Ética Global

 

Reproduzo aí ao lado a manchete de O Globo do dia 6 de abril, com a "condenação" da Organização dos Estados Americanos à construção da Usina de Belo Monte e a materinha, na página 25 de hoje, dizendo que a OEA nada tem contra a obra e que faltou-lhe informação quando se manifestou contrária a ela.

A diferença de tratamento é tão grande que eu mesmo só a li depois de alertado pelo Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim.

Não é preciso sequer dar usar argumentos diante deste flagrante desequilíbrio. É o padrão Ricúpero de jornalismo: "o que é bom a gente mostra, o que é ruim, a gente esconde".

Neste caso, a condenação a Belo Monte pela OEA é o "bom", o arrependimento da Organização é o "ruim", não é mesmo.

Esqueçam qualquer discussão séria – e necessária – sobre questões ambientais e econômicas. Tudo é política e propaganda.

Havia ou não havia razão para, há um mês, a gente dizer que o Código de Ética da Globo merece apenas uma risada?



por Zé Dirceu

 

Censura e sátira

Quais são os limites à sátira? Os mesmos que se aplicam a qualquer outro modo de expressão, ou seja, até que os demais direitos fundamentais garantidos por nossa Constituição comecem a ser ameaçados. Em certa medida, equivale a dizer que não há direito absoluto em um Estado Democrático.

Assim, não se pode afirmar à luz da Constituição, por exemplo, que o direito de ir e vir está sempre acima do direito à propriedade — é preciso verificar como ambos se relacionam no caso concreto.

À primeira vista, essa ideia parece lógica, pois direitos e deveres absolutos são marcas de regimes absolutistas ou imperiais, não das democracias.

Mas, em meio ao debate sobre regulação de mídia, o Brasil convive com uma liberdade de expressão diferente do que determina nossa Constituição: vale mais para uns do que para outros.

Alguns casos recentes apontam nessa direção: a demissão da psicanalista e jornalista Maria Rita Kehl do jornal O Estado de S. Paulo, às vésperas da eleição de 2010, por elogiar o Bolsa Família; a demissão do jornalista Felipe Milanez, editor da revista National Geographic Brasil, por críticas no Twitter à Veja (ambas são do mesmo grupo empresarial, a Editora Abril); e a ação da Folha de S. Paulo contra o blog de humor Falha de S. Paulo, com decisão judicial bloqueando o domínio do blog na Internet.

O caso da Falha é talvez o mais emblemático. A liminar favorável foi obtida sob a alegação de que o blog usou, de maneira imprópria, a marca do jornal, provocando prejuízos comerciais.

Chegaram até a lançar mão do pueril argumento de que, ao digitar o endereço do site, um internauta poderia trocar "o" por "a" e acessar a Falha de S. Paulo no lugar da Folha —os detalhes podem ser conhecidos em www.desculpeanossafalha.com.br.

Seria insólito não fosse realidade. O jornal que tanto se escandaliza e esperneia contra o que considera ameaças à liberdade de expressão cerceia o direito ao humor crítico de um blog pequeno com argumentação calcada nas leis de direitos autorais. O artifício jurídico surtiu efeito.

No entanto, a questão não é comercial, mas de liberdade de expressão e opinião. Por mais que o jornal alegue outro motivo, o que conseguiu foi vedar a veiculação do conteúdo do Falha de S. Paulo. E essa prática responde pelo nome de censura.

Há semelhanças com o que viveu a humorista italiana Sabina Guzzanti, que satirizou o primeiro-ministro Silvio Berlusconi em um programa de humor e teve sua atração cancelada da emissora RAI. A epopeia de Sabrina virou um documentário, premiado em 2006 no Sundance Film Festival (EUA), e levou ao mundo a questão que inicia este artigo.

Etimologicamente, o termo "sátira" vem da mitologia greco-romana, do semideus que habitava florestas e se caracterizava pelo sarcasmo. Nos dicionários, o termo é definido como a "composição poética jocosa ou indignada contra as instituições, os costumes e as ideias contemporâneas" (Houaiss).

Em suma, a sátira é toda crítica com pitadas ácidas de humor, que visa justamente a expor os defeitos e vícios do objeto satirizado.

Tenho sofrido críticas por defender uma nova regulamentação de mídia, algumas feitas em charges e outros recursos satíricos. Dizem que regulamentação é censura, o que constitui grande equívoco, porque é o mesmo que dizer que a atividade de imprensa deve ser exercida sem regras.

O que se vê é aqueles que se lançam na defesa fervorosa da liberdade de expressão cerceando o espaço de crítica dos demais.

Conviver e aceitar as críticas é exercício de democracia. Não me furto a debater a necessidade de uma nova regulamentação porque em todas as principais democracias do mundo há regulação e regras à atividade de imprensa, sem que isso ameace a liberdade de expressão.

Casos como o da Falha de S. Paulo reforçam a necessidade de pensarmos o trabalho da imprensa no Brasil, reflexão que não pode ficar restrita aos meios acadêmicos ou círculos mais fechados, precisa ganhar a sociedade. Debater a regulamentação é algo que se insere nesse esforço de reflexão da imprensa brasileira.

