Coluna Econômica

O desafio dos consórcios municipais

Um dos grandes avanços das modernas democracias é o compartilhamento de poder, seja entre entes federados (união, estados e municípios), entre cidades, entre governantes e representantes da opinião pública. É um estágio superior de democracia porque cessa o poder de arbítrio, o governo do um só.

Nos anos 90, consórcios municipais e regiões metropolitanas pareciam ser o estágio mais avançado do federalismo brasileiro. Juntavam-se municípios com interesses em comum, constituíam um consórcio, definia-se um modelo de governança que permitia montar pactos supra-partidários. Cada assento no consórcio era da cidade, não especificamente do prefeito A ou B.

O modelo avançou em algumas frentes. emperrou em outras, especialmente nas regiões metropolitanas - figura criada na Constituição de 1988.

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Vários fatores pesaram nisso. Um deles, a divisão de poderes entre o Estado, o município maior (em geral, capital) e as demais cidades. Pela divisão de poderes, Estados e municípios teriam número de votos iguais no conselho da entidade. Só que, como os votos de municípios são individuais, bastaria o Estado obter um voto para conquistar a maioria.

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Nos últimos anos, os consórcios de municípios ganharam fôlego em duas frentes importantes: nas bacias hidrográficas (cujos municípios precisam compartilhar da mesma água) e nas regiões metropolitanas, muito em função da nova Lei do Saneamento e da Lei dos Resíduos Sólidos.

Em São Paulo tentou-se a montagem de consórcios metropolitanos, especialmente para administrar os conflitos dos municípios com a Sabesp e a questão do transporte metropolitano.

O modelo avançou no governo Covas, graças ao Secretário de Energia, Hugo Marques Rosa, que tentou montar uma agência reguladora que servisse de fórum para as discussões com municípios.

Desacelerou no primeiro governo Alckmin e praticamente fechou no governo José Serra.

Agora volta à tona, mas com possibilidades legais mais flexíveis, graças à Lei dos Consórcios.

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Aprovada em 2005, a Lei dos Consórcios permite incluir municípios, estados, União e até empresas privadas no mesmo ente. Exemplo típico é o da Autoridade Olímpica, que tenta congregar todos esses interesses. Nesse caso, define-se o escopo do consórcio e todos os entes delegam a ele poderes para cumprir o acertado.

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No caso do Consórcio do ABC - conta o prefeito de Diadema, Mário Reali - foi formalizado um ente de direito público.

A proposta do consórcio é juntar União e estado de São Paulo em cima de três temas principais: mobilidade (tratando do transporte metropolitano), saúde e segurança.

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A estratégia foi montada há anos pelo prefeito Celso Daniel. Montam-se grupos de trabalho e contrói-se uma pauta com consenso progressivo.

O consórcio tem sete cidades. Se houvesse confronto, e algum tema fosse votado sem consenso, os derrotados simplesmente abandonariam o consórcio.

Depois de chegado a esse consenso, foi entregue uma proposta ao governador Geraldo Alckmin e à Ministra Mirian Belchior. A partir daí será possível discutir a questão do saneamento e dos transportes metropolitanos.

Nos próximos meses, a Frente Nacional dos Prefeitos elegerá esse tema como prioritário em sua agenda.

Estimativa para IPCA desacelera, diz Focus

Os agentes do mercado financeiro voltaram a reduzir os indicativos para a taxa oficial de inflação em 2011, segundo o relatório Focus, elaborado pelo Banco Central. As estimativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foram reduzidas pela sétima semana consecutiva, de 6,19% para 6,18%. Na análise mensal, os números pra junho desaceleraram de 0,08% para 0,05%, ao passo que os dados de julho foram reduzidos de 0,18% para 0,15%. Para 2012, os números avançaram de 5,13% para 5,18%.

