Coluna semanal de Marcos Coimbra


Semana passada, o assunto político mais importante foi a criação da CPI do Cachoeira. Só se falou dela no Congresso e na imprensa.
De acordo com o requerimento para sua instalação, a comissão mista de senadores e deputados deverá investigar as ligações de Carlos Cachoeira com “agentes públicos e privados”. Poderá, portanto, examinar as relações do bicheiro e de seu grupo com parlamentares, governos estaduais, prefeituras e empresas.

As pedras fundamentais do jornalismo


Do SUL21
segundo Luiz Cláudio Cunha

É difícil e injusto estabelecer um filtro, sempre indevido, para as obras que são importantes ou marcam a vida de um jornalista, até pela visão pessoal e diversa de cada um. Mas, ao longo do tempo, existem bons exemplos de contadores de histórias que resumem este ofício. A começar pelo mais antigo de todos, o ateniense Tucídides, do quinto século antes de Cristo, que pode ser considerado de fato o primeiro repórter da história, mesclando nele as virtudes e os atributos que a academia identifica no profissional da imprensa: o historiador do presente, o repórter da atualidade que, pelo conhecimento acumulado, acaba de fato registrando a história do passado que vai prevalecer no futuro.

Manchete da Folha on line é fraude

[...] "Ayres quer julgamento do Mensalão"


No lead diz que, "após a data, caso deve ficar para 2013 quando muitas penas estrarão prescritas ou atenuadas".
 Primeiro; nenhuma pena é prescrita ou atenuada antes de sequer existir. o julgamento é para isso.
 Segundo. É a mais porca mentira não há prescrição alguma no horizonte. Há o desespero do PIG por saber que este julgamento é a ùnica coisa que essa oposição ridícula tem pra apresentar.
 PIG mentirinha. 
 O Ayres não falou nada daquilo. Que desfaçatez!
 A ùnica frase importante não foi pra manchete. Foi quando ele disse que não é conveniente que corra paralelo a processo eleitotral.
 Mas isso é justamente tudo o que o PIG quer,rs.
 o Fernando Rodrigues já foi menos vigarista.

Para não investigar as ligações criminosas dela com Demóstenes-Cachoeira, a Veja vem de "mensalão"


É mais do que sintomático o comportamento da Veja, cuja matéria capa desta semana tenta tirar os holofotes das gravíssimas denúncias em torno do esquema criminoso comandado pelo contraventor e empresário Carlos Cachoeira, com tentáculos em esquemas de governo e no qual estão envolvidos políticos de diversos partidos, muito especialmente os da oposição.

Para desviar o foco das investigações e da mobilização pela instalação de uma CPI no Congresso Nacional, a Veja vem com a tese de que o PT quer usar a CPI para investigar as ligações entre Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM, hoje sem partido) e outros políticos para encobrir o chamado “escândalo do mensalão”. E para que os envolvidos não sejam julgados.

Nada mais falso. Eu sou réu neste processo e sempre disse que quero ser julgado para provar a minha inocência. O que a Veja quer fazer, secundada por outros veículos da grande mídia, é transferir ao PT o seu modus operandi de jogar poeira nos olhos dos leitores para turvar a realidade, desviar o foco e anestesiar os fatos para construir a pauta política que lhe convém. No caso, tenta, desde 2005, quando eclodiu o escândalo do uso de recursos de caixa dois para pagar dívidas de campanha de partidos da base do governo Lula, transformar o crime eleitoral em crime político de compra de votos de congressistas em matérias de interesse do governo. E segue ignorando os autos do processo.

Pressão aos juízes

O que ocorre agora é mais um movimento dessa campanha, centrada na pressão aos juízes do STF para um julgamento político do “mensalão”, no lugar de um julgamento baseado em fatos e provas. Nada de novo, com o agravante de que, ao trazer o escândalo do “mensalão” para o centro dos debates tentando atropelar o julgamento do processo, tem claramente o interesse de confundir o público e tirar os holofotes do escândalo da ligação de Cachoeira com o senador Demóstenes, e da cadeia de interesses dela decorrente.

Só para lembrar: o caso do mensalão emergiu dentro do escândalo Cachoeira-Demóstenes pelo fato de o ex-prefeito de Anápolis, Ernani José de Paula, ter denunciado que a gravação de entrega de propina nos Correios em 2005 – que deu origem à CPI dos Correios e ao mensalão – foi patrocinada pelo esquema de Cachoeira.

