The i-piauí Herald

Pai exaltado vai buscar Pondé na Folha de São Paulo

CAMPOS ELÍSEOS - Um pai transtornado invadiu hoje a redação da Folha de S. Paulo para puxar a orelha do colunista Luiz Felipe Pondé. "Meu filho começou a ler Olavo de Carvalho por sua causa!", disse, segurando o choro. Pondé reagiu acendendo um cachimbo. Transtornado, o pai subiu o tom: "Ele passou a usar chapéu panamá, está colecionando as frases da revista Caras e desde então deixou de pegar mulher", lamentou, caindo em pranto.
Pondé olhou para o alto, deu uma cachimabada e declamou: 

"Você pensa em mim toda hora/ Me come, me cospe, me deixa/ Talvez você não entenda/ Mas hoje eu vou lhe mostrar." Ainda envolto em fumaça, arrematou: "Eu sou a dona de casa/ Nos pegue pagues do mundo/ Eu sou a mão do carrasco/ Sou raso, largo, profundo".

Diante da estupefação de todos, Pondé revelou sua fonte: "Essa é apenas uma passagem de Assim Falou Carvalhosa, obra-magna de Reynold Azevedish, o pai do liberalismo misógino transcendental, contra os fracos de espírito e os adeptos do bolsa-ralé". Dirigindo-se novamente ao pai, o colunista da Folhinha cachibou uma vez mais e concluiu, enigmático: "Não vai ter Cotas".

Indiferente ao burburinho, o jornalista Clóvis Rossi passou ao lado de Pondé cantarolando em voz alta: "Gracias a la vida que me ha dado tanto/ Me ha dado el sonido y el abecedario"....

O polêmico episódio será tema de um simpósio promovido pelo Departamento de Semiótica da Faap. O caderno Ilustríssima trará uma edição especial de 16 páginas inteiramente dedicadas ao assunto. Pondé aceitou participar com três sonetos inéditos, mas fez uma ressalva: "Sem essa de ouvir o outro lado, que isso é coisa de comunista!".

Vale do Rio Doce

O mais corrupto dos poderes - o Judiciário - e um mininistro de bico longo protegem a privataria tucana. Leiam abaixo mais um capítulo dessa novela pastelão:

Burocracia jurídica impede andamento de ações que questionam privatização da Vale

por Clair da Flora Martins e Elóa Cruz 

O novo capítulo da "novela jurídica” que envolve as ações que questionam o leilão e o valor do acervo da Vale do Rio Doce, privatizada (desestatizada) em 1997, diz respeito a uma decisão do Ministro do STF, Gilmar Ferreira Mendes, publicada em 05 de maio último. Mendes negou provimento a um recurso extraordinário interposto no final de 2012 pela Companhia Vale do Rio Doce. Apesar da decisão beneficiar todos os autores das ações populares, o andamento do processo poderá continuar suspenso até o julgamento do novo recurso (agravo) interposto pela em nome da Vale, pelo Colegiado do STF, por causa de uma liminar concedida antes pelo próprio Ministro.

A liminar suspendeu mais uma vez, desde o final de 2010, a decisão da Quinta Turma do TRF da 1ª Região (Brasília), que determinara que as ações populares voltassem a Belém do Pará para novo julgamento, a fim de permitir o exame judicial dos fundamentos das ações sobre as nulidades do Edital do Leilão e precedesse uma perícia sobre a realidade do patrimônio leiloado, definindo o verdadeiro valor do acervo da CVRD, fixado em somente R$ 3,34 bilhões, em 1997, no leilão de privatização. Se for confirmado que houve sonegação e subavaliação de bens, as decisões pela Nulidade da venda de 1997 será coisa certa.
Os autores das ações esperam que o Ministro revogue a liminar (concedida por ele mesmo em uma ação cautelar há três (03) anos, já que agora negou provimento ao Recuso principal e, assim, como consequência lógica, não há mais motivos para manter paralisadas as dezenas e dezenas de ações populares que tramitam na Justiça desde 1997 e, cujos autores, após 17 anos, ainda pretendem sejam analisadas pelo MM. Juízo de Belém, as razões nelas expendidas contra a venda do controle da CVRD e que as riquezas produzidas pela Vale possam, realmente, servir ao desenvolvimento econômico social do país, de uma forma sustentável, beneficiando o conjunto da população brasileira e não a grupos particulares que se apropriaram destes benefícios através do Leilão.
Além da nulidade da licitação, os autores confiam que o Estado brasileiro possa ser recompensado financeira e moralmente dos prejuízos (danos efetivos e lucros cessantes) que teve com a venda espúria desse grande patrimônio público.
[Clair da Flora Martins e Eloá Cruz são cidadãos brasileiros autores de ações populares].

