessão. Isso se reflete nos orçamentos públicos, que nunca estão exatamente equilibrados. Nas fases de expansão, é razoável que o governo retire da economia mais dinheiro, na forma de impostos, do que lhe devolve, sobre a forma de gastos e investimentos, a fim de controlar a expansão monetária e a inflação. Nessa fase, com o excesso de dinheiro,  paga alguma coisa  da dívida pública. Entretanto, em recessão, o governo deve retirar da economia menos do que lhe devolve sob a forma de gastos públicos deficitários, a fim de expandir o poder de compra da sociedade e favorecer o investimento e o emprego. É o gasto autônomo do governo. Nesse momento, a dívida pública aumenta, mas logo ela cairá, em relação ao PIB, por conta do crescimento deste e do aumento da receita pública.

Recorro a esse argumento técnico para confrontar o principal argumento político de economia da ortodoxia neoliberal: "nunca, jamais e em circunstância alguma, o governo deve gastar mais do que arrecada." Isso é um absurdo. Na verdade, em recessão, não existe nenhuma possibilidade de retomada do crescimento econômico a não ser pela via do investimento público deficitário. Isso ficou evidente no New Deal do presidente Roosevelt e na retomada da economia brasileira por Getúlio Vargas. Mas ficou evidente também no Novo Plano alemão dos anos 30, feito por quem foi considerado posteriormente como o mago de Hitler, Hjalmar Schacht. Qual foi a mágica desses governos? Investimentos públicos fortemente deficitários que depois se pagaram com o crescimento econômico.

No que se refere à economia política, o nazismo teve mais consideração com a população de desempregados do que nossos governos. Dessa forma, não é de se estranhar a imensa popularidade dos políticos de extrema direita e até de fascistas na Europa e mesmo no Brasil.

O Brasil conseguiu manter uma baixa taxa de desemprego até 2014, mas desde então ela aumenta aceleradamente. Ainda sob o comando da presidenta Dilma, sofremos o duplo impacto da chamada operação Lava Jato e do ajuste fiscal do ministro neoliberal Joaquim Levy, inacreditavelmente nomeado pela presidenta.

Com isso fomos à depressão inédita de 3,85% do PIB, que deve repetir-se este ano e se projeta forte para 2017. Nossa saída é, insista-se, o investimento público deficitário, mas o governo usurpador faz a política oposta de mais contração, propondo inclusive o congelamento em termos reais do orçamento público por 20 anos.

Vivemos na América Latina e no resto do Ocidente uma situação perturbadora. Não aprendemos as lições de 2008. A legislação para a regulação de derivativos e para separar bancos comerciais de bancos de investimento, apontada como essencial para a maioria dos especialistas a fim de impedir as crises ou suavizar uma nova depressão, tornou-se uma falácia, dada a profusão de possibilidades de exceções e vazamentos. Os Estados Unidos não estão cumprindo suas responsabilidades como líderes da economia mundial; em última instância, é Wall Street que governa o mundo, o que coloca o mundo sob o governo da ganância e da soberba.

Admiro a nação norte-americana. Admiro seus líderes históricos, como Washington, Hamilton e, sobretudo, Lincoln e Roosevelt. Admiro também Kennedy e Carter. Mas como todo cidadão do mundo fico apreensivo quando a nação mais poderosa da terra decide intervir em outros países para mudar regimes políticos a partir de um conceito de bom e mau regime por ela própria forjado.

As intervenções militares dos Estados Unidos nas últimas décadas resultaram em desastre político e levaram – na verdade, tem levado – sofrimento a muitas populações, multidões de refugiados, fome e desabrigo. Destruíram o Iraque, destruíram a Líbia, estão destruindo o Afeganistão, virtualmente dividiram a Ucrânia, quase destruíram o Egito, e tem provocado extrema instabilidade na Síria. Nesse caso, a intenção explícita de mudança de regime, suportada por bilionários em conluio com o Departamento de Estado, chega ao ponto de colocar em risco a própria paz mundial tendo em vista a posição da Rússia, favorável ao governo legítimo de Assad.

