por Luis Fernando Verissimo



O platinado

Sei tão pouco do motor de um carro quanto sei da alma humana. Olho o que tem debaixo do capô como se olhasse um abismo sem fundo e só peço do motor do meu carro que funcione, sem precisar entrar na sua intimidade.
Conheço algumas partes do motor de ouvir falar, claro, como o radiador e a bateria, e simpatizo com o virabrequim apesar de não ter a menor ideia do que seja. Mas o virabrequim é o limite do meu envolvimento com o abismo. Não sei o que é o platinado, por exemplo. E me surpreendo com o número de vezes em que o platinado é citado quando busco ajuda profissional para um motor com defeito.
Muitas vezes a opinião do mecânico precede um exame do motor.
— Talvez seja o platinado...
Outras vezes o exame confirma o diagnóstico precoce:
— É o platinado.
E é raro se ouvir que o platinado tem conserto.
Normalmente a única solução para um problema com o platinado é um procedimento radical. Transplante.
— Tem que trocar o platinado.
Cheguei a desconfiar que, como tenho cara de quem não sabe nada de motores, estavam me enganando, e trocar o platinado fosse só uma maneira de me cobrar mais. Talvez o platinado velho estivesse em perfeitas condições. Talvez nem existisse o platinado! Ou então a troca do platinado era a maneira prática de dispensar uma intervenção mais trabalhosa. Na falta do que fazer, trocava-se o platinado.
Penso no platinado sempre que ouço que mais um técnico de futebol foi trocado por outro, para melhorar a produção do time, acabar com uma fase má ou simplesmente aplacar uma torcida revoltada. A conclusão em todos os casos é que a culpa é do platinado e a solução é um platinado novo.
Quase sempre a culpa real é de uma administração incompetente ou um time irreparavelmente ruim, mas trocar isto equivaleria a ter que trocar todo o motor. E trocar o platinado adquiriu até uma conotação mística.
Um novo técnico teria, como um deus, a capacidade de mudar o clima no vestiário. De fazer pernas de pau acertarem chutes, jogadores cegos enxergarem a bola e ameaçados de sepultamento na zona de rebaixamento ressuscitarem.
Raramente consegue, o que não diminui o poder da ortodoxia: quando as coisas vão mal, troque-se o platinado.

Brasil se dá bem em meio a insensatez global

Joe Leahy | Financial Times, – VALOR

de São Paulo
04/08/2011

Os brasileiros, que no passado não ficavam alheios às crises econômicas, viram-se repentinamente na invejável posição de espectadores das insanidades do mundo desenvolvido.

Na TV brasileira, em programas de entrevistas sobre temas atuais, fervilham há semanas, discussões sobre os problemas que estão varrendo a Europa e os EUA – do impasse em Washington em torno do teto de endividamento americano à crise financeira grega e o escândalo envolvendo o “News of the World”, no Reino Unido.

Dilma Rousseff, a presidente do Brasil, pareceu resumir, na semana passada, as percepções brasileiras sobre um mundo exterior enlouquecido, ao descrever a crise da dívida nos EUA e na Europa como “insanidade”. A incapacidade política do mundo desenvolvido em encontrar soluções para seus problemas, segundo ela, representa uma “ameaça” à economia mundial.

Mercado emergente em dificuldades, uma década atrás, o Brasil é hoje um cenário de estabilidade macroeconômica e política, em comparação com seu antes arrogante parceiro setentrional e com as antigas potências coloniais europeias. Não só o Brasil é agora um credor dos EUA, com US$ 327 bilhões em reservas de moeda estrangeira em junho, como também a economia está crescendo e o desemprego registra uma baixa recorde.

Mas, com o mundo desenvolvido exibindo tendências antes associadas a mercados emergentes, o desafio, para o Brasil, está em como administrar seu êxito. O país não pode se dar ao luxo de complacência diante da tarefa ainda difícil de escapar da “armadilha de renda média” em que sua economia ficou presa durante décadas.

A ruptura positiva, para a economia brasileira, veio na década de 90, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso implementou políticas destinadas a estabilizar os preços ao consumidor e o câmbio. Seu sucessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manteve o foco na estabilidade macroeconômica e, ao mesmo tempo, expandiu programas sociais para melhorar a qualidade de vida dos mais pobres.

Os resultados foram notáveis. O crescimento econômico brasileiro registrou uma média de 4% ao ano durante os últimos oito anos e quase 49 milhões de brasileiros foram alçados às classes média ou alta.

O Brasil também mostrou-se relativamente responsável no enfrentamento de desafios. Seu sucesso econômico atraiu uma enxurrada de dinheiro de estagnados mercados desenvolvidos, elevando a taxa de câmbio da moeda brasileira, o real, em relação ao dólar, ameaçando a competitividade da indústria local.

