O mico da Veja


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O panfletinho (In)veja, da famíglia Civita, que distribuiu uma edição especial hoje quinta-feira 13 de Julho para execrar e pela milionésima vez decretar a morte política do ex-presidente Lula, fez uma enquete restrita aos seus assinantes e o saldo foi que a Veja pagou o maior mico. 
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Luis Fernando Veríssimo - Moro o justiceiro da república

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Nada contra Moro, o justiceiro da República. Mas não posso deixar de pensar nele como um caçador na sua sala de troféus, cercado pelas cabeças de suas presas. Nesta parede, a cabeça de um tigre, na outra, a de um leão, na outra, a de um búfalo. E agora, num lugar de destaque, a cabeça do Lula.
Moro pode muito bem dizer que nenhuma presa lhe exigiu mais coragem e sangue frio, daí seu lugar de destaque na parede. Que fera seria o Lula? A cada animal abatido pelo nosso destemido caçador corresponde uma biografia e uma justificativa para sua queda. Ao contrário do búfalo, por exemplo, que só morreu porque o caçador acertou o tiro, a razão para abater o Lula é complicada.
Foi para afastá-lo definitivamente da eleição de 2018? Foi pela sua biografia como líder do primeiro governo a enfrentar a oligarquia e distribuir renda na história do Brasil? Foi (a razão do caçador) porque ganhou um apartamento tríplex que nunca ocupou?
De qualquer maneira, era preciso coragem e sangue frio para abater a fera. O Moro se admirou com a própria audácia e declarou que a prisão não é para agora. Querem testar a reação da massa, antes. Mas a cabeça do Lula está lá, na parede.
Comentário:
Será que realmente Moro abateu a fera? Será que realmente a cabeça de Lula está na parede  lugar? Cá, tenho convicção que teremos  sim, Lula Lá no Palácio do Planalto em 1º de Janeiro de 2019.

Eleição 2018 - Lula virou moro do avesso

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Laís Gouveia - para moro com carinho

Oi Moro, tudo bem juiz de primeira instância? Quero fazer um breve relato:
Quando eu tinha uns 15 anos, fui em um comício do Lula por minha conta própria. Chegando lá, eu vi aquele barbudo, que dizia "acreditem, eu vou mudar o país" e eu acreditei. Então, ele foi eleito presidente. De repente, as coisas lá em casa começaram a melhorar, meus pais diziam que muito era devido ao Lula. Então, minhas amigas da periferia entraram no universidade através do ProUni, eu mesma passei na UFF pelo Reuni. Nossa, e o quando o Brasil saiu do mapa da miséria através do Bolsa Família, você se lembra?
O Brasil do fracasso virou o Brasil do futuro. Gente comprando carro, casa própria, filho indo estudar na Europa. Empregada doméstica no avião indo visitar sua família no nordeste. Dava um orgulho danado dizer que éramos brasileiros, ainda mais depois do Pré sal, que coisa linda! Depois veio a copa do mundo e o Obama dizendo que Lula era "o cara".
Isso incomodou muita gente né? Fico imaginando sua alegria quando a CIA te ligou dizendo que tinha uma tarefa para você, prender o Lula. De juiz anônimo do Paraná, você virou o Moro do mundo, que combate o mau e tira selfies com Aécio. Queria lhe dizer que você pode enganar muita gente bem intencionada, mas só quem passou fome ou mudou sua vida por causa do Lula, sabe da importância desse nordestino arretado. Lula lidera as pesquisas à presidência, isso você não pode mudar.
Ah. Moro, lá na frente, você ficará registrado nos anais da história como o juiz de nada que serviu para golpear o Brasil e entrega-lo aos EUA, um estrume.
Já o Lula.... aguarde!
Beijos.

Janio de Freitas - Juízes tidos como rigorosos têm alto conceito, mas são péssimos

É mais fácil encontrar fora dos autos e da sentença os motivos da condenação de Lula do que achá-los ali, convincentes e provados como pedem as condenações e a ideia de justiça.

