1ª Peça: o desmanche do governo
O governo Bolsonaro não precisa de inimigos. Ele e a família se bastam. Imaginava-se que o primeiro mês de governo seria das cabeçadas. Depois, haveria uma articulação inicial para começar a implementar seus diversos sacos de maldade.
O episódio Bebianno mostrou que Jair e filhos são incontroláveis.
Como se recorda, a Folha denunciou o desvio de verbas partidárias para laranjas do PSL. Imediatamente, Carlos Bolsonaro – o filho pitbull – apontou o dedo para Gustavo Bebianno, Secretário Geral da Presidência. Para se proteger, Bebianno declarou ter conversado três vezes durante o dia com o pai de Carlos. Carlos desmentiu e o pai de Carlos confirmou o desmentido.
Frágil até a medula, o pai de Carlos anunciou que esperava chegar em Brasília com Bebianno fora do governo. Sabendo no tête-à-tête o pai de Carlos é frágil, Bebianno disse que só sairia depois de conversar pessoalmente com o pai de Carlos.
O pai é emocional e politicamente dependente dos filhos. E os filhos são completos sem-noção. O governo Bolsonaro não sobrevive com os filhos no centro dos acontecimentos. E o pai não sobrevive sem eles. Como é que se resolve esse drama nelsonrodriguiano?
2ª Peça: Bebianno e Sérgio Moro
A encrenca Gustavo Bebianno respingou pesadamente em Sérgio Moro.
Em entrevistas à imprensa, Bebianno sugeriu que se caísse levaria junto o pai de Carlos Bolsonaro. Já o Ministro Sérgio Moro anunciou que investigaria a denúncia contra Bebianno a pedido do pai de Carlos. Ora, se Bebianno diz que haveria respingos no pai de Carlos, e o pai de Carlos pede expressamente para Moro conduzir a investigação, a suspeita que fica é que o pai de Carlos tem esperança de que Moro deixe o laranjal inteiro no quintal de Bebianno.
E se o próprio Ministro Moro avisa que vai investigar o laranjal, a pedido do pai de Flávio, mais eloquente ainda ficou seu silêncio em relação ao envolvimento do motorista Fabrício Queiroz com o irmão de Carlos.
Com imbróglio dessa natureza, não adiantou sequer chamar outra vez a cavalaria – o enésimo vazamento da delação do ex-Ministro Antônio Pallocci. A esta altura do campeonato, nem as milícias virtuais de Bolsonaro acreditam mais em Pallocci.
Aliás, a maior defesa de Carlos foi o elogio que as contas do PSL receberam do ínclito Ministro Luís Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral. Para saber para onde caminham os ventos, sugere-se ficar de olho nas declarações de Barroso. Se ele criticar os Bolsonaros, é porque não há nenhum risco de eles manterem o poder.
3ª Peça: barbárie avança sem comando