Prá desopilar,

Como funciona a mídia no Brasil


O ex Ministro dos Esportes Orlando Silva foi massacrado pela grande mídia brasileira por ter comprado uma tapioca. Depois foi bombardeado por todo tipo de acusação e inocentado.

Já o magistrado Joaquim Barbosa comprou um apartamento em Miami por um milhão de reais através de uma empresa de fachada, criada só pra isso, o que contraria a Lei da Magistratura e o Estatuto do Servidor e a grande mídia nem toca no assunto. JB também não explica como os dólares foram parar em Miami, nem o porquê do contrato de venda ser de somente 10 dólares.

Só a Folha, Jornal do Brasil e o Portal Terra publicaram, em matérias pequenas.

Como os donos da mídia sonham com Joaquim Barbosa como alternativa (possibilidade cada vez mais distante) para derrotar Dilma, nem tocam no assunto mais, ninguém sabe, ninguém viu. 




Qual o melhor smartphone?

no Olhar Digital
Antes de mais nada, é bom que se diga: são aparelhos de gerações diferentes. Uns chegaram ao mercado há quase um ano, outros são mais recentes e estão nas prateleiras há pouco tempo. Mas eles são os smartphones mais potentes e mais caros disponíveis no mercado brasileiro no momento. Vamos ver quem é campeão. E vamos começar a avaliação logo por um dos itens mais essenciais em qualquer aparelho...

... a tela
Aqui, temos uma disputa entre os grandes e o pequeno. Os maiores são o Galaxy S4 e o Xperia ZQ, com 5 polegadas de tela. Logo em seguida vêm o Optimus G, com 4,7, mesma medida do Razr HD. O menorzinho é o iPhone 5, com suas 4 polegadas. Perto dos outros, ele parece bem pequenino.

Para ver vídeos e fotos é realmente bacana ter uma tela maior. O Galaxy S4 usa a tecnologia Super Amoled, que chama atenção principalmente pelo contraste – às vezes até alto demais, o que normalmente deixa as cores mais quentes e saturadas. No iPhone 5, ainda que o contraste não seja tão alto, a tela Retina mostra cores mais naturais e fieis à realidade – o que é interessante na hora das fotos. Agora, para ver vídeos, o alto contraste do Samsung chama atenção... preste atenção principalmente na diferença dos tons de preto.

Quem também faz bonito no quesito tela é o Xperia ZQ. Junto com o Galaxy S4, ele é o único aparelho que também é Full HD, o que dá uma boa diferença na qualidade de imagem. Mas a tela do Xperia não é tão contrastada quanto a do Galaxy e, por isso, ele se sai melhor que o Samsung quanto o assunto são fotos. Já nos vídeos, o Samsung continua na frente.

Fechando esse circuito das telas, temos o Optimus G, que também oferece uma tela com ótimo desempenho. Ela é bem similar à do iPhone, aliás, com tecnologia LCD IPS.

Por fim, temos o Razr HD. Que fecha esse grupo, mas não fica muito atrás dos outros, com uma tela com ótima qualidade, ainda que seja, tecnologicamente, a mais simples. Ou seja: no quesito tela, temos um empate entre Galaxy S4 e Xperia ZQ. Em seguida, outro empate entre iPhone 5 e Optimus G e, um pouco mais atrás, o Razr HD.

