De ladeiras e pudins, por José Roberto Toledo

BdB - 

Lá vem o Geddel, descendo a ladeira ou seria no elevador do La Vue?
Cabe a Michel Temer decidir se acompanhará seu ministro ladeira abaixo ou se vai dar um empurrão para a descida ser mais rápida. Não é fácil, porém, para o presidente abandonar quem gerencia a articulação política (quando não está empenhado em aprovar projetos imobiliários no Iphan). O dilema de Temer deve-se menos ao futuro do que ao passado. Sua ligação com Vieira Lima sobrevive há duas décadas, passou por quatro presidentes da República.
Na era FHC, em meados dos anos 90 do século passado, ambos faziam parte da Turma do Pudim. Reunidos semanalmente em torno de um prato de comida, Temer, Geddel, Renan Calheiros, Eliseu Padilha e Jader Barbalho decidiam o que o PMDB queria do governo tucano. Quem transmitia os recados era Henrique Eduardo Alves.
Muito mudou na aparência da política brasileira desde então, mas a Turma do Pudim continua onde sempre esteve: mandando e demandando. Eles mudam de cargo, circulam do Legislativo para o Executivo, mas raramente largam o poder. No governo FHC, a disposição das cadeiras era outra, mas quem as ocupava não.
Como Renan hoje, Temer, à época, presidia uma das Casas do Congresso (a Câmara). O hoje presidente do Senado é quem estava no Executivo, comandando o Ministério da Justiça. Padilha era ministro então e é ministro agora, só mudou de prédio: do Ministério dos Transportes para o Palácio do Planalto. Geddel, que era líder do PMDB, agora é ministro. Barbalho era e é senador (além de ser pai do ex-ministro dos Portos de Dilma). Alves era deputado, foi um breve ministro e caiu.
Eles dividem o pudim desde 1995. Prestam favores ao governo -qualquer governo – e depois cobram a fatura na forma de cargos. Foi assim que Temer emplacou o presidente das Docas de Santos (Codesp), Marcelo Azeredo, no governo FHC, e que Geddel viu seu pai, Afrísio, assumir posição semelhante nas Docas da Bahia.
Na primeira configuração da turma, Temer era líder do PMDB na Câmara, e Geddel, seu vice. No mandato seguinte, Geddel coordenou a campanha de Temer a presidente da Câmara, que contou com o apoio informal de FHC. Não foi à toa. Meses depois naquele 1997, ambos ajudaram a viabilizar a aprovação da emenda constitucional que garantiu o direito à reeleição a FHC (o autor da emenda foi o hoje ministro da Educação, Mendonça Filho).
Não é, portanto, trivial a decisão que Temer tem à sua frente. Ele e Geddel dividiram mais do que sobremesas. Foram do couvert ao digestivo, passando por incontáveis pratos principais.
Maior sinal da dificuldade do presidente é sua demora para agir. Nada fez mesmo depois de informado pelo então ministro da Cultura, Marcelo Calero, sobre as pressões de Geddel para que o Iphan (a ele subordinado) desembargasse as obras do Condomínio La Vue, um espigão de 30 andares na ladeira do Porto da Barra, em Salvador, onde Geddel comprara apartamento “em andar alto”.
Mesmo depois de o embrulho vir a público e de a versão preferida pelo Planalto (de que Calero havia caído por causa do projeto que regula a vaquejada) não ter emplacado, Temer não tomou nenhuma atitude em relação a seu ministro palaciano. Se, como diz Calero, Geddel de fato assediou o colega para agir em favor de seus interesses particulares, não há o que pensar. Se não é verdade, caberia então agir judicialmente contra Calero.
A inação não é uma opção por muito mais tempo. Mas a atitude que Temer vier a tomar não terá repercussões apenas sobre Geddel. Ela servirá de precedente para toda a Turma do Pudim.
Se o presidente entregar a cabeça do parceiro de confraria, os outros confrades saberão que, amanhã, dependendo das circunstâncias, pode ser a deles. Assim como o Iphan melou o pudim de Geddel, Renan, com seus 12 inquéritos no STF, tem o poder de embargar os principais projetos de Temer no Senado.
Publicado originalmente no Estadão

É má fé ou falta de cultura?