Na esteira dessa gravíssima denúncia de relações e contaminação da máquina pública por interesses privados e criminosos, uma triste constatação. A de que alguns órgãos de imprensa, onde se destaca a Veja, pretensa guardiã da ética e bons costumes das elites, serviram-se de informações engendradas no esquema criminoso de Cachoeira para produzir matérias denuncistas. Que fatídica aliança! Com esta matéria de capa, a Veja tenta livrar sua própria pele e escamotear seus métodos de fazer jornalismo que atentam contra a ética da profissão; em suma, contra a democracia.
por Zé Dirceu

Veja: o Pânico


Eu li o artigo da Veja, e só tenho uma observação: a Veja quer enterrar a CPI, custe o que custar.
O caso Cachoeira pega diretamente o senador Demóstenes Torres (DEM/Goiás), o governador Marconi Pirilo (PSDB/Goiás), o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB/GO) e o editor-chefe da revista Veja, Policarpo Jr.
A primeira reação da mídia, diante do escândalo, foi tentar envolver todo mundo: Agnelo (PT/DF), Protógenes (PCdoB/SP), e a construtora Delta -- que, segundo a imprensa, "faz negócios com o Governo Federal" -- convenientemente omitindo o fato de que a Delta faz negócios com todas as esferas do governo, em diversos estados, inclusive São Paulo!!!
Notícias recentes da Folha, do Estadão, e da Globo, dizem que a CPI preocupa a Dilma e setores do PT; quando os mais preocupados, obviamente, devem ser o DEM e o PSDB.