León Ferrari: provocador, controverso, polêmico, ateu e herege

por Gabriela Antunes
Enquanto o Papa era recebido no Brasil com honras de sucessor de São Francisco de Assis, aclamado o pontífice da justiça social e alcançava a quase inédita e unânime simpatia dos brasileiros por um argentino, León Ferrari agonizava em Buenos Aires.
Provocativo, controverso, polêmico, ateu e herege. Quando o artista plástico amarrou uma estátua de Jesus Cristo a uma réplica de um caça norte-americano para protestar contra a guerra do Vietnam e uma igreja que considerava opressora, jamais imaginaria que o homem que chegou a acusá-lo de blasfemar se tornaria o Papa Francisco. “Fiz esta obra porque estavam bombardeando o Vietnam em defesa da civilização ocidental (...). Por outro lado, está a crueldade do cristianismo, representada pela figura de Cristo”, explicou Ferrari à imprensa.
“Nos anos oitenta, criei uma série de obras que se chamava ‘Para Hereges’. Eram gravuras que misturavam motivos orientais e religiosos. O pior da religião é castigar os que não pensam como eles, o auge da intolerância.
E a intolerância mais extrema é a danação por fogo eterno. Essa mesma intolerância abrange toda a sociedade”, disse uma vez em entrevista o artista, considerado pelo jornal “The New York Times” um dos cinco maiores artistas conceituais do século XX.
Crítico ferrenho da sociedade “ocidental e cristã” e ativista dos direitos humanos, Ferrari, que tem um filho desaparecido durante a ditadura, deixou a Argentina no período de repressão do Governo militar, na década de 70, exilando-se em São Paulo. Retornou a Buenos Aires em 1991.
Em 2004, uma retrospectiva do artista no bairro portenho de Recoleta levou mais de 70 mil pessoas ao centro cultural local, enquanto o então Cardeal Jorge Mario Bergoglio travava uma cruzada contra o artista e sua exposição. Fanáticos religiosos chegaram a vandalizar suas obras e a justiça da época decidiu fechar a mostra, reaberta posteriormente graças a uma decisão das instâncias jurídicas superiores.
A exibição continha provocações explícitas, como santos e imagens consideradas sagradas pela Igreja católica dentro de frigideiras e liquidificadores.
“Ferrari criticou como poucos a paixão ocidental pela crueldade e o crime”, escreveu o jornalista Fabián Lebenglik, na edição de ontem do jornal Pg 12.
Em 2009, o artista chegou a brincar com a rixa dele com Bergoglio, afirmando que “pensou muito nele” quando recebeu, durante a Bienal de Veneza, o Leão de Ouro, um dos mais prestigiados prêmios das artes.
Antes de morrer, as declarações do artista foram mais sombrias: Ferrari qualificou a ascensão do Bergoglio à condição de Papa como “um horror”.

MINI GRANAS NO MEGA CITY: RADIO MINI GRANAS.

MINI GRANAS NO MEGA CITY: RADIO MINI GRANAS.

Planalto despreocupado com os adversários para 2014

Aécio, Serra, Marina e Campos não são tidos como ameaça. 
Dilma, Lula, Dirceu e operadores políticos do PT e do governo enxergam na base aliada o adversário mais forte. Acreditam que conciliar os interesses estaduais - eleição para governador -, com a prioridade para reeleição da presidente é o verdadeiro dilema do momento.

A queda da popularidade não é sequer levada a sério. A mais de um ano para o pleito, especialistas afirmam que isso não tem a importância que setores políticos, empresariais e midiáticos estão dando. É vento para criar manchete de jornalecos e revistinhas de quinta categoria a serviço da oposição.

Dilma, Lula, Dirceu e a maioria absoluta dos analistas políticos do PT acreditam que entre os prováveis candidatos - Aécio, Serra, Marina e Campos(?) -, os que terão as maiores votações são: Serra e Marina. Aécio e Campos disputariam a quarta colocação.

A presidente deixa as especulações para os responsáveis pela campanha e afirma: "a prioridade agora é governar. Mostrar o que já fizemos e ainda faremos até a eleição. Sem esquecer de também mostrar quais os resultados (no futuro) do que estamos fazendo agora."

No setor da saúde o Programa Mais Médicos é o carro chefe.

Na Educação o conjunto da obra.

Na habitação o Minha Casa, Minha Vida.

Na economia o destaque é para o emprego e inflação.

O governo não subestima nenhum adversário mas, ri de algumas análises feitas por especialistas eleitorais.

A levar em conta o resultados da ultimas eleições é bom a oposição colocar as barbas de molho.

Pode ser que em 2014 eles saiam mais fracos e divididos do que no início da campanha.

Enquanto o PT dispõe de Lula e Dilma como líderes, a oposição não tem nenhum.