(...) "nós descobrimos uma república de bananas devastada pela desonestidade e incorreção", Luiz Roberto Barroso - ministro do Supremo Tribunal Federal

Resposta de Vera Lúcia Venturini ao juiz

Humm... É má fé ou falta de cultura? Não é a corrupção que caracteriza uma República das Bananas, ministro Barroso (o senhor com apartamento em Miami comprado por offshore, nunca viu falar da Halliburton?). É o estado de exceção, ministro, esse mesmo que sua excelência prega que caracteriza uma república bananeira. Corrupção existe em todos os países, mas nas repúblicas verdadeiras o Judiciário não é cúmplice de golpes políticos, utilizando-se de álibis criados para obedecer a plutocracia e seus "coronéis" da mídia. Porque nas repúblicas verdadeiras o Judiciário honra o poder da República que representa. 
Se for por falta de cultura recomendo a vossa excelência a leitura de "Cem Anos de Solidão". Caso não conheça, é um livro antigo, mas atualíssimo para explicar o Brasil atual que Vossas Excelências transformaram em República das Bananas. Vê lá se esse livro já não faz da decoração de sua biblioteca.
Agora se for por má fé, se inclua na desonestidade e incorreção citada por Vossa Excelência.

Durante governo Dilma qualidade de vida melhorou, revela PNUD

Radar IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), mostra que entre 2011 e 2014 os principais indicadores socioeconômicos de desenvolvimento humano no Brasil registraram tendência de crescimento; segundo o levantamento, de 2011 a 2014, o IDHM do Brasil teve crescimento contínuo a uma taxa média anual de 1%, inferior à observada entre 2000 e 2010, que foi de 1,7%; todas as três dimensões que compõem o IDHM – educação, renda e longevidade - apresentaram crescimento no período 2011-2014
Ivan Richard, repórter da Agência Brasil - 
Levantamento divulgado hoje (22) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) - o Radar IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal)- mostra que no período entre 2011 e 2014 os principais indicadores socioeconômicos de desenvolvimento humano no Brasil registraram tendência de crescimento, apesar dos primeiros sinais de desaceleração e estagnação da economia a partir de 2010.
No entanto, o Radar, elaborado a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), revela que enquanto o indicador de renda dos brasileiros cresceu a taxas anuais superiores ao último período intercensitário (2000 a 2010), os dados de longevidade e educação apresentaram taxas de crescimento inferiores.
Segundo o levantamento, de 2011 a 2014, o IDHM do Brasil teve crescimento contínuo a uma taxa média anual de 1%, inferior à observada entre 2000 e 2010, que foi de 1,7%. Todas as três dimensões que compõem o IDHM – educação, renda e longevidade - apresentaram crescimento contínuo no período 2011-2014.

Batochio nocauteou Moro

(...)
"O juiz preside, o regime é presidencialista, mas o juiz não é o dono do processo. Aqui os limites são a lei. A lei é a medida de todas as coisas. E a lei, no processo, disciplina esta audiência. A defesa tem direito de fazer uso da palavra pela ordem para arguir questão de ordem. Ou, se Vossa Excelência quiser eliminar a defesa - e eu imaginei que isso tivesse sido sepultado em 1945. Se Vossa Excelência quiser suprimir a defesa, acho que não tem necessidade nenhuma de continuarmos essa audiência."

Roberto Batochio - advogado do ex-presidente Lula

Gilmares, Moros e Dallagnos, nós sabemos o que vocês fizeram no verão passado

Quando o partido dos trabalhadores (PT) aceitou as regras do jogo, legais e ilegais, governou o país no limite da permissão estabelecida pela burguesia, na cínica regra do e para o capital. Leia-se, regras inerentes a cultura dominante, sabidamente realimentada pela cultura dos Moros, Marinhos, Mesquitas, Malafaias, Dallagnos e cia. Todos forjados e pavoneados por uma sociedade corrupta cujos pilares são a ganância e a corrupção que finge combater. Mas, por que combater apenas frutos selecionados e preservar a árvore? Com certeza porque lhe garante sombra. Leia mais Aqui>>>