O Brasil tem reagido com a denominada “guerra cambial” – controles de capital e monetários – visando conter essa valorização. Mas o Brasil, predominantemente, tem resistido às pressões da indústria nacional no sentido de tomar medidas extremas, impondo, em vez disso, um complexo sistema de taxação destinado a desencorajar os fluxos de capital especulativo de curto prazo.

No front fiscal, durante a campanha presidencial no ano passado, Dilma posicionou-se contra uma enxurrada de gastos, defendendo o enxugamento da proposta de Orçamento para este ano. O Banco Central também tomou a difícil decisão política de elevar as taxas básicas de juros, já altas, no Brasil, por cinco vezes, neste ano, para 12,5%, para reprimir um surto inflacionário. O BC acoplou essas medidas a outras, destinadas a frear o crescimento rápido do crédito, que alguns analistas temem ser insustentável.

No front político, Dilma está limpando a corrupção no Ministério dos Transportes, demitindo autoridades alinhadas com um partido político parceiro da coligação de seu PT. Seus problemas políticos têm sido interpretadas pela opinião pública como uma “limpeza de primavera” por uma presidente recém-eleita.

Nada disso significa que o Brasil não tenha seus próprios problemas. Um mercado de trabalho apertado, um sistema de ensino fraco e escassez de trabalhadores qualificados estão provocando altas de salários, ao mesmo tempo em que uma infraestrutura deficiente vem pressionando os custos para cima.

Os níveis de endividamento das famílias estão parecendo insustentáveis para os endividados que vivem um boom de crédito. O Brasil precisa ter cuidado para não enterrar sua nova classe média sob tanta dívida que, quando chegar a próxima crise de desaquecimento econômico, eles voltem a submergir na pobreza.

Os custos de tocar negócios continuam proibitivos, em parte por causa dos altos impostos e dos custos trabalhistas. Embora os preços das commodities tenham subido, os volumes de exportações não cresceram. O Brasil tem usado as receitas inesperadas do boom de commodities para incrementar o volume de suas importações.

O Brasil pode sentir-se orgulhoso de si próprio. Mas terá de manter-se vigilante para assegurar que não plante as sementes da próxima crise durante o atual período de prosperidade. (Tradução de Sergio Blum)

Juros: O mistério insondável


O governo, depois de muito tempo apenas observando, decidiu agir diante da situação desfavorável à indústria nacional, provocada principalmente pela valorização do real.

A presidente da República merece os cumprimentos por ter agido, mas no conjunto as medidas parecem mais um paliativo. Têm algo de colcha de retalhos.

Há certa polêmica entre os economistas sobre as razões da supervalorização da moeda. Uns dizem que ela aconteceria de qualquer jeito, dada a inundação monetária global, promovida especialmente pelos Estados Unidos.

Contribuiria também a boa situação relativa da economia brasileira.

Mas é inegável que parte substancial dos dólares aqui aportados vêm atrás do saborosíssimo diferencial entre os juros internos e os praticados lá fora.

Mesmo quando mascarados de investimento produtivo. Pois nada impede uma empresa brasileira de especular. E depois remeter o devido lucro ao acionista.

Falta portanto um segundo passo ao governo. O passo decisivo. Atacar o problema dos juros altos.

Foi aliás o que Dilma Rousseff garantiu, antes de ocupar a cadeira, que faria.

É a pergunta sempre repetida e nunca respondida adequadamente.

Se o Brasil é das economias em melhor situação, se nosso conceito como pagadores de dívida é excelente, se temos um mercado interno saudável e que nos garantirá um longo ciclo de crescimento sustentado, por que nossos juros são os maiores do mundo?

Um mistério insolúvel.
por Alon Feurwerker

Atrasado, mesmo, é o neoliberalismo « Projeto Nacional


Arcaico, mesmo, é o neoliberalismo

A colunista Miriam Leitão, de O Globo, ataca violentamente o plano de apoio à indústria lançado ontem pelo Governo brasileiro. Sendo quem é, não se podia esperar diferente.

Mas é interessante que alguns pontos que ela levanta sejam explicados, para que se entenda as razões das medidas governamentais.

O ar do protecionismo e da velha política de benefícios setoriais estava tão evidente que arrancou aplausos para o ministro Guido Mantega quando ele falou que “o mercado brasileiro deve ser usufruído pela indústria brasileira e não por aventureiros que vêm de fora.”