Mas preocupa o risco de o julgamento do caso Falha de S. Paulo abrir um precedente perigoso de censura aos conteúdos da Internet. O ciberespaço é ambiente que se revelou nos últimos anos a principal fonte de manifestação opinativa, de exercício democrático da liberdade de expressão e da participação de grande número de pessoas.

A ausência de controle economicamente interessado, a exemplo do que ocorre nos veículos de comunicação tradicionais, é um fator de estímulo a essa condição livre que tem a Internet, qualidade ameaçada se, de fato, for mantido o bloqueio da Falha de S. Paulo.

Inúmeros jornalistas, humoristas e personalidades já defenderam o retorno da Falha de S.Paulo. Junto-me a eles no apelo pela retirada da ação judicial, numa prova de que o jornal pode conviver com críticas e, quem sabe, até rir de seus próprios defeitos.

Avançaremos na consolidação de nossa democracia se aprofundarmos o debate de regulamentação de mídia, separando censura de regulação e, claro, garantindo o direito constitucional às sátiras.



Ninguém, nenhuma instituição carrega a pureza no DNA

A troca no Ministério do Turismo reacende pela enésima vez o debate sobre o presidencialismo de coalizão. Que voltará a receber todo tipo de crítica, ataque, desprezo. Haverá novamente a condenação unânime do “modelo fisiológico”.

Sem que se saiba extamente o que seria um “modelo ideológico”.

É bastante provável que o episódio coloque mais uns pesinhos na balança, no prato da reforma política. A eterna panaceia, a pomada milagrosa.

Aí o cidadão comum poderia parar um instante os afazeres e perguntar: afinal, o que o presidencialismo de coalizão tem a ver com o ministro comportar-se de maneira considerada inadequada pela opinião pública?

E o que tem a ver o sistema eleitoral com a circunstância de uma autoridade cometer atos que a lei proíbe?

São perguntas simples, mas de vez em quando é preciso dar ao senso comum a oportunidade de ajudar a clarear o cenário. Neste caso, a resposta imediata para ambas as questões do parágrafo anterior é “nada”.

Problemas com ministros acontecem nos mais diversos sistemas. E, feliz ou infelizmente, não há como governar sem apoio político.

Mas o que quer dizer “apoio político”? O que os jornalistas afirmam quando relatam que certo indivíduo, grupo ou partido está atrás de “espaço”? Não é, obviamente, a busca por instalações mais amplas, arejadas, iluminadas.

É a ambição de poder nomear, demitir, executar o orçamento. Com o objetivo explícito de alavancar a reprodução do próprio poder. A partir da articulação entre interesses privados e políticas públicas.

Pois políticos que detêm poder pensam antes de tudo em como reproduzi-lo e acumular mais. Essa também é uma regra geral. Vale sempre. Em qualquer lugar do mundo.

Eis aí o virtuosismo dos sistemas permeáveis ao surgimento de novas opções políticas. É o estado saudável das coisas. Mas o Brasil teima em procurar no lugar errado a raiz das encrencas.

O episódio lança de novo no turbilhão um nome do PMDB, e servirá portanto para a volta da ladainha da “despeemedebização”. É o canto de sereia que periodicamente assoma para nos convencer da maravilha que seria o Brasil caso o multipartidarismo fosse reduzido a um bipartidarismo, restrito ao PT e ao PSDB.

Se bem que a sereia anda meio rouca, desde que petistas e peessedebistas se descobriram inimigos figadais, de uns anos para cá. E agora cada um trata de convencer a sociedade de que o outro sucumbiu ao pântano que, no nascedouro, ambos prometiam drenar.

Sempre haverá quem caia nessa.

A sociedade anda cada vez mais intolerante a malfeitos. Isso é muito bom. E a sociedade parece compreender crescentemente que não há ninguém imune, que nenhum partido carrega a pureza no DNA. O que é ótimo.

E também que o sucesso no combate ao mau uso do dinheiro público será função principalmente do ativismo social e da presença de uma oposição firme e fiscalizadora. Que reduzam o grau de liberdade dos governos.

O segundo quesito vai mais ou menos, mas o primeiro pode compensar. E esse ativismo poupará seu próprio tempo tempo se sabiamente deixar de lado irrelevâncias como por exemplo o estado de origem do novo ministro do Turismo.

América do Sul recupera ideias de Eliezer Baptista

No final do governo Collor, a Secretaria de Assuntos Estratégicos foi entregue a Eliezer Baptista, o mítico fundador da Companhia Vale do Rio Doce. Em pouco tempo ele preparou um amplo trabalho sobre os "Eixos de Desenvolvimento", pensando na integração do continente.



Não se tratava meramente da infraestrutura, mas de criar regiões de desenvolvimento em sete áreas do continente. Tornou-se a Bíblia do planejamento regional.

Após a queda de Collor, o trabalho ficou perdido em alguma gaveta do Palácio.

Depois, recuperado no início do governo Fernando Henrique Cardoso, integrou o Plano Plurianual (PPA) 1996-1999 e os programas Brasil em Ação e Avança Brasil.

