Moro, o óbvio, por Sérgio Saraiva

Ninguém acusa o juiz Moro de ser sofisticado em seus raciocínios – é certo. Tampouco a entrevista concedida ao autodenominado “grupo internacional de jornalismo colaborativo Investiga Lava Jato" poderá ser utilizada como prova de sua força argumentativa.

E, diga-se de passagem, igualmente, o que a Folha traz na sua edição de 30 de julho de 2017 não mostra que os jornalistas do tal grupo tenham feito qualquer força para tirar do juiz declarações que demonstrassem o contrário.

A bem da verdade, quando se espreme o conteúdo da entrevista, mais uma vez, está lá o juiz Moro se justificando de suas decisões.

Tal qual quando é questionado sobre as provas utilizadas na condenação do ex-presidente Lula.  Moro inicia afirmando que tudo está na sentença e que não fará comentários. E, em seguida, comenta. Melhor teria feito se ficasse na declaração padrão: “tudo que tinha para ser dito está nos autos”.

Isso porque Moro se sai com a explicação da “arma fumegante” para o uso de provas circunstanciais. Qualquer um que já tenha visto um filme americano sobre tribunais – os americanos adoram esses filmes – já ouviu essa explicação da boca do ator que faz o papel do promotor. Não da boca do que faz o papel do juiz, no entanto.

“Para ficar num exemplo clássico: uma testemunha que viu um homicídio. É uma prova direta. Uma prova indireta é alguém que não viu o homicídio, mas viu alguém deixando o local do crime com uma arma fumegando”.

Não, mesmo nos filmes, a explicação é mais profunda. Se alguém viu o assassinato ou se alguém viu uma pessoa com uma arma fumegante, trata-se de prova testemunhal. Qualquer júri de cinema consideraria que a testemunha “alega que viu”. E que somente isso não é prova suficiente para condenação. Afinal, é jargão dos tribunais chamar a prova testemunhal de “a prostitutas das provas”. Motivos óbvios.

A argumentação cinematográfica é de que se alguém é pego segurando uma arma fumegante junto ao cadáver de uma pessoa morta a tiros, isso por si só não é prova suficiente. Poderia tratar-se de um transeunte que, ao ver o cadáver e a arma junto a ele, cometeu a imprudência de apanhar e segurar a arma. Momento em que foi pego. Mas se essa pessoa, além de estar segurando a arma fumegante junto ao cadáver, era inimigo da vítima, isso é prova. Prova circunstancial, mas prova.

Pois bem, ninguém perguntou ao juiz Moro onde está a arma fumegante com as impressões digitais do Lula. Muito menos Moro esclareceu tal paradeiro, nos autos ou na entrevista.

Quando questionado sobre seus métodos e acordos em relação às delações premiadas que chegaram a ser classificados como "direito penal de Curitiba", com "normas que não têm a ver com a lei" pelo ministro Gilmar Mendes – insuspeito de qualquer traço de petismo, o juiz Moro poderia ter citado Maquiavel: fins nobres, tais quais o combate à corrupção, justificam-se por si próprios, não cabendo se questionar a nobreza dos meios utilizados para atingi-los.

Afinal, temos prisioneiros preventivos que nada delataram e por isso estão cumprindo pena há mais de dois anos e delatores réus confessos virtualmente perdoados.

Citando Maquiavel, Moro faria bela figura.

Moro, porém, preferiu a analogia com os resultados imprevisíveis do futebol que se diz ser uma “caixinha de surpresas” e alegou: “direito não é uma ciência exata”.

Interessante também outra analogia. Essa o juiz Moro faz entre a prisão de Eduardo Cunha – aliás, preso com fartura de provas obtidas pelo Ministério Público...  da Suíça -  e as queixas de falta de isenção da Lava Jato:

“... apesar das críticas de que há uma intensidade maior em relação a agentes do PT, temos preso e condenado um ex-presidente da Câmara [Eduardo Cunha], que era tido como inimigo do PT”.

Não. A isenção da Lava-Jato não se estabelece apenas por ela ter preso integrantes do PT, do PMBD e de outros partidos políticos. Mas sua seletividade sim, haja vista, ninguém do PSDB estar preso. Apesar dos “carecas”, “santos” e “mineirinhos”.

Eis aí outra vez Maquiavel: “aos amigos os favores, aos inimigos a fria letra da lei”.

Quando questionado sobre a divulgação dos grampos envolvendo a presidente Dilma, Moro saiu-se com uma inaudita análise constitucional de defesa da democracia liberal.

Que não se tente entender a profundidade do raciocínio “morino” que considera constitucional um juiz de primeira instância divulgar na imprensa gravações que envolvem a Presidência da República e que foram feitas ilegalmente – já que colhidas após o término da autorização judicial dada para a escuta de um investigado que, por óbvio, não era a presidente.

Basta que se entenda o que se resume em sua alegação da constitucionalidade dessa divulgação: “as pessoas tinham direito de saber a respeito do conteúdo daqueles diálogos”.