Francisco Costa - a Copa é um fracasso

A direita estava certa, sou obrigado a concordar

Hoje está fazendo uma semana que a Copa do Mundo se iniciou. 
Conforme prognosticaram os jornalistas, embasados em vasta experiência jornalística, honestidade de propósitos, compromisso com a verdade e isenção política, infelizmente está tudo acontecendo como o esperado.
Parabéns às tevês Globo e Band, à revista Veja, aos jornais Folha de São Paulo e O Globo, pela perfeita percepção da realidade, o que só os que fazem jornalismo sério, não corrompido por interesses políticos e pecuniários, podem ter.
Como era esperado, o vexame é total, o que enxovalha o Brasil aos olhos do mundo e mostra toda a incompetência política e administrativa desse governo, nos expondo assim a humilhante situação, da qual demoraremos muitos anos para nos livrarmos.
Para fazer as afirmações que se seguem, pautei-me pelo que tenho lido na imprensa internacional, a partir de jornalistas estrangeiros e turistas do mundo todo, e postado pelos bravos militantes da direita, intelectualizados e precisos nas suas análises e críticas.
Os estádios todos inacabados, de arquitetura no mínimo duvidosa, feios, mal iluminados… Acertaram os que disseram que só ficariam prontos na próxima década.
As chamadas obras de infrestrutura, no entorno dos estádios, foram uma balela. Os engarrafamentos, nos momentos que antecedem os jogos, são quilométricos, com os torcedores chegando atrasados, inclusive com muitos deles desistindo de entrar nos estádios.
Os aeroportos superlotados, com voos atrasados e cancelados, filas imensas nos guichês, bagagens extraviadas… Com todos os aeroportos por terminar, cheios de materiais de obras espalhados, numa imundície só.
Um outro fiasco que não poderia passar em branco é o das comunicações, com os correspondentes sem poder fazer contatos com suas bases, os links interrompidos ou com interferências, nos isolando nos momentos de pico, que antecedem e durante os jogos.

E o apagão, a suprema humilhação? Como é que em pleno século XXI um país inteiro pode ficar sem energia elétrica por horas, em silêncio, no escuro, envergonhado?
O apontado infelizmente aconteceu: um surto de dengue em pleno inverno, com os hospitais lotados, sem ambulâncias para transportar doentes, medicamentos em quantidade insuficiente, com muitos turistas debandando, voltando para os seus países, com medo.
Mas… O que mais temíamos e tínhamos certeza que aconteceria e ficaria fora de controle… A violência generalizou-se de tal maneira que nem mesmo as Forças Armadas estão tendo força suficiente para, se não debelar, pelo menos minorizar: brigas generalizadas entre torcidas, resultado de um serviço de segurança ineficiente, pequeno no número de homens, e despreparados.
As delegacias policiais já não dão conta de tantos registros de ocorrências de roubos, assaltos e sequestros, com balas perdidas em grandes aglomerações de turistas, os arrastões, promovidos por facções criminosas, com gente descida dos morros e vindas dos subúrbios.
Perdeu-se a conta de ônibus queimados, vitrines quebradas, lojas comerciais saqueadas…
Claro que uma situação dessa, e que só surpreendeu aos mal informados, não leitores de nossos jornais e revistas e telespectadores, só poderia gerar protestos, indignação, e então o que se viu foi o coro, em São Paulo, usando palavras de baixo calão, dirigidas à presidente da república.
Não passou pela cabeça de ninguém que deixar o povo ter acesso aos estádios seria uma temeridade? Como esperar civilidade, educação, postura, respeito e até caráter de pessoas de pouco estudo, baixos salários, residindo em áreas longínquas? Como esperar dessa gente qualquer coisa como simpatia, hospitalidade, cortesia? São ogros.
Só deveriam ter acesso aos camarotes vips dos estádios os grandes empresários, os políticos de direita, os artistas e apresentadores da televisão, gente polida, educada, respeitadora, como não mostram no vídeo, em pleno exercício de monetário cinismo.
O país está um caos, e não foi por falta de aviso: a mídia avisou que seria assim, a oposição ao governo provou que seria assim, uma multidão de internautas inteligentes e bem informados mostraram todas as evidências de que seria assim, mas o governo não quis ouvir e pôs avante esse sonho megalômano de realizar uma Copa do Mundo aqui.
O Brasil nunca mais será o mesmo aos olhos do mundo, que agora entendeu que, aqui, a mídia e os partidos de direita (Dem, PSOL, PSDB…) são mais criminosos que o Comando Vermelho e o PCC.

