Vamos regular a mídia

Em entrevista a blogueiros sujos, a Presidenta Dilma Rousseff afirmou que o Brasil não pode vê-la como vítima nesse período eleitoral. Ela, sem citá-la, se referia à candidata adversária Marina Silva (PSB). "Não posso dar ao Brasil demonstração de que sou vítima. Tem pessoa que gosta de aparecer como vítima. Eu não gosto", respondeu ao ser indagada sobre a eleição deste ano. "Eleição é briga de posições, é contrapor posição", disse nesta sexta-feira (26).

Na sabatina, Dilma defendeu o cumprimento da Constituição Federal de 1988 em relação à regulamentação dos meios de comunicação no Brasil. Para ela, há uma demanda pela regulação do setor. "A Constituição diz que os meios de comunicação não podem ser objetos de monopólio e oligopólio. Eu acredito que a regulação tem uma base, que é a base econômica. Acho que é um ganho da sociedade a liberdade de expressão, e vocês, blogueiros, representam isso", afirmou, ao ser questionada por Miro Borges, do Blog do Miro. E continuou: "Todo mundo percebe que é um setor que tem que ser regulado".

"Não é que eu não fiz nada. Ninguém regulou até hoje, mas está maduro para fazermos isso (a regulamentação.). Fica claro que as pessoas demandam", ressaltou a Presidenta para quem, o Brasil, neste quesito, tem algumas vantagens diante a  outras democracias. "No Brasil tenta confundir regulação econômica com controle de conteúdo. Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Não há bolivarianismo nisso. O país tem uma vantagem: temos uma ótima Constituição, que é moderna".

Dilma ainda citou características do país para justificar a intenção. Aqui, existem duas coisas na regionalização: diversidade regional e cultural. "Além disso, a mídia é um grande negócio. Se for oligopolizada, ela não dará conta da diversidade cultural que temos", ressaltou a petista, para completar: "É um setor como qualquer outro, tem que ser regulado."

A Presidenta mencionou exemplos de outros países que enfrentaram o problema. "Regulou-se nos Estados Unidos e voltou a concentrar, por isso é preciso sempre estar atento. Eu acredito que esse é um dos temas do meu segundo governo", finalizou Dilma sobre o tema.


Alisson Matos
, editor do 
Conversa Afiada.

Humorístas midiáticos, por Mino Carta

Há momentos de puro humorismo propiciados pela mídia nativa. No momento a Folha de S.Paulo celebra a instituição do ombudsman há 25 anos, de sorte a estabelecer a autocrítica dentro do próprio jornal. O Folhão se apressa a esclarecer, pomposo, que o exemplo não foi acompanhado pelas demais publicações brasileiras enquanto em vários países do mundo a prática salutar é adotada. O nome ombudsman, admito, me soa desagradável. De todo modo, tivesse funcionado sempre para valer, viveria física e moralmente esgotado.



A leitura e a audiência que parcimoniosamente dedico à mídia nativa me revelam o autêntico responsável por todos os males no momento padecidos pelo Brasil. Ou melhor, a responsável, Dilma Rousseff, a começar, pasmem, pela crise econômica mundial, que ninguém poupa, até a inflação e o desemprego. Mas os porcentuais não são bastante baixos em relação aos números globais? Segundo o Cérbero da família Marinho, o cão de três cabeças à porta do Hades, a presidenta maquia os dados. Ou finge ignorá-los?

Tudo é culpa da Dilma, até, quem sabe, o 7 a 1 imposto pela seleção alemã aos canarinhos, ou o tráfego congestionado, ou falta de luz em casa. Só mesmo a crescente, inexorável escassez de água em São Paulo não pode ser atribuída à presidenta. No caso, entretanto, o culpado, o governador, Alckmin, é prontamente perdoado e se prepara ao passeio eleitoral.

Livro: o Brasil privatizado

A leitura de “Brasil Privatizado — Um balanço do desmonte do Estado” ajuda a reconstruir uma memória essencial para o debate da campanha de 2014.




Numa conjuntura em que a candidatura de Aécio Neves começa a dar sinal de vida, e Marina Silva mantem-se de pé graças a transfusão permanente de apoio de lideranças do PSDB, é sempre útil lembrar como se encontrava o Brasil no final de dois governos de Fernando Henrique Cardoso e entender por que o último presidente tucano deixou Brasília com 13% de popularidade negativa.
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A matemática da mulher perdida

Ser de humanas é não ter a prática das contas de cabeça. Antes de dormir, soma nos dedos as horas que possui até o despertador tocar na manhã seguinte. Na saída do bar com os amigos meio intelectuais e meio de esquerda, a velha batalha de saber quem paga o que, quanto dá pra cada um, álcool e falta de domínio numérico e aquele colega que ainda usa as artimanhas da faculdade e vai embora sem pagar enquanto todo mundo tá empolgado com o papo ou paga duas das trinta garrafas e deixa a segunda via do cartão “pra abater lá no final”.