Mas vamos assumir que as acusações sejam verdadeiras, e que Agnelo, Protógenes, e o próprio Governo Federal estejam envolvidos no escândalo. Este seria, sem dúvida nenhuma, o maior escândalo da história recente do país. Maior do que o mensalão, que segundo a Veja foi "o maior escândalo de corrupção da história do país". 
A Veja não quer investigação, e usa todos os artifícios que têm à sua disposição para isso: apela para a PT-fobia, para o "risco para a liberdade de expressão", para a imagem de Hitler e Mussolini... nenhum recurso é deixado de lado no objetivo de demonstrar, por A+B, que a CPI será péssima para o Brasil.
Vamos a alguns trechos do artigo (em negrito, intercalado com meus comentários):
"Com o julgamento do mensalão pelo Supremo a caminho, os petistas lançam uma desesperada ofensiva para tentar desviar a atenção dos crimes cometidos por eles no que foi o maior escândalo de corrupção da história brasileira"
Mas quem está fazendo "uma desesperada ofensiva para desviar a atenção dos crimes cometidos" é a própria Veja. (Apenas como exemplo, além dos mais de 200 telefonemas entre Policarpo e Cachoeira, agora temos evidências de que a gravação do Hotel Nahoum -- naquela fatídica capa contra "o poderoso chefão" José Dirceu -- foi feita pelo bicheiro.)
E a Veja continua, dizendo que "o PT espera desmoralizar na CPI todos que considera pessoal ou institucionalmente responsáveis pela apuração e divulgação dos crimes cometidos pelos correlegionários no mensalão — em especial a imprensa."
A imprensa não precisa do PT para se desmoralizar. Ela tem feito isso por conta própria.
"Esse truque funcionou na União Soviética, funcionou na Alemanha nazista, funcionou na Itália fascista de Mussolini, por que não funcionaria no Brasil?". E responde: "Bem, ao contrário dos laboratórios sociais totalitários tão admirados por petistas, o Brasil é uma democracia, tem uma imprensa livre e vigilante"
O Brasil é uma democracia, e a liberdade de imprensa não está sob ameaça. Qualquer um pode escrever o que quiser, e sites na internet começam a dar furos em tempo real -- antes mesmo que as revistas possam chegar às mãos dos assinantes. Isso não significa que a imprensa possa se associar ao crime, ocultar a existência de uma quadrilha por 8 anos em troca de informações privilegiadas, obtidas de maneira ilegal, e promover membros desta quadrilha a "mosqueteiros da ética".
O delírio prossegue: "Uma CPI dominada pelo PT e seus mais retrógrados e despudorados aliados é o melhor instrumento de que a falconaria petista poderia dispor — pelo menos na impossibilidade, certamente temporária para os falcões, de suprimir logo a imprensa livre, o Judiciário independente e o Parlamento."
Aqui a Veja deixa bem claro -- na sua opinião, a CPI é um instrumento para suprimir a imprensa livre, o judiciário independente, e o parlamento. É um instrumento para transformar o Brasil em um ditadura. É uma simplificação grosseira -- como outras que aparecem no artigo -- com o objetivo de causar um mal-estar com relação à CPI.
A essa altura o leitor típico de Veja deve estar pensando: "esta CPI é um perigo!"
"Enquanto o triunfo final não vem, os falcões petistas vão se contentar em usar a CPI para desmoralizar todos os personagens e forças que ousem se colocar no caminho da marcha arrasadora da história, que vai lançar ao lixo todos os que atacaram o PT e, principalmente, seu maior líder, o ex-presidente Lula."
O mais curioso, de acordo com a tortuosa lógica da Veja, é que -- mesmo que a rede de corrupção de Carlinhos Cachoeira seja "suprapartidária", isto é, envolva diretamente o PT -- esta CPI seria de interesse do partido.
"Lula viu na CPI a oportunidade política de mostrar que todos os partidos pecam. Que todos são farinha do mesmo saco e, por isso mesmo, o mensalão não seria um esquema de corrupção inaudito, muito menos merecedor de um rigor maior por parte do Judiciário e da sociedade. Para os petistas, apagar a história neste momento é uma questão de sobrevivência."
Questão de sobrevivência? A presidenta Dilma tem o maior índice de aprovação de toda a história do país, superando até mesmo o Lula; a oposição está desorientada; a própria Veja diz que o PT estaria caminhando rumo ao poder absoluto. Por que esta seria uma "questão de sobrevivência"? O artigo da Veja não consegue manter-se auto-coerente; a única coisa que está perto de se extinguir é a credibilidade da revista.
"É tamanha a ânsia de Lula e dos mensaleiros para enterrar o escândalo que, se preciso, o PT rifará o governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, que também aparece no arco de influência dos trambiques da máfia do jogo."
É tamanha a ânsia da Veja para enterrar a CPI que, se preciso, deixará o petista Agnelo Queiroz livre, junto com Cachoeira, Demóstenes, Pirilo, Leréia, e, é claro, o editor-chefe da revista, Policarpo Jr.
Para defender Policarpo, sem citar o seu nome, a revista diz: "A oportunidade liberticida que apareceu agora no horizonte político é tentar igualar repórteres que tiveram Carlos Cachoeira como fonte de informações relevantes e verdadeiras com políticos e outras autoridades que formaram com o contraventor associações destinadas a fraudar o Erário."
É uma simplificação grosseira. Policarpo Jr. fez muito mais do que apenas usar Carlos Cachoeira como fonte. Ele usou e foi usado. Durante mais de 8 anos, em mais de 200 telefonemas gravados e reuniões presenciais, Policarpo Jr ajudou a promover os interesses da quadrilha, enquanto a quadrilha satisfazia os interesses da Veja.
A Veja sabia das relações de Demóstenes com Carlinhos Cachoeira, e nunca falou nada. Ou melhor: enalteceu Demóstenes, chegando ao ponto de dizer que ele era um dos "mosqueteiros da ética" do senado. A Veja também ajudou a melar uma CPI contra Cachoeira em 2004. Em troca, Cachoeira foi responsável por inúmeros "furos" da revista, em gravações ilegais que envolviam terceiros. 
Mas a Veja prossegue com a seguinte lição sobre a ética jornalística:
"Os petistas acham que atacar o mensageiro vai diminuir o impacto da mensagem. Pelo que disse Marco Maia, eles vão tentar mostrar que obter informações relevantes, verdadeiras e de interesse nacional lança suspeita sobre um jornalista. Maia não poderia estar mais equivocado. Qualquer repórter iniciante sabe que maus cidadãos podem ser portadores de boas informações. As chances de um repórter obter informações verdadeiras sobre um ato de corrupção com quem participou dele são muito maiores do que com quem nunca esteve envolvido. A ética do jornalista não pode variar conforme a ética da fonte que está lhe dando informações. Isso é básico."
Se Cachoeira tivesse feito gravações de suas conversas com Demóstenes e Pirilo, isto estaria dentro da ética jornalística.
Mas Cachoeira fez gravações contra terceiros -- pessoas que não estavam envolvidas com eles. Para citar um exemplo, hoje sabemos que as filmagens no Hotel Nahoum foram obra da quadrilha. A reportagem de capa de Veja foi ironicamente intitulada "O Poderoso Chefão".
A Veja tinha acesso ao verdadeiro "chefão" -- e nunca falou nada.
A Veja teve acesso a todas as informações sobre a máfia de Goiás e nunca denunciou o esquema.
Durante 8 anos a Veja usou e foi usada por Carlinhos Cachoeira. E é por isso que estão com medo.  Mas não é só isso:
"Motivo mesmo para uma CPI seria investigar os milionários repasses de dinheiro público que o governo e suas estatais fazem a notórios achacadores, chantagistas e manipuladores profissionais na internet. Fica a sugestão."
A Veja está com medo porque não controla mais a informação. Se a CPI sair, não haverá como filtrar as informações.
Viva os blogs sujos!
Viva a internet!
por Foo

