Heróis da Liberdade, em homenagem a Dirceu, Delubio, João Paulo Cunha e Genoino



Em 1969, o Império Serrano, tradicional escola de samba do carnaval carioca, levou ao desfile o enredo "Herois da Liberdade", que não poderia ter sido lançado em momento mais propício. Afinal, o Brasil acabara de entrar no período de maior repressão da ditadura militar com a promulgação do AI-5. Os militares chamaram os autores Silas de Oliveira, Mano Décio da Viola e Manoel Ferreira e exigiram que a palavra "revolução", presente na letra do samba, fosse trocada por "evolução". E assim teve que ser feito. Esse belo samba, no entanto, já estava fadado a entrar para a história.
Em 1995, João Bosco regravaria 'Heróis da Liberdade" em seu disco de intérprete, "Dá Licença, Meu Senhor". E com a letra certa.
PARA MIM O MELHOR SAMBA DE TODOS OS TEMPOS !!!

Chanel nº 5 e os tolos sem rumo, por A. Capibaribe Neto

No meio da semana passada, por volta das 11 horas da manhã, escutei dois estampidos de arma de fogo aqui, quase na esquina da Padre Antonio Tomás com Senador Virgílio Távora... Tiros, gritos de pavor, pedidos de socorro, sirene das viaturas de carros da polícia já se instalaram na nossa memória auditiva e, portanto, não deveriam mais chamar a atenção, mas chamou.

Corri à janela com a câmara em punho para ver que flagrante esperava por mim. Não era nada...! Apenas mais uma molecagem do trânsito, patrocinada por pessoas que não têm a mínima noção de viver em comunidade e que colocam suas pressas por coisa nenhuma acima de um mínimo de respeito pelo contexto do caos estabelecido em uma cidade que inchou a mais não poder: mal-educados de plantão, com pós-graduação em molecagem, que entravam nos cruzamentos sem a menor cerimônia e aí, para a sua alegria bizarra, detonam a paciência de quem já vive no limite de tanto desrespeito e violência.

Um desses pacatos cidadãos perdeu a paciência e reclamou do elegante moleque na direção de seu carrão de luxo. O imbecil mostrou o dedo que acirra os ânimos e foi o catalisador da explosão de mais um capítulo que por bem pouco não transformou o mal-educado em um convite de missa elegante no primeiro caderno dos jornais. Dois tiros cujas balas se perderam em algum lugar das avenidas. De repente, como que por milagre, o rapaz sem noção encontrou uma brecha para fazer sumir seu descaso pela impaciência alheia contida. Ninguém faz passeata contra a falta de educação dos verdadeiros cearenses moleques da capital que estacionam onde bem querem com o aval das autoridades do trânsito que não fazem absolutamente nada diante da "oficialização" do pisca-alerta como se esse sinal intermitente fosse um passaporte azul para um imbecil parar onde bem entende, deixando de ter a sua utilização para indicar uma emergência. Basta olhar em volta, em qualquer lugar, e lá está um mal-educado ocupando duas vagas com a menor cara de pau.

Fui testemunha de uma elegante senhora, apenas por fora, vestindo uma carga pesada de Chanel nº 5 de manhã, estacionar seu carrão sobre três vagas... Isso mesmo! Daí, uma cidadã chamou a atenção dela: "Ei, a senhora está ocupando três vagas...!" Sabe qual foi a resposta? "Mas é só enquanto vou fazer uma comprinha..." E já ia saindo quando a senhora, consciente dos seus direitos, abriu a porta, encarou a cortina de Chanel nº 5 a perfumar uma quadra inteira e disse bem séria e com os olhos bem fixos nos olhos da perfumada, sem nenhuma classe: "Tire já seu carro de cima das outras vagas... AGORA!" Até o perfume recuou e quase passa feder.

A mal-educada, igual àquelas que estacionam em fila dupla em frente às escolas, tremeu nas bases, resmungou um quase inaudível "não precisa se estressar" e estacionou como uma pessoa educada. Ninguém respeita ninguém em uma cidade onde um pisca-alerta é uma espécie de licença para um folgado atravancar o trânsito e o exagero do Chanel nº 5 um salvo conduto para uma madame que não imagina o que é bom para tosse se fizer isso na Europa ou nos Estados Unidos.

