A grande mídia silencia sobre corrupção no governo Alckmim

ltamiro Borges
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O “midiota” – aquele ser manipulado diariamente pela mídia privada, segundo a já clássica definição do jornalista Luciano Martins Costa – deve mesmo achar que a corrupção foi inventada pelo PT e que os políticos do PSDB são os maiores santos do universo. Neste processo de purificação dos tucanos, um dos mais blindados é o governador Geraldo Alckmin. Nada atinge o “picolé de chuchu”, que é quase um ente divino – até por suas ligações com a seita fascistoide Opus Dei. Na semana passada, o Ministério Público desvendou mais um esquema bilionário de desvio de recursos públicos na Receita de São Paulo. O silêncio da mídia chapa-branca, porém, é ensurdecedor!
 
A denúncia não virou destaque no “Jornal Nacional” – e o que não sai no JN não existe, segundo os alquimistas da TV Globo. Ela também não foi parar nas capas das revistas “Veja” e “Época”, que estão mais preocupadas em bater para matar no ex-presidente Lula. A tropa dos jagunços midiáticos, que adora promover a escandalização da politica e ocupa importantes postos nas emissoras de rádio e tevê, preferiu se fingir de morta. Os jornais “Estadão” e “Folha” até registraram o caso, mas evitaram dar manchetes e abusaram na cautela diante das denúncias. Afinal, o governador paulista já prepara as suas malas para a disputa presidencial de 2018 e não pode ser abatido em plena pré-campanha.
 
“O Ministério Público de São Paulo apura o suposto enriquecimento ilícito de três agentes fiscais investigados por envolvimento em um eventual esquema de desvio bilionário de recursos do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)”, registrou, cheia de dedos (“suposto”, “eventual”), a Folha neste sábado (18). Segundo a reportagem, “a suspeita dos promotores paulistas é de que, por meio da cobrança de propina a executivos de São Paulo em troca da redução do tributo ou da isenção de multa, os servidores estaduais tenham acumulado patrimônio incompatível com suas rendas”. Em nenhum trecho da matéria aparece o nome de Geraldo Alckmin, “o santo”.
 
O caso é investigado pelo Grupo Especial de Repressão a Delitos Econômicos (Gedec) desde o início deste ano. O órgão do Ministério Público pediu a quebra dos sigilos fiscal e tributário de Sidney Simone, Flávio Romani e José Carlos Vecchiato. “Além de enriquecimento ilícito, os servidores da Receita de São Paulo são investigados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro... A denúncia, à qual a Folha teve acesso, cita os valores que teriam sido arrecadados de forma irregular e apresenta a relação de fotos de imóveis que teriam sido adquiridos com dinheiro de operações ilícitas. Segundo a representação, os agentes fiscais teriam reunido nos últimos anos um patrimônio milionário”. 
 
Os três agentes fiscais denunciados negam as denúncias e garantem que a evolução patrimonial é “perfeitamente compatível” com suas rendas. O Ministério Público, porém, suspeita que o esquema envolva outras figuras graúdas do governo estadual. Até agora, porém, a mídia privada não escalou seu exército de “jornalistas investigativos” para apurar o escândalo. Se a denúncia envolvesse a Receita Federal, possivelmente a tropa já estaria nas ruas para investigar o caso – que não teria nada de “suposto” ou “eventual”. Mas o governo do PSDB de São Paulo nunca está metido em atos ilícitos – seja no “trensalão tucano”, que a mídia chama carinhosamente de “cartel dos trens”, ou em outros escândalos cabeludos.
 



Curiosamente, no final de junho Geraldo Alckmin promoveu bruscas mudanças na cúpula da Receita. O órgão, subordinado à Secretaria Estadual da Fazenda, já estava sob investigação. Segundo o Estadão, que publicou uma pequena notinha e depois nunca mais tratou do tema, a alteração decorreu da “insatisfação quanto ao funcionamento das estruturas internas de fiscalização”. Questionado sobre a troca no comando da Receita, o governador negou que ela tenha sido motivada pelas denúncias de corrupção. Garantiu que as mudanças foram de “caráter técnico”. A resposta foi suficiente para silenciar a mídia chapa-branca, numa típica operação-abafa.

Crônica semanal de Luis Fernando Verissímo

Virando anedota
A oposição entre corpo e alma não existia em tempos bíblicos, ou pelo menos na linguagem bíblica. Mas a versão em latim antigo das Escrituras que Santo Agostinho lia usava “anima” para traduzir “nefesh”, que em hebraico não quer dizer alma mas algo como sopro vital, ser, uma forma exaltada do “eu”. E foi nesse engano que tudo começou.
 