De anjos e juizes, por Mauro Santayana

A estúpida invasão do Parlamento, com a tomada do plenário da Câmara dos Deputados por um bando de imbecis - que davam vivas ao Juiz Sérgio Moro  e pediam uma “intervenção” militar - não é um absurdo isolado no crescente cerco à Democracia e às instituições nacionais.
A cerrada pressão corporativa do Judiciário e do Ministério Público sobre deputados e senadores para consolidar o controle de um grupo de plutocratas sobre a República, o Legislativo e o Executivo, e, direta e indiretamente, sobre o eleitorado e os cidadãos comuns, representa uma outra face da ascensão de um fenômeno perverso, antidemocrático e fascista - a Antipolítica.
Não interessa se o legislativo que aí está aprovou,  majoritariamente, um golpe que tirou do poder um governo que, venhamos e convenhamos, havia se tornado de certa forma insustentável, por sua própria incapacidade em recusar uma agenda neoliberal recessiva - criada também para facilitar a sua derrocada - e de resistir a uma campanha tenaz, mentirosa e fascista que se desenvolvia claramente desde 2013 e que iria - só os imbecis e os ingênuos não acreditavam nisso - chegar, inexoravelmente, à derrubada da Presidente da República.
O Congresso Nacional - e nele há também aqueles que tentaram resistir bravamente a essa farsa - não é perfeito.
Mas ninguém chega ali sem voto.
E o voto reflete em boa parte a essência, a opinião, a qualidade e o que determina a população brasileira.
Tão ou mais responsáveis pela queda de Dilma, do que os deputados e senadores que votaram pelo seu impeachment foram  certos grupos do Ministério Público e do Judiciário, oriundos majoritariamente de uma classe média reacionária e conservadora, que investiram tenazmente na fabricação de uma longa série de factoides, arbitrariedades e escândalos, destinados a dizimar o PT nos tribunais e - em cumplicidade com uma mídia mendaz, parcial e seletiva - junto à opinião pública.
Ou alguém acredita que, se não existisse a Operação Lava Jato, e seu deletério exemplo, com o evidente antipetismo do Juiz e de vários procuradores envolvidos com sua "força-tarefa" - mesmo com a coleção de equívocos táticos e políticos do governo anterior e de seu partido - teria se conseguido derrubar a Presidente da República?
A “Lava Jato” não apenas destruiu o país, provocando 140 bilhões de reais de prejuízo e aprofundando os efeitos da política recessiva e da crise internacional - arrebentando com as maiores empresas brasileiras e seus milhares de trabalhadores, acionistas e fornecedores

E viva os golpistas

Essa postagem abaixo, é para meus midiotarios de estimação:

Vendido para a opinião pública e para os agentes econômicos como um passo necessário para retomar a confiança e o crescimento da economia brasileira, o golpe parlamentar de 2016 fracassou, como demonstra a manchete desta segunda-feira do Valor Econômico; no terceiro trimestre deste ano, a receita líquida das 278 empresas de capital aberto do País apresentou queda superior a 10%, na comparação com o mesmo período do ano passado; afetadas pelo desemprego e pela inadimplência, as empresas estão faturando menos; o tombo é inédito e revela a incapacidade do governo de Michel Temer e da equipe econômica de Henrique Meirelles, no poder há mais de seis meses, de apresentar saídas para a crise, que teve três etapas: a sabotagem ao segundo mandato de Dilma, a concessão de favores para viabilizar seu afastamento definitivo e, agora, a mera aplicação de medidas recessivas

247 – O golpe parlamentar de 2016, que começou a ser construído um dia após a vitória da presidente Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 2014, colocou a economia brasileira num buraco tão fundo, que produziu um resultado inédito: uma queda de mais de 10% do faturamento das empresas brasileiras de capital aberto, no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.

É o que revela a manchete do Valor Econômico desta segunda-feira: "Receita das empresas cai e mostra crise permanente".

Esse desastre econômico, produzido pelas próprias elites brasileiras, que deram suporte ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff, comprova que a estratégia se revelou um tiro no próprio pé, uma vez que o tombo das empresas é inédito.

A crise econômica brasileira passou por três etapas distintas. Um dia depois da derrota na disputa presidencial de 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se aliou ao ex-deputado Eduardo Cunha e colocou em prática a política do "quanto pior, melhor", sabotando o ajuste fiscal proposto por Dilma e seu ministro Joaquim Levy e, mais grave ainda, pondo em discussão as chamadas pautas-bomba.

Quando Dilma foi afastada provisoriamente, no dia 12 de maio deste ano, Michel Temer e Henrique Meirelles entraram em cena, ampliando o déficit fiscal de R$ 70 milhões para R$ 172 bilhões. Ou seja: o governo decidiu engordar para depois emagrecer, concedendo aumentos e benesses a diversas categorias do funcionalismo. Era uma forma de sedimentar o apoio ao impeachment.

Depois de 31 de agosto, com a confirmação do golpe parlamentar no Senado, a agenda passou a ser meramente recessiva, com medidas como a PEC que congela gastos por vinte anos.

Resultado: os estados estão quebrados (o Rio de Janeiro é apenas o primeiro da fila), mais de 12 milhões de brasileiros estão desempregados e a receita das empresas brasileiras cai 10%, o que aprofundará ainda mais o rombo fiscal, a recessão e o desemprego. Além disso, os investimentos desapareceram, uma vez que, segundo o banco Goldman Sachs, metade dos projetos vinha de empresas atingidas pela Lava Jato, como as empreiteiras.

Decorridos mais de seis meses de governo Temer, o discurso da herança maldita não cola mais e a conta da destruição econômica do Brasil fatalmente chegará para que os lançaram o País nesse pesadelo.