Agora mesmo, a molecagem volta a sua ira sobre a roubalheira que grassa com a história da Copa do Mundo e agride os jogadores da seleção, depreda, vandaliza, agride, bate e se diz um defensor... Defensor de quê, mesmo? Enquanto os jogadores são constrangidos e a imagem do País fica cada vez pior lá fora, os que deveriam ser incomodados, ter seus carros atravancados nas ruas se refestelam nas poltronas da impunidade e riem dos tolos sem rumo...

Ministro Gilberto Carvalho diz que crítica a decreto é ‘hipócrita’

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, classificou de "hipocrisia", "ignorância" e "má-fé" a tentativa da oposição de derrubar o decreto que instituiu a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS).

O texto assinado há uma semana pela presidente Dilma Rousseff determina consultas sobre temas importantes a nove conselhos formados por representantes da sociedade civil antes da adoção de políticas públicas. "É fazer um escarcéu em cima de um decreto que simplesmente regulariza o que já existia", afirmou Carvalho.

Ao Estado, o ministro disse que as queixas da oposição são "hipócritas" porque os conselhos permitem que a sociedade fiscalize o governo. A oposição vê a medida como forma de "aparelhamento" e reprodução de "políticas bolivarianas" adotadas na Venezuela.

Questionado se a ampliação dos "mecanismos de controle social" previsto pelo decreto não seria uma prática ditatorial, como acusa a oposição, Carvalho respondeu: "Como se pode falar em ditadura quando se fala em ampliar o controle da sociedade sobre o governo?". 

Para o ministro, conselhos e conferências aumentam a transparência e "contribuem exatamente para combater a corrupção", ao dar à sociedade "acesso aos dados do governo e às política de governo".

"Só ignorância, má-fé ou desconhecimento histórico e a falta de uma atenção à leitura ao primeiro parágrafo da Constituição pode levar uma pessoa a fazer acusações absurdas como essas, de que estamos usurpando do poder ou que estamos fazendo tentativas bolivarianistas", afirmou Carvalho.

Militares. O ministro ressaltou que já existem diversos conselhos em funcionamento e que o governo "não está inventado nada". Carvalho lembrou que o primeiro conselho, o de educação, nasceu em 1936 e que os militares, na ditadura, criaram essas instâncias. Em 1966, exemplificou, foi o caso do conselho deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

Sobre o argumento oposicionista de que governo estaria criando uma forma de democracia direta, tirando poder do Congresso, o ministro citou o primeiro artigo da Constituição, que diz que "todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente". 

"Ou seja, essa história de dizer que estamos inventando democracia direta é uma bobagem. A própria Constituição prevê a forma de participação direta", observou.

Segundo a Secretaria-Geral, de acordo com dados do IBGE, dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 17 não têm Conselhos de Saúde. No caso de Conselhos de Meio Ambiente, por exemplo, existem 3.784.

Em relação às afirmações de que os conselhos ampliariam a burocratização, Carvalho respondeu: "É uma bobagem de quem ou não leu o decreto, ou não entendeu a Constituição, ou quer fazer luta política". 

Claudias Cardinales, por Luis Fernando Veríssimo

Não é que o futebol não tenha lógica. É que a lógica do futebol é itinerante. Muda com o tempo e as circunstâncias. Como o amor no poema do Vinicius, a lógica é eterna enquanto dura — e nunca dura muito, pelo menos no mesmo lugar.