Respeito, sim, os Estados Unidos. Entretanto, cito uma frase de Vladmir Putin, o presidente da Rússia, em entrevista recente: "Os Estados Unidos são uma grande superpotência. Talvez sejam a única superpotência do mundo. Mas não podem continuar com essa mania de intervir em nossos países."

Felizmente, há uma luz no fim do túnel no jogo econômico e geopolítico. Ela se chama China. Dada a forte interação entre a economia norte-americana e a chinesa há esperança para a paz. Além disso, a China se aproxima da Rússia, Índia, África do Sul e Brasil para estabelecer uma nova rede de relações econômicas e financeiras pacíficas que não passam por Wall Street, através do Novo Banco de Desenvolvimento, o Banco dos BRICS. E isso é bom para o mundo inteiro. Para a Europa, África e América Latina e para o próprio EUA, porque mais pluralidade implica em mais tolerância, mais democracia, menos arrogância, mais liberdade e mais criatividade.

O aspecto mais relevante do banco dos BRICS é romper, nos financiamentos de infraestrutura, com as condicionalidades impostas pelo Banco Mundial e pelo FMI na tomada de recursos multilaterais e privados. Ou seja, é uma carta de alforria para as políticas monetária e fiscal vinculadas ao desenvolvimento, e não à ideologia neoliberal.

Infelizmente há fundadas suspeitas de que os Estados Unidos e as forças internas brasileiras com eles alinhadas estiveram por trás do golpe do impeachment no Brasil. Com seu apego à hegemonia absoluta, Washington considera um desafio inaceitável a aproximação econômica e, finalmente, geopolítica do Brasil com a China e a Rússia. Para eles, não importa as vantagens efetivas para o Brasil nessa aproximação. Como dizem os pais da diplomacia: "países não tem escrúpulos", e os Estados Unidos, que não tiveram escrúpulos em promover as revoluções coloridas que levaram à destruição de mais de uma nação. Eles não têm demonstrado limites na busca de realização dos próprios interesses, inclusive no campo do domínio do pré-sal brasileiro.

Aos países da América Latina, e a meu próprio, meu conselho é: busquem atender aos interesses dos mais fracos. Se fizermos isso, a despeito de recuos circunstanciais, consolidaremos a democracia, que é o que importa na política. Pela democracia, chegaremos a uma economia justa e protegida do domínio de potências pretensamente hegemônicas.

Embora não possamos ficar de costas para os EUA, a China tornou-se também nosso parceiro fundamental na economia. Muitos temem a China por sua força comercial, impondo perdas concorrenciais a seus parceiros. Se prestarem atenção, a China mudou. Na visita que fez ao Brasil, o premiê chinês, Li Keqiang, anunciou os quatro princípios que, enfeixados sob o propósito explícito da cooperação, passaram a pautar as relações econômicas externas chinesas: "orientação empresarial, manejo comercial, participação social e promoção governamental".  Creio que ninguém se oporia a tais princípios. E notem, finalmente, que cooperação foi a palavra mais repetida nos comunicados das três reuniões do G-20 depois da crise de 2008. Infelizmente, nos encontros seguintes, ela quase desapareceu dos comunicados.

A arrogância neoliberal vai novamente retroceder em razão dos seus reiterados fracassos. Chegará a hora em que todos nós, o Planeta inteiro perceberá que a cooperação econômica, a solidariedade e a busca da paz deverão e serão as linhas mestras das relações internacionais.

Roberto Requião é senador da República em seu segundo mandato. Foi governador do Paraná por três mandatos, prefeito de Curitiba e deputado estadual. É graduado em direito e jornalismo com pós-graduação em urbanismo e comunicação. É oficial do exército brasileiro, na reserva.

Psdb chantageia o colega Michê explicitamente

 "Enquanto Temer se mantiver fiel a essa agenda que colocamos para o país, contará com o PSDB. Se percebermos que isto não está ocorrendo, o PSDB deixa de ter compromisso com este governo. Não é uma ameaça, apenas uma constatação natural", disse o senador Aécio Neves (PSDB-MG), em entrevista à jornalista Júnia Gama.

