Por Carlos Chagas
Mais uma vez o primeiro-companheiro investe contra a imprensa. Generaliza, como se os meios de comunicação do pais inteiro se limitassem a três jornais do eixo Rio-São Paulo, além de uma revista semanal que não poupa seu governo. Exagerou, ao reivindicar, num palanque em Campinas, que ele, Dilma e o PT são a opinião pública, negando a propalada categoria dos “formadores de opinião”, no que pareceu correto.
Revelou-se atrasado, o presidente Lula. Porque há décadas, nos cursos de Comunicação, emergiu a corrente da humildade. Aquela que sustenta não sermos nós, jornalistas, “formadores de opinião”, excetuados alguns coleguinhas de nariz em pé e cérebro curto, assim como alguns de seus patrões.
A imprensa é apenas informadora, ou seja, quem se forma é a própria sociedade, estimulada por diversos fatores, um dos quais o de ser bem informada de tudo o que se passa nela de bom e de mau, de certo e de errado, de ódio e de amor.
Reivindicar a condição de formadores, artífices da opinião pública, orientadores da sociedade e outras bobagens será anacronismo digno dos tempos em que os jornais existiam para defender ou opor-se a idéias, interesses e situações. Evoluímos para transmissores de informações, mesmo sendo mantidos espaços para opinião, entretenimento e serviços. O fundamental para a mídia, porém, aquilo que faz sua razão de ser, é a noticia. A informação incapaz de ser confundida com a formação, constituindo-se apenas num dos fatores em condições de levar a sociedade a aprimorar-se e a decidir por ela mesmo.
Por fim, sobra a dúvida: quem deu ao presidente Lula, a Dilma e ao PT o privilégio de encarnar a opinião pública? Nem o sociólogo, de resto tão presunçoso, ousou chegar a tanto.
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