Venda de títulos públicos a pessoas físicas atinge recorde

A venda de títulos públicos a pessoas físicas pela internet atingiu níveis recordes em maio: segundo dados da área econômica do governo, as vendas do programa Tesouro Direto somaram R$ 360,91 milhões no mês passado, o maior volume mensal desde a criação do serviço, em 2002, e cerca de R$ 700 mil superior ao registrado em janeiro, quando o total ficou em R$ 360,26 milhões. Os títulos mais comprados foram os corrigidos por índices de preços, responsáveis por 56,8% do montante vendido.

Superávit comercial atinge US$ 656 milhões

O superávit da balança comercial da terceira semana de junho chegou a US$ 656 milhões, com média diária de US$ 131,2 milhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As exportações totalizaram US$ 5,534 bilhões (média diária de US$ 1,106 bilhão) e as importações foram de US$ 4,878 bilhões (média diária de US$ 975,6 milhões). No ano, o superávit foi de US$ 11,170 bilhões (média diária de US$ 96,3 milhões), alta de 49,6% ante o ano anterior.

Confiança dos industriais sobre a economia volta a ficar estável

A confiança do empresário industrial sobre o comportamento da economia e a situação de suas empresas manteve-se estável em 57,9 pontos em junho no comparativo com maio, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ante 2010, o índice foi reduzido em 8,1 pontos. Em nota, o economista da CNI Marcelo de Ávila afirma que, apesar da estabilidade no otimismo dos empresários, a previsão é de que suas expectativas retomem a trajetória de queda registrada desde janeiro último.

Moody's eleva nota de risco do Brasil

A agência de classificação de risco Moody's elevou o rating dos bônus do governo brasileiro de Baa3 para Baa2, ao mesmo tempo em que a perspectiva para as notas foram mantidas em patamares favoráveis. Em relatório, a entidade afirma que sua análise considerou que o desempenho do crédito soberano "é consistente com ratings na parte elevada da margem Baa, que os recentes ajustes nas políticas devem resultar em um cenário macroeconômico mais sustentável".

FMI cobra coesão da Europa para enfrentar crise

O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), John Lipsky, cobrou dos líderes da União Europeia coesão no enfrentamento da crise que atinge os chamados "países periféricos", e afirmou que "apenas uma abordagem coesa e cooperativa para a gestão de crises será bem-sucedida". O líder também sugeriu a busca pela estabilidade financeira e o estímulo a mecanismos de interações econômicas e políticas multilaterais, além da gestão dos problemas causados pela dívida externa em alguns países.