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Para dar consistência continental, em 2000 foi criada a IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana), durante a primeira reunião de presidentes dos 12 países do continente, em Brasilia.

A ideia era que os investimentos e financiamentos fossem comandados por três bancos de desenvolvimento da região, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o CAF (Cooperação Andina de Fomento) e o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

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A crise fiscal do continente, mais a falta de prioridades de FHC para o Avança Brasil acabaram reduzindo a eficácia.

Especialmente, perderam-se duas das mais importantes visões trazidas por Eliezer: a ideia de eixos de desenvolvimento (em lugar de meros corredores de exportação) e a preocupação com o desenvolvimento sustentável.

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O IIRSA deixou um bom legado, uma carteira de 519 projetos, metodologia conjunta de trabalho para os técnicos dos 12 países falarem a mesma linguagem, princípios claros para análise de projetos, permitindo aos técnicos nacionais conversar no âmbito multilateral.

Mas pecou por alguns erros de origem

O primeiro, o de ser uma instância eminentemente técnica. Por exemplo, um corredor ferroviário entre vários países exige uma mobilização política relevante.

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O segundo problema é que, apesar de ter nascido com suporte de três grandes bancos regionais, não trouxe solução para a questão do financiamento das obras. Os bancos ajudaram na elaboração dos projetos mas não na viabilização financeira. Por exemplo, uma rodovia transoceânica Brasil-Peru, para ser financiada teria que obedecer aos critérios bancários convencionais. Tornava-se inviável.

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A terceira crítica foi que, devido à ascensão de novos governos que chegaram ao poder, criou-se a desconfiança de que seriam construídos apenas corredores de exportação capazes de escoar matéria prima mas sem trazer desenvolvimento.

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A saída encontrada foi transformar a IIRSA em um Conselho de Infraestrutura da UNASUL, a união dos países sul-americanos. Assim, atuará como resposta vertical à falta de respaldo político para as obras. E como resposta horizontal, ajudando na sinergia com os demais conselhos, como o de Economia e Finanças, o de Relações Exteriores e o Banco do Sul.

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Em novembro será apresentado o Programa de Ação Estratégica, para o período 2012/2023 racionalizando os projetos prioritários, agrupados em 30 projetos estruturantes. Tudo dentro do espírito original imaginado por Eliezer.

Blog: www.luisnassif.com.br

E-mail: luisnassif@advivo.com.br



Sorvete assado com cobertura de maarshmallow

Ingrediente

  • Duas claras
  • 1 xícara de água
  • 1 xícara de açúcar
  • 1 Unidade pau de canela
  • 1 Colheres de sopa gengibre picado
  • 3 cravos da índia
  • 1 Xícara requeijão cremoso
  • 2 Xícaras goiabada cortada em cubos pequenos
  • 1/2 Unidade(s) pote de sorvete sabor creme
  • A gosto Para regar: calda de chocolate
Como fazer
  • Preaqueça o forno em temperatura alta (200ºC).
  • Bata na batedeira as claras em neve firme e reserve.
  • Em uma panela pequena, coloque a água, o açúcar, a canela, o gengibre, o cravo e cozinhe em fogo médio, sem mexer, por 5 minutos ou até ferver e formar uma calda em ponto de fio. Coe e reserve.
  • Volte a bater as claras novamente e sem parar de bater, coloque lentamente a calda quente. Bata por 2 minutos ou até ficar firme. Reserve.
  • Distribua o requeijão e a goiabada entre 6 refratários para suflê pequenos (12 cm de diâmetro).
  • Distribua o sorvete sabor creme e cubra com uma camada do marshmallow.
  • Leve ao forno por 10 minutos ou até dourar levemente. Retire do forno, regue a calda e sirva imediatamente.
  • VARIAÇÃO Se preferir substitua o requeijão cremoso por requeijão tipo catupiry.
  • DICA Para um resultado melhor, asse em forno elétrico, deixando mais forte a parte superior.

A presidente Dilma anuncia construção de novas creches, pré-escolas e quadras esportivas


Presidenta Dilma

A presidenta Dilma Rousseff apresentou hoje o plano de ampliação da rede de creches e pré-escolas municipais, além da construção e cobertura de quadras esportivas escolares. Os projetos integram o Plano de Aceleração do Crescimento 2 (PAC 2).


A nova etapa prevê a construção de 4.943 unidades em 1.466 municípios, somadas às 1.484 já em construção. É um passo a mais que se soma à meta já anunciada anteriormente de 6 mil creches. Durante o anúncio, a presidenta destacou: "Queremos garantir aos brasileirinhos e às brasileirinhas um futuro melhor do que seus pais tiveram".

A construção das unidades de educação infantil está entre as metas do Plano Nacional de Educação (PNE): atender 100% das crianças de quatro e cinco anos até 2016 e 50% das crianças até três anos, estabelecida para 2020.

Está prevista também a construção de 6.116 quadras e cobertas outras cinco mil até 2014. Neste ano, foi aprovada a construção de 750 quadras em escolas municipais de todo o Brasil.

 
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