Era lógico, com os jogadores que tinha, que o Vasco da Gama fosse o grande clube brasileiro dos anos 50, base de qualquer seleção nacional. Anos mais tarde, a base de qualquer seleção nacional passou a ser, logicamente, jogadores do Santos e do Botafogo, os melhores da sua época.
Através dos anos, a lógica favoreceu outros grandes times brasileiros, como o Cruzeiro de Minas e ( bons tempos...) o Internacional de Porto Alegre. Times que caíam depois de alcançar a glória não caíam porque a lógica os abandonava arbitrariamente. Caíam porque é da natureza da lógica do futebol ser inconstante. Talvez tenha alguma coisa que ver com o fato de “lógica” ser do gênero feminino.
Por exemplo: a lógica do mundo do futebol nos últimos anos e até recentemente destacava dois times tão superiores aos outros que era difícil imaginá-los decadentes. Um pouco como a Claudia Cardinale no esplendor da juventude, tão mais bonita do que qualquer outra atriz do seu tempo que você não podia imaginá-la envelhecendo e tornando-se o que é hoje, uma senhora respeitável e simpática, ótima pessoa, não duvido, mas definitivamente não a Claudia Cardinale.
Tomamos seu envelhecimento como uma traição. O Barcelona de Messi, Xavi e Cia. e o Bayern Munich de Robben, Schweinsteiger e Cia. não estão tendo um bom ano e arriscam-se a, como a Claudia Cardinale, tornarem-se impostores de si mesmos. A lógica do futebol abandonou-os e concentrou em Madri, onde o Real Madrid foi buscar a Copa da UEFA na goela do Atlético de Madrid, que já se preparava para levá-la para casa, e em Lisboa, onde um improvável Sevilha derrotou o Benfica na decisão da liga europeia.
A decadência, passageira ou não, do Barcelona e do Bayern Munich deve nos alegrar. A seleção da Espanha é o Barcelona com alguns retoques e a da Alemanha é o Bayern Munich travestido. Como são duas das quatro favoritas na Copa que se aproxima (as outras duas, na minha opinião, são Argentina e Brasil), é bom que estejam mal. Má notícia é o que está jogando aquele argentino Di Maria do Real Madrid. Como se a Argentina precisasse de ainda mais força no ataque. Trememos.

PSOL contra a direita em São Paulo, por Renato Truffi

Marigoni: "Antipetismo não!"

O historiador e cartunista Gilberto Maringoni, candidato a vereador pelo PSOL em São Paulo em 2012, teve de “atender a um chamado” do partido na última semana. O professor de filosofia da USP Vladimir Safatle [colunista de CartaCapital], que postulava a candidatura ao governo pelo PSOL, desistiu da disputa em meio a duras críticas contra o diretório estadual.

As reclamações foram de que a legenda não tratou sua candidatura como prioridade e, consequentemente, não se engajou para levantar fundos. Maringoni, então, aceitou o desafio de assumir o posto de pré-candidato do PSOL no lugar do colega, a cinco meses das eleições.

Professor na Universidade Federal do ABC, ele defende que não se trata de uma candidatura “tapa-buraco”. “Essa é uma forma menos elegante de falar suprir a demanda. Eu atendi um chamado. Não estou tapando buraco, não”.

As condições para realizar a campanha ainda são as mesmas que foram decisivas para a desistência de Safatle. O PSOL não tem dinheiro em caixa e o historiador terá de sair “passando o chapéu” em busca de financiadores de campanha. Maringoni, entretanto, ameniza o conflito interno na sigla. “Essa questão [acusações de Safatle contra o PSOL] esquentou um pouco além da conta, mas nenhum fusível foi queimado. Não me parece que tenha inviabilizado a campanha”, afirma.

Com 18 anos de militância pelo PT, Maringoni tem um perfil um pouco diferente de outros candidatos lançados recentemente pelo partido.

Os eleitores não devem esperar dele uma postura parecida com a do então candidato à Presidência pelo PSOL em 2010, Plínio de Arruda Sampaio, que atacou constantemente a hoje presidenta Dilma Rousseff (PT) em entrevistas e debates durante o pleito.

Maringoni não tem problema em reconhecer os avanços dos governos Lula e Dilma. Ao contrário. Ele rejeita o “anti-petismo”, mas também não gosta da fama de ser considerado o mais petista dos membros do PSOL.

“Essa piada é genial”, ironiza, apesar de admitir que vai focar suas críticas nos tucanos. “O inimigo continua sendo a velha direita. Embora o PT concilie com isso, seja frouxo para combater isso, ainda é muito diferente da velha direita. Até porque sua base social é muito diferente. Aí que não critico o PT. O petismo pode não ser de esquerda, mas o anti-petismo geralmente é de direita”, defende. Confira a entrevista de Maringoni a CartaCapital.

Os oráculos da pilantragem, por Mauro Santayana

A Comissão Européia acusou, formalmente, na semana passada, os bancos HSBC, Crédit Agricole e JP Morgan, de promover acordos, por debaixo do pano, para manipular a taxa interbancária EURIBOR – que afeta diretamente o custo dos empréstimos para os tomadores.