Na realidade, trata-se, sim, de uma ameaça – e das mais explícitas. No roteiro desenhado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e executado por Aécio Neves, em parceria com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Temer faria o "trabalho sujo" da "ponte para o futuro" e, em seguida, renunciaria a qualquer projeto de poder, cedendo o espaço, em 2018, para uma candidatura de Aécio Neves.

O projeto, no entanto, fracassou. O mundo inteiro enxerga o impeachment da presidente Dilma Rousseff como um golpe parlamentar e muitos, no Brasil, apontam o senador Aécio como um dos principais responsáveis pela crise política que arruinou a economia brasileira. Tanto que, de acordo com pesquisa Ipsos, a rejeição de Aécio, que não aceitou sua derrota eleitoral em 2014 e apostou no 'quanto pior, melhor', já é de 64%.

Portanto, para o presidente nacional do PSDB, o golpe de 2016 foi um péssimo negócio. Se o governo Temer der errado, o que é o cenário mais provável, uma vez que a economia não para de afundar, o fracasso será também tucano. Se der certo, o candidato das forças governistas será Henrique Meirelles – e não Aécio ou qualquer outro nome do PSDB.

"O PSDB tem ecoado com muito mais clareza as posições do presidente Temer do que o seu próprio partido. Sem o PMDB agindo de forma coesa, as dificuldades de Temer serão quase intransponíveis. Esse último episódio (fatiamento da pena de Dilma Rousseff) demonstrou, mais uma vez, a ambiguidade com que o PMDB atua", disse ainda Aécio em sua entrevista.

Na entrevista, ele falou ainda sobre a ação movida pelo Tribunal Superior Eleitoral, movida pelo PSDB, que pede a cassação da chapa Dilma-Temer. "Caberá ao TSE avaliar se Temer teve responsabilidade nisso ou não", afirmou.

Lava Jato

Citado em várias delações como beneficiário de propinas, especialmente na da OAS, que apontou pagamentos de 3% nas obras da Cidade Administrativa, Aécio minimizou as acusações. "São coisas tão absurdas e impossíveis de serem comprovadas que tudo isso será muito positivo. Vamos sair disso muito mais fortes. Tenho zero temor. Não apenas eu, mas vários outros também indevidamente citados. Uma coisa é um escândalo de corrupção que tomou conta do país, capitaneado pelo PT. As empresas dizerem que ajudaram A, B ou C em suas campanhas eleitorais é natural, é outra coisa."

Carta para Helena


Carta para Helena

Brasil, 31 de agosto de 2016

Filha, sei que quando ler esta carta e compreender o que ela contém haverá se passado 15, talvez 20 anos, de um dos momentos mais tristes e repugnantes que pude presenciar em nosso amado Brasil. Espero que diante desta leitura, o país - e o mundo - já esteja vivenciando uma nova era, em que as pessoas possam estar mais unidas em torno do respeito, da paz, em prol de uma sociedade mais justa, em que humanos não subjuguem os irmãos de caminhada terrena. Em que as pessoas não tenham mais tanto medo das próprias sombras.

Escrevo, filha, porque sei que os livros tendem sempre a contar a História pelo lado dos "vencedores" (atenção a estas aspas ;-)), calcada em informações tidas como "oficiais" e que têm em sua fonte quase sempre um pequeno grupo de empresários da mídia, que são pagos em grande parte pelos agentes do sistema financeiro mundial para divulgar aquilo que é de seus interesses.

Neste dia, filha, está sendo concretizado mais um golpe, agora institucional, em nosso País. E desta vez não foi preciso colocar os tanques na rua - ao menos por enquanto. A presidenta, Dilma Rousseff, eleita com mais de 54 milhões de votos de brasileiros, está sendo definitivamente afastada do poder pelo voto de 61 senadores, sem haver no mínimo um consenso se ela realmente cometeu "crime orçamentário" do qual é acusada - e pelo que o papai estuda não há crime algum.

Comecei a escrever este texto dois dias antes. Naquele dia 29 de agosto, a então presidenta afastada - após ser presa, torturada e julgada sumariamente durante a ditadura militar, uma página infeliz de nossa História - foi interrogada por mais de 14 horas no Senado Federal.