Não sei em que artigo da Constituição Moro se baseou para afirmar tal direito de cidadania. No artigo 5º da Constituição, com certeza não. Até porque é de lá que se extrai que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas” e de que “é inviolável o sigilo... das comunicações telefônicas, salvo por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer”.

Mas, caso um dia, tal direito me seja acessível, gostaria de conhecer o que Moro disse em sorrisos ao pé do ouvido de Aécio Neves, quando daquela já clássica foto entre os dois.

E digo mais: “as pessoas tinham direito de saber a respeito do conteúdo daqueles diálogos”.

PS: Oficina de Concertos Gerais e Poesia: a verdade que surge do espanto. A pós-verdade que surge da impossibilidade da verdade. Qual verdade te engana mais?

Simples assim, por Stanley Burburinho

"A Venezuela, que fica a 70 horas, ida e volta, de navio em linha reta, da costa dos EUA, tem a maior reserva de petróleo do mundo e os EUA querem botar a mão.
E o analfabeto político brasileiro acredita na velha mídia daqui, que é aliada dos EUA e que diz que a Venezuela é uma ditadura.
Simples assim.
São 297 bilhões de barris de petróleo. Mas os gringos só estão preocupados com a democracia, claro.

Oração de segunda-feira

"Ó Deus Todo-poderoso,
por quem todas as causas justas foram libertadas!

Vós que amparais todos os seres,
que assistis e socorreis todas as criaturas,
afastai de mim e dos meus as doenças e os perigos,
a miséria e qualquer tipo de inimigos,
tanto visíveis como invisíveis.

Em Vosso nome, ó Pai,
que criaste o Mundo em que vivemos.

Em nome do Vosso Divino Espírito Santo,
que ditou a Lei, em toda a sua plenitude e perfeição,
aqui me ponho inteiramente
sob a vossa Divina e poderosa Proteção.

Que a Vossa bênção, Deus Pai Onipotente,
a bênção do nosso Senhor Jesus Cristo, filho do Deus Vivo,
e a bênção do Divino Espírito Santo, Senhor dos Sete Dons,
abençoem hoje, amanhã e para sempre todos os lares,
para que neles haja paz,
e todas as criaturas de boa vontade,
assim como a mim, vosso humilde e fiel servo.

Assim seja hoje por todo o dia.
Amém.”

Oração de segunda-feira

"Ó Deus Todo-poderoso,
por quem todas as causas justas foram libertadas!

Vós que amparais todos os seres,
que assistis e socorreis todas as criaturas,
afastai de mim e dos meus as doenças e os perigos,
a miséria e qualquer tipo de inimigos,
tanto visíveis como invisíveis.

Em Vosso nome, ó Pai,
que criaste o Mundo em que vivemos.

Em nome do Vosso Divino Espírito Santo,
que ditou a Lei, em toda a sua plenitude e perfeição,
aqui me ponho inteiramente
sob a vossa Divina e poderosa Proteção.

Que a Vossa bênção, Deus Pai Onipotente,
a bênção do nosso Senhor Jesus Cristo, filho do Deus Vivo,
e a bênção do Divino Espírito Santo, Senhor dos Sete Dons,
abençoem hoje, amanhã e para sempre todos os lares,
para que neles haja paz,
e todas as criaturas de boa vontade,
assim como a mim, vosso humilde e fiel servo.

Assim seja hoje por todo o dia.
Amém.”

Oração do domingo

Deus, eu entrego cada minuto deste dia em tuas mãos.
Protege a minha vida e a de minha família.
Abençoa minha casa e meus passos.
Envia teus anjos para abençoar os meus amigos. Por favor, Senhor, esteja conosco em cada minuto do dia e livrai-nos do mal.
Amém! 🙏🏼

Sérgio Moro: Lula foi condenado com prova indiciária

Lula Marques/Agência PT | Paulo Pinto/Agência PT

Eis a explicação que o chefe da quadrilha de Curitiba deu para condenação do ex-presidente Lula no processo do triplex de Guarujá: "Sobre a sentença do ex-presidente, tudo o que eu queria dizer já está na sentença, e não vou fazer comentários. Teoricamente, uma classificação do processo penal é a da prova direta e da prova indireta, que é a tal da prova indiciária. Para ficar num exemplo clássico: uma testemunha que viu um homicídio. É uma prova direta. Uma prova indireta é alguém que não viu o homicídio, mas viu alguém deixando o local do crime com uma arma fumegando. Ele não presenciou o fato, mas viu algo do qual se infere que a pessoa é culpada. Quando o juiz decide, avalia as provas diretas e as indiretas".
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Muito bem, vamos usar o mesmo argumento usado pelo togado para arguir a imparcialidade, a suspeição dele para julgar Lula: É público e notório que a família Marinho (Rede Globo) é inimiga do ex-presidente e do PT. Portanto, podemos supor que os irmãos Marinho deram o Prêmio Faz Diferença ao Savoranola do Brasil para que ele condenasse o "Nine" (apelido que ele deu a Lula). Quanto a eu ter de provar que esta é a verdade?...Isso não vem ao caso!
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As forças armadas e a Democracia