Afinal, quem foram os “Mamonas Assassinas"?


Ainda está presente em nossas cabeças o modelo irreverente de um grupo musical que contestava todos os costumes do mundo moderno. Trata-se do Mamonas Assassinas. Vejamos sua contestação e desejo de mudança.
Nem acabaram eles de agradecer a “Santos Dumont, que inventou o avião”, um acidente aéreo sepulta abruptamente a banda, surgida do anonimato e em vertiginosa ascensão no espaço da música popular brasileira. Quase dois milhões de discos vendidos em tempo relâmpago e a multidão de crianças e jovens chorando o repentino desaparecer dos ídolos testemunham o sucesso e a popularidade.
A mídia exerceu, sem dúvida, um papel relevante na produção desse fenômeno meteórico. Mas, para além dessa explicação óbvia, quase lugar-comum, que sempre credita os meios de comunicação, em especial a TV, pelos acontecimentos massivos de nossos dias, é necessário suscitar uma questão de fundo, muito pouco refletida, que pergunta pelo motivo da enorme aceitação e desse misto de delírio coletivo e rebeldia, que contagiou a massa receptora da música dos Mamonas.

A pergunta nos leva a indagar sobre o homem, o tempo hodierno e uma possível filosofia do sujeito humano, no limiar do milênio, quiçá escondida e propositadamente abafada sob a frenética aparência dos rapazes de Guarulhos.
“Eu queria um apartamento no Guarujá.Mas o melhor que eu conseguifoi um barraco no Itaquá.Eu sou cagado, veja só como é:se dá uma chuva de Xuxano meu colo cai Pelé.É como aquele ditado que dizia:Pau que nasce torto, mija fora da bacia” 
Utopia, o primeiro nome da banda, foi logo abandonado. Fato casual?
Utopia era palavra muito acariciada pelos “revolucionários” das décadas de 60-80. Indicava caminhos de libertação, crença em ideais hoje tidos como inatingíveis: justiça, bondade, beleza pura. A pós-modernidade instaura uma desconstrução desses temas. Ouçamos, de passagem, uma estrofe de “Cabeça de Bagre II”.
 
“A polícia é a justiça de um mundo cão.
Mês de agosto sempre tem vacinação.
Na política, o futuro de um país,
cale a boca e tire o dedo do meu nariz”.
  
Valores de um tempo já passado, dito moderno, não atraem mais o homem pós-moderno. Elenco alguns, retomando o filósofo Derrida, um dos “inventores” da pós-modernidade: Deus, Ser, Sujeito, Consciência, Estado, Revolução, Família.
Também as grandes filosofias explicativas do Homem e do Universo caíram de moda. Textos salvacionistas, de libertação numa vida futura ou presente, ecoam no vazio.
Vagar incerto, sem rumo, verdadeiro “walking in the dark”— andando no escuro — (letra de “Débil Mental”), o cosmo um jogo indefinido: eis a sensação do homem nessa derrocada de valores. Várias letras do CD apontam esse vazio da existência:
 
“Subiu a serra me deixou no Boqueirão.
Arrombou meu coração depois desapareceu.
Fiquei na merda nas areias do destino”.
 