No mesmo dia e com diferença de poucas horas, o comentário suficiente sobre a condenação teve a originalidade, por certo involuntária, de antecipar-se à divulgação da sentença por Sergio Moro. E nem sequer lhe fez menção direta.

Procurador federal como os da Lava Jato, mas lotado em Brasília, Ivan Cláudio Marx escreveu em parecer referente ao ex-senador e delator Delcídio do Amaral: "Não se pode olvidar o interesse do delator em encontrar fatos que lhe permitissem delatar terceiros, e dentre esses especialmente o ex-presidente Lula, como forma de aumentar seu poder de barganha ante a Procuradoria-Geral da República no seu acordo de delação".

Não precisaria ser mais explícito na indicação de que acusar Lula tem proporcionado reconhecimento especial na Lava Jato, traduzido em maior "poder de barganha" para alcançar maiores "prêmios" –saída da cadeia, penas quase fictícias, guarda de dinheiro e de bens adquiridos em crimes (com Joesley Batista, a premiação progrediu para imunidade contra processos judiciais, o que nem presidente da República recebeu da Constituição).

O procurador quis, porém, precisar sua constatação: "Não se está aqui ressaltando a responsabilidade ou não do ex-presidente Lula naquele processo [alegada tentativa de obstrução da Justiça], mas apenas demonstrando o quanto a citação do seu nome, ainda que desprovida de provas em determinados casos, pode ter importado para o fechamento do acordo de Delcídio do Amaral, inclusive no que se refere à amplitude dos benefícios recebidos".

O objetivo e a valorização de acusações a Lula, "ainda que desprovidas de provas", não podiam ser gratuitos, nem precisam de mais considerações agora. Basta, a respeito, observar que determinadas pessoas e entidades foram alvos por iniciativa da Lava Jato, desde o começo proveniente de uma investigação que deveria ser, e nunca foi, sobre rede de doleiros. Só bem mais tarde, outras pessoas e entidades foram incluídas nos alvos da Lava Jato, mas por força de circunstâncias delatoras e ocasionais.

Na eventualidade de recurso contra a condenação, a defesa de Lula precisa dirigir-se ao tribunal da 4ª Região, em Porto Alegre. Ali já houve reconsiderações do decidido por Moro, como a recente absolvição do petista João Vaccari em um dos seus processos. Mas a maioria dos recursos é derrotada, tendo os julgadores da oitava turma o conceito de "juízes duros, muito rigorosos". Já por ser no Rio Grande do Sul, como seria nos outros dois Estados sulinos, muitas defesas costumam temer propensões conservadoras, ou à direita, no trato dos recursos.

Juízes tidos como rigorosos têm alto conceito na imprensa, e daí em geral. São péssimos. Assim como seus opostos. Juízes de verdade não são rigorosos nem complacentes: são equilibrados –uma raridade, talvez. Como sabem Moro, por certa ordem de motivos, e Ivan Cláudio Marx, por outra. 