Juros sobre juros, os rendimentos da poupança, quantas parcelas de quanto vai dar ao comprar um móvel novo ou o fuso horário das viagens para fora do país. Não temos esse dom do encaixe dos números em fórmulas.

Só que, em frente ao computador no fatídico final de tarde que lhes contarei, eu era um astrofísico a ser descoberto, tamanha rapidez e acerto na somatória.

Na tranquilidade do lar, com o advento da internet e, posteriormente das redes sociais, as pessoas chegam sem bater na porta com as boas novas de todos os calibres. Dessa vez, foi uma ex-namorada comemorando bodas do novo amor. Uma foto bonita dos dois, ela e seu cabelo novo, ele e seu sorriso desconhecido para mim, mas bem bonito. O fim do relacionamento, meu e dela, foi meio acelerado mas honesto. Não teve amizade posterior, mas nenhum percalço ou discussão adiante. Acabou e seguimos.

Tempos depois ela começou a namorar esse cara, um estranho para mim, mas juntamente com o fato, certo alívio me acometeu. Lá estava ela, com uma vida nova, um corte de cabelo diferente, alegre, não dependente de mim ou da relação que não mantínhamos mais comofora um dia. Legal ver que o amor aparece novamente, suavizou meus anseios de, um dia, mais pra frente, querer algo parecido também.

O tempo passou e chegamos a essa celebração fora de época redonda em que eles completaram “três anos e dois meses de um amor sem igual, calor de minh’alma e luz que guia meus caminhos por onde quer que eu vá”.

Meloso. Mas honesto. Quem sou eu para fazer crítica às sentimentalidades alheias.

Três anos e dois meses de um am…PERA UM POUQUINHO!

Me aproximei da tela para confirmar e a linha do tempo se fez diante de meus olhos, entre eles e o brilho do monitor. Se a gente terminou em… de dois mil e… se eles estão desde… então..




ESPERA UM POUQUINHO!
Não teve calculadora e nem dedos, muito menos risquinhos no caderno. Só a mente mesmo. Pá e pum e puxa daqui cai um vai três e o resultado. Me botou um par de chifres nessa brincadeira. Batata. Não tinha como errar. Pois se diabos eles tão juntos há três anos e dois meses e a nossa paradinha acabou há dois anos e onze meses, então tem aí um trimestre de baba trocada.

Não que a preocupação fosse a traição de mais de anos. Não foi a primeira e, se deus existe e possui o senso de humor estranho que eu acho que ele possui, não será a última. O ponto era perceber a interseção entre o meu fim e o começo deles, a derrocada dos meus sentimentos que adubaram o entusiasmo dos encontros que eles tinham. Olha só que curioso. Dois amores não ocupavam o mesmo espaço ao mesmo tempo e precisou o dela por mim morrer para brotar o que haveria de ter entre eles, num câmbio emocional que proporcionou a tranquilidade dos momentos finais entre nós e dos carinhos propícios entre eles.

E eu achando que não tinha nada a ver com isso quando fui, claramente, a fagulha que gerou esse amor. Se não fossem os meus descuidos, o meu egoísmo, as minhas manias escrotas e a falta de tato inerente à minha personalidade, isso nunca teria acontecido, essa paixão nunca haveria de explodir.

Fiquei feliz por fazer parte de algo importante.
do Jader Pires

Rede social Ello

Não há como discutir que o Facebook é um sucesso e estabeleceu um padrão de negócios para redes sociais baseado em publicidade direcionada aos gostos dos usuários. No entanto, uma rede social ainda pequena está tentando fazer o caminho oposto, oferecendo um serviço grátis e livre de publicidade. Parece quase impossível, mas é o que acontece com a Ello, que está ganhando usuários de forma rápida neste momento.

O serviço está recebendo cerca de 4 mil novos registros por hora, mas ninguém sabe muito bem o motivo. A rede social existe desde março deste ano e foi um fracasso total, até começar a ganhar força agora.