Babaquice

A besteira abaixo foi escrito pela colunista Marília Moschkovich

Vamos supor que você está fazendo seu trabalho, tranquila, como todos os dias. De repente um desconhecido se aproxima e te dá um beijo. Você nunca viu mais gordo. Mas você está exposta e tem que entregar o trabalho naquele minuto, sendo observada por seus chefes e pela sua equipe. Seria possível uma reação agressiva? E se aquilo se voltasse contra você? Talvez denunciar em seguida? Mas como saber quem era aquele homem?
Essa situação lamentável já consta entre a nada modesta lista de pérolas machistas que vimos e veremos nos próximos 30 dias, ao longo da realização da Copa do Mundo aqui no Brasil (em tempo: não que ela não aconteça da mesmíssima forma em outros países). Enquanto estava realizando seu trabalho, em transmissão ao vivo, a repórter Sabina Simonato foi beijada por um torcedor croata anônimo, na calçada da Avenida Paulista.
A abordagem dada pela maioria dos veículos que noticiou é a mesma de sempre, sobretudo porque se trata de um europeu branco com alguma grana pra frequentar copas do mundo, de não de um “pedreiro” (pra voltarmos à velha discussão sobre intersecionalidade e preconceito de classe que rola quando falamos sobre assédio nas ruas): risadinhas, todo mundo achando graça. A própria repórter, inclusive, reage com estranhamento mas tenta se manter descontraída.
Algo me diz, porém, que ela não poderia ter tido qualquer reação ali, ao vivo, no ar, sem que aquilo se voltasse contra ela de alguma maneira. Talvez impondo limites ela passasse por “grossa”, “antipática”, “péssima profissional”, entre outros adjetivos frequentemente direcionados às mulheres que resistem o assédio. Talvez sofresse pesada retaliação de seus colegas, da sociedade como um todo, do veículo para o qual trabalha.
O episódio reacende uma questão que tem estado na boca da internet nos últimos meses, e que infelizmente não depende da Copa: até quando seremos desrespeitadas nas ruas por sermos mulheres?
Reparem que a questão aqui não é um beijo de um desconhecido. É um beijo de um desconhecido num contexto específico. Claramente não solicitado, claramente não consensual. O torcedor croata, ao tascar o beijo na repórter, coloca-a em sua posição de mulher – um corpo disponível. É assim que nos sentimos nas ruas, pontos de ônibus, estações de metrô, e até mesmo em festas e bares quando homens aleatórios se acham no direito de interferirem em nosso espaço físico e psicológico. Sabina Simonato não pediu nem concordou com esse beijo, não importa o quão leve tenha nos parecido sua reação.
Quando dizemos que o feminismo ainda é necessário, é por causa de atitudes desse tipo. Alguém já viu algum jornalista homem sofrer assédio sexual assim, ao vivo? Na frequência com que isso acontece com as jornalistas mulheres (só no último ano me lembro de pelo menos dois ou três casos de grande repercussão aqui no Brasil)? O assédio é uma questão de poder, de lembrar às mulheres que somos “apenas” mulheres. Por isso ele é humilhante, indigno, violento – ainda que venha na forma de um beijo com risadinhas.

Olhar Digital

O smartphone da Amazon pode dar início a uma nova era?

Hoje quarta-feira, 18, a Amazon finalmente apresentará seu tão aguardado smartphone, que vem sendo alvo de especulações há mais de um ano. Mas por que se tem falado tanto sobre o produto, afinal, se já há uma infinidade de celulares potentes no mercado? Porque, se os rumores forem reais, o smartphone da Amazon pode dar início a uma nova era do setor.

Quando o Wall Street Journal falou sobre a novidade, no começo de 2013, o jornal já afirmava que ela seria diferente de qualquer coisa que há no mercado, porque traria uma exibição de conteúdo em 3D, sem a necessidade de óculos especiais, e de uma forma que se assemelha à holografia.