Empreiteiros corruptores são contra lei anti-cartel

A responsabilidade do titúlo da postagem é exclusivamente minha. Não coloquei "empreiteiros ladrões", porque seria um insulto aos ladrões de galinha. Esta é minha opinião.
As empreiteiras não aceitam “em nenhuma hipótese” uma regra que o governo chama de “anti-cartel” e propôs na lei de licitações especial que defende para obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. O dispositivo boicotado pelas construtoras autoriza o setor público a não revelar sua estimativa de custo de erguer uma determinada obra, antes de fazer o leilão para escolher quem vai tocá-la.
“Em nenhuma hipótese o orçamento previamente estimado pela Administração deverá ser fornecido somente após o encerramento da licitação”, diz a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em documento assinado pelo presidente da Comissão de Obras Públicas da entidade, Arlindo Moura. Para a CBIC, essa modelagem abriria possibilidade de uso de “informação privilegiada” por parte de alguma empresa.
O governo também usou palavras fortes para defender o mecanismo, aprovado pela Câmara dos Deputados na quarta-feira (15/06). Para a presidenta Dilma Rousseff, ele combate “formação de cartel”. Para o ministro do Esporte, Orlando Silva, impede “conluio” entre empresas.
Os dois argumentaram, em entrevistas dadas na sexta-feira (17/06), que, ao esconder das empresas seus cálculos financeiros, o governo tira delas uma referência em torno da qual poderiam combinar os lances que farão num leilão. Os valores seriam conhecidos de início apenas pelos tribunais de contas, que fiscalizam as administrações públicas, e pelos órgãos de controle dos próprios poderes executivos.
A ocultação do orçamento em licitações, segundo Dilma e Silva, é recomendado internacionalmente pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aplicada na União Européia.
O governo considera este é um dos pontos fundamentais da lei de licitações exclusiva para Copa e Olimpíada que propôs ao Congresso, chamado burocraticamente de Regime Diferenciado de Contratação (RDC). O RDC tem normas mais draconianas do que a Lei de Licitações (8.666, de 1993) para, segundo o governo, tentar proteger melhor o interesse público contra o interesse das empreiteiras.
O projeto impede, por exemplo, que uma empresa assine contrato com o setor público e depois peça aumento de preço por causa de algum problema de engenharia surgido durante a obra. A possibilidade de fazer aditivos aos contratos está prevista na Lei de Licitações e, diz um técnico do governo, produz “aditivos infinitos” que só favorecem as construtoras.
Pelo RDC, somente a Federação Internacional das Associações de Futebol (Fifa) e o Comitê Olimpíco Internacional (COI) é que terão autoridade para pedir revisão de valores.
No documento em que condena a idéia de ocultação do orçamento, resultado de uma reunião de dirigentes da entidade realizada dia 18 de maio, a CBIC faz uma série de críticas ao RDC, mostrando que o setor não concorda com a essência da proposta.
Para o governo, este é o motivo de a aprovação do RDC na Câmara dos Deputados, especialmente no caso do “orçamento oculto”, ter sido noticiado de forma condenatória. Na imprensa, prevaleceu, num primeiro momento, a interpretação de que o governo queria “esconder” os gastos com Copa e Olimpíada.
Um ministro disse à Carta Maior que tal interpretação foi “com certeza” patrocinada pelos empreiteiros. Segundo um técnico do governo, “grandes empreiteiras” estariam por trás do balizamento do noiticiário sobre o RDC porque querem continuar se beneficiando de brechas na Lei de Licitações tradicional. O objetivo seria desmoralizar a ideia do RDC perante a opinião pública, para que o Congresso não o aprove.
Derrotadas na Câmara, as empreiteiras preparam-se agora para fazer lobby no Senado contra o RDC.