Respondeu a todas as perguntas, deixando claro que a principal motivação para o golpe sempre foi política - iniciado por vingança do então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que abriu o processo por não ter o apoio do PT, partido de Dilma, para interromper um processo de cassação no Conselho de Ética, o primeiro a ser enfrentado por ele após anos e anos de conhecidos achaques, conluios e distribuição de propinas que permitiram, à época, que ele controlasse as vontades - e os votos - de cerca de 200 deputados.

Para o papai, esse processo, no entanto, começou bem antes. Mais precisamente quando o antecessor de Dilma, o ex-presidente Lula, ao vencer as eleições de 2002 com o tema "a esperança venceu o medo", deu sua primeira entrevista ao Jornal Nacional, da mesma TV Globo que foi implantada com recursos de fundações que serviam aos interesses dos financistas para dar suporte ao golpe militar, de 1964. Dias depois, Lula ainda anunciou para o Ministério da Fazenda, Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco de Boston, que voltaria a assumir, não por acaso, a mesma pasta no interino governo golpista de 2016.

E como se diz nesses dias sombrios, o Brasil não é para amadores. E sabemos que a História sempre se repete - a primeira vez como tragédia e depois como farsa, como diria Karl Marx.

Lula fez um dos governos mais voltados para o social que o Brasil já teve. Comparável, sempre, a Getúlio Vargas e João Goulart, outros dois grandes presidentes de nosso país. Indiscutivelmente, Lula elevou o país a um outro patamar no planeta e fez crer que o futuro já havia chegado para esta terra destinada a cumprir papel tão importante entre as nações.

Porém, não atentou que "nunca antes na História desse País" - como era seu bordão - uma pequena classe burguesa atrelada aos interesses dos grupos hegemônicos mundiais permitiu dividir seus lucros e espaços com quem considera "menos" do que ela.

Desde outubro de 2014, quando Dilma venceu as eleições verdadeiras e conquistou seu segundo mandato - você ainda nem na barriga da mamãe estava - passei a "falar" menos e observar mais. A buscar compreender melhor e acreditar no que seria inevitável, dado o jogo de cartas marcadas e a clara manipulação que desfizeram amizades, criaram conflitos e alargaram o fosso social já tão gigantesco de nosso País. Em meio a tanto ódio propagado em redes sociais, escolhi gastar energia com o quê e com quem realmente valesse a pena - e isso se deu a custo de muito autocontrole, sua mãe que o diga.

Antes mesmo de Dilma assumir, já era claro que a "Casa Grande" não deixaria a "Senzala" governar por mais quatro anos. Diante de um cenário mundial em que muitas feridas mal curadas do passado tornaram-se escaras de preconceito, conservadorismo e fanatismo, o fascio deu novamente as caras e encontrou eco nas sombras reprimidas de milhares de brasileiros que, inflados, mal sabiam o que atacavam e defendiam nas ruas - e nem mesmo se atacavam ou defendiam. Usados como massa de manobra, queriam inconscientemente liberar seus medos, seus monstros internos no outro, em vez de se ocupar deles.

Hoje, dia 31 de agosto, ainda são poucos os que sabem o real motivo dessa empulhação que resultou em mais uma página triste de nossa História. Os velhos coronéis ressurgem das suas catacumbas. Centenas de rostos da opressão de anos a fio se acomodam à face de Michel Temer. Tempos sombrios teimam em sair do passado para ocupar as vias do presente. Por pouco tempo, tenho certeza.

Sim, filha, eu e sua mãe sempre tivemos esta "estranha" mania de ter fé na vida, de sermos otimistas demais. Mesmo diante desse cenário, continuamos do lado "esquerdo" da História - e, como já disse Darcy Ribeiro, não me agradaria nem um pouco estar ao lado dos "vencedores".

Reitero que o golpe ocorreu, sim. E não apenas com o Brasil. Todos os brasileiros, filha, sofreram durante esse processo "tapas na cara" - do grego kolaphos, de onde vem a palavra golpe. Em alguns, estes tapas causaram revoltas infantis, fazendo com que fiquem ainda mais enclausurados em seus preconceitos, rancores e mágoas. Creio, no entanto, que muitos outros despertaram com esses golpes, encararam seus medos, suas sombras e todas aquelas que há centenas de anos pairam sobre nosso país - que nada mais é do que um reflexo dos que vivem nele.

