Jânio de Freitas: Operação da PF foi feita 24 horas depois que os delegados apareceram comprometidos com Aécio

Falta muito, e faltam muitos, para que as primeiras prisões de altos corruptores os levem, mais do que à efêmera experiência de humilhação, aos julgamentos que merecem há tanto tempo. Nem é certo que haja tais julgamentos e, havendo, que condenações sejam prováveis. Para isso, provas suficientes são tão necessárias quanto difíceis, dados os métodos preventivos e os recursos defensivos dos poderosos corruptores da administração pública.

A par do seu traço inaugural, a megaoperação das prisões teve dois outros efeitos mais destacáveis. Por um deles, proporcionou à oposição um estoque explosivo de grande resultado na opinião pública. Estoque posto em uso enquanto ainda ocorria a operação da Polícia Federal, simultânea a evento de Aécio Neves e do PSDB em São Paulo. Artilharia de oposição, como se as prisões se dessem em ação da PF sob governo dos atuais oposicionistas, e não dos atacados. É política e, pior, política brasileira.

O outro efeito se destaca, não por implicação política, mas no sentido, mais grave, institucional e social.

A megaoperação, com toda a cinematografia própria da polícia federal brasileira, foi desfechada apenas 24 horas depois que os delegados responsáveis pelo caso Petrobras apareceram comprometidos, como autores, com manifestações explicitamente agressivas contra Dilma e Lula. E de apoio a Aécio Neves, exibido com diferentes mulheres e recomendado pela mensagem “Esse é o cara!!!!!”.

Depois da incidência, sobre a disputa eleitoral e a candidata Dilma, dos “vazamentos” de delações bem premiadas feitas àqueles delegados, era inevitável que o conhecimento do que escreveram então tivesse alguma consequência. Apesar do modesto interesse que a imprensa demonstrou pela revelação da repórter Júlia Duailibi, em “O Estado de S. Paulo”, uma investigação foi determinada por José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, para averiguar desvio de conduta.

A megaoperação das prisões precipitou-se sobre o caso dos delegados e sua sugestiva atitude, abafando-o. Não tem como emergir, ao peso do sucesso de empreiteiros presos.

Os dois assuntos têm componentes em comum, mas são distintos na essência. Ainda que por atos de delatores, e não por investigações policiais, os modos e os responsáveis da corrupção em negócios da Petrobras se esclarecem, mesmo que não seja de todo. As interferências impróprias em disputas eleitorais, porém, repetem-se desde a primeira eleição pós-ditadura, sem que qualquer delas recebesse a resposta exigida pelo regime de eleições democráticas. Nas eleições recentes houve condutas extravagantes, e a Polícia Federal, mais uma vez, foi parte óbvia em algumas e ficou sob suspeita de participação em outras.

É possível que os delegados do caso Petrobras não tenham relação alguma com qualquer tentativa de influência imprópria no eleitorado. Mas há o que ser investigado sobre tentativas com uso de informações, verazes ou não, tidas como procedentes do material coletado na ação conjunta de PF, Ministério Público e Judiciário. E é lógico que a conduta dos delegados seja investigada. A lisura eleitoral e a liberdade integral do eleitorado estão acima de tudo.



Discurso de Charlie Chaplin em "O grande ditador"


"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloquente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!"

Briguilinks

Dlima enfia lava jato goela abaixo do PigSDB

[...] A maioria absoluta, quase, dos membros da Petrobras, não é corrupta. Agora, tem pessoas que praticaram atos de corrupção dentro da Petrobras. Mas não se pode pegar a Petrobras e condenar a empresa. O que temos que condenar são pessoas. Pessoas dos dois lados : corruptos e corruptores , Dilma Roussef


Caso Petrobras mudará o Brasil

Austrália - Em reunião do G20, a presidente Dilma Roussef avisa que impunidade no Brasil é coisa do passado, e as investigações da Operação Lava jato levará a condenação de corruptos e corruptores. Esse será nosso legado às futuras gerações.

do Estadão

Caso Petrobrás pode mudar País para sempre, diz Dilma

FERNANDO NAKAGAWA, ENVIADO ESPECIAL - AGÊNCIA ESTADO

Na Austrália, presidente afirmou que a investigação na maior empresa do País mostra que não existe impunidade e que há condenação entre corruptos e corruptores

BRISBANE - A presidente Dilma Rousseff acredita que a investigação dos casos de corrupção na Petrobrás pode mudar o Brasil “para sempre”. A afirmação foi feita em entrevista na Austrália na tarde deste domingo (madrugada no Brasil) antes de deixar a reunião de cúpula das 20 maiores economias do mundo, o G-20. “Eu acho que isso pode, de fato, mudar o País para sempre”.

Na entrevista antes do retorno ao Brasil, Dilma disse que a investigação na maior empresa brasileira mudará o País porque mostra que não existe impunidade e há condenação entre os corruptos e também entre corruptores. “Pode mudar o País no sentido de que vai se acabar com a impunidade. Essa é, para mim, a característica principal dessa investigação. É mostrar que ela não é algo ‘engavetável’”, disse Dilma. “Isso eu acho que mudará para sempre as relações entre a sociedade brasileira, o Estado brasileiro e as empresas privadas”.



A presidente repetiu diversas vezes que o escândalo que culminou na nova rodada de prisões pela operação Polícia Federal na operação Lava Jato é “diferente” de casos anteriores. “Eu acredito que a grande diferença dessa questão é o fato de ela estar sendo colocada à luz do sol. Por que? Porque esse não é, eu tenho certeza disso, o primeiro escândalo. Agora, ele é o primeiro escândalo investigado. O que é diferente”, disse. “O fato de nós estarmos com isso de forma absolutamente aberta sendo investigado é um diferencial imenso”, reforçou.