A alma e o corpo se separaram e nunca mais se encontraram. E nunca mais se pode ler o Velho Testamento a não ser como Agostinho o lia, não como um relato da aventura do corpo humano no mundo como Deus o fez, cheio de som, fúria, sangue e sacanagem, mas como uma alegoria espiritual, em que até os cantares eróticos de Salomão queriam dizer outra coisa: a luta da alma para transcender o corpo, que para Agostinho significava a sexualidade.
 
Tudo culpa de um mau tradutor.
 
 Freud tentou, de certa maneira, retransformar “anima” em “nefesh”, mas como muito do que ele escreveu em alemão também foi mal traduzido em outras línguas, a confusão só aumentou. No fim a grande danação sob a qual vive a Humanidade não é a da História nem da carne, é a insanável danação de Babel.
 
 Deus disse “que haja muitas línguas, e que cada língua tenha muito dialetos”. E depois, para ter certeza que os homens nunca mais se entenderiam, completou: “E que haja tradutores.”
 
Um estudo, mesmo superficial como o meu, da etimologia e das transformações que as palavras sofrem através do tempo e das más traduções revela coisas fascinantes.
 
 “Escândalo” — uma palavra que nos diz muito respeito — está indiretamente ligado, na sua origem, aos pés. Sua raiz indo-europeia é “skand”, pular ou subir, de onde também vem escalada. Quem pula ou sobe precisa cuidar onde põe os pés e o grego “skandalon” significa um obstáculo ou uma armadilha.
 
 “Scandalum“ em latim tanto pode significar tentação como armadilha. No francês antigo “scandal“ era um comportamento antirreligioso que agredia a Igreja todo-poderosa e, da mesma origem, existia a palavra “sclaudre”, de onde vem o inglês “slander”, ou difamação.
 
Alguns escândalos não investigados, como acontece muito no Brasil, acabam virando anedotas. “Anedota” vem, através do francês “anecdote”, do grego “anekdotos”, história não publicada, presumivelmente tanto no sentido de inédita quanto no sentido de versão não oficial, secreta, clandestina, enfim, tipo “em Brasília não se fala em outra coisa”.
 
 Em francês queria dizer pequeno relato ilustrativo à margem de um relato maior. No seu sentido brasileiro continua sendo uma história marginal, só que engraçada, ou se esforçando para ser.
 
Sobrevive, na anedota, a tradição homérica da literatura oral, passada de geração a geração sem necessidade de escrita. Se for escrita, deixa de ser anedota. Muitos contadores anotam o fim da anedota para não esquecê-la, mas se sentiriam heréticos se a escrevessem toda. E assim correm o risco de esquecerem o resto e ficarem com uma coleção de últimas frases sem sentido.
no O Globo


Dilma assume defesa das contas do governo no TCU

por Tereza Cruvinel

Briguilinks

O silêncio de Aécio (PSDB) sobre Eduardo Cunha

O PSDB tem um velho problema crônico de não se posicionar diante de certos casos de repercussão nacional — uma atitude que, paradoxalmente, escancara suas intenções.


O silêncio do maior partido de oposição em torno de Eduardo Cunha está longe de ser um episódio isolado.

Apenas para citar alguns eventos recentes em se verificou essa mudez: a execução do brasileiro Marco Archer na Indonésia, o espancamento dos professores pelo governador do Paraná Beto Richa e a cafajestada de Bolsonaro com a colega Maria do Rosário.

Aécio foi provocado a falar de Cunha e deu um recado burocrático, quase triste. Ele acompanha "com preocupação" o agravamento do quadro político no país e defende a investigação das denúncias de corrupção.

Sem citar nomes, também afirmou que continuará defendendo "as nossas instituições para que elas cumpram suas funções constitucionais".

Vindo de um senador que trabalhou contra as instituições, é uma piada. Mas o que chama a atenção é menos a hipocrisia e a mais a certeza de que o PSDB repete o truque.

Quem dizer, não todo. Alberto Goldman — o mesmo que admitiu que o partido "não tem projeto" — falou que a denúncia de propina "afeta a capacidade de liderança do presidente da Câmara dos Deputados e o apoio que ele conquistou para sua eleição ao cargo".

A desgraça de Cunha é ruim para os pessedebistas. Ele era um aliado importante na batalha pela instabilidade. O que era bom para Cunha era bom para o PSDB, ao menos até a página 2.

A proximidade da relação se dá na agenda e em outros detalhes. Quem produziu o pronunciamento de Cunha na TV foi um marqueteiro que compôs a equipe da campanha aecista.

O imbloglio em que está metido Eduardo Cunha tira de cena um ator importante para as pretensões de Aécio e do PSDB. O Solidariedade foi o único a sair do armário e abraçar o presidente da Câmara. O Psol pediu impeachment.

O PSDB prefere o silêncio, que faz muito mais barulho.

