Meirinha, a menina que chocou o Brasil. Suas filhas mostram a diferença do governo Lula (PT) e o governo Fhc (Psdb)
MPF e Moro querem reescrever a história
O medo que eles tem de Lula

Luiz Inácio Lula da Silva é hoje a maior ameaça ao projeto conservador e regressista, o retorno ao "Brasil simples" (e injusto) de que fala Fernando Henrique Cardoso. A força de Lula, como síntese pessoal e política de um projeto de transformação social, é o verdadeiro motivo da ofensiva midiática contra o ex-presidente. É por medo de Lula que precisam interditá-lo e até prendê-lo, como sugere Merval Pereira em sua coluna no Globo.
Prender Lula com base em quê, ó, imortal? Nas cinco capas da Veja, apenas este ano, que venderam a notícia falsa de delações que nunca ocorreram? Na farsa da revista Época, que manipulou um documento do Ministério Público para forjar um inquérito inexistente? Ou seria com base na adulteração do conteúdo de um telegrama diplomático, cometida pelo próprio Globo, o que levou o jornal a ser desmentido pelo primeiro-ministro de Portugal?
Conjecturas, ilações e mentiras servem para caluniar. No estado de direito, não formam um processo. Por mais estranhos que sejam os tempos, ainda há ritos a serem observados antes que se possa conjecturar sobre a prisão de alguém, como faz Merval sofregamente. É preciso, antes de tudo, que haja um crime a ser investigado, para que se abra um inquérito, haja o indiciamento, a denúncia, a defesa, o julgamento e a sentença.
Com Lula inverteu-se a ordem natural do direito, porque a sentença já foi determinada, como se constata no tortuoso raciocínio de Merval. O que falta é um crime – qualquer um – para justificar o início do processo, para justificar uma investigação contra Lula.
Não importa que o juiz da Lava-à-Jato tenha afirmado, em nota oficial, que Lula não é investigado. Nem que o porta-voz dos procuradores tenha afirmado ao Globo que não há nada de errado nas palestras de Lula. De alguma coisa ele tem de ser culpado, para ser preso, humilhado, interditado.
Lula é culpado, sim, de ter promovido a maior ascensão social na história País. É culpado por ter tirado o Brasil do vergonhoso Mapa da Fome. É culpado por abrir as portas da Universidade aos pobres e aos pretos. Por ter aberto oportunidades que a maioria dos brasileiros nunca teve. É culpado de ter feito o melhor governo desse País em que os doutores sempre governaram. De ter mostrado que o Brasil pode ter o tamanho dos nossos sonhos.
Isso, sim, é imperdoável. E é por isso que eles têm tanto medo do Lula.
Operação lava jato
"A narrativa inicial da Lava Jato falava de um cartel de empresas que atuava na Petrobrás em conluio com diretores corruptos que, por sua vez, dividiam as propinas com os partidos que os sustentavam nos cargos", escreve Tereza Cruvinel, destacando que a "nova narrativa" pode ser observada no despacho do juiz Sérgio Moro e na entrevista do procurador Fernando dos Santos Lima; para a jornalista, o "mais importante" dessa nova narrativa "foi a menção à compra de votos", na qual "é preciso dar nome aos bois"; ela ressalta que, "se Dirceu é um 'dos líderes principais'", como dizem os procuradores, "se os presidentes das maiores empreiteiras já foram presos e alguns viraram delatores, se todos os operadores e funcionários corruptos já foram identificados, quem mais falta? Estão apontando o fuzil para Lula, vão prendê-lo e acusá-lo de ser o grande chefe"; leia a íntegra Aqui
Operação lava jato: um jogo de bombas marcada
por Fernando Brito
TijolaçoA prisão de José Dirceu é – exceto, talvez, para o songamonga do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo – um passo no objetivo cuidadosamente traçado – e faz muito tempo – de chegar-se ao “grande prêmio” da Operação lava-Jato: o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.Só um tolo não vê que estamos diante de um jogo de “bombas” noticiosas que, como o artefato atirado semana passada contra os portões do Instituto Lula, vão sinalizando estrepitosamente onde se quer chegar, muito mais do que onde os fatos levam.Dito isso, não preciso dizer qual é o meu conceito sobre o núcleo burro do governo.Compartilho as reservas com que, uma década atrás, Brizola encarava José Dirceu. Não por uma questão de integridade pessoal do ex-ministro, mas pelo fato de que ele, ao contrário de Lula, sempre foi um homem de máquina partidária e estes vivem mais à sombra que à luz, exatamente por terem este papel.Mas não é ele quem está em questão – e não seja facilmente crível que um homem soterrado há vários anos por uma das maiores campanhas de demolição política e judicial conservasse poder e capacidade para exigir tanto de tantos.A Operação Lava Jato é, há muito tempo, uma ação mais política que estritamente judicial, que se desenvolve como um plano de subir e subir degraus, passando de uma ladrões de quinta categoria para a nata das empreiteiras e da política, embora tais natas, há muito, já tivesse seus bolores evidente, sem que os moralistas de ocasião se importassem muito com isto.Seu objetivo, ainda que os que não enxergam além da casca superficial dos fatos – e das versões que deles brotam -, é a destruição de um projeto de afirmação do Brasil e que qualquer veleidade brasileira em tomar para nosso país o lugar que lhe cabe no mundo, o que jamais se fará como uma colônia, como nunca se fez em meio milênio.E, para desespero dos intelectuais “democratistas” – boa parte deles ex ou atuais petistas – isso não ser fará sem líderes.Dizem que a direita não tem líderes ou estadistas. O máximo que conseguiram foi o príncipe da sabujice, Fernando Henrique Cardoso.Não importa, porque a manutenção do status-quo, a não-mudança, a continuidade do que o Brasil infelizmente é.Quando necessário, a mídia fabrica um, como fez com Collor, com Joaquim Barbosa, com Aécio ou com o próprio Moro. Alguém que vem do nada para o tudo, sem trajetória, sem embates ao longo da vida mas que, pelo poder do foco, surge como o guerreiro salvador.E a esquerda, tem líderes, exceto Lula?Não tem um arremedo, sequer e a própria Dilma, elevada por ele, por seu passado e pela característica fenomenal de representar uma afirmação feminina num campo quase que reservado aos homens, deixou escapar o seu potencial de tornar-se uma, porque recusou a política e a afirmação ideológica didática que, até por sua trajetória Lula representava.Sobrou Lula e Lula não pode sobrar, porque Lula é a única e monumental barreira a que o conservadorismo tenha não apenas parte do poder, como hoje o tem, mas (e de novo) todo o poder neste país.O alvo, portanto, é a destruição de Lula, para que com ele se destruam, como se destruiu em parte com Getúlio ( a quem só a morte dramática preservou parte do seu legado) o processo de afirmação do povo brasileiro.O resto é quinquilharia, caixotes de tábuas de segunda por onde se galga para alcançar o alto da prateleira.Com a ajuda, claro, daquele udenismo que sempre marcou o PT, onde Brizola sempre disse haver uma “UDN de tamancos” e que, na mídia, na Justiça e na política, se calça hoje, em lugar dos solados de madeira, o confortável cromo alemão e se brinca de “republicano”.Republicanos songamongas, bem entendido, daqueles que ficam encolhidos como coelhos, para ver se os lobos vão embora.