As portas giratórias e a "blindagem" do Banco Central, por Bruno Lima Rocha, Luizi Ravel e Ricardo Camera
Diariamente somos bombardeados de informações supostamente “econômicas” prevendo o desastre, defendendo o congelamento das contas públicas e redução de “gastos” do governo central. Especialmente no Brasil pós-golpe (abril de 2016), a impressão levada para as grandes audiências é de um país à beira da falência. Os “especialistas” que veiculam suas versões nos conglomerados de mídia, abusam do uso do fontismo. Esta técnica jornalística trabalha com “fontes” onde, de forma oculta, e dando vez e voz ao leva e traz dos deformadores de opinião pública através da manipulação da opinião publicada, nos fazem crer em absurdos. Toda vez que um tema de governo é afirmado como pertencente ao universo da “técnica”, creiam, é porque existe uma razão indefensável e um sujeito oculto.
Os enunciados repetem como verdade “científica” e razão universal algo que pertence ao mais vulgar dos receituários do neoliberalismo: a “independência” do Banco Central, ou a ingerência “política” nas metas de gastos da União. Também faz parte do manancial de argumentos, a “necessidade de blindar” a equipe econômica. Blindar do que e de quem? Das vicissitudes e demandas paroquianas, clientelísticas e fisiológicas das elites políticas, quase todas também representantes ou intermediários profissionais dos capitais operando no país?