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Sobre o Autor

Diretor-adjunto do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

Ladrão quer acarear presidente Dilma com réu confesso

Autor: Fernando Brito

O deputado André Moura ( que não é Moura, mas  Luís Dantas Ferreira) que, por ordem de Eduardo Cunha, lançou a estranha e pirotécnica ideia de fazer uma "acareação" entre a Presidenta Dilma Rousseff e o bandido Alberto Youssef não foi devidamente apresentado ao país pela imprensa.
Por isso, transcrevo trechos do release (fresquinho, do dia 23 passado) publicado pelo Supremo Tribunal Federal:
"A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu, na sessão de hoje (23), denúncias do Ministério Público em três inquéritos contra o deputado federal André Luís Dantas Ferreira, conhecido como André Moura (PSC-SE), envolvendo crimes conexos – apropriação, desvio ou utilização de bens públicos do Município de Pirambu (SE) 9…)
Segundo as denúncias, após deixar a Prefeitura, Moura teria continuado a usufruir de bens e serviços custeados pela administração municipal, como gêneros alimentícios, telefones celulares, veículos da frota municipal e servidores que atuavam como motoristas. Em um dos inquéritos (3204), foi recebida também a denúncia pelo suposto crime de formação de quadrilha. Por se tratar de condutas interligadas, o relator dos processos, ministro Gilmar Mendes, propôs que os processos fossem julgados em conjunto. A decisão de receber as denúncias foi unânime.(…)
(O deputado)  teria indicado a maior parte dos secretários municipais e mantido carros e celulares da Prefeitura à sua disposição, além de fazer compras em mercados pagas pelo erário, indicar vários funcionários fantasmas, entre eles sua esposa (Lara Adriana, também denunciada) e receber repasses mensais da Prefeitura entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, conforme a acusação.(…)Nas eleições de 2006, Moura foi candidato a deputado estadual e, durante a campanha, segundo relato de Juarez dos Santos, as exigências ilícitas se agravaram, quando Moura teria encomendado repasse de R$ 1 milhão entre abril e setembro.
Moura caiu na Lei da Fixa limpa, por já ter condenações de segunda instância e está no cargo porque obteve liminar do STF para concorrer.
Seria interessante fazer, isso sim, uma acareação entre o deputado e o prefeito que ele achacava, que o acusa até de ser o mandante de um atentado a tiros.
É um sujeito assim que quer dar (e dá, com a ajuda da mídia) lições de moral ao Brasil.

Em tempo

Os governadores do Nordeste divulgaram num encontro em Teresina uma carta aberta de apoio à presidenta Dilma. Segue a integra do documento:

ACREDITAMOS NO BRASIL!

O Brasil é maior que as crises, é maior que as dificuldades. Já provou isso várias vezes. E todos nós temos de ser do tamanho do Brasil. O Momento é de grandeza. A situação é delicada? Sim. No Brasil e no mundo. Também enfrentamos, como governadores e vices, grandes desafios nos nossos Estados. Mas, o Brasil e os brasileiros já enfrentaram momentos mais difíceis, e vencemos!

Mais uma vez, vamos vencer! Com muito trabalho, fazendo o que precisa ser feito. Vamos retomar o desenvolvimento econômico e social com responsabilidade ambiental. Vamos sair maiores e melhores.

A hora é de união do setor público com o setor privado, das instituições com a sociedade, da política com o povo. O que queremos é ampliar a democracia, o fortalecimento das instituições, mais conquistas e avanços. Retrocesso, nunca mais. Defendemos, sobretudo, o respeito à Constituição Cidadã de 1988.

O Povo brasileiro fez uma opção em 2014, a quem confiou governar o Brasil. No mesmo momento em que elegeu todos nós, governadores e vices para governar os nossos Estados. O mandato de quatro anos determina um prazo para que os compromissos de campanha sejam cumpridos, para que os desafios sejam vencidos, os ajustes sejam feitos, os projetos sejam implementados e os resultados sejam colhidos. E isso exige respeito às regras constitucionais, razão pela qual consideramos incabível qualquer tipo de interrupção do mandato da Presidenta Dilma Rousseff, já que não há motivo jurídico para tanto.

Definitivamente, não será pela via tortuosa da judicialização da política, da politização da justiça ou da parlamentarização forçada que faremos avançar e consolidar o processo democrático, a importância social das instituições do Estado de Direito e a superação do desafio civilizatório de nosso tempo.

Nossa geração enfrentou a ditadura militar, deu a volta por cima, e tem um papel importante na construção de um Brasil Melhor. Fizemos isto, juntos, como governo ou oposição. Juntos, unidos e fortalecidos, vamos seguir em frente!

VIVA O POVO BRASILEIRO!

Flávio Dino – Governador do Estado do Maranhão

Paulo Câmara – Governador do Estado de Pernambuco

Camilo Santana – Governador do Estado do Ceará

Ricardo Coutinho – Governador do Estado da Paraíba

Wellington Dias – Governador do Estado do Piauí

Rui Costa – Governador do Estado da Bahia