Aumento de servidores - pecado ou virtude?

Pelas notícias e pelo tratamento dado a esta questão pela mídia brasileira e por algumas instituições formadoras de opinião, a ampliação do quadro de servidores públicos seria um erro estratégico e um pecado em relação à economia e sociedade brasileiras. Tem sido quase universal a “denúncia” de aumento dos gastos de custeio da administração federal. Neste item, a massa salarial do funcionalismo é a principal componente, sendo resíduo tudo o que é necessário para que os serviços públicos sejam executados. Por exemplo, a “Folha de S. Paulo”, em 17/05, enuncia que “Lula anula enxugamento de servidores”. A atual administração é acusada de haver cancelado o esforço de enxugamento de funcionários públicos realizado pela administração FHC, cujo governo teria reduzido o funcionalismo a 599 mil pessoas, porém Lula elevou, em 2008, para 671 mil. Este contingente, mais os servidores aposentados e militares, absorvem 5% do PIB.

Este aumento pode ser virtuoso ou pecaminoso. Em 2002, o Ministério do Meio Ambiente tinha 7.100 servidores e, em 2008, 9.500; em início de 2003, quando presidente do BNDES, ouvi de Marina Silva a declaração entusiasmada com a contratação de 73 novos analistas de meio ambiente, qualificados para o exame de RIMAs (Relatório de Impacto do Meio Ambiente) e fiquei assustado com a exiguidade do contingente. Somente no BNDES, havia 17 contratos de financiamento para novas usinas hidrelétricas paralisados por ausência de exame do MMA. É quase universal a queixa quanto à lentidão dos pareceres ambientais. Este é um dos retardadores do PAC. Como reitor da UFRJ, conheci de perto os dramas de falta de pessoal e complemento de custeio para ampliar e melhorar os programas docentes. Cursos premiados com avaliação máxima só dispunham de professores com mais de 50 anos; inexistiam jovens professores auxiliares de ensino cuja qualificação e assimilação de padrões permitiria a continuidade e preservação da qualidade e fecundidade do curso. Entre 2002 e 2008, cresceu o número de servidores na educação, com 14.100 novos quadros. Este reforço oportuno é “uma gota d’água” nas necessidades educacionais brasileiras.

Em avaliação de gasto com pessoal e outros itens de custeio, deve ser examinado se o crescimento foi com atividades-meio ou com atividades-fim. Se os 14.100 novos servidores da educação fossem para atividades-meio (planejamento, controle de execução, administração de material, etc), haveria uma macrocefalia e continuidade de fraqueza e insuficiência operacional no ensino público. Tenho certeza que, em sua imensa maioria, os novos servidores são professores e auxiliares técnicos nos estabelecimentos oficiais de ensino do governo federal, que continua com dramática falta de pessoal.

A Constituição de 1988 declara que “a saúde é um direito do cidadão e um direito do Estado”. É impossível garantir minimamente o direito à saúde sem ampliar substantivamente os quadros públicos de pessoal médico. As unidades de saúde se ressentem da falta de pessoal em praticamente todo o território nacional.

O Brasil é um dos países do mundo que têm menor proporção de servidores federais por mil habitantes. Alemanha, França, Inglaterra, Japão e EUA têm percentagens que vão de 6,1% a 38,5% da população; o Brasil tem apenas 5,3%.