Dispositivo móvel

[...] mercado de segurança tem estimativa de movimentar mais de 4 bi em 2013  

As vendas globais de produtos para a segurança de dispositivos móveis irão gerar uma receita extra de mais de US$1 bi até 2013, com o valor total do mercado chegando a US$ 4bi, de acordo com um estudo da Juniper Research. Dados do estudo “Saving and Protecting a Mobile Future” apresentam uma serie de alertas de segurança para os usuários de aplicativos de mídias móveis centrados no envio de dados e serviços, bem como as expectativas quanto ao crescimento financeiro do mercado.
As projeções do crescimento da receita de produtos de segurança para dispositivos móveis para 2011 e 2016 feitas pela Juniper sugerem que Europa Ocidental e América do Norte continuarão sendo os maiores mercados, seguidos por um Extremo Oriente e China com forte crescimento. As regiões da África / Oriente Médio, restante da Ásia-Pacífico, o subcontinente indiano, a Europa Central / Oriental e a América Latina deterão praticamente a mesma participação no mercado que possuem hoje.
A proliferação do download de aplicativos – tanto gratuitos como pagos – facilmente instaláveis em dispositivos móveis, juntamente com o seu grande volume de utilização de dados, fizeram surgir algumas ameaças e riscos. Além disso, a análise da Juniper indica que a crescente adoção do m-commerce por parte dos usuários trouxe a necessidade de se buscar medidas de segurança distintas para os diversos riscos e ameaças que passaram a enfrentar.
Informações Confidenciais – Muitos usuários armazenam informações pessoais e confidenciais acerca de seus negócios em seus dispositivos móveis. Os Smartphones podem ser configurados para acessar e-amils e dados corporativos que podem facilmente ser sincronizados. Além disso, a introdução de soluções de “bancos móveis”, pagamentos e distribuição de tickets requerem que a transmissão de dados seja segura, pois muitas vezes o armazenamento de dados pessoais e financeiros pode ser comprometido por conteúdo compartilhado via  aplicativos ou jogos online por parte de terceiros.
A Juniper identifica os seguintes cinco temas-chave de segurança que afetam usuários de dispositivos móveis:
Proteção de dispositivos – Os dispositivos móveis exigem o mesmo nível de proteção disponível para aparelhos como laptops e netbooks, que incluem proteção contra malware, firewall e antivírus, dentre  outros.
Dowload de aplicativos e software – Aplicativos móveis são uma das maiores preocupações, pois podem introduzir um grande número de ameaças a rede da empresa. A maioria dos usuários baixam aplicativos, pagos ou gratuitos. Aplicativos de terceiros sem certificado que são baixados por usuários muitas vezes são malwares ou spywares que pode buscar se infiltrar em seus e-mails, mensagens, histórico de chamadas, listas de clientes e outros dados corporativos. Existem diferentes tipos de aplicações móveis inseguras disponíveis para download em lojas de aplicativos que são vendidos como sendo uteis para seus negócios ou aplicações pessoais.
Perda ou roubo de dispositivos – Como um smartphone acumula muitos recursos, torna-se mais desejável para os ladrões, tanto em termos do valor do aparelho como meio para acessar suas informações sigilosas.
Dispositivos de acesso contínuo – A maioria dos usuários corporativos usam smartphones para acessar e-mails e dados, e uma vez que alguns destes dispositivos estão sendo comprados pelo usuário e não pela própria empresa, torna-se vital a segurança destes dispositivos. Além disso, a maioria dos dispositivos móveis estão sempre conectados à Internet, quer através de uma rede celular ou de redes WiFi. Isso significa que o aparelho não fica apenas exposto à internet, mas também pode ser invadido por outros dispositivos.
do E-commerce

O amor é a lei da vida


Você já se deu conta de que o amor é a lei maior que rege a vida?

Antes de pensar numa resposta negativa, reflita um pouco sobre as seguintes considerações:

Da batalha entre a chuva e o sol, surge o arco-iris, exibindo suas múltiplas cores, tornando a paisagem mais bela e mais poética. É o amor sugerindo harmonia.

Sob o rumor da cascata, que jorra violenta sobre as rochas desalinhadas e pontiagudas, as andorinhas fazem seus ninhos e garantem revoadas em todos os verões. É o amor orientando o instinto.

Sob a neve que se estende sobre planícies e montes gelados as sementes dormem, para explodir em flor aos primeiros beijos do sol da primavera. É o amor acordando a vida.

O tempo, hábil conselheiro, traz o esquecimento das dores e cicatriza as feridas abertas pelos sofrimentos mais acerbos. É o amor incentivando a vida.

Quando a doença corrói o corpo físico, causando desconforto de dor, e os órgãos já não têm forças para manter funcionando a máquina de carne, a morte, como hábil cirurgiã, liberta o espírito do fardo inútil. É o amor renovando a vida.

Junto com a tempestade que rasga os céus com raios e trovões, chega a chuva generosa, fertilizando a terra e garantindo a boa safra. É o amor propiciando a vida.

Sob a pesada pedra, a frágil semente germina e rasteja, contorna obstáculos, até encontrar a luz e florescer, vitoriosa. É o amor orientando a vida.

Os séculos, quais anciães compassivos, se dobram sobre as memórias dos povos vencidos nas guerras promovidas pelo egoísmo, trazendo o bálsamo do esquecimento. É o amor amenizando o ódio.

