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o horror da guerra em 3D

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Capa de Livro

Caro autor, sou design capista, faço trabalhos para autores independentes. Trabalhando também com pequenas editoras.
Na livraria o que faz um leitor pegar um livro desconhecido é a capa, porque o conteúdo só vai se ver depois, no site então o visual conta muito mais. Faço capas tentando dizer o que você quer de sua obra, uma capa que faça você saber que era aquilo que queria e não simplesmente uma foto enfiada no meio e um rodapé sem expressão. Confira no www.designdoescritor.blogspot.com lá há alguns dos meus trabalhos. Caso queira uma capa ela será feita sobre a temática do seu livro, apelando naturalmente para um conceito visual arrojado e seu livro terá, digamos assim, a roupa que merece. Tudo com um preço para autores independentes, todo meu trabalho de diagramação, criação e arte-final sairá por 70,00  Reais. O que significa um preço muito abaixo da média mesmo. Confira no blog é importante para você escritor.
 ALEXANDRE BOURE - CAPISTA

por Luis Fernando Verissimo

Bananas

Li que a família de Jacobo Arbenz lançou uma campanha para recuperar o seu nome, na Guatemala. E nós com isso? Nada. Só que tive um assomo de nostalgia ao ler a notícia, por uma época em que a história era mais simples e seus vilões e vítimas mais facilmente identificáveis. Talvez só na Guerra Civil Espanhola se soubesse, com a mesma nitidez, qual era o lado “bom” de uma questão — antes, claro, de os nazistas surgirem como os bandidos indiscutíveis do século.

A Guatemala era o protótipo da “banana republic”. Sua dona era a americana United Fruit Company, que lá mantinha não só vastas plantações de bananas mas grandes extensões de terra ociosa, como investimento e como garantia para futuras expansões. 
O domínio da United Fruit sobre a política e a economia da Guatemala trazia escasso proveito social para o país. Jacobo Arbenz foi eleito livremente prometendo uma reforma agrária que fatalmente atingiria as propriedades americanas.
A United Fruit tinha notórias ligações políticas e um ativo lobby em Washington e não foi difícil, com a Guerra Fria esquentando, convencer o presidente Eisenhower de que Arbenz significava um regime comunista no quintal dos Estados Unidos.
A CIA foi autorizada a intervir e derrubou Arbenz com menos pudor do que mostraria em intervenções futuras, na mesma zona — como em El Salvador — e no resto da América Latina e do mundo. O golpe ficou como um exemplo clássico, sem disfarces e sofismas, do intervencionismo cru em ação. Os disfarces, os sofismas e a retórica geopolítica viriam depois. No caso da Guatemala era um povo contra a prepotência dos bananeiros. Simples.
Uma das consequências do golpe pró-United Fruit e da instalação de um regime apoiado pelos americanos foi uma sangrenta guerra civil que durou mais de 30 anos, com diversos grupos lançando-se na clandestinidade, milhares de mortos e atrocidades de lado a lado.
O fato de a família de Arbenz estar buscando sua reabilitação indica que na história oficial do país ele ficou como vilão, não como vítima. Já a United Fruit não teve nada a ver com a história. Aliás, nem existe mais. Seu simpático nome agora é “Chiquita Brands” e seu produto principal, a “Chiquita Banana”.

Eu não tenho tempo

 Sabe, meu filho, até hoje não tive tempo para brincar com você.
Arranjei tempo para tudo, menos para ver você crescer.
Nunca joguei dominó, dama, xadrez ou batalha naval com você.
Percebo que você me rodeia, mas sabe,  sou muito importante e não tenho tempo.
.
Sou importante para números, conversas sociais, uma série de compromissos inadiáveis...
E largar tudo isso para sentar no chão com você...
Não, não tenho tempo!
Um dia você veio com um caderno da escola para o meu lado.
Não liguei, continuei lendo o jornal.
Afinal, os problemas internacionais são mais sérios que os da minha casa.
.
Nunca vi seu boletim nem sei quem é a sua professora.
Não sei nem qual foi sua primeira palavra; também, você entende...
Não tenho tempo...
De que adianta saber as mínimas coisas de você
se eu tenho outras grandes coisas a saber?
Puxa, como você cresceu!
Você já passou da minha cintura, está alto!
Eu não havia reparado nisso.
.
Aliás, não reparo em quase nada, minha vida é correr.
E quando tenho tempo, prefiro usá-lo lá fora.
E se o uso aqui, perco-me diante da TV.  
A TV é importante e me informa muito...
Sei que você se queixa, que você sente falta de uma palavra,
de uma pergunta minha, de um corre-corre, de um chute na bola.
Mas eu não tenho tempo...
.
Sei que você sente falta do abraço e do riso,
de andar a pé até a padaria, para comprar guaraná.
De andar a pé até o jornaleiro para comprar "Pato Donald".
Mas, sabe, há quanto tempo não ando a pé na rua?
Não tenho tempo...
.
Mas você entende, sou um homem importante.
Tenho que dar atenção a muita gente.
Dependo delas... Filho, você não entende de comércio!
Na realidade, sou um homem sem tempo!
Sei que você fica chateado, porque as poucas vezes que falamos
é monólogo, só eu falo.
E noventa por cento é bronca: quero silêncio, quero sossego!
E você tem a péssima mania de vir correndo sobre a gente.
Você tem mania de querer pular nos braços dos outros...
Filho, não tenho tempo para abraçá-lo.
.
Não tenho tempo para ficar com papo-furado com criança.
Filho, o que você entende de computador,
comunicação, cibernética, racionalismo?
Você sabe quem é Marcuse, Mc Luhan?
Como é que vou parar para conversar com você?
Sabe, filho, não tenho tempo, mas o pior de tudo,
o pior de tudo é que... 