Aparentemente, pode ter a ver com a aceitação de nomes alternativos, o que é uma crítica recente feita ao Facebook. A comunidade LGBT estava reclamando que a rede social estava banindo drag queens que não utilizavam seu nome de registro e parece ter adotado o Ello, que é mais livre sobre isso. Ru Paul, que apresenta o reality show consagrado Ru Paul’s Drag Race chegou a divulgar a rede, o que pode ter ajudado a consagrá-la entre o público.

Outro fator que pode ter contribuído para a chegada de um novo público é o fato de ser livre de publicidade, o que gera uma experiência mais fluida de uso. Além disso, o criador Paul Budnitz garante que a Ello nunca irá vetar a pornografia na página, o que pode ser um fator decisivo para ganhar público. Não precisamos dizer como a pornografia movimenta  a internet, né?

Mas você vai se perguntar: “mas Olhar Digital, se eles não tem publicidade, como eles ganham dinheiro?”. Como a maioria dos serviços na internet, os responsáveis não estão fazendo caridade. O objetivo é ganhar dinheiro de outras formas, principalmente vendendo recursos extras, já que o modo gratuito de uso é extremamente simples. No entanto, a empresa promete melhorar recursos de privacidade para os usuários não-pagantes, entre outras ferramentas que estão para chegar.

Por enquanto, a rede social depende de convites para novos cadastros. 
Para conferir, clique Aqui.

Nova é esta Marina, por Mino Carta

Não há quem segure a candidata Marina Silva nesta caminhada final rumo à eleição. Em Florianópolis, subiu ao palanque de Paulinho Bornhausen e com empenho apaixonado pediu votos para sua candidatura a senador. Precioso trunfo para o filho de Jorge Bornhausen, governador biônico de Santa Catarina durante a ditadura, liderança do ex-PFL e patriarca de uma das mais ricas famílias do estado. Direita reacionária na sua acepção mais desbragada.




Esta adesão eufórica à velha política assinala a enésima contradição de pregadora da nova. Uma análise da personagem do ponto de vista psicológico exibe, isto sim, uma nova Marina. A contida, austera ambientalista na qualidade de candidata em campanha mudou radicalmente o seu estilo, a ponto de pôr em xeque as crenças professadas até ontem. A perspectiva do poder leva-a a renovar seu verbo e seus gestos e a buscar a companhia de quantos aparentemente haveriam de ser seus adversários, se não inimigos. Vale tudo para chegar lá, é o que se deduz sem maiores esforços.

Confesso minha surpresa. Marina Silva revela uma determinação obcecada que não imaginava. Certo é que a candidatura de Eduardo Campos, sua plataforma, suas ideias, seus projetos e propósitos, Marina conseguiu destruir. Receio que logre ir além, para demolir o próprio Partido Socialista. Em lugar da nova política, temos a nova Marina.

na Carta Capital

Papo de homem

Prisão sucesso
Muitas pessoas buscam fugir da mediocridade e ambicionam o sucesso.

Mas… fugir de qual mediocridade? Ambicionar qual sucesso?

Quando nossa definição de mediocridade é externa, quando nossos critérios de sucesso não foram escolhidos por nós, então até mesmo ser bem-sucedida pode ser uma prisão.

Talvez as pessoas mais bem-sucedidas sejam justamente as mais medíocres.

Talvez a resposta seja transcender essa dicotomia cartesiana entre sucesso e mediocridade.




A raiva do Betão
Era uma vez, digamos, o Betão.

Betão queria fazer X da sua vida. (Substitua X pelo sonho da sua infância.)

Mas o pai, a mãe, a sociedade, a mídia, as professoras, o Zé do 502, etc, disseram que Betão iria se dar muito mal se fizesse isso. Não ganharia dinheiro, jamais teria segurança, as mulheres não olhariam pra ele, viraria um pária social, o horror, o horror.

Aí, moço de bom-senso que sempre foi, Betão sacrificou seu sonho, recalcou suas vontades e viveu exatamente a vida que aconselharam ele a viver.

Um dia, apareceu o Claudio Gustavo.

Claudio Gustavo vivia exatamente a vida que o Betão sempre quis viver e, pasmem, Claudio Gustavo não se fodeu, se sustentava, tinha uma vida sexual e amorosa, etc — nenhum daqueles medos se realizou.

Hoje em dia, quando o Betão toma chope com outros homens que também viveram as vidas que lhes mandaram viver, a repulsa geral ao Claudio Gustavo é tão autoevidente que não precisa nem mesmo ser articulada ou justificada.

Como não odiar esse grandessíssimo babaca?


by Alex Castro