Dilma nomeou Graça para desmontar a corrupção na Petrobras

Por Helena Chagas, nos Divergentes
O trecho do depoimento em que Marcelo Odebrecht conta que “desarmou” Graça Foster e Dilma Rousseff ao dizer a elas que o PT também recebera propina de contrato da área internacional da Petrobras, assim como o PMDB, está sendo interpretado como uma comprovação de que Dilma sabia da corrupção na estatal. Mas é preciso fazer justiça e reconhecer que o copo meio vazio é o mesmo que está meio cheio. 
A conversa em questão havia sido convocada por iniciativa de Graça, então diretora da estatal, e Dilma, com o objetivo, relatado pelo empresário, de indagar a ele se estava pagando propina ao PMDB. Ainda segundo Marcelo, ele teria dito que sim, e também ao PT.
Apenas hoje fica claro por que, logo depois, nos idos de 2011, Dilma iniciou um processo de desmantelamento da então diretoria da Petrobras, cujo primeiro movimento da presidente da República foi a substituição de José Sergio Gabrieli por Graça Foster.
Graça era uma pessoa de sua total confiança, sobre a qual não recaiu nenhuma denúncia do mar de lama que tomou conta da Petrobras. Hoje ela está aposentada, em casa, bem longe de Curitiba.
Dilma comprou muitas brigas e levou cerca de um ano para viabilizar a nomeação de Graça, cercada de resistências políticas – e apenas hoje, também, entendemos exatamente por quê.
A nova presidente da Petrobras assumiu em fevereiro de 2012 e trocou de cara três integrantes da diretoria, obviamente por determinação de Dilma: Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Engenharia) e Joge Zelada (Internacional). Coincidência ou não, os três passaram ou ainda estão passando longas temporadas em Curitiba.
Graça Foster decidiu inclusive, por algum tempo, acumular ela própria a diretoria internacional – certamente para controlar melhor o que se passava ali.
Na ocasião, Paulo Roberto saiu contrariado, dizendo não entender por que estava sendo demitido. Duque e Zelada foram mais discretos, propagando a versão de que queriam mesmo descansar. Houve forte reação dos partidos no Congresso, puxada sobretudo pelo PP, que indicara Paulo Roberto, e pelo PMDB, padrinho de Zelada. Os petistas reclamaram nos bastidores, mas muito.
Pode-se até apontar o erro de quem tomou conhecimento de pagamento de propinas em contrato da Petrobras e não denunciou, nem avisou a polícia e nem tomou providências judiciais, optando por mudar o comando da empresa. Mas não é justo confundir Dilma e Graça com o pessoal de Curitiba.
Só Clikar no anúncio que interessar. O blogueiro agradece!

“Grosseira manipulação”: ex-editor do JN critica cobertura do caso Dilma / Odebrecht



Publicado no facebook do Mario Marona, ex-editor do JN.
A GloboNews acaba de botar no ar longo trecho de depoimento de Marcelo Odebrecht em que ele cita Dilma.
Uma história sobre corrupção na Petrobras, com flagrante tom de fofoca.
A emissora vende a notícia como se fosse uma denúncia de envolvimento da ex-presidenta.
Mas o vídeo demonstra exatamente o oposto: Dilma não sabia do caso de suborno abordado no interrogatório e, quando soube, cobrou responsabilidades dos supostos envolvidos. Marcelo chega a relatas que o então ministro Edison Lobão contou a ele que foi duramente interpelado por Dilma, depois deste encontro. E diz que Dilma surpreendeu-se, inclusive, ao ser informada por ele que gente do PT também poderia estar recebendo propina. Marcelo ressalta que esta foi a única vez em que tratou este tipo de assunto com Dilma.
Posteriormente, depois desta suposta conversa, Dilma afastou vários executivos da Petrobras, justamente por ter passado a suspeitar da idoneidade deles.
Mas a imprensa transforma a declaração do delator no seu exato oposto.
Interpreta como sinal de culpa o que na verdade é uma indicação de lisura.
Os comentaristas da Globo News fazem este jogo.
Invertem o sentido da declaração do delator.
AS TVs e os jornais impressos de amanhã farão o mesmo.
Cinco minutos depois de ter ido ao ar, o trecho é repetido, introduzido pela chamada: “Neste trecho do depoimento Marcelo Odebrecht cita a ex-presidente Dilma”.
Esta farsa será repetida à exaustão, até que ganhe ares de verdade.
Em tempo: há minutos, a âncora da Globo News entendeu que precisava incitar ainda mais os dois comentaristas: “Marcelo revelou que Lula e Dilma sabiam do A-P-O-I-O que a Odebrecht deu às campanhas do PT”.
Como não saberiam? A Odebrecht apoia as campanhas de praticamente todos os partidos desde sempre.
No depoimento exibido, Marcelo não diz em nenhum momento que Lula e Dilma conheciam alguma irregularidade nas doações. E acrescenta que sempre patrocinou as candidaturas de Aécio e que o senador tucano nem precisava pressionar porque receberia o que fosse necessário a qualquer momento. Bastava ligar ou mandar algum preposto ligar.
Só Clikar no anúncio que interessar. O blogueiro agradece!