O celular traz um tipo diferente de tridimensionalidade. A tela, em si, não é 3D, mas o aparelho vem com quatro câmeras que rastreiam o olhar do usuário para movimentar a interface e criar uma sensação 3D. O iOS 7 faz algo parecido no iPhone, mas usando os sensores internos do aparelho.
Softwares do telefone farão com que ele reconheça o rosto do usuário, impedindo que quem está em volta veja conteúdo em 3D. E ele também pode vir com uma ferramenta que reconhece objetos que a pessoa desejar e os encontra na loja da Amazon.

Ele contaria ainda duas câmeras comuns, a traseira, de 13 megapixels, e a frontal, indicada para chats de vídeo e para o uso do recurso de atendimento ao cliente da empresa chamado MayDay. O processador, seguindo vazamentos, será um Snapdragon, da Qualcomm, e o aparelho teria 2 GB de RAM.

Reprodução

Há dois rumores sobre o sistema operacional: uma versão personalizada do Android similar à que roda nos tablets da Amazon chamada FireOS; ou o Firefox OS. Já a tela teria 4,7 polegadas, com 720p.

O 3D será explorado na maior quantidade de áreas possível, desde a tela de bloqueio até em papéis de parede especiais que trazem perspectivas que mudam conforme o usuário inclina o telefone. Diversos aplicativos aproveitariam a tecnologia. O de mapas, por exemplo, poderá mudar de perspectiva enquanto o telefone é movimentado. Outra novidade fica por conta das lojas da Amazon, como a livraria e a Music Store: ao mudar a posição do dispositivo, os produtos poderão revelar detalhes que não podem ser vistos em duas dimensões.

Felipão

O que faltou no jogo foi o gol. Tivemos quatro grandes oportunidades que perdemos. O goleiro adversário fez defesas maravilhosas. Os chutes dos mexicanos foram fortes, mas de fora da área. Do nosso lado - contra -, tivemos pela frente um goleiro em um dia maravilhoso - inspirado -.

Luis Nassif, prá que gasta vela com *verme ruim?

Joaquim Barbosa, o que poderia ter sido grande, mas foi apenas mau

Quando o outsider entrou no STF (Supremo Tribunal Federal), os senhores formais aceitaram com superior condescendência. O outsider tinha currículo, falava várias línguas, desenvolvera teses importantes sobre inclusão.
Mas era outsider. Não vinha de família de juristas, gostava do ambiente informal dos botecos, era de pouquíssimos amigos e nunca fez média na vida.
Conquistou tudo na porrada, dependendo dele e só dele.
Tinha tudo para entrar para a história, derrubando conchavos, despindo o formalismo e a hipocrisia de muitas togas, subvertendo formas de ver o mundo, trazendo para o Supremo os ares da contemporaneidade e a marca altiva de sua cor e dos que conquistaram tudo sem nunca ceder.
Mas faltava-lhe algo, uma peça qualquer no sistema emocional, que o tornou uma espécie de Mike Tyson com toga, uma força gigantesca e incontrolável assombrada por mil demônios internos que o impediram definitivamente de se tornar um grande.
O que moldou essa lado emocional tosco, rude, cruel, não se sabe. As intempéries da vida costumam construir grandes caráteres; mas também modelam a crueldade, a vingança permanente contra tudo e todos que ousem se interpor no caminho.
Foi o caso de Joaquim Barbosa.
Seu mundo tornou-se uma ilha pequena, restrita, cercada por um oceano infestado de tubarões querendo prejudica-lo, cada gesto contrário visto como ameaça ao que ele conquistou.
Cada julgamento tornava-se uma guerra a ser vencida a qualquer preço, até com a sonegação de provas, se necessário. O tribunal era a arena povoada de gladiadores sangrentos aguardando o polegar para baixo do público para a degola final dos inimigos. E todos eram inimigos, o réu a ser condenado, o colega que ousasse discordar de qualquer posição, o advogado que rebatesse seus argumentos, o jornalista que o criticasse. 

