A primeira reação de Lula ao tomar conhecimento dos dados do último Datafolha foi um sorriso.
A segunda, uma frase: “Agora, falta a Marina chegar ao número real dela”.
Lula repisou um vaticínio que se tornou frequente em seus diálogos privados.
Estima que o índice de intenções de voto de Marina Silva (PV) vai “desidratar”.
Acha que o passado petista de sua ex-ministra do Meio Ambiente levará os votos que ela “vai perder” para o cesto de Dilma Rousseff (PT).
Lula compara Marina a Heloísa Helena, a ex-petista que disputou a sucessão de 2006 pelo PSOL.
Recorda que HH chegou a ostentar 14% nas pesquisas.
Computadas as urnas eletrônicas, ela obteve 6,8% dos votos válidos.
Na previsão de Lula, Marina não deve beliscar percentual muito superior a esse.
No novo Datafolha, a presidenciável do PV dispõe de 10% das intenções de voto.
Contados apenas os votos válidos, como faz o TSE, Marina vai a 12%.
Confirmandas as duas previsões de Lula –a lipoaspiração do índice de Marina e a engorda do de Dilma— a mexida pode mesmo ter efeito decisivo.
Segundo as estatísticas do Datafolha, Dilma abriu oito pontos de vantagem sobre José Serra: 41% a 33%.
Aos olhos de hoje, apenas três pontos percentuais separam a pupila de Lula de um triunfo já no primeiro turno.
Daí o relevo atribuído pelo presidente à oscilação negativa que, segundo imagina, Marina está fadada a amargar.
O alto comando do comitê de campanha petista adiciona às previsões dee Lula outras variáveis que favoreceriam Dilma.
Pesquisas feitas por encomenda do PT revelariam que as intenções de voto atribuídas a Serra seriam mais volúveis que as de Dilma.
Quando inquiridos sobre a hipótese de mudar de voto, o número dos que admitem a possibilidade seria maior entre os eleitores de Serra.
De resto, o petismo considera que ainda não se esgotou o processo de transfusão do prestígio de Lula para Dilma.
Pelas contas do QG petista, cerca de 10% do eleitorado que se dispõe a votar no candidato indicado por Lula ainda não se deu conta de que a escolhida é Dilma.
Considerando-se os números do Datafolha, esse índice é, hoje, menor do que 10%.
Em dezembro do ano passado, somava 14% o pedaço do eleitorado que manifestava o desejo de votar no preferido de Lula, mas não o associavam a Dilma.
Agora, estão nessa situação 7% dos eleitores. É gente pobre e com pouco acesso à informação. Em tese, um tipo de eleitor mais difícil de ser alcançado.
O petismo dá de ombros para as diculdades. Um dos aliados de Dilma disse ao repórter: No Brasil, são poucos os lares que não dispõem de um aparelho de TV.
É na propaganda televisiva a ser inaugurada na próxima terça (17) que os operadores de Dilma querem esgotar o potencial de transferência de votos do presidente superpopular.
Lula idealiza para Dilma um cenário que não teve em 2006. Na sucessão daquele ano, prevaleceu sobre o tucano Geraldo Alckmin apenas no segundo turno.
Há quatro anos, Lula amealhou no primeiro round 48,6% dos votos válidos. Alckmin somou 41,6%.
Além dos 6,8% de Heloísa Helena, os outros candidatos de então somaram, juntos, 2,9% dos votos válidos.
Na cena atual, computados os votos válidos aferidos pelo Datafolha, Dilma disporia de 47%, contra 38% de Serra. Marina teria 12%. Os outros, 2%.
Assim, para vencer no primeiro turno, além do definhamento de Marina, Dilma dependeria da estagnação dos nanicos.
Num quadro de contas apertadas, uma eventual oscilação positiva de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), por exemplo, pode envenenar a mistura.
Hoje, tomado pelo Datafolha, Plínio está abaixo de 1%. Esgrime um discurso embolorado. Mas revelou-se bom de TV.
Diferentemente dos outros nanicos, que vão dispor de 56 segundos para vender o peixe na televisão, Plínio terá 1min2s. Uma janela quase igual à de Marina: 1min23s.
Seja como for, Dilma chega à TV em movimento ascendente. Situação mais cômoda que a de Serra, agora compelido a torcer pelo crescimento de Marina e, quem diria, até de Plínio.
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