Na face do solo rachado, crestado pela seca implacável, surge pequeno olho d’água, dando notícias da vida que persiste, submersa, invencível. É o amor alimentando a esperança.

Nos conflitos das guerras sangrentas e cruéis o homem transforma o mundo em que vive, criando tecnologia e fomentando o progresso. É o amor promovendo o esclarecimento.

As marcas profundas esculpidas nas almas pelos holocaustos de toda ordem, forjam pérolas de luz nos corações sensíveis e os eleva acima das misérias humanas. É o amor gerando o entendimento.

Quando um agente externo qualquer penetra o organismo humano, imediatamente um exército de células-soldados entra em combate para eliminar o intruso e garantir a saúde. É o amor defendendo a vida.

O amor age em silêncio, trabalha incansavelmente para garantir a harmonia da vida.

Nada supera a sua potência. Nada supera a sua ação.

O amor é a lei maior da vida, e rege o micro e o macro cosmos, sem alarde, sem exibição.

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Cada planeta que se movimenta no espaço é um orbe em evolução, gravitando na lei de amor.

Cada estrela que brilha no infinito, é um astro que conquistou a condição de mundo sublime, e está sustentado pela lei de amor...

Cada criança que renasce nos palcos terrenos, traz consigo um plano de felicidade, traçado pelas leis de amor...

O ser humano, que age e interage no meio em que vive, fomentando o progresso, está sob o amparo da lei de amor.

Cada anjo que habita os mundos sublimes é um Espírito de luz que conquistou o mais alto grau na universidade da vida, e hoje nos convida ao amor...

Altar particular

Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular
Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal
E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós
Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós
Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser
Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer
Teu cais deve ficar em algum lugar assim

Vídeos: 
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O humor da Presidente


Famosa pela rispidez, a presidente tem também uma faceta engraçada. Ela gosta de dar apelidos aos interlocutores e se diverte com imitações do vice, Michel Temer
LUIZ MAKLOUF CARVALHO
Evaristo Sá/AFP
MÉTODO 
Dilma, descontraída, durante uma cerimônia em Brasília. Primeiro, ela dá o apelido. Depois, vem com o caderninho “terrível”
“Você é danado!”, para um governador. “Leão da Montanha”, para um vice. “The Turtle” (tartaruga), para um senador. “Não me venha de borzeguins ao leito”, para o presidente de uma estatal. É assim, entre apelidos e provérbios do arco da velha, que a presidente Dilma Rousseff, famosa pela rispidez, vem alinhavando seu lado bem-humorado. Pode não ter muita graça, mas são essas as histórias contadas por aqueles a quem ela faz sorrir. “Danado!”, por exemplo, é o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. A presidente, compulsiva com diminutivos, o chama comumente de Serginho. A exclamação é o prêmio que ele ganha depois de fazê-la rir com seu reconhecido dom para imitações. A mais recente é a do vice. “Faz o Michel, Serginho, faz o Michel”, pede a presidente, quando estão numa roda pequena. O governador capricha, transmuta-se em Temer, acentua um singular gestual das mãos. Dando risada, a presidente concede: “Você é danado!”.
“A presidente Dilma tem um senso de humor sofisticado, ao estilo mineiro”, afirma o governador Cabral. “É bem-humorada, mas está mais para o sorriso do que para a gargalhada.” Como exemplo do “bom humor” da presidente, Cabral conta um momento tenso que viveram juntos, dentro de um helicóptero, depois de um debate televisivo durante a campanha eleitoral. “O tempo fechou, a visibilidade era zero, o pouso foi difícil – e, com todo o estresse do debate, ela não esquentou a cabeça”, diz. “A presidenta sabe que a vida com bom humor é muito melhor.” Cabral também imita o ex-presidente Lula. Já o fez para o próprio, que adorou, e para Dilma, que repetiu o “Danado!”. Ele imita a presidente também – como já fez para Lula –, mas ainda não se atreveu a exibir-se para a própria. “Isso eu não faria”, diz. “No momento, estou me esmerando no Henrique Meirelles.”

