Assim caminha a humanidade

Francisco Amaro: "Pode ser impressão minha, mas passeando pelo perfil de comentaristas de páginas públicas, desses que falam "bolsa vagabundo", "bandido bom é bandido morto", "petralhas", etc., me espantou a quantidade de fotos de bichos fofinhos e lindas mensagens de defesa dos animais. Se alguém já fez a mesma observação, por favor, não me deixe aqui achando que estou paranoico."

Wilson Gomes: " Muitas dessas mesmas pessoas também colocam mensagens religiosas".

Desde já agradeço a todos que compartilharem a postagem

Prá desopilar

Desde já agradeço a todos que compartilharem a postagem. Obrigado!

Marina e Eduardo - Arcaico e Moderno

Não cabe neste honrado espaço enormes e profundas digressões sobre a sociologia política brasileira neste momento. Todavia, parece-nos que é o caso de utilizarmos as "ferramentas" da política para pensarmos um pouco sob a luz da recente aliança Campos-Marina. Ocorre que esta dupla reserva ao eleitorado uma soma inusitada entre o antigo e o moderno que precisa ser deduzida com certa urgência sob pena de a esfinge do eleitorado dragá-los e expeli-los.

Campos, com seus europeus olhos azuis, é homem que denota tradição (o ex-governador Miguel Arraes) e um carisma local (e não nacional). Todavia, falta-lhe o tempero da modernidade na política, aquele que no dizer de Max Weber está ligado ao entendimento mais completo da legalidade formal e dos limites (formais ou não) da democracia.

Marina, de outro lado, tem tradição calcada em luta política, é abastada de carisma pessoal e apega-se a visões de mundo estruturadas de forma ideal e, às vezes, um pouco distante da realidade objetiva. Saiu da floresta e provou-se astuta na associação que fez, mas ainda persiste em seu discurso certo exagero onírico.

Campos-Marina, enfim, não é uma combinação tal qual feijão com arroz. Está mais para uma mistura tropicalista, onde ele pensa no casamento e ela saboreia um açaí.

Campos-Marina : Moderno-Arcaico - 2

Se as diferenças de Campos e Marina são notórias, estas serão bem mais exploradas pelos seus opositores que os poços de petróleo de Eike Batista. Logo, por dedução lógica-política, é melhor mostrar logo para o respeitável público como a equação funciona entre os dois, sob pena de esta parceria virar inequação e terminar esquecida em algum lugar inabitado da Amazônia.

Para Marina cabe sair do respeitado discurso sobre a vocação política para a ação política concreta, dizer aquilo que vai fazer. Eduardo Campos terá de fazer que o leito do PSB, tão assoreado por nada ortodoxas alianças políticas, sobretudo nos Estados, não vire um atoleiro onde não andarão juntos a pureza ideal da política de Marina e o necessário pragmatismo na ação política.

A dúvida sobre a "cabeça de chapa" vai ficar até que se saiba sobre os efeitos externos desta surpresa política. Internamente, não há nada mais perigoso que as vaidades reinarem e desunirem o partido que já era um composto complexo e que sofreu mais uma mutação genética jamais vista nas últimas décadas no Brasil no âmbito formal dos partidos políticos.
Leia a íntegra em Campos-Marina: Moderno-Arcaico

Escolha o batom vermelho que combina com voce

Um homem ridículo pode mudar a vida da gente.

Estava eu sentado em uma mesa de calçada, tomando meu café da manhã, quando passa por mim um homem ridículo.
Andando pela rua de forma confiante e decidida. Completamente ignorante do fato de ser tão ridículo. De estar tão fora do padrão, da regra, do correto. De ser tão feio, tão mal-vestido, tão tosco. O homem ridículo estava todo errado.
ão vou descrever o homem ridículo. Seria impossível descrevê-lo sem ser cúmplice de sua ridicularização, sem fazer vocês também o acharem ridículo.
Porque, um segundo depois, bateu a culpa, caiu a ficha, estourou a consciência.
E pensei: para uma ou mais pessoas, esse homem ridículo é a pessoa mais amada da vida, a pessoa mais importante do mundo. Para algumas pessoas idosas, ele sempre vai ser o bebê lindo que foi um dia, a criança cheia de promessa, o adolescente vigoroso e energético.
Que apesar dele estar passando pela rua a vinte metros de mim, de eu só estar enxergando-o por breves segundos, de eu nunca ter ouvido sua voz ou interagido com ele de qualquer maneira, de ele ser para mim só um figurante sem fala no ó-tão-importante filme da minha vida, de ele ser apenas uma figura de cartolina exemplificando o total oposto do padrão de beleza vigente….
Que ele era uma pessoa.
Caralho, uma pessoa.
Vocês entendem a enormidade disso?
Uma pessoa igual a mim. A MIM! Com os mesmos sentimentos. Que dá tanta importância a si mesmo quanto eu me dou. Que sempre viu tudo pelos seus próprios olhos. Que sempre sentiu todas as suas dores. Uma pessoa plena. Um homo sapiens adulto. Um indivíduo da espécie dominante do único planeta habitado que conhecemos. Por tudo que se sabe, ele é o ápice da evolução do cosmos. Ali, passando por mim, já se afastando. Tão ridículo.
Se esse homem ridículo morresse hoje, agora, fulminado por meu implacável julgamento, haveria gente sofrendo dor profunda, chorando, trabalhando o luto, relembrando melhores momentos compartilhados. Aquele homem ridículo deixaria um vazio talvez insuperável em corações que nem conheço.
Então, ele sumiu atrás de uma esquina, mas apareceu uma senhora de vestido verde, depois, uma adolescente patinadora, um ruivo e seu beagle, um gari de laranja, e foi quase que como uma sobrecarga de informação: todos pessoas. Cada um. Nenhum deles figurantes do filme da minha vida. Todos protagonistas de seus próprios filmes. Pessoas plenas.
Aí, finalmente, me dei conta: o único homem ridículo ali era eu.
.
Alex Castro