Segundo a “Folha”, os gastos anuais do governo federal com pagamento de juros terão tido uma redução de R$ 40 bilhões entre abril de 2006 e fevereiro de 2009; neste período, as despesas com pessoal cresceram cerca de R$ 40 bilhões. É óbvio o mérito da ampliação das políticas públicas em relação ao vazadouro de juros. Como reitor da UFRJ, necessitava de novas obras (investimento), porém estive desesperado com a falta de professores. Coloquei a placa de inauguração do Centro de Medicina Nuclear mas não consegui número de pessoal para operá-lo adequadamente. Qualquer diretor de escola pública irá viver este tipo de carência. O investimento público é fundamental, mas para ser utilizado exige ampliação de custeio. Nada é mais prioritário para o país do que manter e operar adequadamente os bens públicos. Por exemplo, todos os anos morrem no Brasil, em acidentes de trânsito e de tráfego, quase 50 mil irmãos (o total de americanos mortos nos dez anos de conflito com o Vietnã foi apenas pouco superior); 300 mil são hospitalizados, ficando em leito nove dias, em média; dezenas de milhares ficam com sequelas. No Japão, o número de acidentados por mil veículos é 1/6 dos números do Brasil. É visível que a prioridade, no Brasil, seria conservar as rodovias existentes, aumentar a segurança (inclusive com a contratação de novos policiais) e reformular os sistemas de transporte coletivo urbano e metropolitano, evoluindo da modalidade automotora para o transporte sobre trilhos. Além da redução de mortes estúpidas, da “produção” de portadores de deficiência, das incontáveis horas de dor e medo, se, no Brasil evoluíssemos para um índice próximo ao japonês, estaríamos ampliando as vagas no sistema médico-hospitalar. Entretanto, nos anos FHC e nos dois mandatos de Lula foi crônica a insuficiência de verbas de manutenção rodoviária, mas ausente do noticiário e do contencioso sequer a discussão sobre a urgência de reforma do sistema circulatório metropolitano.

A partir de 2006, houve alguma recuperação salarial em diversas carreiras do serviço público federal. As políticas públicas precisam de pessoal qualificado, deve haver algum estímulo para a progressão na carreira do servidor e um horizonte à aposentadoria digna. Estas são regras criadas pelo “public service” na Grã-Bretanha no Século XIX. Logo após a Revolução Francesa, a visão aperfeiçoada da instituição democrática considerou o funcionário público um servidor do Estado e da nação e não um assalariado a serviço do governante do momento. O acesso por concurso público, a estabilidade do vínculo empregatício, a estrutura das carreiras e a segurança da aposentadoria compõem as exigências que diferenciam o servidor público do assalariado empregado privado. Em economias de mercado, o setor privado paga mais ao assalariado do que ganha o servidor em função equivalente. Na crise, o setor privado desemprega e “lava as mãos”, como Pilatos. O salário do servidor é uma certeza para o “mercado” e lhe atenua a crise. Naturalmente, a estabilidade, depois de três anos de estágio probatório, do servidor concursado gera inveja e dá suporte à tese de “contenção do gasto público”. Debilitar o Estado num cenário de crise é enfraquecer a instituição que pode superar e consertar os desvios da economia de mercado.

Carlos Lessa é professor-titular de economia brasileira da UFRJ

TSE absolve governador de Santa Catarina

Os juízes TSE (Tribunal Superior Eleitoral) absolveram, ontem a noite, por seis votos a hum, o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB).

 A corte acompanhou o voto do relator do Recurso Contra Expedição de Diploma (RCED) 703, Felix Fischer, que votou pela absolvição do peemedebista. Ele era acusado, pela coligação derrotada nas eleições de 2006, de abuso de poder econômico e político e uso indevido dos meios de comunicação.

O ministro Felix Fischer avaliou que os crimes praticados pelos réus não contribuíram para o resultado final da eleição de 2006.

 

Felix Fischer não isentou os acusados da prática de propaganda ilegal. Apenas considerou que não ficou provado nos autos o potencial de influência sobre o eleitor.


Comentário:


Quando o TSE cassa o mandato do governador da Paraíba (Cassio Cunha Lima - PSDB) e do governador do Maranhão ( Jackson Lago - PDT), o que fica implícito nesta cassação?


Fica evidente o preconceito a discriminação contra os eleitores nordestinos. Para os intocáveis e iluminados do tribunal, os nordestinos elegem seus representantes porque vendem seus votos. Os sulistas elegem seus representantes conscientemente e não vendem seus votos.


Magistrados FHCs (farsantes, hipócritas, canalhas).


Corja!!!