Por este motivo, acredito que sairemos ainda mais fortes desta página de nossa História para escrever novos capítulos com mais lucidez. Sabendo que muitos passos foram dados - alguns deles em falso - para chegarmos até aqui, seguimos acreditando nesta grande e infinita revolução. Uma revolução pacífica que há milhares de anos vem sendo travada dentro e fora de cada ser que acredita que o amor é a mais poderosa arma contra qualquer tipo de golpe - seja na face ou no governo de um país.

Por fim, Helena, desejo apenas que quando ler estas palavras esteja ajudando a escrever o novo capítulo de nossa História com a arma que eu e sua mãe lhe ensinamos a usar dia-a-dia e que compreenda que o medo nunca vencerá a esperança em lutar para que nosso País cumpra seu papel nessa nova era da humanidade.

Com amor,

Papai (Plínio Teodoro)

O 64 do Michê Treme já começa em 68

POR JARI DA ROCHA, COLABORAÇÃO PARA O TIJOLAÇO 

A soma das vergonhas – 17 de abril, 12 de maio e 31 de agosto – é proporcional à indignação que sentimos pelo cinismo, tanto da imprensa (e das caras e bocas de jornalistas amestrados), como deste governo deslegitimado pela própria mesquinhez.

Usados como grande desculpa, por mídia e golpistas, o falso clamor das ruas se esfacela diante das mazelas de uma farsa tão mal feita que até o mais afoito paneleiro já se deu conta do papel de otário.

Enquanto estes, envergonhados, se escondem em assuntos de corte e costura, outros vão à luta para reaver o que lhes foi roubado. O voto, os direitos adquiridos e a liberdade plena de ir e vir, de protestar e de exercer sua cidadania de fato.

Observe-se que muitos ainda falam num país dividido como se isso fosse um problema, pois, segundo eles, melhor seria um país unido pela 'paz' da ignorância e da passividade.

Esses mesmos que repetiram incansavelmente a 'ideia' de que havia uma censura e uma ditadura petista-bolivarista-esquerdista, são os que agora se calam diante dos abusos e da repressão policial.

A repressão é a arma recorrente de golpistas, pois sem legitimidade, não têm o que dizer a não ser negar o golpe e agredir quem diz o contrário. Ditadura, censura de quem, do PT?

Ocorre que mesmo que tentem calar os cidadãos que se expressam nas ruas ou nas redes sociais ou os blogs que descontroem incansavelmente as mentiras propagadas, não será mais possível esconder o que o mundo já sabe e o que mais da metade da população brasileira também sabe. Que é golpe.

A elite tem medo do povo e por isso é agressiva. A repressão que estamos presenciando para tentar eliminar a reação legítima contra o roubo do poder do povo e pelas demais injustiças que já estão na ordem do dia, tem limite.

Por isso, o 64 de Michel Temer começa em 1968.

Porque a repressão inicial de 1964, contra sindicatos, comunistas, petebistas chocava menos, como tudo neste país choca menos quando é no porão.

A classe média, que marchara com Deus pela Família nas ruas de 64, ainda demoraria a sentir os casetetes do golpe.

Naquela edição, o golpe fez sua vítima que se tornou símbolo, quando assassinou o estudante secundarista Edson Luiz. A passeata dos cem mil, no dia 26 de junho de 1968, no centro do Rio de Janeiro, fez a ficha de incrédulos (do golpe) cair, mas também que o governo militar decretasse, meses depois, o AI-5, o mais duro ato institucional contra as liberdades.

Desta vez, no mesmo dia em que a democracia foi golpeada pelos 'votos' de 61 senadores, os brucutus já estavam nas ruas "batendo e mandando prender" e novamente um símbolo nos alerta sobre o estado que querem impor.

Débora Fabri, a estudante que ficou cega de um olho, durante protestos no centro de São Paulo, poderia ser esse símbolo, mas, pela disposição violenta deste governo (característica de governos ditatoriais, como este) ainda lhes falta ver um corpo tombar.