alex castro é. por enquanto. em breve, nem isso. // todos os meus textos são rigorosamente ficcionais. // se gostou, mande um email, me siga nofacebook, compre meus livros, faça uma doação ou venha às minhaspalestras. e eu te agradeço.

Outros artigos escritos por 
Desde já agradeço a todos que compartilharem a postagem

Lula manda recado para o PMDB

Caciques regionais do PMDB enviaram ameaças ao PT pelo seu presidente - Michel Temer, vice presidente da república -: se  o PT não nos apoiar  no primeiro turno em Estados chave para a gente, não apoiamos a reeleição da presidenta Dilma.

Resposta de Lula: 


Michel Temer enganou-se, mas conseguiu balbuciar: "entendi o recado e retransmitirei aos colegas do PMDB".

Paulo Coelho: afastando fantasmas

Durante anos, Hitoshi tentou - inutilmente - despertar o amor daquela que acreditava ser a mulher de sua vida. Mas o destino é irônico: no mesmo dia que ela finalmente o aceitou como futuro marido, também descobriu que estava com uma doença incurável, e não deveria mais viver por muito tempo.

Seis meses depois, já a beira da morte, ela pediu:

- Você vai me prometer uma coisa: jamais se apaixonará de novo. Se fizer isso, voltarei todas as noites para assombrá-lo.

E fechou os olhos para sempre. Durante muitos meses, Hitoshi evitou aproximar-se de outras mulheres, mas o destino continuou irônico, e ele descobriu um novo amor. Quando preparava para casar-se, o fantasma da ex-amada cumpriu sua promessa, e apareceu.

- Você está me traindo - disse.

- Durante anos eu lhe entreguei o meu coração, e você não me correspondia - respondeu Hitoshi. - Não acha que mereço uma segunda chance de ser feliz?

Mas o fantasma da ex-amada não quis saber de desculpas e, todas as noites, vinha assustá-lo. Contava em detalhes o que tinha acontecido durante o dia, que palavras de amor ele dissera a sua noiva, quantos beijos e abraços haviam trocado.

Hitoshi já não podia mais dormir, e foi procurar o mestre zen Bashô.

- É um fantasma muito esperto - disse Bashõ.

- Ela sabe tudo, nos menores detalhes! E já está levando o meu noivado ao fim, porque não consigo dormir, e, nos momentos de intimidade com minha amada, fico constrangido.

- Vamos afastar este fantasma - garantiu Bashô.

Naquela noite, quando o fantasma retornou, Hitoshi interrompeu-o antes que dissesse a primeira frase.

- Você é um fantasma tão sábio, que vamos fazer um trato. Como você me vigia todo tempo, vou perguntar algo que fiz hoje; se acertar, eu largo minha noiva e nunca mais terei mulher alguma. Se errar, você promete não tornar a aparecer, sob pena de ser condenada pelos deuses a vagar para sempre na escuridão.

- De acordo - respondeu o fantasma, confiante.

- Esta tarde, eu estava na mercearia, e, em determinado momento, peguei um punhado de grãos de trigo de dentro de um saco.

- Eu vi - disse o fantasma.

- A pergunta é a seguinte: quantos grãos de trigo eu segurei?

O fantasma, na mesma hora, entendeu que não conseguiria jamais responder à pergunta. Para evitar ser perseguido pelos deuses na escuridão eterna, resolveu desaparecer para sempre.

Dois dias depois, Hitoshi foi até a casa do mestre zen.

- Vim agradecê-lo.

- Aproveite para aprender as lições que fazem parte desta sua experiência - respondeu Bashô.

"Em primeiro lugar, aquele espírito voltava sempre porque você tinha medo. Se quiser afastar uma maldição, não lhe dê nenhuma importância".

"Segundo: o fantasma tirava proveito de sua sensação de culpa: quando nos sentimos culpados, sempre desejamos - inconscientemente - o castigo".

"E finalmente: ninguém que realmente o amasse iria obrigá-lo a fazer este tipo de promessa. Se você quer entender o amor, aprenda a liberdade".