Mais uma das babaquices de Paulo Coelho

Continuo a transcrever anotações de minhas conversas com J. Entre 1982 e 1990:
- Você tem procurado me fazer entender que é preciso prestar atenção à vida, as pessoas, a tudo que acontece a nossa volta. E eu tenho a sensação de que tudo que você faz é trabalhar (nesta época, J. Era executivo de uma multinacional holandesa).
- Ao invés de responder diretamente a sua pergunta, prefiro citar um trecho do poeta indiano Rabinranath Tagore: "Eu dormi e achei que a vida era Alegria/ Acordei e descobri que a vida era Dever / Cumpri meu dever e descobri que ele era Alegria". Na verdade, através do meu trabalho eu descubro a vida, as pessoas, e tudo que acontece à nossa volta.
"A única armadilha que preciso me dar conta, é não achar que um dia é igual ao outro. Na verdade, toda manhã traz em si um milagre escondido, e precisamos prestar atenção a este milagre".
- O que é o dever?
- Uma palavra misteriosa, que pode ter dois significados opostos: a ausência de entusiasmo, ou a compreensão de que precisamos dividir nosso amor com mais de uma pessoa. No primeiro caso, estamos sempre dando uma desculpa para não aceitar nossa responsabilidade; no segundo caso, o dever transforma-se em uma espécie de devoção, de amor irrestrito pela condição humana, e passamos a lutar por aquilo que queremos que aconteça.
"Isso eu procuro através do meu trabalho: dividir meu amor. O amor é também uma coisa misteriosa: quanto mais dividimos, mais se multiplica".
- Mas o trabalho, na Bíblia, é considerado como uma espécie de maldição que Deus joga no ser humano. Quando Adão comete o pecado original, escuta do Todo-Poderoso: "em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. No suor do teu rosto comerás o teu pão".
- Neste momento, Deus está colocando o Universo em movimento. Até então, tudo é lindo, paradisíaco - mas nada evolui, e, como acabamos de conversar, Adão passa a crer que um dia é igual ao outro. A partir daí, ele perde o sentido do milagre de sua própria existência; então o Senhor, olhando sua criação, entende que é preciso ajudá-lo a reconquistar este sentido.
"É necessário ler esta frase de maneira positiva: o cansaço virará o sustento, o suor será o tempero do pão. E assim, tudo irá convergir de volta à perfeição, mas antes Adão, e os seres humanos, precisam percorrer o caminho da compreensão mútua".
- Por que um dos grandes sonhos do ser humano é poder, um dia, deixar de trabalhar?
- Porque não sabe o que é ficar meses, anos sem fazer nada. Ou porque não ama o que faz; ninguém deseja separar-se de uma mulher que ama, ninguém quer parar de fazer aquilo que gosta. Ou então porque carece de dignidade quando se propõe a fazer algo - esqueceu que o trabalho foi criado para ajudar o homem, e não para humilhá-lo.
"A esse respeito, há uma interessante história no livro "As 1001 Noites": o califa Alrum Al-Rachid resolveu construir um palácio que marcasse a grandeza de seu reino. Reuniu as melhores obras de arte, desenhou os jardins, selecionou pessoalmente o mármore e os tapetes.
Ao lado do terreno escolhido, havia uma choupana. Al-Rachid pediu ao seu ministro que convencesse o dono - um velho tecelão - a vendê-la, para ser demolida.
O ministro tentou, sem êxito; o velho disse que não queria desfazer-se dela.
Ao saber da decisão do velho, o Conselho da Corte sugeriu que simplesmente o expulsassem do lugar.
- Não - respondeu Al-Rachid. - Ela passará a fazer parte do meu legado ao meu povo. Quando virem o palácio, eles dirão: ele foi um homem que trabalhou para mostrar a beleza de nossa cultura.
"E, quando virem a choupana, dirão: ele foi justo, porque respeitou o trabalho dos outros".