Jornalismo como máquina de parir manchetes

Artigo de José Luis Pardo, catedrático de Filosofia na Univ. Complutense de Madrid
                    
1. O que costumamos chamar de sensacionalismo não é uma deformação perversa e tardia de uma imprensa reta e objetiva na origem, mas uma de suas tendências naturais. É muito mais provável que a retidão e a imparcialidade sejam um logro evolutivo. Deve estar na natureza do jornalismo lutar contra a principal característica dos tempos modernos, que é um flexível continente que admite em seu interior toda classe de conteúdos.
                  
2. A busca de manchetes sensacionais substitui a força da opinião pública. Obcecada por notícias e entretenimento, a imprensa abandona o que garante a sua autonomia. Esta indiferença sobre os acontecimentos em si, é a manchete do jornal, que tenta chamar a atenção do leitor potencial, de que ocorreu algo extraordinário, algo fora do comum, coisa verdadeiramente inaudita, numa época em que tudo parece rotina.
                  
3.  É um erro confundir a edição digital com uma mudança histórica, pois a chamada imprensa eletrônica, longe de ser uma novidade que anuncia uma transformação cultural sem precedentes, é a simples consumação que leva a termo a tendência que falamos: se a imprensa não é mais que um dispositivo de produção de manchetes chamativas, para que esperar 24 horas? Por que não mostrar as manchetes num processo constante e ininterrupto e deixar que as audiências expressem a sua vontade soberana, pulsando digitalmente sobre as chamadas que resultem mais interessantes, ou abandoná-las, na medida em que vá se aborrecendo? Isso não acalmará a ansiedade por novidades, mas a multiplicará infinitamente, atualizando-a a cada instante e fazendo com que cada segundo seja recheado mediante um novo clique informático.
                  
4. O jornalismo desempenha na história moderna a tarefa de articular a opinião pública, vale dizer, construir uma esfera civil de autonomia na qual os cidadãos deliberem sobre as decisões políticas, econômicas ou culturais que afetam as suas vidas e, na qual podem exercer a crítica sobre o comportamento dos diversos poderes,  apoiando-se em informações confiáveis sobre os mesmos. Essa é a função da imprensa, que pode efetivamente se opor à indiferença e o amálgama da temporalidade moderna, pois é ela que produz imediatamente hierarquias e vínculos conceituais entre os conteúdos, que obrigam a distinguir-se da simples propaganda, do negócio ou  do engenho publicitário, porque é a única que garante a sua autonomia com respeito a essas outras esferas de influencia dos poderes.
                  
5. Quando hoje se debate sobre o futuro do jornalismo e se trata quase exclusivamente da questão dos continentes (digital x analógico, tela x papel) e da dimensão empresarial do negócio informativo (e a busca frenética de publicidade) e poucas vezes dos conteúdos, a imprensa vai, paulatinamente, abandonando sua função sistematizadora da esfera pública, fugindo do juízo crítico, renunciando a hierarquia da informação e assumindo sua dependência com respeito aos poderes.                              

6. É um sintoma que pode levar a se ver no final de sua profissão, que o jornalismo como máquina de produzir manchetes, devorou o jornalismo como articulação da opinião pública em uma sociedade democrática.
                  
7. Neste momento estamos ocupadíssimos com os continentes e com a publicidade, com os portáteis e os celulares. E não é por culpa destes, se não de algumas decisões políticas e profissionais, pelas quais, os jornais, que devem ser os lugares naturais daquelas discussões, estão se tornando insuportáveis, literalmente, inviáveis em qualquer suporte.           

Ô maldade




RACIOCÍNIO ALOURADO... 

Uma loura estava dormindo com o marido e o cão do vizinho latia sem parar.
De repente, a loura levantou e foi resolver o problema. O latido ficou mais alto. 
Quando ela voltou o marido perguntou: 

- O que você fez?

- Botei o cão no nosso quintal pra esse vizinho ver o que é bom!!! 
 

Socialismo democratico

Marco Antônio Leite 

Apesar de a imagem da 'nova ordem mundial' se manter vaga e confusa, a ideia central é clara. 