Os déspotas de hoje não usam farda e óculos escuros. Enquanto sorriem diante das câmeras, ordenam que o aparato bélico do estado baixe o sarrafo em jovens estudantes, jornalistas, advogados e professores.

Há, no entanto, uma diferença brutal nesses 52 anos. A consciência política, principalmente entre os jovens. Estudar numa faculdade não é mais um privilégio, mas um direito. (Assim como vários outros direitos que foram concedidos ao povo que mais precisa.)

A perda de privilégios sempre aguça o ódio dos mesquinhos.

O erro da direita foi ter deixado um Luiz Inácio mostrar ao povo que é possível viver com dignidade, que a fome era só uma desculpa cretina e que as oportunidades devem ser para todos e todas.

A perseguição a Lula não é à toa. E ele sabe disso mais do que ninguém, por isso deu a senha: "existem milhares de Lula" como uma espécie de procuração da coragem, determinação e consciência política.

A direita tem um problema sério. Eliminar essa praga que se alastra feito epidemia: o legado imaterial de Lula. O Brasil nunca mais será o vira-lata de antes, mesmo que prendam Lula, mesmo que o matem.

Pouco mais de uma década foi suficiente para se ter consciência, pela primeira vez na história desse país, que o Brasil pode ser grande e benevolente com os filhos seus.

Os protestos não vão parar. A cada dia mais e mais pessoas estão indo às ruas para mostrar que não se leva mais, assim na mão grande, a esperança, a liberdade e os direitos de um povo.

O golpe é uma vergonha descarada.

Quanto a Michel, que se tornou o símbolo máximo da traição nacional, o adúltero imoral da democracia, resta-lhe ser escrachado por onde passa, afinal, quem vai confiar num golpista e traidor?

Rui Daher - porque Diretas Já!

Por ser o melhor mote para a resistência. Porque na História o golpe de Estado ficará registrado como rápido arranhão na democracia. Porque a maioria dos que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff não quer os que agora aí estão, e quem os quer participou do conluio e está sujo diante de qualquer Verdade. Somente uma imediata eleição presidencial, seguida de reforma política, restabelecerá nossa credibilidade diante do planeta.

Então, senhores, nas ruas pelo movimento Diretas-Já! Se o golpe repetiu a tragédia de 1964 como farsa, seu antídoto não será visto assim.    

Desde o início achei que bobeávamos. Fazíamos tudo parecer fácil, sem reconhecer experiências antipopulares históricas, as raposas políticas de conluios tantos, a ameaça constante frente aos interesses externos hegemônicos.

Nem seria preciso ter lido tanto ou militado muito. Bastava a experiência de 50 anos como empregado da Casa-Grande, teto de uma burguesia pouco instruída, imodesta, arrogante, e quando não, conservadora, paroquial, vazia na percepção do outro e que admite o Estado apenas como protetor de seus interesses privados. Contrariados, culpam-no e achacam seu patrimônio.

No caminho, perguntava-me por que tantos acordos de governabilidade? Dava-se aval, carta de fiança, reconhecia-se firmas de camarilhas históricas, responsáveis por todo o nosso atraso.

O Estado Novo nada nos havia ensinado? O golpe civil-militar de 1964 também não? Os anos de resistência a projetos políticos populares, mesmo quando atestados nas urnas, não reificava o predomínio da acumulação de renda e patrimônio em detrimento ao trabalho?

E bobeávamos, bobeávamos, bobeávamos. As primeiras críticas aos “hábitos ABCD” da família Da Silva, permitiam prever o ninho de cobras em desajeito. Mas, leves, preferimos considera-las folclóricas ao invés de as repelir de forma autoritária. Tempo de aprender a chutar canelas tivemos. Às insinuações de pouca academia na vanguarda, nos gabávamos de estar na retaguarda. A intelligentsia previa, finalmente, um País melhor.

