Com Serra o Brasil não pode mais


Li boa parte de seu discurso, senhor José Serra. Talvez eu seja hoje o que o senhor foi, na minha idade, quando era um jovem, que presidia a União Nacional dos Estudantes e apoiava o Governo João Goulart no Comício da Central. Quando o senhor defendia o socialismo que hoje condena, o patriotismo que hoje trai, o desenvolvimento autônomo do Brasil do qual hoje o senhor debocha.
O senhor, como Fernando Henrique, é útil aos donos do Brasil – sim, Serra, o Brasil tem donos, poque 1% dos brasileiros mais ricos tem o mesmo que todos os 50% mais pobres – porque foi diferente no passado e, hoje, cobre-se do que foi para que não lhe vejam o que é.
O símbolo do Brasil que não pode mais, que não pode ser mais como o fizeram.
Não pode mais o Brasil ser das elites, porque nossas elites, salvo exceções, desprezam nosso povo, acham-no chinfrim, malandro, preguiçoso, sujo, desonesto, marginal. Têm nojo dele, fecha-lhe os vidros com película para nem serem vistos.
Não pode mais ser o país das elites, porque nossas elites, em geral, não hesitam em vender tudo o que este país possui – como o senhor, aliás, incentivou fazer – para que a “raça superior” venha aqui e explore nossas riquezas de maneira “eficiente” e “lucrativa”. Para eles, é claro, e para os que vivem de suas migalhas.
Não pode mais ser o Brasil dos governantes arrogantes, como o senhor, que falam de cima – quando falam – que empolam o discurso para que, numa língua sofisticada, que o povo não entende, negociem o que pertence a todos em benefício de alguns.
Não pode  mais ser o país dos sábios que, de tão sabidos, fizeram ajoelhar este gigante perante o mundo e nos tornaram servos de uma ordem econômica e política injustas. O país dos governantes “cultos”, que sabem miar em francês e dizer “sim, senhor” em inglês.
Não pode mais ser o país do desenvolvimento a conta-gotas, do superávit acima de tudo, dos juros mais acima de tudo ainda, dos lucros acima do povo, do mercado acima da felicidade, do dinheiro acima do ser humano.
O Brasil pode hoje mais do que pôde no governo do que o senhor fez parte.
Pôde enfrentar a mais devastadora crise econômica mundial aumentando salário, renda, consumo, produção, emprego quando passamos décadas ouvindo, diante numa crise na Malásia ou na Tailândia que era preciso arrochar mais o povo.
Pôde falar de igual para igual no mundo, pôde retomar seu petróleo, pôde parar de demitir, pôde retomar investimentos públicos, pôde voltar a investir em moradia, em saneamento, em hidrelétricas, em portos, em ferrovias, em gasodutos. Pôde ampliar o acesso à educação, ainda que abaixo do que mereça o povo, pôde  fazer imensas massas de excluídos ingressarem no mundo do consumo e terem direito a sonhar.
Pôde, sim,  assumir o papel que cabe no mundo a um grande país, líder de seus irmãos latinoamericanos.
O Brasil pôde ser, finalmente, o país em que seu povo não se sente um pária. Uma país onde o progresso não é mais sinônimo de infelicidade.
É por isso, Serra, que o Brasil não pode mais andar para trás. Não pode voltar para as mãos de gente tão arrogante com seu povo e tão dócil aos graúdos. Não pode mais ser governado por gente fria, que não sente a dor alheia e e não é ansiosa e aflita por mudar.
Não pode mais,  Serra, não pode mais ser governado por gente que renegou seus anos mais generosos, mais valentes, mais decididos e que entregou seus sonhos ao pragmatismo, que disfarça de si mesmo sua capitulação ao inimigo em nome do discurso moderno, como se pudesse ser moderno aquilo que é apoiado pelo Brasil mais retrógrado, elitista, escravocrata, reacionário.
Há gente assim no apoio a Lula e a  Dilma, por razões de conveniência-político eleitoral, sim. Mas há duzentas vezes mais a seu lado, sem qualquer razão senão a de ver que sua candidatura e sua eleição são a forma de barrar a ascenção da “ralé”. Onde houver um brasileiro empedernidamente reacionário, haverá um eleitor seu, José Serra.
Normalmente não falaria assim a um homem mais velho, não cometeria tal ousadia.
Mas sinto esta necessidade, além de mim, além de minha timidez natural, além de minha própria insuficiência. Sinto-me na obrigação de ser a voz do teu passado, José Serra. É um jovem que a Deus só pede que suas convicções não lhes caiam como o tempo faz cair aos cabelos, que suas causas não fraquejem como o tempo faz fraquejar o corpo, que seu amor ao povo brasileiro sobreviva como a paixão da vida inteira. Que o conhecimento, que o tempo há de trazer, não seja o capital de meu sucesso, mas ferramenta do futuro.
Vi um homem, já idoso, enfrentar derrotas eleitorais e morrer como um vitorioso, por jamais ter traído as idéias que defendeu. Erros, todo humano os comete. Traição, porém, é o assassinato de nós mesmos. Matamos quem fomos em troca de um novo papel.
Talvez venha daí sua dificuldade de dormir.
Na remota hipótese de vencer as eleições, José Serra, o senhor será o  derrotado. O senhor é  o algoz dos seus melhores sonhos.