O judiciário assume o Poder, sem voto e sem Povo, por Rodrigo Viana

- Quem acredita que a Odebrecht nunca pagou propina a jornalistas, procuradores, ministros do TCU, ministros do TCE e principalmente de juízes colegas do Moro, acredita que os coelhos põem ovos de chocolate - 
***
O sistema político implodiu. A República de 1988 chegou ao fim, mesmo que ainda tenha forças para se arrastar moribunda pelo chão. O Poder Judiciário e o Ministério Público, numa aliança prolongada com a Globo e a mídia comercial, assumem o poder. Reparem: são 3 poderes que não se submetem à chancela do voto. MPF, STF e Globo. E se retroalimentam, absorvendo a legitimidade que tiraram do sistema político.

A cobertura da Globo sobre a lista de Facchin/Janot segue a lógica esperada: 10 minutos de bombardeio intenso contra Lula, e uma cobertura muito mais diluída quando os alvos são tucanos. Mas a novidade é essa: rompeu-se a blindagem tucana.

O PSDB deveria anotar essa data: 12 de abril de 2017. Desde hoje, o partido perdeu a utilidade como contraponto ao PT. Serra, Aécio, Alckmin e FHC (ah, o aluno de Florestan Fernandes não conhece a História brasileira?) cumpriram o destino de Lacerda: usaram o moralismo e a histeria das classes médias para tramar o golpe contra Dilma. E no fim acabaram tragados pela onda que ajudaram a fomentar.
Este blogueiro escreve sobre isso desde 2015 – como se pode ler aqui. Engana-se quem pensa que Moro e a Lava-Jato cumprem uma agenda tucana. A agenda do Partido da Justiça, em aliança com a Globo, segue ritmo próprio. A aliança com o PSDB era meramente tática. E se desfez.
O objetivo não era destruir o PT, mas implodir o Estado nacional. O que em parte já se conseguiu.

Charge do dia







Fala sério, dez clikes em anúncios por dia, seria uma brincadeira sem graça

Aécio, Mainard e a conexão Cingapura

O depoimento de Henrique Valladares, ex-vice-presidente da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato, tem uma série de implicações.

Em primeiro lugar, atinge Aécio Neves: de acordo com Valladares, o Mineirinho recebeu R$ 50 milhões da Odebrecht e da Andrade Gutierrez. A grana teria sido embolsada numa conta secreta em Cingapura (porque os tucanos são contra a corrupção no Brasil), em nome do empresário Alexandre Accioly.

Accioly, aliás, é personagem de outro ponto do depoimento. Valladares cita que o empresário participou de um jantar no restaurante Gero, no Rio de Janeiro, com o próprio Aécio Neves e o jornalista (segundo as definições de Sergio Moro) Diogo Mainardi.