A vaidade tem um preço

E muitas vezes paga-se caro por ela
por A. Capibaribe Neto
Na verdade, a vaidade, em si, não custa tanto assim, mas o que vem junto no mesmo pacote e o que ela vai causando em seu desfile aparentemente exuberante. Assim como alugo, vez por outra, ouvidos amigos, provo, igualmente, da necessidade de praticar a paciência para escutar confissões que aparentemente diminuem o peso daquele que carrega uma dor, seja ela qual for. Estava a mais de onze mil metros de altitude, sobre o deserto da Arábia, em um voo de Istambul para Kathmandu, no Nepal, nessas coincidências que juntam duas pessoas aleatoriamente por conta da vizinhança determinada pelo número dos assentos. Em momentos assim, sou de pouco falar, de puxar conversa para ver se o tempo passa mais depressa por conta desses voos longos demais.
E estava ali, ainda me acomodando na poltrona do corredor, vendo o que havia para leitura de bordo, essas coisas, quando um cidadão me ofereceu um jornal. Não era bem isso que eu tinha em mente, mas aceitei, e nesse aceitar, quando vi, estávamos conversando sem ao menos nos apresentarmos. Descobrimos algumas coincidências entre nós que foram abrindo portas, abrindo as janelas da vida de cada um. Tinha filhos que já quase não via, tinha netos, tinha histórias e essas histórias davam conta de casamentos, separações, alegrias, decepções. Descobrimo-nos sentimentais e quase tínhamos o mesmo cuidado com as estrelas, as mesmas que podíamos ver, bem acima das nuvens, pela janela do avião. Minha visão dessas estrelas era romântica e com elas eu fazia as minhas confidências e conseguia acalmar as mágoas.
A visão dele era através de um potente telescópio com o qual se divertia quando se refugiava em sua casa de campo, não lembro mais onde. Lembrei-me de um ditado espanhol que diz: "duas pessoas olham através da mesma janela; uma vê o campo, a outra, as estrelas...". No nosso caso, víamos as mesma estrelas com olhares e sentimentos diferentes. Com o telescópio ele conseguia trazê-las para mais perto; eu costumava deixa-las onde estavam e passear, sem pressa, através de suas distâncias incomensuráveis, mas tudo no mesmo universo cheio de histórias, de mistérios e confissões. Ele falou da ex-mulher, da que veio depois dela e que morreu. Falou da tristeza de sua morte anunciada, do luto, do tempo que levou para cicatrizar o vazio aberto em seu peito e de outra que veio poucos anos depois. Até ensaiou mostrar a fotografia dela, mas desistiu de pegar a mochila no compartimento acima da minha cabeça. Melhor assim. Falou do filho irresponsável e da filha mais ainda, da qual não tinha notícias havia mais de dois anos. "É assim mesmo - tentei ajudar - filhos quando criam asas vão para longe, tentar descobrir seus espaços e horizontes...", coisa com a qual ele não concordou porque fora criado de forma diferente, apegado ao pai, protegido pela mãe. Enfim, um filho com família e com valores do que uma família representa. Aqui e ali, eu conseguia falar também. Passei a sentir uma necessidade de abrir-me, falar das minhas histórias, das malas que carregava. Consegui dizer pouco, quase nada, pois quando menos esperamos, chegou a comissária de bordo para perguntar se queríamos frango ou carne e sobre as nossas preferências pelo que beber. Enquanto ele havia falado até aquele momento eu pensava nas coincidências com as quais ele não podia imaginar. Acabou o jantar, a comissária simpática recolheu as bandejas e os copos e ele emendou. Emendar aqui é força de expressão, porque ele recomeçou o papo por outro capítulo... O que falava dos lugares por onde tinha andado, das fotografias que tinha feito. Nesse momento, eu consegui dizer que também gostava de fotografia, mais nada. Queria comentar que acabara de deixar o Afeganistão para trás, mas não houve jeito. Não houve espaço para a minha vaidade. Nem lembro mais de quantas coisas ele falou até dizer que ia cochilar um pouco. Logo depois que uma turbulência acordou a maioria, menos ele, que dormia como um anjo, a voz do chefe de cabine informava que logo aterrissaríamos no aeroporto de Kathmandu, antes do terremoto, bem entendido. Ah, queria dizer que eu tinha uma filha, mas não deu tempo, nossa viagem chegara ao fim.
no Diário do Nordeste

Mensagens sabáticas

Petrobras, Vale do Rio Doce e os ladrões bicudos

Em Janeiro as ações da Petrobras eram vendidas no "mercado" por 8 reais e dezoito centavos.
Hoje (apenas 4 meses depois) estão sendo vendidas por mais de 12 reais.

Valorização de 100%.

No primeiro trimestre do ano a empresa teve um lucro de 5,3 bilhões de reais.

Muito bem...

Lembrei do que os entreguistas bicudos fizeram com a Vale do Rio Doce.

Entregaram a empresa por apenas o lucro de um trimestre.

Quer dizer, se eles pudessem, já teriam entregue a Petrobras por 5,3 bi.

O nome que dou a isso?

Roubo.


Twitter do dia

Fernandinho Beira-Mar:
Meu único erro foi não filiar-se ao Psdb



Ridículo


GQ - Brasil

Entrevista com exclusividade o ex-quase presidente Aécio Never sobre os seus 100 dias depois de quase tomar posse no dia 01/01/2015.
A quase revista está certa em realizar uma babaquice dessa.




Imprensa tanto mente lá, como cá

Ministro da Coréia do Norte, morto com metralhadora anti-aérea, aparece vivinho da silva.

Quebrada Petrobras, apresenta lucro de mais de 5,3 bilhões de reais.

Como disse o grande Raul: 
"Eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz".

Quer ver?

Rede Globo não sonega, só nega.