PSDB não quer voto de marmiteiro


Os comentários estão rolando desde ontem, mas só hoje tive tempo de buscar o vídeo no Youtube da “cobertura” da jornalista Eliane Catanhede, a porta-voz oficiosa do Ministro Nélson Jobim, do lançamento da candidatura de José Serra. Está aí em cima. Dona Catenhede diz que “até parece que o PSDB está virando um partido de massas, mas uma massa cheirosa. Inevitável a comparação com o sincero General João Figueiredo que, no final dos anos 70,  disse preferir o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo.
Os tucanos deviam tomar cuidado com esse cheirinho bom, até pelos precedentes. O Brigadeiro Eduardo Gomes – “é bonito e é solteiro” – se acabou quando um deputado do PTB paulista. Hugo Borghi,  acrescentou ao slogan: “e não quer voto de marmiteiro”.

Ele não é nada

O Serra não vai ser contra o Lula.
Não vai ser contra a Dilma.
Não vai ser contra o Fernando Henrique.
Não vai ser contra o passado.
Não vai ser a favor da luta de classe (ou seja, chegamos ao comunismo, com o fim das classes sociais).
Não vai ser contra o Estado.
Não vai ser contra a privatização (especialmente da Vale, por que lutou tanto, segundo o FHC).
Não vai ser contra o Nordeste.
(Especialmente os nordestinos alagados na periferia de São Paulo.)
Não vai ser a favor das “falanges de ódio “ ( o Lacerda gostava muito dessa expressão).
Não vai ser do “nós contra eles” (como se ele pudesse determinar isso).
Ele é a favor de quê ?
Do “Brasil não tem dono”.
(Como assim ? Quem é dono do Brasil ? Quem pensa que é ? Só se for o Gilmar Dantas (*) )
Ele é a favor do “Brasil pode mais”.
Ou seja, o que tem de novo é do Obama.
Até o hino da campanha é um plagio do hino do Santos como diz amigo navegante Fernando (**).
Não fosse a Ana Hickman, aquele seria um jantar de confraternização dos 50 anos de formados na escolinha dos tucanos, na Sociologia da USP.
Os tucanos de São Paulo gastaram o arsenal.
Eles não têm nada a declarar.
E quando abrem a boca são incapazes de uma frase bem construída, um slogan inteligente.
Os tucanos não conhecem a metáfora (deveriam ler Borges).
Daquela toca não sai mais coelho.
O Fernando Henrique dilapidou toda a munição do CEBRAP (financiado, o CEBRAP, pela CIA, diga-se de passagem).
Serra vai ser candidato com as armas que sempre usou.
A arma mais poderosa é o PiG (***), especialmente a Globo (e, por extensão, o Globope), a quem prestou recentemente serviço inestimável: agasalhar um terreno invadido há onze anos.
Clique aqui para ir à coluna “Rosa dos Ventos”, na Carta Capital desta semana, em que Mauricio Dias mostra como o PiG(***) assumiu o papel de líder da oposição no Brasil.
Ou seja, Serra, no palanque faz o papel de santinho do pau oco, e o PiG  (***), pelas costas, apunhala o Lula.
(Com a ajuda do traíra Nelson Jobim – clique aqui para ler)
Outra arma (mais poderosa, antes da internet) é o jogo sujo, desleal, como foi a destruição da candidatura da Roseana Sarney, em 2002.
Ou, como diz o Ciro Gomes, Serra numa campanha é garantia de baixaria; ou, se for preciso, o Serra, que não escrúpulo, passa com um trator por cima da mãe.
Prevalece hoje e sempre aquela pergunta do filosofo Paulo Arantes, numa sabatina na Folha (****): o que pensa esse (o Serra) rapaz ?
A resposta é: nada.