Se você morresse agora, já, neste momento,
eu ficaria com um peso na consciência, porque,
até hoje, não arrumei tempo para brincar com você.
     E, na outra vida, por certo, Deus não TERÁ TEMPO de me deixar, pelo menos, vê-lo!
"Neimar de Barros"

por Carlos Chagas


Carlos ChagasREDUNDÂNCIAS EXTEMPORÂNEAS

Não se dirá que a crise envolvendo Antônio Palocci teve causas administrativas, pois foram apenas patrimoniais, mas poderia muito bem ter sido. Porque desde o governo Fernando Collor, com  Itamar Franco de fora, que tem gente demais no terceiro andar do palácio do Planalto. Assessores e ministros fazendo a mesma coisa, batendo cabeça e cultivando superposições de tarefas. Por que, por exemplo, a presidente Dilma Rousseff dispõe de Casa Civil e Secretaria Geral, dois órgãos cujas atribuições se entrelaçam, muitas vezes conflitam-se, tornando seus titulares até adversários?

Não adianta dizer que em todos os governos os dois ministros são amigos, dão-se muito bem, as famílias se freqüentam e vivem aos abraços, porque a vida não é assim. Um fica de olho no trabalho do outro. Investigam as atenções que o presidente dedica mais a este do que àquele. Preocupam-se com a repercussão de suas iniciativas nos meios de comunicação. Até o lugar nas fotografias, à direita ou à esquerda do chefe, é motivo para disputas.  A redundância de ações complica mais do que resolve.

Tudo começou no governo Collor. Para acomodar o cunhado diplomata, o jovem presidente criou a Secretaria Geral, paralela à Casa Civil. Itamar desprezou a divisão. Fernando Henrique inventou a Secretaria Particular, que era muito mais pública, depois outra vez  denominada de Secretaria Geral. O  Lula manteve a dualidade, com José Dirceu e  Dilma Rousseff na metade maior e Luis Dulci na menor,  apenas  por questão de personalidades distintas. A sucessora conservou a fórmula, ainda que a indicação tanto para a Casa Civil quanto para a Secretaria Geral partisse do antecessor: Antônio Palocci numa, Gilberto Carvalho na outra, designados pelo primeiro-companheiro.

Ganha uma viagem a Bangladesh, só de ida,  quem descobrir quem faz o quê, acima e além do organograma burocrático indicando coordenação administrativa para um e contato com entidades sociais, para outro. Na verdade, todos os dias, ambos sentam-se ao lado de Dilma,  para análise da conjuntura e dos problemas do dia. Atropelam-se quando alguma iniciativa incomum precisa ser adotada.

Na hipótese da defenestração de Palocci, seria o caso de a presidente resolver a questão. Reunir as duas estruturas numa só, tanto faz se for com Gilberto Carvalho, Fernando Pimentel, Paulo Bernardo ou outro. Seria bom que o escolhido fosse buscar experiências com Ronaldo Costa Couto, o último chefe da Casa Civil, no governo José Sarney, a não dividir e a centralizar as funções de primeiro-ministro ad hoc. Esfalfava-se, perdia horas de sono, mas controlava o governo, uma espécie de peneira que preservava o presidente. Sua receita era uma só: cercar-se de bons auxiliares, delegar competências mas exercer na plenitude suas funções de chefe da casa do  presidente da República.

O caso Palocci

O governo ainda não entendeu que a oposição ainda não morreu de inanição porque os próprios companheiros encastelados no poder se encarregam de mantê-la viva, alimentando-a com a imensa cópia de atos de improbidade e de leniência diante da corrupção. Tudo isso agravado com a garantia da impunidade, hoje praticamente um direito constitucional. É que a "cidadã" quase proíbe a apuração de denúncias contra gente de dentro do poder. Vejamos o caso Palocci. O chefe da Casa Civil construiu ao longo dos anos uma imagem de homem sério, ponderado, honesto e, sobretudo, competente. Nem o ridículo episódio da quebra de sigilo do caseiro conseguiu sujar esse retrato. De repente, tornado novamente em vidraça, começa a receber pedradas de todos os lados, boa parte vinda dos próprios companheiros, que atiram da moita. O fogo amigo. De repente é acusado de enriquecimento ilícito, por sinal um crime que aqui no Brasil engrandece o autor. A oposição, que não pode se opor ao governo que é uma cópia deturpada dos que ela comandou, tira proveito das denúncias, e vai se alimentar delas até que o próximo escândalo apareça. Para o governo e para Palocci tudo seria muito simples se não houvesse tanta incompetência política no meio da companheirada. Bastava a presidente Dilma seguir o exemplo de Itamar Franco. Quando presidente, o hoje senador por Minas, viu o seu chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, acusado de envolvimento em atos de corrupção. Não hesitou. Afastou o auxiliar, por sinal quase um filho para ele, e mandou apurar as denúncias. Hargreaves defendeu-se, apresentou provas e foi inocentado. Voltou então ao cargo, com a ficha limpa exposta ao país. O que custa a dona Dilma mandar fazer a mesma coisa? E ao dr. Palocci contar onde e como arranjou esse dinheiro todo? Bastava isso. É só provar que se trata de um caso raro de enriquecimento lícito. Acaba toda a confusão e a oposição bota a viola no saco. A questão é que o PT é viciado na blindagem dos amigos. E logo armou um esquema poderoso para blindar o chefe da Casa Civil. No Congresso, onde o Executivo manda, não passa nada e já frustraram as tentativas de uma CPI. Os órgãos de segurança e a Polícia Federal não viram nada a ser investigado. Só o correto Procurador Geral da República pediu explicações ao ministro. Tudo vai terminar nada, como soe ocorrer por aqui. E como nunca na história deste país, as portas da corrupção e da impunidade continuam escancaradas.