O ódio como seiva vital

Em poucas pessoas vi ódio tão acendrado, a raiva como motor de todas as atitudes, um egocentrismo tão exacerbado a ponto de tratar qualquer voz dissidente como um inimigo a ser aniquilado.
Talvez em José Serra, que, em todo caso, sempre foi suficientemente esperto para agir através de terceiros.
Joaquim Barbosa nunca usou as armas da hipocrisia, a malícia das jogadas. Como Tyson, sempre saía de peito aberto distribuindo porradas pelo mundo. O que o movia não era a desonestidade, a vontade do poder, um pouco talvez a busca da popularidade, mas, acima de tudo, dar vazão ao ódio, sempre o ódio como seiva vital.
E esse bruto – na definição mais ampla do termo –foi transformado em campeão branco da mídia na disputa política. Emocionalmente tosco, embarcou no jogo de lisonjas, do “menino que mudou o Brasil”.
Por um tempo, exercitou o duplo jogo de quem se formou nas guerras da vida e na formalidade de um poder hierárquico. Enfrentava o mundo jurídico intimidando mentes formais com a truculência desmedida das discussões de rua e de botecos; e se impunha com os amigos de praia com a condescendência dos que subiram na vida mas não esqueceram as origens.
Acima de tudo, contava com o beneplácito da mídia, que ele conquistou sem pedir mas que lhe proporcionou ser ouvido pelas ruas.
Com tal poder, passou a quebrar dogmas, mas da pior forma possível, atropelando direitos, sendo agressivo até o limite da boçalidade em um ambiente eminentemente formal.

Os juristas que domaram a besta

Coube a dois juristas de extrema afabilidade desmontar a besta.
Um deles, Celso Antônio Bandeira de Mello, o doce Bandeira, unanimidade no mundo jurídico por sua firmeza cortez, pespegou-lhe na testa a definição definitiva: “É um homem mau”.
Outro, Luiz Roberto Barroso, o homem dos salões cariocas, o iluminista que, ainda como advogado, arejou o Supremo com a defesa de teses contemporâneas, ao reagir à agressividade inaudita de Joaquim, sem perder a calma e sem perder a firmeza.
E aí, começaram a desmoronar as estratégias emocionais de Joaquim Barbosa, para enfrentar os rapapés do mundo jurídico e a rudeza dos botecos.
No mundo juridico, a truculência deixou de intimidar, Pelo contrário, passou a ser tratada com uma impaciência cada vez maior de seus pares. No mundo dos bares, em lugar de só aplausos, passou a ser perseguido por vaias.
Aos poucos, os grupos de mídia perceberam que Barbosa tornara-se uma carga inútil, pesada, a vitrine onde estava exposta a parcialidade do julgamento da AP 470. Com sua irracionalidade, estava transformando os réus da ação em vítimas da arbitrariedade mais ostensiva.
No Supremo, sua única influência era sobre Luiz Fux.
Restava-lhe o apoio da malta, aquela parcela mais desinformada da sociedade, que aplaude linchamentos, que defende a lei de Talião, que se regozija com qualquer bode expiatório. E, no contraponto, as vaias da selvageria que despertou no lado oposto.
Dos dois lados do balcão, o homem mau só conseguia trazer à tona os piores sentimentos dos admiradores e dos críticos.

A cena final

Quanto mais se isolava, mais Joaquim Barbosa radicalizava as arbitrariedades.
Ganhou alguma sobrevida graças a mudanças nos procedimentos do STF que impediam impetrar habeas corpus contra decisões do presidente da casa, uma iniciativa do ex-presidente César Peluso supondo que jamais a presidência seria ocupada por uma pessoa desajustada.
As arbitrariedades foram tão ostensivas que um gesto totalmente fora das regras – do advogado de José Genoíno, invadindo uma sessão do STF para questiona-lo – não mereceu uma condenação sequer dos Ministros da casa. Pelo contrário, estimulou a defesa de Marco Aurélio de Mello, porque sabendo ser ato de absoluto desespero, de quem via leis e procedimentos jurídicos atropelados pela insanidade de um julgador.
E aí o poderoso, o imbatível Joaquim Barbosa pediu aposentadoria e, ontem, se afastou da AP 470 procurando se vitimizar, dizendo-se alvo de manifestos políticos e de ameaças do advogado.
Sai no momento em que o STF iria colocar um fim em suas arbitrariedades.
Do Jornal Nacional mereceu uma nota seca, que surpreendentemente terminou com uma frase do advogado que o enfrentou: “Agora, o Supremo poderá voltar a julgar com imparcialidade”. De seus pares, não mereceu nada, nenhuma saudação. Talvez na última sessão seja agraciado com os elogios aliviados de algum colega seguidor das formalidades do STF.
Saindo, passa uma enorme sensação de desperdício. Desperdício em relação ao que poderia ter sido na renovação do STF, na afirmação da diversidade racial, na consagração do esforço individual.
Fica apenas a imagem de um homem mau e sem grandeza, cujo objetivo final não está na história, mas em se vingar de um simples advogado que ousou enfrentar a sua ira.