O passado não passa!


 José Cruz/ABr"O que ele foi? Ele não pode dizer que a biografia dele não passa pelo governo FHC...”

“...A minha biografia é o governo Lula. Eu carreguei o piano nesses cinco anos [na Casa Civil], eles não podem me tirar isso".

Dilma falou aos repórteres Valdo Cruz e Maria Cristina Frias. Duas horas de conversa. Tratou-se sobretudo de economia.

Vão abaixo os principais trechos, disponível na Folha.

O signatário do blog contrapôs as ideias de Dilma às de Serra, já explicitadas em discursos e entrevistas.


- Política Econômica: Atenta às dúvidas que o mercado levanta sobre suas posições, Dilma diz que manterá o tripé que combina metas de inflação, câmbio flutuante e rigor fiscal. "É mais do que compromisso", ela declara. "Por que eu iria abandonar? O que eu ganharia com isso? Vou manter as bases da nossa estabilidade". O rival dela, José Serra, também declara que vai manter o tripé. Mas diz que o modo como o governo gere a coisa toda não é o mais adequado. Sugere que fará diferente.

- Juros altos: Dilma diz que ambiciona a redução dos juros. Mas avisa que não se deve esperar dela nenhuma tentativa de "dar um golpe de forma artificial nos juros". Por quê? “Você não pode sair por aí reduzindo os juros feito maluco". Uma estocada em Serra, crítico feroz da política monetária gerida pelo presidente do BC, o ex-tucano Henrique Meirelles. Noutros tempos, Dilma também torcia o nariz para a estratégia de Meirelles. Agora, diz que a redução, se for “artificial”, "não é sustentável".

- Autonomia do BC: Dilma diz que, eleita, não planeja alterar o modelo de autonomia informal adotado no governo Lula. "Acho que a lei que existe hoje é muito boa. Não pretendo passar nenhuma lei [sobre autonomia do BC], não vejo por quê. A que existe hoje é perfeita". Nesse ponto, Serra ostenta posição idêntica.

- Pós-Meirelles: Perguntou-se à candidata quem será o substituto de Henrique Meirelles num eventual governo Dilma. E ela: "Isso, de ficar sentando na cadeira antes, ficar escolhendo nomes antes, não dá sorte".

- Câmbio: Dilma informa que, ainda sob Lula, serão trazidas à luz novidades nessa área. Serão ajustes destinados a reduzir o custo da produção de manufaturados. "Mesmo sabendo que o que puxa a economia brasileira é o mercado interno, nós vamos ter de dar uma força imensa na ampliação das exportações, dar prioridade para os manufaturados". Para Serra, o câmbio é, hoje, um dos grandes problemas da gestão econômica. Ele acha que o Real está sobrevalorizado.

- Estímulo às fusões: Dilma sai em defesa da política adotada sob Lula, que permite ao BNDES injetar verbas públicas em operações de fusão de grandes empresas nacionais. Coisa ocorrida, por exemplo, na compra da Brasil Telecom pela Oi. "Não inventamos ninguém, fundiram-se aqueles que tinham envergadura para isso", ela declara. “Se você me pergunta se foi bom, eu digo que, na área de petroquímica, ou ganhamos escala ou não competimos internacionalmente". Discorre sobre outros setores: "Em celulose, tem de ter escala. No de carnes, é bom que tenha escala. Na telefonia, também". Nessa matéria, Serra pensa, de novo, de maneira diversa. Não se opõe às fusões que resultam na formação de grandes empresas nacionais. Mas discorda que o BNDES entre com dinheiro.

- Serra pode fazer melhor? Dilma responde à interrogação, tônica do discurso do tucanato, com um repto: "Vou dizer o seguinte: convence. Convence os empresários, os prefeitos. Sabe qual a diferença? Nós fizemos, eles [empresários] sabem que nós fizemos, e sabem das dificuldades que enfrentamos".