O Conversa Afiada transcreve literalmente o que disse Valladares a esse respeito:

"Eu tinha ido para aquele restaurante, Gero, com a minha esposa para jantar. E estava lá (sic) Aécio Neves sentado com Accioly (aquele que era dono da BodyTech), quem mais... o cara... que faz o Manhatann Connection... Diogo Mainardi. Diogo Mainardi. Estavam esses reunidos, na mesma mesa."

Henrique Valladares falou, ainda, sobre uma reunião feita em 2008, quando o Mineirinhoera governador (sic) de Minas Gerais.

"Na despedida, o governador Aécio Neves disse a mim: 'Olha, Henrique, o Dimas Toledo, nosso amigo comum, vai lhe procurar'. Simplesmente isso. E se despediu de mim. E eu entrei no carro e o Marcelo disse que tinha acertado com o governador 50 milhões a serem pagos (...) 30 milhões por parte da Odebrecht e 20 milhões por parte da Andrade Gutierrez" (...) (Dimas) trazia para mim um pedaço de papel com indicação de nomes, empresas, com sede no exterior".

Os R$ 30 milhões foram pagos pela Odebrecht, segundo Valladares, em diversos repasses mensais, sempre nessas contas de terceiros indicados por Dimas Toledo.

Conversa Afiada não pode deixar de lembrar que Dimas Toledo era ninguém menos que o dono da chave do cofre de Furnas que servia para abastecer políticos.

O mesmo Dimas que jurava de pés juntos que a Lista de Furnas era falsa - com o sempre fiel auxílio do detrito sólido de maré baixa -, mas que foi desmascarado pelo lobista Nilton Monteiro.

Em tempo: quem mais levou grana da Lista de Furnas foi o Mineirinho. Lista de Furnas é aquela: o Dr Janot levou mais tempo para chegar a ela do que Moisés levou para atravessar o deserto.

Em tempo²: Mainardi é aquele que recebe depoimento na Lava Jato do Dr Moro em tempo real!

Em tempo³: é ou não é a República Federativa da Cloaca?

Verdade do dia

“Essa imprensa sabia disso tudo, e fica agora com essa demagogia! Me perdoe! Eu realmente acho que todos deveriam fazer uma lavagem de roupa em suas casas”, Emílio Odebrecht

Emílio Odebrecht: a imprensa sempre soube de tudo e agora vem com demagogia


Da coluna de PML no 247:

Em meio à enxurrada de depoimentos divulgados por Edson Facchin convém prestar atenção aos 32 minutos gravados por Emílio Odebrecht, manda chuva do grupo nos últimos 30 anos, voz influente nas nomeações dos principais dirigentes, interlocutor de presidentes e personagens decisivos da política brasileira nas últimas décadas.

O governador, senador e ministro Antonio Carlos Magalhães, homem forte dos anos finais da ditadura e do governo José Sarney, era o contato de Emílio Odebrecht com a chamada Nova República. Mais tarde, tinha conversas frequentes com Fernando Henrique Cardoso, numa relação que merece várias referências elogiosas nas memórias de FHC. Também foi o interlocutor de Lula, com quem dialogava antes, durante e depois de seus dois mandatos no Planalto.

Com a autoridade de quem partilhou conversas variadas e assumiu funções políticas de alta relevância para os destinos do país, no depoimento Emílio Odebrecht  fez  questão de ir mais fundo, encarando um ponto central da crise que o país enfrenta — o papel da mídia.

O empresário lembra que a população brasileira está sendo apresentada a fatos sabidos “há 30 anos”.  Diz que os acertos entre autoridades e grandes empreiteiras não só eram um “negócio institucionalizado”, mas vistos como “uma coisa normal” e afirma: “o que me entristece é que a imprensa toda sabia. ”

E pergunta: “por que agora estão fazendo isso? Por que não fizeram isso há dez, quinze, trinta anos?” Sem empregar a palavra “hipocrisia”, Emílio Odebrecht bate duro: “a imprensa sabia disso e agora fica com essa demagogia”.