Cautela. Apesar de reconhecer o alcance histórico dos desdobramentos do caso, Dilma afirmou aos jornalistas que é preciso ter “cuidado”. “A gente tem de ter cuidado porque nem todas as investigações podem ser dadas como concluídas. Então, não pode sair por aí já condenando A, B, C ou D”, disse.

A presidente da República disse ainda que a estatal petrolífera “não tem o monopólio da corrupção”. Dilma lembrou especificamente de um dos maiores casos de corrupção da história corporativa mundial: o da norte-americana Enron - empresa que apresentou receitas infladas no balanço e que chegou a ser a sétima maior companhia dos Estados Unidos.



Humor

piauí Herald ganha Prêmio Esso de melhor manipulação jornalística

O limpo- Enfrentando pesos pesados da mídia golpista e do jornalismo bolivariano, o piauí Herald acaba de levar, numa votação apertada, o prêmio Esso de melhor manipulação jornalística. "A concorrência em 2014 foi grande: eleições, prisões de black blocs, delações premiadas e casos de traição entre celebridades. Fico lisonjeado de ver nosso trabalho reconhecido. É um estímulo para continuarmos distorcendo os fatos, favorecendo os poderosos e mascarando nas entrelinhas nossa verdadeira ideologia", comemorou Olegário Ribamar.

A Academia de Jornalismo Tupiniquim ainda conferiu a este blog uma flâmula de menção honrosa na categoria Melhor Piada com Merval Pereira. "A ABL está em festa", emocionou-se Zuenir Ventura.

Aos hurras e vivas, porém, adveio uma nota de frustração. "Enviamos várias reportagens para concorrer ao prêmio especial de Melhor Contribuição Humorística. Chegamos à final, mas ficamos de mãos abanando." Com honras e méritos, o galardão coube ao blog de Rodrigo Constantino. "Foi um ano forte: o blogueiro pediu desculpas para o Beto Carreiro World, viu mensagens subliminares no logo da Copa, entre outros feitos. Que a justiça seja feita", resignou-se Ribamar.

Entramos em contato com a organização do prêmio Esso para saber onde retirar nossos troféus, mas até o fechamento desta edição recebemos apenas a orientação: "Passa no posto Ipiranga."


Coluna dominical de Paulo Coelho

Diálogos entre o Céu e o inferno
Reflexões sobre Jó

Há quatro semanas atrás, publiquei aqui o texto "Lenin desce aos infernos", onde procurava fazer uma análise bem-humorada dos diálogos entre o demônio e os céus. Por mais incrível que pareça, estes diálogos aparecem muitas vezes na Bíblia. "O Livro de Jó", por exemplo, começa com uma surpreendente visita de Satanás a Deus. Mais surpreendente ainda, é que Satanás o instiga a castigar o seu servo mais fiel. Para surpresa total, Deus faz isso.

"O Livro de Jó" é uma verdadeira obra prima. Depois de ter sido privado de todos os seus bens materiais e afetivos, Jó revolta-se e começa a clamar contra a injustiça que está sofrendo. Na verdade, o pobre homem sempre procurou fazer o melhor possível, e agora vê-se diante daquele Poder imenso, que o está punindo justamente por isso. Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já nos vimos diante da mesma situação, mas ao invés de reclamar contra Deus - que, na minha interpretação, espera que ajamos assim - terminamos voltando nossas baterias contra nós mesmos. Achamos que não merecemos, que não somos dignos, etc. Enfim, nosso complexo de culpa é sempre maior que nossa capacidade de reagir.

Em toda família normal, é importante que os filhos encontrem sua voz através de uma rebelião saudável. Em nossa relação espiritual, é bom saber que às vezes temos o direito de reclamar na hora certa - e seremos ouvidos.

Ainda bem que Jó nos dá um bom exemplo.

Um santo no lugar errado

E para completar minhas reflexões sobre este constante diálogo entre a dor e a felicidade, o Inferno e o Paraíso, reescrevo uma história, atribuída a autor desconhecido, que me foi enviada logo após a publicação de "Lenin desce aos infernos".

Certa vez, perguntei para o Ramesh, um de meus mestres na Índia:

- Por que existem pessoas que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outras sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogadas num copo de água?

Ele simplesmente sorriu e me contou uma história.

"Era um sujeito que viveu amorosamente toda a sua vida. Quando morreu, todo mundo lhe falou para ir ao céu, um homem tão bondoso quanto ele somente poderia ir para o Paraíso. Ir para o céu não era tão importante para aquele homem, mas mesmo assim ele foi até lá.

Naquela época, o céu não havia ainda passado por um programa de qualidade total. A recepção não funcionava muito bem, a moça que o recebeu deu uma olhada rápida nas fichas em cima do balcão e, como não viu o nome dele na lista, lhe orientou para ir ao Inferno.

E, no Inferno, ninguém exige crachá nem convite, qualquer um que chega é convidado a entrar. O sujeito entrou e foi ficando...

Alguns dias depois, Lúcifer chega furioso às portas do Paraíso para tomar satisfações com São Pedro:

- Isso que você está fazendo é puro terrorismo!!

Sem saber o motivo de tanta raiva, Pedro pergunta do que se trata. Um transtornado Lúcifer responde:

- Você mandou aquele sujeito para o Inferno e ele está me desmoralizando! Chegou escutando as pessoas, olhando-as nos olhos, conversando com elas. Agora, está todo mundo dialogando, se abraçando, se beijando. O inferno não é lugar para isso! Por favor, traga este sujeito para cá!".

Quando Ramesh terminou de contar esta história olhou-me carinhosamente e disse:

- Viva com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no Inferno, o próprio demônio lhe trará de volta ao Paraíso.