- Reforma tributária: Dilma informa que pretende tratar do tema na campanha. Mas não parece levar fé. Pondera: Os "empresários sabem da dificuldade de se fazer reforma tributária no Brasil por conta da questão federativa". E quanto à desoneração da folha de pagamentos. Após alguma hesitação, ela soa peremptória: “É fundamental, temos de caminhar para isso, temos de buscar a desoneração, é uma distorção que temos. Agora não é coisa simples de fazer. É o bom senso". Serra tangenciou o tema no discurso de lançamento de sua candidatura, no sábado (10). Não desceu a detalhes. Mas insinuou que não há espaço para aumento de tributos.

Aéciodependente

Adesivo

Entrevista com o playboizinho


O que o senhor achou do discurso de lançamento de José Serra?
Foi um discurso conceitual. Ele precisava abordar vários temas, fez críticas objetivas à ação do governo - jamais pessoais, o que achei muito positivo. Eu procurei falar antes dele, para superar constrangimentos de setores do PSDB que se atemorizam com a proposta do debate FHC x Lula.
Há razão para temer comparação? Ao contrário. Vamos para o embate. O PT comete o equívoco de restringir sua existência aos oito anos de governo Lula. Vamos reconstruir as nossas trajetórias e ver quem contribuiu mais para que chegássemos aonde estamos hoje. Não tenho dúvida de que nós do PSDB sempre tivemos muito mais generosidade para com o País do que o PT. Busquei despersonalizar a disputa, refazer o passado. A partir daí vamos discutir o presente.
Seu discurso de oposição, no lançamento, foi em tom acima do habitual.
Oposição ao PT, porque acho importante que o Brasil saiba qual é e qual foi a postura do PT nos momentos mais graves até aqui. O que me incomoda é ver o PT tentando vender aos brasileiros a ideia de que o Brasil das virtudes e do desenvolvimento foi construído por eles, quando, em vários momentos cruciais, eles preferiram priorizar o projeto partidário ao nacional. Negaram voto a Tancredo, apoio a Itamar Franco, porque Lula já aparecia em posição boa nas pesquisas para presidente, e na construção da estabilidade, no governo FHC.
Seu discurso no lançamento foi para conclamar a militância à luta eleitoral?
Falei com o objetivo de dar coragem aos nossos companheiros para enfrentar este debate no campo que o PT quiser. No campo ético, vamos lá. Se querem falar de privatização, quem pode ser contra a privatização da telefonia ou da siderurgia? Quanto a futuro e propostas para o Brasil, estamos muito mais preparados. E vamos discutir também o presente e o passado.
Mas o senhor não citou o nome da candidata adversária, Dilma Rousseff.
Eu tenho respeito pessoal pela Dilma e acho que esta campanha não pode ser personalizada. Se formos por este caminho, ela perde a essência, se amesquinha. Quero dizer o que o PT no governo representa. Principalmente o PT sem o pragmatismo e a autoridade de Lula, que o enquadrou na manutenção da política econômica atual.
Dilma não terá essa autoridade?
Esta é a grande incógnita. Ela terá que demonstrar durante a campanha como será a relação com o PT, como virá o PT ideológico do Estado máximo e que presença o PT dos problemas éticos terá no governo. Foram todos absolvidos e, no lançamento da candidatura dela, estavam muito sorridentes.
A disputa entre seus aliados em Minas já é sinal de que faltará comando?
Não é demérito. É natural que ela não tenha sobre o PT a liderança que o presidente Lula tem, por sua história, seu carisma e sua alta popularidade. A Dilma terá dificuldades e esta é uma preocupação que permeará a campanha.
Alguns tucanos, especialmente os paulistas, se queixaram da falta de empenho de Minas na última eleição.
Isso é falso. Está na cabeça de um ou outro áulico que não conhece Minas. Recebi um telefonema do governador Alckmin na quinta-feira, para dizer que não se lembra de ninguém que tenha se empenhado tanto na eleição dele como eu. O resultado da eleição você não define. O empenho sim, e este Serra terá. Alckmin e Serra, em 2002, tiveram. Só que disputavam com Lula, que era muito popular. Será que Alckmin teria os 40 e muitos por cento que teve em Minas não fosse o empenho muito grande nosso?
Com o Lula fora da eleição fica mais fácil dar vitória para Serra em Minas?