Em vez do planejamento produtivo e distributivo, impera, no sistema vigente, a tecnociência dirigida para o consumo em massa, para o lucro sem nenhuma perspectiva social. Estrofes irreverentes e espetaculares denunciam essa doidice:

“Mas pior de todas é a minha mulher.
Tudo o que ela olha, a desgraçada quer:
Televisão, microondas, micro system,
microscópio, limpa-vidro, limpa-chifre,
facas ginsu...
Ambervision, frigi-diet.
Celular, Master-line, camisinha,
Camisola e Kamikase.
 
Em “Pelados em Santos”, aparece o mesmo tema:

“Na Brasília amarela com roda gaúcha
ela não quis entrar.
Feijão com jabá
a desgraçada não quer compartilhar”.

E, ainda, em “Chopis Center”:

“Quanta gente
quanta alegria.
A minha felicidade é um crediário
nas Casas Bahia”.
 
O homem pós-moderno privilegia temas considerados marginais. O primeiro e mais explosivo, o sexo-prazer-desordem e o preconceito, que corre solto, desenfreado, desvairado. É a “suruba” da música Vira-Vira, na qual a mulher, Maria, sempre sai “arregaçada”, arrebentada, mas o homem, Manoel, sempre pretende dar a volta por cima e levar vantagem:

“Oh Maria, essa suruba me excita”

Mas declara:

“Dei graças a Deus porque ela foi no meu lugar”.

De novo, o sexo desenfreado em “Robocop Gay”:

“O meu andar é erótico,
com movimentos atômicos,
sou amante robótico
com direito a replay”.
Mais forte, ainda, em Bois don’t cry:
“Sou um corno apaixonado.
Sei que já fui chifrado,
mas o que vale é tesão”.

O jogo, a superficialidade, a banalidade, o quotidiano, o pragmatismo do agora, a vida vivida só no instante presente, o flutuar das experiências, sem nenhuma perspectiva de futuro, são marcas fundas do pós-moderno. Os Mamonas também vão nessa:

“Ser corno ou não ser eis a minha indagação”.

Ou então em “Uma Arlinda mulher”:

“Você foi agora a coisa mais importante
que já me aconteceu neste momento
em toda a minha vida.
Um paradoxo do pretérito imperfeito
complexo com a teoria da relatividade”.

A diversidade das formas, a transitoriedade do homem-hoje não escaparam nas letras do CD:

“Hoje eu estou tão eufórico,
com mil pedaços biônicos. Ontem eu era católico, ai, hoje eu sou gay!!!
Você pode ser gótico
ser punk ou skinhead
tem gay que é Muhamed
tentando camuflar...”

Conformismo, pessimismo, passividade, ausência de força moral. O homem pós-moderno não enxerga nenhum horizonte. Notei tudo isso em quase todas as letras dos Mamonas. O som alegre e ruidoso, os gestos irreverentes, escondem uma profunda melancolia, retrato de um mundo sem rumo.

"Fome, miséria, incompreensão,
o Brasil é tetra campeão"
"Hoje eu tô arrependido de ter feito migração.
Volto para casa fudido
com um monte de apelido..."

Esta breve radiografia a brotar de uma despretensiosa análise das letras do estrondoso e supercomercializado CD permite-me concluir que o jeito e a mensagem desses garotos saídos da penumbra para uma rápida apoteose explicam o sucesso muito mais do que a montagem e a especulação da mídia. Eles cantaram e falaram ao coração da juventude tocando temas que circundam a vida hoje.
Diria eu até que a mídia, enfatizando apenas o lado irreverente, jocoso e frenético da banda (evidentemente por motivos de marketing) acabou assassinando em proposital ostracismo a profunda filosofia presente nas letras dos Mamonas. Elas apresentam, em seus traços essenciais, o homem pós-moderno.
E, por cúmulo da fatalidade, até o jeito de morrer desses garotos, repentino e inesperado, retrata a figura do sujeito humano neste fim de século: fugidio, transitório, efêmero, como um meteoro fugaz cruzando o céu de um cosmo que ninguém sabe para onde vai.
Autor desconhecido

Santo: Mitos, taças e futebol arte

 Santos, 100 anos de futebol arte
“Varios sportsmen desta cidade estão empenhados em organisar um poderoso club de football. Era já sensível a falta, entre nós, de um bom clube dedicado ao bello sport do football. Acreditamos que o novo clube venha preencher essa lacuna [sic]”
Pelo texto publicado no dia 9 de abril de 1912 no Diário de Santos, três dias antes do nascimento do Santos Foot-Ball Club, Mário Ferraz, Argemiro de Souza e Raymundo Marques já profetizavam a criação de um clube poderoso.