“Leão da Montanha” – aquele personagem do estúdio americano Hanna-Barbera, do bordão “Saída pela esquerda...” – é o vice-governador do Rio, Luiz Carlos Pezão. A presidente passou a chamá-lo assim, nos momentos apropriados, durante a tragédia da Serra Fluminense, no começo de seu governo. Os dois encontraram-se lá, no meio do drama. Ela admirou seu desempenho – e foi buscar na memória o desenho animado dos velhos tempos. No primeiro dia em que estiveram na região da tragédia, a presidente observou que Pezão – de 1,90 metro de altura e pés 48 – era o único dos homens a usar sapatos, enlameados, e não galocha, calçado mais apropriado para o lamaçal. “Não achei bota do meu número”, disse Pezão, quando a presidente perguntou. “No dia seguinte a minha galocha chegou”, diz ele. “Ela mandou a Petrobras providenciar.”

Antes que a montanha desabasse, Dilma Rousseff chamava Pezão de Pezãozinho. Como o vice-governador é também o secretário de Obras, os dois se aproximaram desde os tempos do PAC, quando a presidente ainda era ministra da Casa Civil. “Ela é muito agradável, bota apelido em todo mundo e está sempre com bom humor”, diz Pezão. Com o exagero, proposital, ele preparou o terreno para a verdade: “Primeiro, ela chama no apelido, mas depois vem o caderninho, que é terrível. Esse caderno é uma loucura. Deve ter tudo do governo Lula, além do governo dela. É com ele que ela faz as cobranças”. Como é o tal caderno? “É de arame. Era um pequeno. Agora é um grosso. Tem tudo ali, além de uma cabeça extraordinária. Você não enrola ela de jeito nenhum. Ela me cobra direto o teleférico do Alemão. É louca para andar no teleférico.” Divertido, Pezão imita a cobrança da presidente: “Pezãozinho, como é que está o teleférico? Tem um ano de atraso”. Ele se explica e, em seguida, ouve: “Conversa, Pezãozinho, você é o rei das desculpas”.
“Não me venha de borzeguins ao leito” 
DILMA ROUSSEFF, numa tirada erudita 
em meio a uma discussão sobre tarifas de energia elétrica. A expressão equivale a dizer: “Não me venha com conversa fiada”
Um dia desses o senador Delcídio Amaral (PT-MS) prometeu à presidente que falaria com o engenheiro Flávio Decat, seu amigo, hoje presidente de Furnas. Diria a ele que ela queria falar-lhe – mas não ligou, e muito menos transmitiu o recado. Dilma telefonou, Delcídio atendeu: “Delcídio, The Turtle”, ela disse, algo irritada. “Agora não precisa mais, eu já falei com ele.” Eles se conhecem desde que Delcídio era diretor da Petrobras e Dilma Rousseff secretária do prefeito Alceu Colares, em Porto Alegre. No dia 8 de fevereiro, aniversário de Delcídio, a presidente ligou. “Ô, Santinho, tô te ligando pra dar os parabéns. Sei que você está fazendo 56 anos. Recebi umas pessoas que perguntaram por você, com muito carinho. Mas não vou te dizer quem foi, senão você vai ficar muito mascarado.” Versão do senador.
Marcos Ramos, Simone Marinho/Ag. O Globo e Ailton de Freitas
MEIGUICE
O vice-governador do Rio, Luiz Carlos Pezão (à esq.), é o Leão da Montanha. O governador Cabral (no alto), que faz Dilma rir, é chamado de Danado. E o senador Delcídio Amaral, que demorou para atender a um pedido, virou The Turtle
Ele defendeu o governo, na tribuna do Senado, quando um apagão atingiu oito Estados do Nordeste, no começo de fevereiro. Ela ligou: “Ô, Santinho, você acreditou mesmo em tudo aquilo que você falou?”. Amaral respondeu: “Eu sei o que aconteceu, Dilma, mas eu não vou dizer que teve barbeiragem, né?”. E disse: “Ela sabia que tinha barbeiragem, e que eu, ao defender o governo, estava escondendo o jogo”. Delcídio acha que a presidente é bem-humorada, “mas de um humor sutil, intelectual, elegante. Ela é sarcástica, elaborada, saca ligeiro. Brinca, mas com elegância. Não dá para comparar com o Lula, que fala palavrão direto”. “Sabe o que deixa ela feliz?”, pergunta Delcídio. E responde: “É dizer que ela está magra. ‘Ô, Dilma, tá numa elegância danada!’ Ela fica doida!”.