Fernando Brito - O Brasil ficou menor e Lula ficou maior

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No Brasil, só há um único grande crime, que não é passível de perdão, de tolerância, de impunidade.
Roubar, vender o país, trair o povo, amealhar fortuna e respeito servindo aos poderosos, virar dono de negócios – como o são, em maioria, nossos políticos, tudo isso sempre foi permitido.
Imperdoável, mesmo, é tentar – ainda que só um pouquinho – mudar o Brasil.
A estes, como a Getúlio, a Jango, a Brizola, acusa-se de tudo. Até mesmo aos francamente capitalistas, se tivessem aspirações ao desenvolvimento nacional, as acusações sempre vieram. Ou JK não foi cassado por “corrupção”?
Mas como Lula não tem nada que o diferencie, patrimonialmente, de um cidadão de classe média, era preciso encontrar algo que a esta acusação se prestasse.
Primeiro, então, suas famosas palestras.  Mas havia um problema. Como dizer que elas não valiam o preço que se lhes cobrava, se havia entre os clientes empresas estrangeiras de alto coturno, como a Microsoft e até mesmo a Globo?Que as empreiteiras exibissem o ex-presidentes em países onde tinham negócios também não é diferente do que fazem outras, com outros ex-chefes de Estado….
Acharam-se, então, o “triplex” e o sítio.
À gente hipócrita, qualquer argumento serve. Ainda que se dispensem as provas do “dizem que é”, será que não salta aos olhos a escandalosa desproporção que seria o “líder da propinocracia” (como dizem eles), “do maior esquema de corrupção do mundo “(como dizem eles), onde foram desviados (dizem eles) bilhões de dólares tenha ganho, por este posto, um triplex “merreca”, numa praia “merreca” ou um puxadinho “furreca” num sítio na periferia de São Paulo.
Simples diretores, terceiro e quarto escalões, surgiram com contas escandalosas, de dezenas e centenas de milhões de dólares e o “chefão” fica com essa mixórdia?
E assim mesmo, sem provas, menos ainda cabais, de que isso tenha sido doado e muito menos que tenha a ver com os tais esquemas de corrupção, ao ponto de o Dr. Moro ter de se contorcer em 238 páginas para condená-lo com base essencialmente no que um empresário, para se livrar da cadeia, diz sem ter qualquer documento que comprove ao menos a promessa do apartamento.
É evidente para qualquer um – e os colunistas dos grandes jornais, quase todos, o comemoram – que a finalidade do processo não é fazer justiça, mas destruir politicamente Lula.
Pode ser – e ainda assim há dúvidas – que o consigam no curto prazo ou até que o impeçam de concorrer.
O mundo, que não assiste a Globo, está perplexo com o que se passa com o homem que fez o Brasil existir no planeta.
Mas a realidade está aí e a crise galopa, atropelando com seus cascos as vidas humanas e  a referência de Lula vai tomando ares míticos, queira-se ou não.
A elite intelectual deste país – inclusive a que se diz de “esquerda moderna” que,  depois da reforma trabalhista, estar chorando lágrimas de arrependimento sobre tudo o que disse da CLT “paternalista” de Vargas – não consegue compreender a memória popular e não vê que reedita, com Lula, as frases de agosto de 54.
Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência.
Lula, contra a sua vontade, está sendo transformado num mártir.
Cuidem-se, senhores: talvez o futuro os faça sentir saudades do Lula.
Mas de outro Lula, o “Lulinha Paz e Amor”
Publicado originalmente do Tijolaço

PS: Quanto a sérgio moro daqui a pouco será necessário usar microscópio para enxerga-lo
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José Dirceu - não haverá trégua nem rendição

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Desde Passa Quatro acompanhando minha mãezinha na sua última luta escrevo essas linhas ao meu Presidente para lhe dizer que a Justiça será feita por eles ou pelo povo pelo tribunal da Historia.
Não haverá trégua nem rendição.
Vamos lutar até o fim transformando nossa indignação em luta e combate.
Não temos nada a perder a não ser nossa dignidade e nosso compromisso de vida com nosso povo e nossa pátria
Com grande tristeza mas com a certeza da vitória escrevi essas simples palavras.
Mas meu sentimento é de revolta e fúria que espero transformar em energia e luta.
Espero que todos nós estejamos à altura do momento fazendo nossa parte e cumprindo nosso dever de solidariedade sem limites a Lula.
José Dirceu
Comentário:
Quando José Dirceu foi condenado por não provar sua inocência (subverter a presunção da inocência), sob a teoria do fato e permissão de literatura jurídica, faltou "revolta e fúria" para " transformar em energia e luta" do PT e muitos companheiros dele. Nessa hora e com estas poucas palavras acima Dirceu demonstra mais uma vez a sua grandeza.