Mas nem mesmo os três fundadores imaginariam que o time criado para representar a pujante cidade portuária se tornaria a definição perfeita da palavra futebol em todo o planeta.

Em 100 anos, com uma máquina de fazer craques, o Santos da camisa listrada azul e branca de Mário, Argemiro e Raymundo virou alvinegro, ganhou São Paulo, o Brasil e conheceu o mundo. Foram muitos os dias para ficarem na história: um Rei foi coroado, uma guerra parou e 13 gols foram marcados no maior jogo de todos os tempos.

E quem disse que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Depois de Pelé, Meninos da Vila, Robinho e Diego e Neymar e Ganso brotaram no solo sagrado santista. O torcedor pode esperar: muitos outros irão brilhar de preto e branco nos próximos 100 anos.

Durante a semana, o ESPN.com.br prestou sua homenagem ao centenário do Santos. Relembre histórias marcantes deste gigante do futebol brasileiro nos links abaixo:A máquina de fazer craques 
 joias santistas
Pelé, Pita, Robinho e Neymar: joias santistas
Crédito da imagem: Montagem ESPN.com.br
O segredo do sucesso do time do Litoral Paulista é menos complicado do que parece. Nada de tecnologia de ponta ou filosofia revolucionária: é com valores simples, mas riquíssimos que o clube constrói sua máquina de revelar talentos. CLIQUE E SAIBA MAIS.Quatro raios no mesmo lugarO Santos se acostumou a ser atingido por cíclicas trovoadas de craques ao longo dos seus 100 anos de trajetória. Quando menos se espera, uma nova ninhada de grandes jovens jogadores aparece com o uniforme branco. Foi assim com Pepe, Pelé e cia, com os primeiros ‘Meninos da Vila’, com Diego e Robinho...CLIQUE E LEIA MAIS.

O time que conheceu o mundoPelé e Orlando Peçanha com o governante do Congo Belga, Marien Ngouabi
Pelé e Orlando Peçanha com o governante do Congo Belga, Marien Ngouabi
Crédito da imagem: Acervo Santos 
Neymar, Ganso e cia viajando por um mês mundo afora para enfrentar times muitas vezes quase amadores e driblando milhares de torcedores em aeroportos rústicos entre Campeonato Paulista, Libertadores e Brasileiro. Alguém imagina que isso seja possível? Pois o Santos de Pelé fez fama assim. RELEMBRE AQUI.

Parem a guerra, o Santos vai jogar

O Santos de Pelé foi, é e será para sempre lendário. Mas não há lenda que seja tão impressionante quanto uma história comprovadamente real. CLIQUE E LEIA.

Um dia para ficar na históriaPelé chegou ao Santos em 1956 e lá permaneceu até 1974
Pelé chegou ao Santos em 1956 e lá permaneceu até 1974
Crédito da imagem: Acervo Santos
 “A primeira vez que vi o Pelé, ele estava sentado em uma lanchonete aqui ao lado, tomando uma Coca-Cola. Estava junto com o Waldemar de Brito. Usava um terno azul-marinho e carregava uma mala de papelão. Fui apresentado a ele, e o Waldemar disse que era um garoto bom de bola, vindo de Bauru, que ainda daria muitas alegrias ao Santos”, conta Pepe. RELEMBRE ESTA HISTÓRIA.
O maior jogo de todos os temposO jogo, pela fase classificatória do Rio-São Paulo, seria mais um entre tantos na história de Santos e Palmeiras. Mas os jogadores das duas equipes estavam inspirados e protagonizaram um épico do futebol brasileiro. A vitória do Santos por 7 a 6, diante de um Pacaembu incrédulo, ganhou status de lendária. LEIA MAIS.
Os ídolos do próximo centenárioCom a sabedoria dos velhos ídolos e lições de humildade, o Santos forma novos garotos para as próximas gerações. Quem serão os próximos craques a pisar no gramado da Vila Belmiro? CLIQUE E CONHEÇA.
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