Ordem do dia: todo Poder emana do Povo, por Sérgio Saraiva
"Está nas mãos dos cidadãos brasileiros de, nas eleições de 2018, sinalizar o rumo a ser seguido", General Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército 
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Tradução: O calendário e o resultado eleitoral será respeitado.
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entrevista do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, para a Folha de 29 de julho de 2017, merece uma análise cuidadosa. E uma dolorosa reflexão.
A começar pelo tempo investido para que as respostas fossem elaboradas – 23 dias desde o recebimento das perguntas. Não é de se crer que um comandante e uma pessoa tal qual se mostra ser o general Villas Bôas fizesse o jornal esperar por mais de três semanas em função de desinteresse ou indelicadeza - não. Logo, resta a conclusão de que as respostas foram muito bem pensadas antes de serem dadas.
Outra característica que salta aos olhos, quando lemos a entrevista, é o cuidado de contextualizar cada resposta. Mas cuidar também para que cada resposta contivesse, na maioria das vezes, uma frase conclusiva que não deixasse dúvidas de como pensam as Forças Armadas sobre a questão suscitada.
Sim, nas respostas dadas, o general deixa claro estar falando em nome das Forças Armadas.
A memória nacional ainda guarda forte as lembranças das intervenções das Forças Armadas na política interna brasileira, desde a derrubada do 2º Império em 1889 até 1985, quando do fim da ditadura de 1964 - 100 anos. Pela maior parte do século XX, as intervenções das Forças Armadas foram o fator preponderante na nossa organização sócio-política.
Logo, um posicionamento claro tal qual o do general Villa Bôas rechaçando qualquer intenção a esse respeito poderia, à primeira vista, parecer a principal colocação da entrevista.
“O Brasil e suas instituições evoluíram e desenvolveram um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a tutela por parte das Forças Armadas. Hoje, elas estão cientes de suas missões e capacidades e mantêm-se fiéis aos ditames constitucionais”.
É possível discordar-se do general em relação a que as instituições brasileiras tenham evoluído. O golpe parlamentar de 2016 pode até ser mais sofisticado, mas é do mesmo tipo do golpe tentado em 1955. Apenas que, desta vez, sem a intervenção de alguém das Forças Armadas para garantir o respeito às urnas. Mas, tampouco, para suprir a democracia como em 1964. Evoluíram, isto sim, as Forças Armadas, quando deixaram que a sociedade civil resolvesse suas questões.
Ocorre que as questões não estão resolvidas. O golpe transformou-se em crise. E entre as consequências possíveis dessa crise, teme-se pela supressão das eleições de 2018 como forma das forças golpista manterem-se no poder.
E é em relação a esse temor a principal colocação do general. A fiança dada à realização das eleições. E o general não poderia ser mais claro: “neste momento, o que deve prevalecer é a Constituição Federal e todos, repito, todos devem tê-la como farol a ser seguido”.
Prevenindo-se contra um possível distraído que não percebesse o teor de suas palavras, o general é enfático: “...todos, repito, todos...”. Já seria ênfase suficiente em uma resposta verbal, agora, em uma resposta escrita e pensada por 23 dias, é para que não reste dúvida alguma.
E segue o general: “está nas mãos dos cidadãos brasileiros a oportunidade de, nas eleições de 2018, sinalizar o rumo a ser seguido”.
O general sabe que nossas instituições estão esfaceladas. A insubordinação aos resultados das urnas e o aparelhamento da Lava-Jato para a consumação do golpe levaram a insubordinação das instituições como um todo. Do STF à Presidência da República e ao Congresso, passando pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.
Falta-nos uma identidade e um projeto estratégico de país. País com letra maiúscula. Por isso, costumo dizer que estamos à deriva. Acho que a falta de um projeto nacional tem impedido que a sociedade convirja para objetivos comuns. Isso inclui, até mesmo, a necessidade de referências claras de liderança política que nos levem a bom porto.
Restaram o povo e as Forças Armadas. Estas últimas poderiam estar tomadas de desejos. Estão sóbrias.
“... como tenho dito, vemos tudo isso com tranquilidade, pois o Exército brasileiro atua no estrito cumprimento das leis vigentes e sempre com base na legalidade, estabilidade e legitimidade”.
E aparentam estar conscientes de que não há solução fora de um novo pacto nacional. Lúcidas de que tal pacto passa por eleições livres e democráticas em 2018.
“...em última análise, é a população quem vai julgar os partidos e os candidatos, por intermédio do voto...”.
A população e o seu voto como juízes maiores da cidadania.
Não poderia e nem deveria ser de outra maneira. Porém, que ainda dependamos do legalismo militar como único e último aval da democracia só nos mostra que falhamos como sociedade civil em consolidá-la e que dolorosamente ainda necessitamos de “tutela por parte da Forças Armadas”. Depois do tanto que foi sonhado e foi construído no pós-democratização, é entristecedor que assim seja.
Mas que assim seja, enfim: que o povo decida nas eleições de 2018 o rumo a ser seguindo. Ainda que sob discreta tutela do general Villas Bôas.