por Carlos Chagas
Agosto começou ontem. Para alguns, mês de tomar cuidado, até porque o dia 13 cairá numa sexta-feira. Getúlio Vargas suicidou-se, em 1954, Jânio Quadros renunciou em 1961 e Costa e Silva teve um derrame cerebral em 1969 – tudo em agosto, só para ficar nos presidentes da República.
Deixando a superstição de lado, haverá que prestar atenção neste agosto, decisivo para a campanha presidencial. Na quinta-feira, 5, começam os debates entre os candidatos, o primeiro promovido pelaTV-Bandeirantes. Na outra terça-feira, 17, inicia-se o período de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão. Até o dia 31, pelo menos mais quatro pesquisas serão realizadas e divulgadas.
A pergunta que se faz é sobre qual dos pretendentes ao palácio do Planalto estará com os nervos mais à flor da pele. Claro que todos vão negar qualquer alteração de comportamento, mas é bom verificar que Dilma Rousseff sofre cada vez que entra num jatinho e começou a chamar as repórteres de “minha filha”. Quando isso acontece é porque chegou ao limite sua capacidade de escutar perguntas desagradáveis ou até cretinas. José Serra, de seu turno, desdobra-se para sorrir, sem resultado, quando em passeatas pelas ruas de grandes cidades sente pouca repercussão popular. Em especial se for em Minas. Viu um ovo ser arremessado sobre sua comitiva, mesmo tendo passado a metros de distância de sua calva. Sem explicação, Marina Silva perdeu a voz quando começava a falar a um grupo de empresários, no fim de semana.
É inegável que a temperatura vai subindo entre os candidatos, até por conta de baixarias recíprocas, mas um fato deve ser ressaltado para favorecer a visão otimista deste novo agosto: ao contrário de eleições passadas, o eleitorado não está nem um pouco emocionado, sensibilizado ou em pé-de-guerra. Já temos assistido entreveros violentos e mesmo virulentos nesse período, com choques de rua, pancadarias, tiroteios e sucedâneos, estaduais e federais. Agora, pelo menos até hoje, nada. O cidadão comum ainda não se tocou para a evidência de que em breve estará decidindo sobre seu próprio destino, e o da nação. Talvez porque não esteja mesmo, tendo em vista a identidade ideológica entre os candidatos, a falta de promessas de mudança real e sensível na política e na economia e até, não há como negar, um clima de satisfação popular diante da performance do Lula.
Apesar de tudo, um lembrete final: estamos em agosto...
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