Como presa política, no começo dos anos 70, a hoje presidente era boa de humor negro na resistência às agruras. Ela contou, numa entrevista, que, quando alguma presa era retirada da cela para outra sessão de tortura, todas reagiam com uma espécie de grito de guerra: “Não liga não, se você for torturada, a gente denuncia”. E comentou: “A gente ria disso, pela ironia absoluta que é. O que é que adianta denunciar? Para o torturado, o que é que adianta? A gente estava rindo da tortura. Estava tentando controlar uma situação que é absolutamente fora do controle”.

A advogada Maria Regina Barnasque, funcionária do memorial da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, trabalhou com Dilma Rousseff nos idos em que ela jogava vôlei (sim!). Assessorou a hoje presidente no governo Olívio Dutra e foi com ela para Brasília no primeiro governo de transição do presidente Lula. Foi para ela, a quem apelidou de Buluga, que Dilma contou ter sido indicada ministra de Minas e Energia. Uma vez, quando a turma do vôlei tomava um chopinho depois da partida, Buluga e uma colega foram ao toalete. Na saída, a colega levou uma cantada:
– Oi, gatinha.
– Eu não sou gatinha.
– Oi, gatona.
– Eu não sou gatona.
– O que você é, então?
– Eu sou um ser humano.
De volta à mesa, Buluga contou o diálogo a Dilma Rousseff. Ela respondeu: “O pior, Buluga, é se ele dissesse ‘Oi, ser humano’. E ela respondesse: ‘Eu não sou um ser humano, eu sou uma gatinha’”.
“É um humor politicamente incorreto”, diz a jornalista Jandira César, outra amiga daqueles tempos.
Borzeguins são botas altas, com cadarços. Machado de Assis usou a palavra mais de uma vez. Carlos Drummond de Andrade também. E Tom Jobim idem. A banda mineira de rock Os Baratas Tontas usou “borzeguins ao leito” como título de uma música que fala da fissura de um cara por uma garota de tênis preto amarrado na canela. “Não me venha de borzeguins ao leito” equivale, em muitas possíveis interpretações, a “não me venha com conversa fiada”. Ou, numa versão mais largada, a “não esculhambe a guerra com baladeira”. Quem ouviu a frase da presidente Dilma, numa discussão sobre tarifas de energia elétrica, foi o engenheiro Maurício Tomalsquim, presidente da Empresa de Pesquisa de Energia. Tomalsquim é daqueles com quem a ministra Dilma já gritou mais de uma vez. “É o jeito dela”, ele disse certa vez, feliz da vida.
“Seu próximo destino será em Burkina Faso” 
DILMA ROUSSEFF, para o 
diplomata Renato Mosca, quando algo não lhe agrada no cerimonial da Presidência 
Com os que a servem diretamente, no dia a dia do Planalto, prevalece um clima de reverência, de cuidados para evitar que ela se aborreça, e, em alguns casos, de temor de levar a ela assuntos que possam ser considerados desagradáveis. Mas há momentos divertidos também. Um deles é a reação da presidente quando alguma coisa do cerimonial não é de seu agrado. O chefe é o conselheiro do Itamaraty, Renato Mosca. “Se prepare que seu próximo destino será em Burkina Faso”, ameaça jocosamente a presidente da República.