Dona Miriam esqueceu que quem pratica protecionismo, hoje, são os países desenvolvidos? Que o etanol importado é taxado para defender o etanol do milho americano? Que Europa, Japão e EUA dão, todo ano, mais de US$ 200 bilhões para o seu setor agrícola em subsídios, basicamente para fazerem frente às importações dos países em desenvolvimento? E será que ela não leu que o Congresso americano está para aprovar uma lei taxando produtos importados de países com moedas subvalorizadas (leia-se, China) que competem com a indústria deles?

O posicionamento ideológico é legítimo, mas não pode brigar com os fatos. Até porque não se impôs nenhuma taxação sobre produto vindo de lugar algum no pacote de medidas anunciado ontem. Senão, coisas do tipo “sinto o cheiro de” viram argumentos e aí não há possibilidade de uma discussão racional.

a indústria automobilística, que terá benefícios, é toda controlada por capitais estrangeiros e terá inexplicáveis incentivos. O setor está com crescimento de vendas e produção. Deu uma arrancada de 9,8% no ano passado e nos últimos doze meses está com um crescimento de 4,7%. Reclama do câmbio, mas tem se beneficiado dele na importação de autopeças e matérias-primas.”

De novo, há uma informação essencial omitida. Nos sete primeiros meses do ano, as importações de veículos de passageiros cresceram 59,8%, principalmente as originárias de países asiáticos, como Coreia e China. As importações de automóveis já atingem a casa de US$ 1 bilhão por mês, o que é um rombo para ninguém botar defeito, em se tratando de um bem no qual não temos nenhuma necessidade tecnológica de importação. E nós, que importávamos 5% dos veículos novos vendidos no país, estamos perto de 30% de carros estrangeiros no nosso mercado.

Ainda assim, estaria correto achar que seria absurdo, se fosse um apoio indiscriminado. E não é.

Por partes: a prorrogação de benefícios de IPI para caminhões, ônibus, veículos comerciais leves e máquinas agrícolas se destina mais ao consumidor destes veículos (autônomos, frotistas, concessionárias de transporte, comércio e serviços e agricultura) que às indústrias, porque só incide sobre o preço final.

O ressarcimento de créditos tributários, previsto em Medida Provisória não é de 3%, mas de até 3%, de acordo com a atividade econômica e o efeito reflexo de tributos, que ficam como resíduo no caso de exportação. E a exportação de veículos vai de mal a pior. Como diz o Estadão – insuspeito – desabou.

É curioso que se o agronegócio, que agrega menos valor, gera menos emprego e renda e embute menos tecnologia que a fabricação de automóveis estivesse uma queda de 65% nas suas exportações, como é o caso da indústria automobilística, a grita seria geral entre os comentaristas de economia.

E, de novo, ainda seria absurdo se isso estivesse sendo feito sem contrapartidas que alimentassem a produção industrial. O ressarcimento vai depender de regulamentação – está lá, na medida provisória, para quem se der ao trabalho de ler – e a regulamentação vai depender de negociação com o setor sobre compra de componentes e autopeças no mercado nacional,investimentos, aumento de valor agregado dos produtos, geração de empregos, inovação e elevação da eficiência em processos e produtos.

“O governo decidiu que nas compras governamentais vai preferir a indústria local. Muitos governos fazem isso. Mas ele estabeleceu que se a indústria local produzir com uma diferença de preço de até 25% a mais ela será escolhida. É um incentivo a ineficiência e ao sobrepreço. A indústria nacional precisará competir pelo aumento da eficiência.”

Como seria, então, esse incentivo? O governo reuniria as indústrias locais e diria: “vamos lá, pessoal, nós gostamos de vocês, é só venderem mais barato que os chineses que nós compramos”. Bem, vendendo mais barato, nem precisava, não é? Ou quem sabe mandaríamos uns funcionários públicos sacudir bandeirinhas e fazer “holas” para incentivar o pessoal? Porque os incentivos para modernização, com créditos do BNDES já vinham sendo dados e a industria têxtil, que a colunista usa como exemplo, perdeu 11% de sua produção este ano, mesmo com 6% de aumento do consumo.

Quando, para fazer frente à crise, o Governo Obama lançou o programa “Buy American”, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um pacote de incentivo de US$ 787 bilhões de dólaresestipulando que obras públicas e construções financiadas com recursos públicos usassem somente produtos norte-americanos, incluindo ferro e aço, será que isso era um incentivo à competição e ao “aumento de eficiência”.

O Plano Brasil Maior tem muitos defeitos, e muitas incertezas. Até porque é preciso ver o que funciona e o que não funciona, e só a prática pode mostra-lo. Mas o maior deles não é nenhum dos que Miriam Leitão aponta.