Na sequência desse raciocínio é preciso instituir um governo global único, se quisermos evitar que reine o caos geral.

Essa tese vem de uma escritora Russa, mas não concordo com um governo geral, pois já vivemos um estado único de globalização dos meios produtivos, bem como, da concentração da economia mundial na mão de meia dúzia de capitalistas espalhados pelo planeta. 

Para reverter esse quadro de pensamento e sistema único de governo e de poucos capitalistas donos do processo de produção de bens em geral, o SOCIALISMO DEMOCRÁTICO faria o grande contraponto ao sistema neoliberal.

Socialismo que faria com mais precisão uma distribuição dos bens naturais e econômicos para todos os trabalhadores do mundo.

Não há lugar para que a minoria mande na maioria, essa tese é contraditória do ponto de vista de melhor distribuição de renda para que não haja o caos mundial. 

Dor de cabeça

Um cara sofria de dor de cabeça crônica infernal.  Foi ao médico que, depois dos exames de praxe, disse:     
- Meu caro, tenho uma boa e outra má notícia.  A boa, é que posso curá-lo dessa dor de cabeça para sempre.
A má notícia é que para fazer isso eu preciso castrá-lo!  Seus testículos estão pressionando a espinha, e essa pressão provoca uma dor de cabeça infernal.  Para aliviar o sofrimento preciso removê-los.  O cara levou um choque e caiu em depressão.  Passou dias meditando. Indagava se havia alguma coisa pela qual valesse
a pena viver.  Não teve outra escolha a não ser submeter-se à vontade do bisturi.  Quando deixou o hospital, pela primeira vez, depois de 20 anos, não sentia mais dor de cabeça.  No entanto, percebeu que uma parte importante de si estava faltando. 
Enquanto caminhava pelas ruas notava que era um homem diferente, mas que poderia ter um novo começo.  Avistou uma loja de roupas masculinas de grife.       
- É disto que eu preciso, disse para si mesmo.  Quero um terno novo, pediu ao vendedor.
O alfaiate, de idade avançada, deu uma olhadela, e falou:
 - Vejamos... é um 44 longo.
O cara riu: - é isso mesmo, como é que o senhor soube?
- Estou no ramo há mais de 60 anos, respondeu o alfaiate.     
Experimentou o terno, que lhe caiu muito bem.  Enquanto se admirava no espelho, o alfaiate perguntou:  
- Que tal uma camisa nova?
Ele pensou por alguns instantes:
- Claro .
O alfaiate olhou e disse: 
- 34 de manga, e 16 de pescoço.
E ele pasmado: 
- Mas, é isso mesmo, como pôde adivinhar?     
- Estou no ramo há mais de sessenta anos, disse.
Experimentou a camisa e ficou satisfeito.
Enquanto andava pela loja, o alfaiate sugeriu-lhe:     
- Que tal uma cueca nova?    
- Claro.
O alfaiate olhou seus quadris, e lascou: 
- Vejamos...  Acho que é 36.
O cara soltou uma gargalhada:     
- Desta vez, te peguei.  Uso o tamanho 34 desde os 18 anos de idade.     
O alfaiate sacudiu a cabeça:     
- Você não pode usar 34.  O tamanho 34 pressiona os testículos contra a espinha, e essa pressão deve provocar em você uma dor de cabeça infernal.

Eu lembro de Getúlio e Brizola

Semana passada o presidente Lula declarou que nenhum governante, antes dele, realizou sequer 50% do que vem realizando em matéria de educação e ensino. Nenhuma voz levantou-se para protestar, sequer no PTB e no PDT. Ou não foram Getúlio Vargas, que criou as universidades públicas, e Leonel Brizola, que nos governos do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro promoveu a maior revolução no setor? 

Dá uma certa tristeza verificar como a memória nacional é posta em frangalhos diante do sabujismo. O Lula pode estar avançando muito no plano do ensino e da educação, mas daí a considerá-lo ou deixar que ele se considere, sem um reparo, o maior de todos os governantes, a distância é imensa.