IstoÉ: Onestidade tucana

Ao analisar documentos da Siemens, empresa integrante do cartel que drenou recursos do Metrô e trens de São Paulo, o Cade e o MP concluíram que os cofres paulistas foram lesados em pelo menos R$ 425 milhões
Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas 
PROPINODUTO 
Segundo integrantes do MP e do Cade, seis projetos de trem e metrô investigados apresentaram sobrepreço de 30%
Na última semana, ISTOÉ publicou documentos inéditos e trouxe à tona o depoimento voluntário de um ex-funcionário da multinacional alemã Siemens ao Ministério Público. Segundo as revelações, o esquema montado por empresas da área de transporte sobre trilhos em São Paulo para vencer e lucrar com licitações públicas durante os sucessivos governos do PSDB nos últimos 20 anos contou com a participação de autoridades e servidores públicos e abasteceu um propinoduto milionário que desviou dinheiro das obras para políticos tucanos. Toda a documentação, inclusive um relatório do que foi revelado pelo ex-funcionário da empresa alemã, está em poder do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para quem a Siemens – ré confessa por formação de cartel – vem denunciando desde maio de 2012 as falcatruas no Metrô e nos trens paulistas, em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos. Até semana passada, porém, não se sabia quão rentável era este cartel.
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Ao se aprofundarem, nos últimos dias, na análise da papelada e depoimentos colhidos até agora, integrantes do Cade e do Ministério Público se surpreenderam com a quantidade de irregularidades encontradas nos acordos firmados entre os governos tucanos de São Paulo e as companhias encarregadas da manutenção e aquisição de trens e da construção de linhas do Metrô e de trens. Uma das autoridades envolvidas na investigação chegou a se referir ao esquema como uma fabulosa história de achaque aos cofres públicos, num enredo formado por pessoas-chaves da administração – entre eles diretores do metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) –, com participação especial de políticos do PSDB, os principais beneficiários da tramoia. Durante a apuração, ficou evidente que o desenlace dessa trama é amargo para os contribuintes paulistas. A investigação revela que o cartel superfaturou cada obra em 30%. É o mesmo que dizer que os governantes tucanos jogaram nos trilhos R$ 3 de cada R$ 10 desembolsado com o dinheiro arrecadado dos impostos. Foram analisados 16 contratos correspondentes a seis projetos. De acordo com o MP e o Cade, os prejuízos aos cofres públicos somente nesses negócios chegaram a RS 425,1 milhões. Os valores, dizem fontes ligadas à investigação ouvidas por ISTOÉ, ainda devem se ampliar com o detalhamento de outros certames vencidos em São Paulo pelas empresas integrantes do cartel nesses e em outros projetos.
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Entre os contratos em que o Cade detectou flagrante sobrepreço está o de fornecimento e instalação de sistemas para transporte sobre trilhos da fase 1 da Linha 5 Lilás do metrô paulista. A licitação foi vencida pelo consórcio Sistrem, formado pela empresa francesa Alstom, pela alemã Siemens juntamente com a ADtranz (da canadense Bombardier) e a espanhola CAF. Os serviços foram orçados em R$ 615 milhões. De acordo com testemunhos oferecidos ao Cade e ao Ministério Público, esse contrato rendeu uma comissão de 7,5% a políticos do PSDB e dirigentes da estatal. Isso significa algo em torno de R$ 46 milhões só em propina. “A Alstom coordenou um grande acordo entre várias empresas, possibilitando dessa forma um superfaturamento do projeto”, revelou um funcionário da Siemens ao MP. Antes da licitação, a Alstom, a ADtranz, a CAF, a Siemens, a TTrans e a Mitsui definiram a estratégia para obter o maior lucro possível. As companhias que se associaram para a prática criminosa são as principais detentoras da tecnologia dos serviços contratados.
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O responsável por estabelecer o escopo de fornecimento e os preços a serem praticados pelas empresas nesse contrato era o executivo Masao Suzuki, da Mitsui. Sua empresa, no entanto, não foi a principal beneficiária do certame. Quem ficou com a maior parte dos valores recebidos no contrato da fase 1 da Linha 5 Lilás do Metrô paulista foi a Alstom, que comandou a ação do cartel durante a licitação. Mas todas as participantes entraram no caixa da propina. Cada empresa tinha sua própria forma de pagar a comissão combinada com integrantes do PSDB paulista, segundo relato do delator e ex-funcionário da Siemens revelado por ISTOÉ em sua última edição. Nesse contrato específico, a multinacional francesa Alstom e a alemã Siemens recorreram à consultoria dos lobistas Arthur Teixeira e Sérgio Teixeira. Documentos apresentados por ISTOÉ na semana passada mostraram que eles operam por meio de duas offshores localizadas no Uruguai, a Leraway Consulting S/A e Gantown Consulting S/A. Para não deixar rastro do suborno, ambos também se valem de contas em bancos na Suíça, de acordo a investigação.

