“O tucanato parece disposto a organizar um comitê pela eleição de Dilma Rousseff. Só isso explica que insista em profetizar catástrofes.
No dia 5 passado, o deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas, presidente do Instituto Teotônio Vilela, advertiu para o risco de uma crise de inadimplência na economia, provocada pelos altos custos financeiros do crédito das famílias.
Segundo o noticiário do partido, 'os especialistas alertam que o aumento do desemprego no país pode levar a uma onda de calotes'.
É a teologia da urucubaca, que teve em Lula seu grande devoto quando, durante a campanha de 1998, disse que 'como Deus é grande, e ainda não foi privatizado, o desemprego subiu'. (Um mês depois, Deus negou-lhe o emprego que pedia.)
A realidade não ajudou os tucanos. Em janeiro deste ano foram criados 181.419 empregos, um recorde na série estatística iniciada em 1992.
Uma coisa é a discussão da festa da banca, bem outra é a urucubaca de uma crise decorrente da expansão de crédito.
Quando um cidadão paga uma prestação de R$ 100, na média, só R$ 70 referem-se à mercadoria que adquiriu, mas isso não significa que a patuleia irá ao calote porque não pode pagar o que comprou.
Entre 2003 e hoje, o crédito das famílias praticamente dobrou. Compraram-se carros e trocaram-se fogões, equipamentos que identificam uma nova classe média.
Se há brasileiros satisfeitos porque compraram bens que estavam fora do seu alcance, essa é a boa notícia. (Imagina esquentar o jantar no fogão, como acontecia antes da chegada do forno de micro-ondas com sua prestação de R$ 33.)
Em setembro de 2007, um ano antes da crise da banca, a taxa de calotes estava em 7,3%, um índice razoável. Em junho do ano passado a porcentagem subiu para 8,6%. Hoje está em 7,8%.
A crítica de Vellozo Lucas aos custos financeiros dos empréstimos pode sinalizar o início de um novo PSDB. Finalmente, José Serra prevaleceria sobre a ekipekonômica de Fernando Henrique Cardoso.
Se, e quando, isso acontecer, em vez de associar a expansão do crédito ao fim do mundo, o tucanato descobrirá que pode defender menos juros para o andar de cima e mais bem-estar para o de baixo".