Do golpe, participavam também o Barclays, o Societé Generále, o Royal Bank of Scotland, e o Deutsche Bank, já condenados, pelo mesmo crime, em dezembro, a pagar multa de mais de um bilhão de euros.

O Deutsche, maior banco da Alemanha, teve de ser capitalizado em 8 bilhões de euros, esta semana, para para não quebrar. O Banco Espírito Santo, de Portugal, também a ponto de quebra, foi acusado, pela KPMG, de graves irregularidades em suas contas. E o Crédit Suisse foi condenado a pagar 2,6 bilhões de dólares à justiça dos EUA, por favorecimento ao desvio de divisas e à sonegação de impostos.

Para Bertold Brecht, era melhor fundar um banco que assaltá-lo. E Bernard Shaw lembrava que não há diferença entre o pecado de um ladrão e as virtudes de um banqueiro.

O mundo muda. Hoje, uma diferença de menos de 2% separa o peso das seis maiores economias emergentes das seis maiores economias “desenvolvidas” e as reservas em mãos do primeiro grupo quase triplicam as do segundo.

Mas, no Brasil, continuamos ouvindo, como se fossem oráculos, a opinião dos banqueiros estrangeiros, que só estão em nosso país para organizar a espoliação sistemática de nossas riquezas e do nosso mercado.

Lá fora, a opinião pública chama essa gente de banksters (foto acima) unindo em uma só palavra o termo bankers (banqueiro) e gangsters (bandidos).

Aqui, o que diz um representante deles – que estão quebrando ou são acusados de crimes em seus países de origem – é sagrado.

Independente de quem estiver no poder no governo, o Brasil, se quiser continuar atraindo dinheiro externo, precisa estabelecer instrumentos próprios de defesa da imagem do país lá fora, criando, como se está projetando fazer com os BRICS, agências próprias de qualificação, bancos de fomento, fundos de reserva, etc.

Até mesmo porque a credibilidade das principais agências de qualificação que existem hoje está tão baixa, no exterior, quanto a dos bancos, aos quais tantas vezes se aliam e protegem, para enganar e pilhar países e correntistas.

É preciso que aprendamos a não dar ouvidos aos enganosos oráculos da pilantragem.

Assim como no Brasil, na China os maiores bancos são estatais, e a dependência de capital externo no mercado financeiro é – até por uma questão estratégica – marginal e quase irrelevante.

A diferença que existe entre nós e eles – prestes a se transformar na maior economia do planeta – é que, no Brasil, a opinião de instituições externas, acusadas de envolvimento em duvidosos episódios e nas últimas crises internacionais, orienta e pauta as ações do governo, e vai para a primeira página dos jornais.

Em lugares como Pequim e Xangai, o país, os empreendedores e os consumidores, estão se lixando, redondamente, para a opinião dos bancos ocidentais.

O legado da Copa, por Edmar Lima Melo

Nenhum legado é da Copa
Diz Dilma em inauguração
Pois nesse caso o legado
É só da população
Não se faz aeroportos
Arena, transporte e portos
Do tipo FIFA padrão.

Aqui no meu Ceará
Está tudo preparado
Com obras da nossa arena
Bem abaixo do orçado
A mobilidade urbana
Tá uma coisa bacana
Pra jogos com feriado.

Vamos rumo a esse hexa
Mostrar que o trauma acabou
Que da Copa de cinquenta
Tudo de ruim passou
Somos o penta do mundo
E o sentimento no fundo
É que a gente já ganhou.

Complexo de vira lata
Nossa Seleção não tem
E nessa Copa do Mundo
Não vai ter para ninguém
Vamos ganhar da Espanha
Da Itália e da Alemanha
E da Argentina também.

Nesta Copa vamos ter
O Messi contra o Neymar
Nessa luta de gigantes
Vamos ver quem vai brilhar
Mas vendo por outro lado
Tem Cristiano Ronaldo
Que pode os dois superar.

Só que Neymar tem a Bruna
Como se diz “É o amor”
E isso em Copa do Mundo
É melhor que torcedor
Qualquer um apaixonado
Com sua amada de lado
Vira um goleador.