PEDIDO DE CPI
Líder do PT na Assembleia Legislativa,
Luiz Claudio Marcolino, trabalha pela abertura de inquérito
No contrato da Linha 2 do Metrô, o superfaturamento identificado até agora causou um prejuízo estimado em R$ 67,5 milhões ao erário paulista. As licitações investigadas foram vencidas pela dupla Alstom/Siemens e pelo consórcio Metrosist, do qual a Alstom também fez parte. O contrato executado previa a prestação de serviços de engenharia, o fornecimento, a montagem e a instalação de sistemas destinados à extensão oeste da Linha 2 Verde. Orçado inicialmente em R$ 81,7 milhões, só esse contrato recebeu 13 reajustes desde que foi assinado, em outubro de 1997. As multinacionais francesa e alemã ficaram responsáveis pelo projeto executivo para fornecimento e implantação de sistemas para o trecho Ana Rosa/ Ipiranga. A Asltom e a Siemens receberam pelo menos R$ 143,6 milhões para executar esse serviço.
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O sobrepreço de 30% foi estabelecido também em contratos celebrados entre as empresas pertencentes ao cartel e à estatal paulista CPTM. Entre eles, o firmado em 2002 para prestação de serviços de manutenção preventiva e corretiva de dez trens da série 3000. A Siemens ganhou o certame por um valor original de R$ 33,7 milhões. Em seguida, o conglomerado alemão subcontratou a MGE Transportes para serviços que nunca foram realizados. A MGE, na verdade, serviu de ponte para que a Siemens pudesse efetuar o pagamento da propina de 5% acertada com autoridades e dirigentes do Metrô e da CPTM. O dinheiro da comissão – cerca de R$ 1,7 milhão só nessa negociata, segundo os investigadores – mais uma vez tinha como destino final a alta cúpula da estatal e políticos ligados ao PSDB. A propina seria distribuída, segundo depoimento ao Cade ao qual ISTOÉ teve acesso, pelo diretor da CPTM, Luiz Lavorente. Além da MGE, a Siemens também recorreu à companhia japonesa Mitsui para intermediar pagamentos de propina em outras transações. O que mais uma vez demonstra o quão próxima eram as relações das empresas do cartel que, na teoria, deveriam concorrer entre si pelos milionários contratos públicos no setor de transportes sobre trilhos. O resultado da parceria criminosa entre as gigantes do setor pareceu claro em outros 12 contratos celebrados com a CPTM referentes às manutenções dos trens das séries 2000 e 2100 e o Projeto Boa Viagem, que já foram analisados pelo CADE. Neles, foi contabilizado um sobrepreço de aproximadamente R$ 163 milhões.
Não é por acaso que as autoridades responsáveis por investigar o caso referem-se ao esquema dos governos do PSDB em São Paulo como uma “fabulosa história”. O superfaturamento constatado nos contratos de serviços e oferta de produtos às estatais paulistanas Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos [CPTM] supera até mesmo os índices médios calculados internacionalmente durante a prática deste crime. Cálculos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, por exemplo, apontam que os cartéis ocasionam um prejuízo aos cofres públicos de 10% a 20%. No caso destes 16 contratos, a combinação de preços e direcionamentos realizados pelas companhias participantes da prática criminosa levaram a um surpreendente rombo de 30% aos cofres paulistas.

Diante das denúncias, na última semana o PT e outros partidos oposicionistas em São Paulo passaram a se movimentar para tentar aprovar a instalação de uma CPI. “O governador Geraldo Alckmin diz querer que as denúncias do Metrô e da CPTM sejam apuradas. Então, que oriente a sua bancada a protocolar o pedido de CPI, pelo menos, desta vez”, propôs o líder do PT na Assembleia paulista, Luiz Cláudio Marcolino. “É flagrante que os contratos precisam ser revisados. Temos de ter transparência com o dinheiro público independente de partido”, diz ele. Caso a bancada estadual do PT não consiga aprovar o pedido, por ter minoria, a sigla tentará abrir uma investigação na Câmara Federal. “Não podemos deixar um assunto desta gravidade sem esclarecimentos. Ainda mais quando se trato de acusações tão contundentes de desvios de verbas públicas”, afirmou o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP). O que se sabe até agora já é suficiente para ensejar um inquérito. Afinal, trata-se de um desvio milionário de uma das principais obras da cidade mais populosa do País e onde se concentra o maior orçamento nacional. Se investigada a fundo, a história do achaque de 30% aos cofres públicos pode trazer ainda mais revelações fabulosas.
Queima de arquivo
Uma pasta amarela com cerca de 200 páginas guardada na 1ª Vara Criminal do Fórum da cidade de Itu, interior paulista, expõe um lado ainda mais sombrio das investigações que apuram o desvio milionário das obras do metrô e trens metropolitanos durante governos do PSDB em São Paulo nos últimos 20 anos. Trata-se do processo judicial 9900.98.2012 que investiga um incêndio criminoso que consumiu durante cinco horas 15.339 caixas de documentos e 3.001 tubos de desenhos técnicos. A papelada fazia parte dos arquivos do metrô armazenados havia três décadas. Entre os papeis que viraram cinzas estão contratos assinados entre 1977 e 2011, laudos técnicos, processos de contratação, de incidentes, propostas, empenhos, além de relatórios de acompanhamento de contratos de 1968 até 2009. Sob segredo de Justiça, a investigação que poderá ser reaberta pelo Ministério Público, diante das novas revelações sobre o caso feitas por ISTOÉ, acrescenta novos ingredientes às já contundentes denúncias feitas ao Cade pelos empresários da Siemens a respeito do escândalo do metrô paulista. Afinal, a ação dos bandidos pode ter acobertado a distribuição de propina, superfaturamento das obras, serviços e a compra e manutenção de equipamentos para o metrô paulista.