É o de ser pouco. Porque o Brasil precisa de muito mais em matéria de política industrial, que pretende ser mesmo um país desenvolvido.

Arcaico, mesmo, é o pessoal do “laissez faire, laissez passer”, do liberalismo do século 18.

pinçado do Projeto Nacional

Receita de iogurte de morango


 Ingredientes
1/2 litro de água fervente
500 gr de iogurte natural
1 caixinha de gelatina sabor morango
1 lata de leite condensado 
1 xícara (chá) de morango picado
 
Modo de preparo
Dissolva a gelatina em meio litro de água fervente e deixe esfriar. Numa tigela maior misture o iogurte, o leite condensado e a gelatina e misture bem, com uma batedeira. Misture os morangos picados e coloque em tacinhas para gelar.

Quem amarrou seu pára-quedas?

 Charles Plumb, era piloto de um bombardeiro na guerra do Vietnã.

Depois de muitas missões de combate, seu avião foi derrubado por um míssil. Plumb saltou de pára-quedas, foi capturado e passou seis anos numa prisão norte-vietnamita.

Ao retornar aos Estados Unidos, passou a dar palestras relatando sua odisséia e o que aprendera na prisão. Certo dia, num restaurante, foi saudado por um homem. "Olá, você é Charles Plumb, era piloto no Vietnã e foi derrubado, não é mesmo?" "Sim, como sabe?", perguntou Plumb."Era eu quem dobrava o seu pára-quedas.

Parece que funcionou bem, não é verdade?" Plumb quase se afogou de surpresa e com muita gratidão respondeu: "claro que funcionou, caso contrário eu não estaria aqui hoje".

Ao ficar sozinho naquela noite, Plumb não conseguia dormir, pensando e perguntando-se: "quantas vezes vi esse homem no porta-aviões e nunca lhe disse bom dia? Eu era um piloto arrogante e ele um simples marinheiro".

Pensou também nas horas que o marinheiro passou humildemente no barco enrolando os fios de seda de vários pára-quedas, tendo em suas mãos a vida de alguém que não conhecia. Agora, Plumb inicia suas palestras perguntando à sua platéia: "quem dobrou o seu pára-quedas hoje"?

Todos temos alguém cujo trabalho é importante para que possamos seguir adiante. Precisamos de muitos pára-quedas durante o dia: um físico, um emocional, um mental e até um espiritual.

Às vezes, nos desafios que a vida nos apresenta diariamente, perdemos de vista o que é verdadeiramente importante e as pessoas que nos salvam no momento oportuno sem que lhes tenhamos pedido.

Deixamos de saudar, de agradecer, de felicitar alguém, ou ainda simplesmente de dizer algo amável. Hoje, esta semana, este ano, cada dia, procura dar-te conta de quem prepara teu pára-quedas, e agradece-lhe.

Ainda que não tenhas nada de importante a dizer, envia esta mensagem a quem fez isto alguma vez. E manda-a também aos que não o fizeram.

As pessoas ao teu redor notarão esse gesto, e te retribuirão preparando teu pára-quedas com esse mesmo afeto.

Todos precisamos uns dos outros, por isso, mostra-lhes tua gratidão.Às vezes as coisas mais importantes da vida dependem apenas de ações simples. Só um telefonema, um sorriso, um agradecimento, um Gosto de Você, um Te Amo.

Vamos nos permitir ser mais atenciosos com as pessoas que estão ao nosso redor. É tão bom ouvir um bom dia das pessoas que fazem parte de nosso dia. Seja amável com as pessoas que convive, pois cada uma delas contribui de alguma forma em sua vida. Pense sempre que quando agimos com gratidão também vamos receber a mesma em troca. E você está preparando o seu pára-quedas?

A Google anunciou a expansão de seu serviço de ligações para telefones fixos e celulares através do Gmail

O serviço estava disponível somente nos Estados Unidos desde o ano passado e agora foi liberado para mais 150 países em 38 línguas diferentes, incluindo o Brasil.

Os interessados podem adquirir créditos para ligações em diferentes tipos de moedas (Euro, Libra Esterlina, Dólar Canadense e Dólar Americano). Segundo o Google, não há cobrança de taxas e o gasto se refere somente ao tempo utilizado na ligação.

valor das tarifas também foi reduzido e algumas ligações chegam a ser mais baratas que no Skype. Ligações nacionais para telefones fixos ficam em torno de US$ 0,03 e para celulares US$ 0,15 o minuto.

O serviço será liberado aos poucos para todos os usuários dos países listados pelo Google e será identificado por um ícone de telefone verde no alto da janela de listagem do chat no Gmail. Para utilizar o serviço será necessário instalar o plug-in de bate-papo em voz e vídeo.