Lula é um adversário muito mais difícil. Agora, não prometo vitórias. Prometo o empenho, que será de todos nós. Ninguém fez mais gestos em favor da unidade do partido e demonstrou mais desprendimento do que eu. E não fiz isto com má vontade, contrariado. Apostei em uma proposta, apresentei ao País. Quando vi que o PSDB caminhava em outra direção e que insistir poderia provocar um cisma no PSDB, privilegiei o projeto de País porque acho extremamente importante que este ciclo que está aí se encerre.
O ciclo do PT não foi positivo?
Reconheço virtudes no presidente Lula, mas acho que o PSDB está muito mais preparado hoje para acabar com esse aparelhamento absurdo da máquina pública. E a ministra Dilma, com os méritos que tem, terá que entrar no debate de forma muito clara sobre o espaço desse PT ideológico, estatizante, que aparelha o Estado em razão da filiação partidária, o coloca a serviço de seus interesse, e muitas vezes insinua ações de restrição à liberdade de imprensa e às conquistas democráticas.
E o debate Serra x Dilma?
Esse é bom para nós também porque os nossos modelos de gestão vão estar em debate. Vamos demonstrar que a meritocracia é o antídoto ao messianismo, porque ela te permite dados objetivos de avaliação dos resultados na vida das pessoas. Os que apostam no messianismo, nos discursos e na autoproclamação da própria bondade temem essa comparação. Vamos contrapor esses dois modelos e acho que temos grandes vantagens. Lula será sempre reconhecido pelo Brasil como um presidente extremamente importante em um momento da nossa história. A perpetuação do PT no poder não é boa para o País.
Que vantagem tem o PSDB no embate de perfis Serra x Dilma?
São duas pessoas dignas, com histórias de vida respeitáveis e nós temos que partir deste pressuposto. O Serra resgata a eficiência na gestão pública como instrumento dos avanços sociais e representa uma política externa muito mais afim aos interesses do Brasil, inclusive os comerciais e pragmáticos, e não uma aliança meramente ideológica. Não há hipótese de interromper programas que estão dando certo, mas podemos aprimorá-los.
E a ministra Dilma ?
O grande senão que se coloca em relação a ela - e aí é um preço que ela paga exatamente por não ter tido a experiência de comando no Executivo, nem mandato eletivo - é qual será a presença desses setores ideológicos do PT e dos aloprados no seu eventual futuro governo. Ela terá que dizer aos brasileiros exatamente o que pensa de modelo de Estado, das instituições democráticas, da liberdade de imprensa, do aparelhamento do Estado e desse inchaço da máquina pública.
O senhor não promete vitória. Dá para vencer sem derrotar Dilma em Minas? O PSDB nacional diz que não.
Eu disse que não prometo resultado. Felizmente, cada eleitor brasileiro vale um voto, esteja ele no Nordeste, no Sul ou em São João Del Rei. Isto já é um avanço, porque antigamente os líderes indicavam seus sucessores. Eu, acima de qualquer projeto pessoal que possa ter tido, estarei absolutamente engajado na campanha do Serra por duas razões: vejo nele todas as condições de fazer um belo governo e acho fundamental encerrar este ciclo, porque o enraizamento desses setores que estão no governo pode ser muito perverso para o País.
Qual é o significado do convite a Serra para abrir o roteiro de viagens da pré-campanha em Minas Gerais?
É um gesto simbólico, para demonstrar de forma clara que estaremos juntos independentemente da minha posição e da candidatura que eu venha a disputar.
O senhor se refere a dúvidas quanto a seu engajamento na campanha?
Na verdade, esta dúvida está na cabeça de meia dúzia de pessoas que desconhecem a realidade de Minas e não acompanharam a campanha. Serra e o governador Geraldo Alckmin agradeceram o empenho e a forma como atuamos, frente ao adversário Lula, que era muito forte em Minas. A ida de Serra a Minas, no início de sua caminhada, tem o simbolismo de demonstrar a proximidade pessoal nossa, e de Minas e São Paulo, nesta eleição. Mas ninguém induz o voto do eleitor. O eleitor é livre para fazer suas escolhas. Eu vou tentar demonstrar que, para Minas Gerais e para o Brasil, a eleição de Serra é muito melhor.