Segundo o processo, na madrugada do dia 9 de julho do ano passado, nove homens encapuzados e armados invadiram o galpão da empresa PA Arquivos Ltda, na cidade de Itu, distante 110 km da capital paulista, renderam os dois vigias, roubaram 10 computadores usados, espalharam gasolina pelo prédio de 5 mil m² e atearam fogo. Não sobrou nada. Quatro meses depois de lavrado o boletim de ocorrência, nº 1435/2012, a polícia paulista concluiu que o incêndio não passou de um crime comum. “As investigações não deram em nada”, admite a delegada de Policia Civil Milena, que insistiu em se identificar apenas pelo primeiro nome. “Os homens estavam encapuzados e não foram identificados”, diz a policial. Investigado basicamente como sumiço de papéis velhos, o incêndio agora ganha ares de queima de arquivo. O incidente ocorreu 50 dias depois de entrar em vigor a Lei do Acesso à Informação, que obriga os órgãos públicos a fornecerem cópias a quem solicitar de qualquer documento que não seja coberto por sigilo legal, e quatro meses depois de começarem as negociações entre o Cade e a Siemens para a assinatura do acordo de leniência, que vem denunciando as falcatruas no metrô e trens paulistas. “Não podemos descartar que a intenção desse crime era esconder provas da corrupção”, entende o deputado Luiz Cláudio Marcolino, líder do PT na Assembleia Legislativa do Estado.
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Além das circunstâncias mais do que suspeitas do incêndio, documentos oficiais do governo, elaborados pela gerência de Auditoria e Segurança da Informação (GAD), nº 360, em 19 de setembro passado, deixam claro que o galpão para onde foi levado todo o arquivo do metrô não tinha as mínimas condições para a guarda do material. Cravado em plena zona rural de Itu, entre uma criação de coelhos e um pasto com cocheiras de gado, o galpão onde estavam armazenados os documentos não tinha qualquer segurança. Poderia ser facilmente acessado pelas laterais e fundos da construção.

De acordo com os documentos aos quais ISTOÉ teve acesso, o governo estadual sabia exatamente da precariedade da construção quando transferiu os arquivos para o local. O relatório de auditoria afirma que em 20 de abril de 2012 - portanto, três dias depois da assinatura do contrato entre a PA Arquivos e o governo de Geraldo Alckmin - o galpão permanecia em obras e “a empresa não estava preparada para receber as caixas do Metrô”. A comunicação interna do governo diz mais. Segundo o laudo técnico do GAD, “a empresa não possuía instalações adequadas para garantir a preservação do acervo documental”. Não havia sequer a climatização do ambiente, item fundamental para serviços deste tipo.

O prédio foi incendiado poucos dias depois da migração do material para o espaço. “Não quero falar sobre esse crime”, disse um dos proprietários da empresa, na época do incêndio, Carlos Ulderico Botelho. “Briguei com o meu sócio, sai da sociedade e tomei muito prejuízo. Esse incêndio foi estranho. Por isso, prefiro ficar em silêncio”. Outra excentricidade do crime é que o fato só foi confirmado oficialmente pelo governo seis meses depois do ocorrido. Em 16 páginas do Diário do Diário Oficial, falou-se em “sumiço” da papelada. Logo depois da divulgação do sinistro, o deputado estadual do PT, Simão Pedro, hoje secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo, representou contra o Governo do Estado no Ministério Público Estadual. “Acredita-se que os bandidos tenham provocado o incêndio devido o lugar abrigar vários documentos”. Para o parlamentar, “esse fato sairia da hipótese de crime de roubo com o agravante de causar incêndio, para outro crime, de deliberada destruição de documentos públicos”, disse Simão, em dezembro passado. Procurados por ISTOÉ, dirigentes do Metrô de SP não quiseram se posicionar.