A dança das cadeiras na TV Globo


Chama atenção por várias razões.
Primeiro, quem fez o anúncio foi Carlos Henrique Schroder, o número dois, e não Ali Kamel, o número um. Corre pelos corredores da emissora a notícia de que Ali atualmente não apita mais tanto quanto antes. Contribuiram para sua derrocada, o tipo de jornalismo que ele empreendeu, desde que assumiu, centralizando as decisões e condicionando a cobertura à sua vontade (ou seria à vontade expressa do patrão?).
Outro episódio definitivo para a queda teria sido o "bolinhagate", a tentativa de comprovar que o então candidato à presidência José Serra tinha sofrido um traumatismo craniano, depois de atingido por uma bolinha de papel. Até o perito Ricardo Molina foi convocado às pressas para dar legitimidade ao caso, que atingiu em cheio a credibilidade da emissora.
Sabe-se que naquela noite o Jornal Nacional foi vaiado pelos próprios jornalistas e que, em Brasília, a exemplo do que aconteceu em São Paulo em 2006, a diretora de jornalismo Silvia Faria teria dito o mesmo que Mariano Boni em São Paulo, anos antes: "quem não estiver satisfeito procure a Record".
Quem frequenta a emissora conta que, agora, raramente Ali desce do quarto andar onde se refugiou para escrever seus artigos, comprar suas polêmicas e processar seus "detratores". Agora há dois subalternos que fazem o serviço para ele no Jornal Nacional: Renato Ribeiro (ex-editor chefe do Jornal Nacional) e Luis Claudio Latgé (ex-diretor de jornalismo de São Paulo). Ali só é consultado quando o assunto é muito cabeludo. O sinal já havia sido dado no começo do ano, quando o diretor superintendente Octávio Florisbal anunciou em alto e bom som que o jornalismo da emissora ía mudar.
Recente pesquisa mostra preocupação com os índices de audiência do jornalismo, sobretudo no periodo matutino onde, não raro, a emissora amarga o segundo lugar durante toda a manhã.
Não por acaso a dança das cadeiras começou por Renato Machado, que será uma espécie de embaixador em Londres. Para quem gosta de vinho e música clássica, como ele, é um prêmio e tanto para quem se dedicou 15 anos ao Bom Dia Brasil, acordando às 4 horas da manhã. Renato estará a um passo de Paris, Geneve, Roma e Frankfurt. É tudo o que ele sempre pediu a Dionísio.
Para o seu lugar assume Chico Pinheiro. O veterano jornalista e apresentador vai tentar popularizar o jornal. Está sendo reabilitado depois de amargar uma geledeira no SPTV. É sinal também de que a emissora está disposta a atrair os extratos mais à esquerda do espéctro político de seu público. Chico - como antítese de Renato - é a MPB e a caipirinha no poder.
Outra veterana da apresentação, Mariana Godoy, segue agora para o Jornal das 10 da Globo News, reflexo do incômodo causado pela chegada de Heródoto Barbeiro à Record News. Para o seu lugar vai César Tralli, que realiza um sonho antigo, que é ocupar uma bancada de telejornal. Na reportagem ele se consagrou, mas pagou um preço muito alto: os colegas detestam seu estilo e seus modos, considerados por muitos bastante pragmáticos, se é que podemos dizer assim.
Se a volta de Schroder pode aplacar os ânimos? Só o tempo dirá. Minha aposta é que sim. Ele tem o apoio da família Marinho e uma capacidade de sobrevivência invejável. Ele pode ser reabilitado e quem sabe a emissora faça as pazes com a notícia. Talento dos colegas e recursos técnicos não faltam. Mas como na Globo tudo demora um pouco, as mudanças só virão quando entrar setembro. Portanto, o inverno tem tudo para ser quente.
por Marco Aurélio Mello