Uma oposição a procura de um programa


A manchete da Folha de SP de domingo é surpreendente. “Serra critica o PT por dividir o país e defende diálogo”.
Se trata de uma interpretação da Folha, pois Serra não mencionou nenhuma vez o PT no seu discurso. Como se trata de uma interpretação a partir de frases indiretas do candidato tucano, a Folha poderia ter colocado Serra critica Lula por dividir o país… mas não o fez.
Porque?
A escolha da manchete não é inocente e corresponde com a intenção tucana de se apresentar como continuidade do governo Lula e atribuir ao PT a divisão do país. A manchete “complementa” o discurso de Serra para reforçar a mensagem tucana.
O Brasil inteiro é testemunha, nos últimos sete anos e méio, da propagação do ódio e do preconceito contra o governo Lula por parte dos demo-tucanos. Longo período no qual os demo-tucanos arvoraram, o dedo em riste e invocando a moralidade e a ética pública, a bandeira udenista para combater o governo federal e seus programas e projetos sociais, políticos e econômicos. Bolsa-família batizada de bolsa esmola; o Minha Casa Minha Vida foi rotulada de estelionato e o PAC como uma ficção. Os prognósticos catastróficos com a crise, com o desemprego, com a desindustrialização, com as finanças públicas, com a dívida, tudo absolutamente foi objeto de oposição feroz.
Pode até se entender que tentem agora afirmar o contrário. Pois, como continuar jurando pela ética, com as imagens dos demo-tucanos de Brasília enfiando no bolso a grana da corrupção? Como continuar atacando o governo Lula, quando ele é aprovado por quase 80% da população do país? Como falar de fracasso de Lula e do PT, se todos os indicadores econômicos mostram o contrário? E mais importante ainda, se todos os brasileiros constatam no dia-a-dia a melhora no emprego, na renda e na vida das pessoas?
A primeira constatação é que o discurso de José Serra configura o reconhecimento público que os demo-tucanos e seus aliados na mídia foram derrotados na sua estratégia política. Ficaram sem discurso, impossibilitados de qualquer coerência ou doutrina.
O discurso de Serra pretende passar a borracha e falar sobre o futuro.
Mas qual é a formulação alternativa para o futuro?
O país está unido e recuperou sua auto-estima. Só os demo-tucanos se autoexcluiram do processo. Ao contrário deles, os empresários, os trabalhadores, a nova classe média, os excluídos, os universitários, os agricultores, o agronégocio, as multinacionais brasileiras e estrangeiras, os bancos, as indústrias e o comércio, todos participaram -alguns com mais entusiasmo que outros- deste processo de união pelo Brasil. Por isso Lula tem quase 80% de ótimo e bom. Porque quase todas as classes sociais e quase todos seus segmentos reconhecem o trabalho bem feito. Dilma quer continuar esse trabalho de Lula.
Qual é a alternativa que Serra apresenta?
Nenhuma.
A pretensão é se postular como mais preparado para continuar o trabalho realizado pelo governo Lula e não querer falar dessas supostas credenciais? Ministro de Planejamento e de Saúde de FHC, candidato tucano derrotado em 2002, prefeito de São Paulo por só um ano e governador do Estado. Para que essas credenciais tenham valor, não basta a autoproclamação. Temos direito ao inventário.
Qual foi a herança desses 8 anos junto com FHC? Onde estão os resultados?
E na prefeitura, o que fizeram? No Estado em que situação está a educação?  Em frangalhos. E a segurança? Ou a credencial são os alagamentos e inundações?
Onde está o diferencial, que os eleitores deveriam encontrar na biografia tão invocada?
De isso tampouco os demo-tucanos desejam discutir.
Só do futuro. Mas o que, desse futuro?
Propõem mudar a política macroeconômica como defendeu Sergio Guerra? Acabar com o programa habitacional e o Bolsa-família, com a esmola e o estelionato, como disse Serra? Vão implementar o PAC 2? Não se sabe, pois imediatamente após esses enunciados, se apresam em fazer desmentidos.
É muita pretensão e um profundo desprezo pela democracia e pelo povo brasileiro, entrar na disputa eleitoral sem programa, sem propostas e sem bandeiras, para tentar arrancar um cheque em branco dos eleitores.
A democracia ganhará a explicitar o conteúdo do estelionato eleitoral que pretendem realizar os tucanos e seguramente todas as questões que procuram evitar e esconder, apareceram no debate eleitoral.
Ele apenas começou.

Um comentário:

  1. Jornal Nacional protege Dilma

    O Jornal Nacional, diferentemente do Jornal da Band, não reportou a aparição de Dilma junto as Centrais Sindicais no ABC. Flagrantemente o Jornal Nacional poupou dilma Rousseff.

    Seria uma tremenda covardia fazer um paralelo entre o pronunciamento de Dilma e o de Serra, sendo que o de Serra, de improviso, foi mil vezes melhor do que o preparado pelos marqueteiros de Dilma.

    Luiz Inácio Lula da Silva está com uma batata quente na mão uma vez que sua escolhida não tem a desenvoltura necessária para alçar vôo sem sua catapulta, Lula.

    Duvido que Dilma participe de qualquer debate ao vivo. Seria um desastre para a sua candidatura.

    Sua postura Prepotente, Arrogante e sua defesa da corrupção não coadunam com o espírito do eleitor brasileiro.

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