Um homem ridículo pode mudar a vida da gente.
ALEX CASTRO
Lula manda recado para o PMDB
Paulo Coelho: afastando fantasmas
Durante anos, Hitoshi tentou - inutilmente - despertar o amor daquela que acreditava ser a mulher de sua vida. Mas o destino é irônico: no mesmo dia que ela finalmente o aceitou como futuro marido, também descobriu que estava com uma doença incurável, e não deveria mais viver por muito tempo.
Seis meses depois, já a beira da morte, ela pediu:
- Você vai me prometer uma coisa: jamais se apaixonará de novo. Se fizer isso, voltarei todas as noites para assombrá-lo.
E fechou os olhos para sempre. Durante muitos meses, Hitoshi evitou aproximar-se de outras mulheres, mas o destino continuou irônico, e ele descobriu um novo amor. Quando preparava para casar-se, o fantasma da ex-amada cumpriu sua promessa, e apareceu.
- Você está me traindo - disse.
- Durante anos eu lhe entreguei o meu coração, e você não me correspondia - respondeu Hitoshi. - Não acha que mereço uma segunda chance de ser feliz?
Mas o fantasma da ex-amada não quis saber de desculpas e, todas as noites, vinha assustá-lo. Contava em detalhes o que tinha acontecido durante o dia, que palavras de amor ele dissera a sua noiva, quantos beijos e abraços haviam trocado.
Hitoshi já não podia mais dormir, e foi procurar o mestre zen Bashô.
- É um fantasma muito esperto - disse Bashõ.
- Ela sabe tudo, nos menores detalhes! E já está levando o meu noivado ao fim, porque não consigo dormir, e, nos momentos de intimidade com minha amada, fico constrangido.
- Vamos afastar este fantasma - garantiu Bashô.
Naquela noite, quando o fantasma retornou, Hitoshi interrompeu-o antes que dissesse a primeira frase.
- Você é um fantasma tão sábio, que vamos fazer um trato. Como você me vigia todo tempo, vou perguntar algo que fiz hoje; se acertar, eu largo minha noiva e nunca mais terei mulher alguma. Se errar, você promete não tornar a aparecer, sob pena de ser condenada pelos deuses a vagar para sempre na escuridão.
- De acordo - respondeu o fantasma, confiante.
- Esta tarde, eu estava na mercearia, e, em determinado momento, peguei um punhado de grãos de trigo de dentro de um saco.
- Eu vi - disse o fantasma.
- A pergunta é a seguinte: quantos grãos de trigo eu segurei?
O fantasma, na mesma hora, entendeu que não conseguiria jamais responder à pergunta. Para evitar ser perseguido pelos deuses na escuridão eterna, resolveu desaparecer para sempre.
Dois dias depois, Hitoshi foi até a casa do mestre zen.
- Vim agradecê-lo.
- Aproveite para aprender as lições que fazem parte desta sua experiência - respondeu Bashô.
"Em primeiro lugar, aquele espírito voltava sempre porque você tinha medo. Se quiser afastar uma maldição, não lhe dê nenhuma importância".
"Segundo: o fantasma tirava proveito de sua sensação de culpa: quando nos sentimos culpados, sempre desejamos - inconscientemente - o castigo".
"E finalmente: ninguém que realmente o amasse iria obrigá-lo a fazer este tipo de promessa. Se você quer entender o amor, aprenda a liberdade".
Cley Mendes: Acabei de ver uma cena ridicula na novela : o Felix chamando a secretaria dele de cadéla, pode isso ?
Pode. A secretária dele é loira.
O que não pode é chamar uma secretária negra de macaca. Seria crime, capicce?
E viva o combate ao preconceito, a discriminação.
Viva a igualdade racial.
O que me espanta é as ongs defensores dos animais não protestaram.
Leilão de Libra: Dilma está certa
A presidente Dilma Rousseff tem recebido duras críticas da esquerda e da direita pela forma e a hora em que será leiloado o campo de petróleo de Libra. São ataques equivocados. No caso de Libra, o modelo é o melhor para o país.
No final governo Lula, foram encaminhados ao Congresso projetos para mudar o sistema de exploração de petróleo no Brasil. A principal proposta substituiu o regime de concessão pelo regime de partilha.
Libra é um campo em que já está provada a grande capacidade de produção. É a maior reserva de petróleo na camada pré-sal, com capacidade de entregar de 8 bilhões a 12 bilhões de barris.
No regime de concessão, haveria o pagamento da participação especial, além do bônus de assinatura e dos royalties. No regime de partilha, a participação especial cedeu lugar à partilha do óleo produzido.
A participação especial é adequada para a exploração de campos em que há risco. Se se descobrir óleo em abundância, cobra-se a participação. Se não, ela inexiste.
No caso do pré-sal, as reservas estão mais do que comprovadas. O regime de partilha permite melhor controle sobre a exploração, como definição do ritmo de extração e o uso da riqueza de uma maneira estratégica. Por exemplo, para turbinar uma política industrial adequada.
Nesse regime, o Estado continua a ser o dono do óleo. No de participação especial, a propriedade é da empresa, que o explora dentro de uma lógica mais comercial, o que não é necessariamente um problema. A definição de uma alíquota de participação especial pode atender aos interesses do Estado, mas é fato que ele tem menos controle sobre o processo de produção.
Os críticos à direita dizem que Dilma e Lula erraram ao mudar o modelo de exploração de petróleo. Afirmam que o viés estatizante é prejudicial ao ritmo de produção e que a mudança para o regime de partilha foi mero fetiche ideológico.
Os críticos à esquerda acreditam que o regime de partilha é insuficiente, porque o Brasil não deveria dividir com nenhuma empresa estrangeira uma riqueza tão imensa. Para eles, a Petrobras deveria tocar sozinha a extração.
Aí a porca torce o rabo.
A Petrobras não tem capital para fazer sozinha um investimento dessa magnitude. O PT demorou a entender que o Estado não tem condição de fazer determinados investimentos por conta própria. Nem nossa principal empresa, que é estatal, conseguirá tocar Libra sem parceiros.
Por isso, faz sentido o modelo em que a Petrobras será a operadora, com participação mínima legal garantida de 30%. Os demais parceiros entram com capital e tecnologia nas mais diversas áreas de uma empreitada desse tamanho.
Nos últimos meses, o governo se empenhou em articulações com a China e os fundos de pensão públicos para turbinar o interesse da Petrobras por Libra. Se der certo a estratégia do Palácio do Planalto, a Petrobras terá papel preponderante na operação de Libra. Seria o mais adequado para o Brasil e para a Petrobras.
Sob ameaça de suspensão judicial, o leilão de Libra está marcado para segunda.
Depois que os Estados Unidos descobriram reservas imensas de gás de xisto e de o México ter aberto as portas às empresas americanas para explorar petróleo no golfo que leva o nome do país, Washington perdeu interesse pelo pré-sal brasileiro. O caso de espionagem contra Dilma e a Petrobras não justifica o adiamento ou cancelamento do leilão.
Kennedy Alencar