Ciro Gomes - o governo deveria trabalhar pela saída de Cunha

por Luciano Nascimento
Crítico contumaz do que chama de escalada do golpismo, o ex-ministro Ciro Gomes disse ontem (3) no programa Espaço Público, da TV Brasil, que a presidenta Dilma Rousseff está conciliando com os opositores que pedem o seu afastamento do cargo e que o governo deveria alterar os rumos da política econômica para recuperar o apoio popular.
"Neste momento, a Dilma está fazendo o oposto, estamos numa escalada golpista que é a mesma rigorosamente, os mesmos atores, partícipes, a presidenta está conciliando com aqueles que nos fazem a perseguição e isso torna esta crise mais explosiva que aquela", disse o ex-governador do Ceará ao comparar a situação de crise vivida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005 e a situação atual.
Na ocasião, Lula também enfrentava forte oposição na Câmara dos Deputados, em razão do mensalão, que acabou elegendo o ex-deputado Severino Cavalcanti como presidente da Casa. Ciro comparou a eleição de Severino com a do atual presidente, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a quem acusa de intimidar o governo com a possibilidade de abertura do processo de afastamento.
"A Dilma teve sorte de o Ministério Público (MP) da Suíça ter mostrado que o picareta-mor da República é formador de quadrilha", disse. "A história brasileira tem sido muito farsante. Só para relembrar: Severino foi cassado naquela ocasião por receber um cheque de R$ 10 mil mensais de um dono de lanchonete".
Segundo Ciro, o governo deveria trabalhar pela saída de Cunha. Ele disse que o deputado ainda mantém apoio na Câmara por ter "distribuído" parte desses recursos, atribuídos a ele, no financiamento de campanha de outros parlamentares.  Ciro lembrou que, de acordo com o Ministério Público suíço, "R$ 411 milhões circularam nas contas e ele [Eduardo Cunha] mentiu dizendo que não tinha conta".
Na entrevista, o ex-governador do Ceará condenou duramente a tentativa da oposição, liderada pelo PSDB, de abrir um processo de impeachment de Dilma. Para ele, a oposição não aceitou o resultado das eleições e quer "pegar um atalho" para chegar ao poder. "Boa parte do calor dessa crise deve-se a uma geração inteira de tucanos, para quem se a Dilma ficar no governo significa Lula mais oito anos a partir de 2018".
Além de criticar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Ciro, que já foi do PSDB e ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco, se disse decepcionado com o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), a quem acusou de ter "desapreço às regras e ao calendário [eleitoral]". Como pode um neto do Tancredo Neves escalar o golpe?".
Filiado ao PDT desde setembro, o ex-ministro lembrou episódios da história recente do país e que Tancredo acompanhou, como o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, em 1954, e o golpe contra o então presidente João Goulart, em 1964, "O Tancredo estava na reunião que antecedeu o suicídio de Getúlio e foi contra o golpe militar, ele foi primeiro-ministro de Goulart, e o Aécio joga isso tudo na lata do lixo. Está ressentido porque o [Geraldo] Alckmin vem aí para tomar o lugar dele [na disputa presidencial]".
Ciro creditou boa parte da baixa popularidade do governo à atual política econômica e disse que isso não pode ser usado como argumento para pedir a saída de Dilma. "Baixa popularidade não é razão para impeachment", afirmou o político.
Ele defendeu a redução na taxa Selic e afirmou que os juros altos só beneficiam os bancos. "O Brasil inteiro se ferrando, o povo indo pro brejo e os bancos ganhando 40% a mais do que ganharam no ano passado".
Questionado por um dos entrevistadores, Ciro aconselhou Dilma a demonstrar com gestos práticos à população que ela não foi enganada", entre eles a mudança na política econômica. "Ela [Dilma] é séria, não cometeu nenhum crime e tem o direito de mudar [a política econômica], pois está administrando mal a economia"
Ciro acusou o vice-presidente Michel Temer de conspirar contra o governo. "Temer está puxando o alambrado, basta comparar a postura dele com a do vice de Lula, José Alencar", disse.
O ex-ministro da Integração Nacional de Lula fez críticas à atuação do ex-presidente, que, segundo ele