A cada dia, a cada pesquisa, isso se confirmava. Sucesso dos programas de inclusão, 6ª economia do planeta, “queridinhos”, “o cara”, o Redentor Astronauta, as sandálias, sede da Copa do Mundo de Futebol, Olimpíadas, enfim 40 milhões de pessoas fora da linha de pobreza.

Claro que muitas mazelas permaneciam, mas pedras rolavam em menos caminhos. Erros de pilotagem na economia? Muitos. Mas quem não os houvera feito. Quem deles não participou do estrume seco a que havíamos chegado? Ou alguma esquerda, mesmo que meia-boca como a derrubada, esteve no Poder até 2003?

Descansamos no 7º dia. Nos distraíamos (jurei nunca mais usar mesóclises) discutindo o que eles fariam? Engoliriam ou cuspiriam o esperma proletário? E bobeávamos, bobeávamos, bobeávamos. Quando vimos Dilma reeleita e com aprovação ainda maior do que a de Lula, o relaxo foi total.

Em junho de 2013, alguns de nós, tão inebriados, juravam serem nossas aquelas “ruas e bandeiras”. Hoje sabemos que não. Em Brasília, no Lago Paranoá, nas fontes curitibanas, no rio-esgoto que corre defronte à Redação de “Veja”, se desenvolviam girinos que viriam a formar aquilo que alguém aqui bem chamou de “República dos Canalhas”.

As esquerdas precisam se unir em torno de um só anseio: DIRETAS-JÁ! Pavio a acender e estendê-lo ao País. Sem isso, estaremos suicidando a nação, como um dia fizeram com Vladimir Herzog e ainda muitos teriam a fazer. 

Jeferson Miola - Os golpistas venceram a batalha do impeachment  fraudulento no Senado, mas perderam a guerra da narrativa do golpe

A condenação ao golpe é mundial. No mundo inteiro o golpe é denunciado como sendo, no mínimo, uma tremenda farsa, um crime; uma trama conspirativa arquitetada para derrubar uma Presidente inocente, sem amparo na Constituição do país.

O mundo civilizado se horroriza com a fotografia da matilha misógina, corrupta, homofóbica, racista e anti-popular que tomou de assalto o poder para fazer o Brasil regredir séculos, se distanciar das grandes conquistas democráticas e civilizatórias da humanidade.

Dilma foi cassada, seu mandato legítimo foi roubado. Mas ela não foi condenada, não perdeu os direitos políticos que perderia, se tivesse cometido crime de responsabilidade. Essa é a prova monumental de que houve golpe.

Este impeachment fraudulento, de tão burlesco, pode ser comparado a um conto. É como se um guarda de trânsito ardiloso inventasse graves infrações de trânsito e atribuísse elas injustamente a determinado motorista que tem o carro que ele não conseguiria adquirir honestamente e então, ao invés de multar ou cassar a habilitação do motorista infrator, toma-lhe o carro.

Essa é a farsa do impeachment: um golpe de canalhas e vigaristas que criaram acusações falsas para roubar o mandato sagrado que Dilma recebeu de 54.501.118 brasileiros e brasileiras.

Os ratos golpistas entraram no Palácio do Planalto pela garagem. E, ao mesmo tempo, abriram as portas do inferno que passarão a viver.

A tirania tem seus disfarces, e o mais insidioso deles é o disfarce de maioria parlamentar que violenta a Lei e as regras da democracia segundo conveniências de ocasião.

O povo está nas ruas, a resistência democrática arma suas barricadas. O povo tem o direito inalienável de se insurgir contra esta tirania que é acobertada pelo judiciário e pela mídia.

O povo violentado pelo golpe e castrado no desejo de viver com dignidade, alegria e democracia, tem o direito à desobediência civil.

Esta conquista civilizatória da humanidade os golpistas fascistas não conseguirão roubar: nenhuma obediência ao governo usurpador que quer promover a restauração neoliberal ultraconservadora e reacionária.

O governo usurpador não terá um dia de trégua. Todo o dia é dia de protesto, de denúncia, de luta. A cada dia é maior a resistência.

Aas multidões radicalizadas que ocupam as ruas não se intimidam com a repressão fascista que o governo usurpador promove com suas polícias. As palavras de ordem anunciam o futuro: amanhã vai ser maior!