Gazela olho e canela o musical

Coisinhas banais

TT Catalão

O natural e o estranho

O cartunista Plantu na capa do Le Monde nos lembra do quanto é "natural" aceitar nossa cultura e o quanto a cultura dos outros é "estranha". Atletas muçulmanos queriam entrar na arena de véu. Foram acusados como "fanáticos religiosos" pela mídia. O atleta da Jamaica fez o sinal da cruz. Ninguém fez nenhum comentário pelo natural (a nós ocidentais) gesto por pedido de graças do cristão.

Tudo isso em plena Olimpíada consagrada aos valores da tolerância e a paz entre os povos que, acertadamente, permitiram o uso do acessório no equipamento esportivo.

Passou batida a relação de polêmica se é véu e óbvio se for cruz. Plantu acentuou. Coisa desses "chatos" críticos da passividade média especialmente na França que debate o uso de véus nas escolas com o argumento do Estado laico sem crucifixos em prédios públicos. Importa é que realmente perdemos a distinção entre um ato cultural de identidade e um ato extremista provocador.

Uma expressão religiosa ofender outra de prática diferente é uma raiz escandalosa do grau de fascismo. Começa em "coisinhas" aparentemente banais e potencializam insanidades maiores.

A mesma contaminação das cabecinhas (por desinformação programada, lavagem cerebral patriótica ou pura narcose midiática) levou mais um maluco atirador, nos EUA, a fuzilar membros sikh (monoteistas do Punjab região entre India e Paquistão) como se fossem muçulmanos. E o noticiário ressaltou mais o engano de etnia que o ato em si. Como se intuíssem "nem muçulmanos eram"!

Parecem os famigerados playboys brasilienses que incendiaram um índio e argumentaram "mas pensávamos que era um mendigo"!

Dia dos Pais

Pai
você vive aqui dentro de mim
Te Amo
Arte 

Mensalão: a obra de ficção

Roberto Monteiro Gurgel Santo, vulgo Gurjô - Procurador -Geral da República - lançará um livro de ficção logo após o julgamento do mensalão. A obra cujo título provisório é " Mensalão: uma invenção da tucademopiganalhada, terá patrocínio do GAFE - Globo, Abril, Folha, Estadão -. " Reuni manchetes e reporcagens publicadas, televisionadas e internadas pelo Pig desde 2005, disse Gurjô, ao anunciar que concorrerá a uma vaga na ABL - Academia Brasileira de Letras - e que desde já tem o voto e apoio incondicional do Merdal.

O prefácio -inédito - será escrito a seis mãos. Foram convidados e aceitaram a tarefa os paladinos da moral e ética piguiniana Demonis Torris, Policarputu Junior e Carlinho Caganeira.

Desde já, o lançamento do livro tem garantido uma claque tucademo que manifestará genuína admiração




Pig: o complexado


Midas é um personagem da mitologia grega, rei da cidade de Frígia, possuidor de atributo bem peculiar: tudo em que tocava se transformava em ouro, um mito que adquiriu um caráter simbólico e metafórico na sociedade moderna e que analisa, disseca, certos comportamentos  nos quais se sobrassaem a tendência a imaginar-se para além do que se realmente é. Uma espécie de assunção de poderes  imaginários, uma capacidade além da real de intervir na realidade, uma onipotência, que em psicologia se passou a denominar de Complexo de Midas. 
Por esse aspecto, a mídia em geral, e a chamada "grande mídia", padece desse Complexo. Avalia-se capaz de, num simples "toque", mudar o que acha que deve ser mudado. E esse "toque" ou "toques" estão diariamente estampados no diários e noticiosos de TV e Rádio, numa nítida e absurda inversão advinda dessa falsa consciência de que se a realidade não se amolda à suas percepções ou aspirações, então que a mesma se dane. Continua>>>

Tem Pai de todo jeito

Tem pai que ama, Tem pai que esquece do amor. 
Tem pai que adota, Tem pai que abandona. 
Tem pai que não sabe que é pai, Tem filho que não sabe do pai. 
Tem pai de todo jeito.

Tem pai que dá amor, Tem pai que dá presente. 
Tem pai por amor, Tem pai por acaso. 
Tem pai que se preocupa com os problemas dos filho, Tem pai que não sabe que os filhos tem problemas. 
Tem pai de todo jeito.

Tem pai que ensina, Tem pai que não tem tempo. 
Tem pai que sofre com o sofrimento do filho, Tem pai que deixa o filho esquecido. 
Tem pai que encaminha o filho, Tem pai que o deixa no caminho. 
Tem pai de todo jeito.

Tem pai que assume, Tem pai que rejeita. 
Tem pai que acaricia, Tem pai que não sabe onde está o filho que precisa de carinho. 
Tem pai que afaga, Tem pai que só pensa em negócios. 
Tem pai de todo jeito.

E você?
Que tipo de pai você é? 

Eu quero um pai, apenas um pai que esteja consciente do amor que tem para dividir. 
Eu quero um pai, apenas um pai que seja AMIGO! 
A todos os Pais, um carinhoso abraço! 
Deus Pai os abençoe!

Rapinagem Germany


por Luis Fernando Veríssimo

A melhor observação que li sobre a crise das dívidas na Europa foi a de um leitor da “London Review of Books” que, numa carta à publicação, comenta as queixas dos alemães inconformados com a obrigação de mandar seus euros saudáveis para sustentar a combalida economia grega.

O leitor estranha que ninguém se lembre de perguntar sobre as grandes reservas de ouro que os alemães levaram da Grécia durante a Segunda Guerra Mundial — e nunca devolveram. Só os hipotéticos juros devidos sobre o valor do ouro roubado dariam para resolver, ou pelo menos atenuar, a crise grega.
O autor da carta poderia estranhar também o silêncio que envolve um exemplo mais antigo de pilhagem, a dos tesouros artísticos da Grécia Antiga levados na marra e de graça para os grandes museus da Alemanha. Seu valor garantiria com sobras a ajuda aos gregos que os alemães estão dando com cara feia.
É claro que se, num acesso de remorso, os alemães decidissem devolver ou pagar o que levaram da Grécia estaria estabelecido um precedente interessante: a América poderia muito bem reivindicar algum tipo de retribuição da Europa pelo ouro e pela prata que levaram daqui sem gastar nada e sem pedir licença, durante anos de pilhagem.
Que não deixaram nada no seu rastro salvo plutocracias que continuaram a pilhagem e sociedades resignadas à espoliação. Alguém deveria fazer um calculo de quanto a metrópole deve às colônias pelo que não pagou de direitos de mineração no tempo da rapinagem desenfreada. Só por farra.
Quanto às reservas de ouro levadas da Grécia pela Alemanha nazista, a observação do leitor da “London Review” mostra como a História não é linear, é um encadeamento. A atual crise do euro e da comunidade europeia é a crise de um sonho de unidade que asseguraria a paz e evitaria a repetição de tragédias como as das duas grandes guerras.
Sua meta era uma igualdade econômica, que dependia de um equilíbrio de forças, que dependia de a Alemanha como potência econômica ser diferente da Alemanha que invadiu e saqueou meia Europa.
Os alemães atuais não têm culpa pelos desmandos dos nazistas, mas não podem renunciar à força desestabilizadora que têm, que continuam a ter. Como a Grécia não pode evitar de ter saudade do seu ouro, do qual nunca mais ouviu falar.