Desafio aos pessimistas

por * Patrus Ananias
Ao discorrer sobre a mentira, Razumíkhin, patrício de Raskólnikov, o protagonista do romance "Crime e Castigo", de Dostoiévski, reflete: "(...) mas nós não somos capazes nem de mentir com inteligência!". Poderíamos, hoje, à luz das quimeras propagandísticas repetidas "ad nauseam", adaptar aquela sentença: "eles não são capazes nem de mentir com inteligência".
Refiro-me a diatribes do tipo "o país quebrou" e "vivemos a pior crise da história". O país não quebrou. Crises, já tivemos muitas. O que está posto hoje no Brasil não é a disputa pelo receituário econômico mais adequado, é a disputa de projeto político.
Para tanto é preciso constatar os avanços nos últimos 12 anos. Movido pela agenda do Ministério do Desenvolvimento Agrário, tenho viajado o Brasil. Por conta do projeto Territórios em Foco, quando mergulho numa região por três dias, experimento as políticas públicas e ouço a comunidade local. As andanças revelaram um Brasil muito maior do que a crise.
Em especial, chamou a atenção os quatro anos da seca no semiárido nordestino. Há 12 anos poderíamos prever as consequências da estiagem: levas de retirantes clamando por comida. O cenário hoje é visceralmente distinto.
Agora vi quilombolas, antes renegados, cultivando a terra e preservando suas tradições no Maranhão. Vi filhos de agricultores familiares nas escolas Família Agrícola, no Espírito Santo. No Ceará, vi plantação irrigada de feijão. Vi o sertanejo enfrentando a seca amparado em 1,2 milhão de cisternas.
Vi a eficácia do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que cresceu dez vezes nos últimos 12 anos e hoje assegura recursos de R$ 28,9 bilhões. Vi agricultoras recebendo títulos de terras das quais detinham apenas a posse. Vi filhos de agricultores beneficiados pelo Prouni.
Viajando, vi a eficiência dos programas implantados desde que o presidente Lula assumiu a Presidência, em 2003. Senti os efeitos positivos do Bolsa Família, do Benefício de Prestação Continuada.
Quando Lula lançou o Fome Zero, muitos disseram que o programa era inexequível. Duvidavam: "Acabar com a fome?". Pois em 2014 vi a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) retirar o Brasil do mapa da fome.
Tudo isso não é passado, é presente. A propaganda que avassala o país cria o desvario da "terra arrasada", como se tudo o que foi construído nos últimos 12 anos tivesse desaparecido. Ao contrário, foi incorporado de forma incontornável à nossa realidade. Por isso precisamos ter consciência da ameaça representada pelo pessimismo.
Claro que temos desafios pela frente. É preciso avançar nas reformas agrária, tributária e urbana. Acelerar o desenvolvimento da agricultura familiar, aumentando a produtividade, priorizando a produção de alimentos saudáveis, incrementando o cooperativismo. Radicalizar a distribuição do poder econômico, pois, sem ele, não teremos a distribuição do poder político.
É necessário reconhecer que houve equívocos nessa trajetória, mas não podemos olvidar nossas conquistas. Precisamos perseverar na trilha do país de oportunidades iguais para todos. Prognósticos irreais alimentam a incerteza e o medo; precisamos de expectativas conscienciosas, que inflem o ânimo dos cidadãos.
Como o otimismo versejado por João Cabral de Melo Neto ao final de seu "Morte e Vida Severina". Ao descrever a desventura, apontou a esperança diante do nascimento do rebento: "E não há melhor resposta/que o espetáculo da vida/ (...) vê-la brotar como há pouco/em nova vida explodida".
* Petista, professor da PUC MG, Ministro do Desenvolvimento Agrário

A Folha e Eu


Alberto Villas: Ultimamente tenho estranhado os títulos da Folha de São Paulo. Depois do "nora de Lula", "filho de Lula" e "amigo de Lula", hoje me surpreendo com o "Ação anticrack de Haddad". Qual é o motivo do meu estranhamento? Nunca vi um título na Folha tipo: "Falta de água de Alckmin", "Polícia de Alckmin mata"...ou ainda "Escolas fechadas de Alckmin"...

Joel Neto - Nada disso me surpreende. Desde sempre a mídia age assim contra o PT.

Torture never


If the wounds and pains of your brother  Do not cause you compassion  You are as sick as those that apply to you  Torture ...  They're also a torturer !

Briguilinks

Luís Nassif - Dilma e a falta de conhecimento sobre o exercício do poder

A entrevista do Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo à revista IstoÉ tem duas explicações simples.
A primeira é que apenas seguiu uma das máximas do político temeroso: as maiores ameaças vêm dos inimigos. Dos amigos, no máximo críticas políticas. Foi por isso que escolheu uma das revistas mais implacáveis contra o governo Dilma Rousseff e o PT para mandar seu recado.
A segunda explicação é que Cardozo jamais foi de tomar decisão. Ele se tornou um especialista em fundamentações jurídicas como álibi para a não ação.
Nenhuma pessoa minimamente informada acredita que Cardozo acredita que esteja imbuído, na falta de ação, de excelsas virtudes republicanas.
Mas Dilma acredita.
Reside aí o busílis, a chave da questão: Dilma não tem a menor noção sobre os jogos do poder, as estratégias e subterfúgios utilizados nas guerras permanentes entre governo e oposição, comuns a qualquer país democrático.
Ela sempre demonstrou enorme acatamento pelas normas hierárquicas que regem as estruturas burocráticas, nas quais as regras de comando são simples de assimilar: quem é chefe manda, quem é subordinado obedece. E se queixar de assédio moral é comportamento de frouxos.
A complexidade dos jogos de poder

Bom Dia

Que 
hoje
Sempre
Sentimento 
Que 
Te
Anime
Seja 
O
Amor!