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Hábitos culturais


Revela a recente Pesquisa Nacional sobre Hábitos Culturais que a maioria das pessoas entrevistadas não frequenta atividades ligadas à cultura por falta de hábito ou, pura e simplesmente, por não gostar delas, o que configura uma realidade ainda mais lamentável dentro do nível de conhecimentos gerais da população nacional.

São vários os fatores responsáveis pela ausência de estímulo a um tipo de consumo tão enriquecedor e favorável ao desenvolvimento. Na realidade, a formação de público consumidor de cultura deve começar desde a infância e requer um amplo esforço conjunto de vários segmentos da sociedade, a principiar pelo estímulo à leitura, desde muito cedo, dentro do âmbito familiar.

Em uma fase seguinte, a escola precisa desempenhar importante papel nesse sentido, com aulas de arte, música e literatura, ministradas sem certa aspereza que por vezes reveste o material didático, sobretudo no tocante à característica da obrigatoriedade seletiva.

Na atualidade, o ensino brasileiro se preocupa mais em encaminhar os jovens para o vestibular e para o mercado convencional de trabalho, sem estabelecer diretrizes específicas no sentido de aproximá-los, também, dos hábitos ligados às atividades essencialmente artísticas e culturais. Esse processo de aproximação teria de ser lento e gradual, sem tentar métodos apressados de assimilação, com o objetivo de obter bases sólidas e capazes de influir na aquisição de futuros benefícios na idade adulta.

Mesmo uma análise superficial é suficiente para comprovar que a maioria do povo brasileiro foi historicamente excluído de processo cultural dotado de maior alcance e munido de uma visão política mais abrangente. Comprar livros, assistir a concertos musicais ou, até mesmo, ir ao teatro e ao cinema são ainda privilégio de uma minoria de maior poder aquisitivo, que recebeu no tempo adequado os imprescindíveis incentivos educacionais e familiares.

Também inexistem estímulos substanciais ao mercado produtor, para aumentar a oferta de bens culturais e possibilitar a facilidade de acesso a eles por parte da maioria da população, independentemente de sua condição financeira.

A ausência de medidas públicas e de movimentos sociais relevantes, que entendam a importância vital do acesso básico ao consumo cultural, torna-se um empecilho à universalização de um direito previsto por lei, representativo de um dos pilares essenciais do exercício pleno da cidadania.

É lamentável a constatação de que imenso número de pessoas nunca teve oportunidade de alcançar um patamar mais elevado na escala social pelo fato de não haver obtido chances de desenvolver seu acervo na área da cultura.

Experiências isoladas, geralmente partidas da iniciativa privada, têm contribuído com seu quinhão de esforço e persistência no sentido de minimizar tão sérias carências, em trabalhos de resultados habitualmente profícuos. Falta, ainda, o respaldo de firme decisão política do poder público, com o objetivo de somar pontos na formação de hábitos tão relevantes à imagem do País, mas até hoje injustamente relegados a graus insignificantes de omissão e desinteresse.

O forró vivo

O Forró Vivo!
Vejo com muito bons olhos – olhos atentos de quem há décadas observa os movimentos da cultura em nosso país – a iniciativa do Secretário de Cultura do Estado da Paraíba, Chico César, de “investir conceitualmente nos festejos juninos”, segundo comunicado oficial divulgado esta semana. Além de brilhante cantor e compositor, Chico tem se mostrado um grande amigo da arte também como um dos maiores gestores da cultura desse país.
A maneira mais fácil de dominar um povo – e a mais sórdida também – é despi-lo de sua cultura natural, daquilo que o identifica enquanto um grupamento social homogêneo, com linguagens e referências próprias. Festas como o São João e o carnaval, que no Brasil adquiriram status extraordinariamente significativo, tem sido vilipendiadas com a adesão de pretensos agentes culturais alienígenas mancomunados com políticas públicas mercantilistas sem o menor compromisso com a identidade de nosso povo, de nossas festas, e por que não, de nossas melhores tradições, no sentido mais progressista da palavra.
Sempre digo que precisamos valorizar os conceitos, para que a arte não se dilua em enganosas jogadas de marketing. No que se refere ao papel de uma secretaria ou qualquer órgão público, entendo que seu objetivo primordial seja o de fomentar, preservar e difundir a cultura de seu estado, muito mais do que simplesmente promover eventos de entretenimento fácil com recursos públicos. É preciso compreender esta diferença quando se fala de gestão de cultura em nosso país.
Defendo democraticamente qualquer manifestação artística, mas entendo que o calendário anual seja largo o suficiente para comportar shows de todos os estilos, nacionais ou internacionais. Por isso apóio a iniciativa de Chico em evitar que interesses mercadológicos enfiem pelo gargalo atrações que nada tem a ver com os elementos que fizeram
das festas juninas uma das celebrações brasileiras mais reconhecidas em todo o mundo.

Lembro-me que da última vez que encontrei o mestre Luiz Gonzaga, num leito de hospital, este me pedia aos prantos: “não deixe meu forrozinho morrer”. Graças a exemplos como o de Chico César, o velho Lua pode descansar mais tranquilo. O forró de sua linhagem há de permanecer vivo e fortalecido sempre que houver uma fogueira queimando em homenagem a São João.
Alceu Valença

Moda

[...] também é cultura

A primeira peça de roupa que o estilista Ronaldo Fraga tem lembrança de sua infância tinha a estampa de uma banda, com a frase “para ver a banda passar”. Sempre que um adulto o pegava no colo, cantava o trecho da famosa marchinha. “A Banda”, de Chico Buarque, foi a primeira música que Ronaldo aprendeu a cantar, e as palavras da frase, as primeiras que ele conseguiu ler. Atualmente, as mais de 900 milhões de roupas infantis que são produzidas por ano no Brasil correspondem a 20% de todo o setor têxtil, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Em um mercado tão vasto, Ronaldo Fraga se diferencia por selecionar elementos da cultura brasileira. Ele gosta de contar histórias para as crianças, por meio das roupas.
 
Confira, abaixo, a entrevista completa do estilista.
 
Seleções: Como surgiu a ideia de fazer roupas para crianças?
Ronaldo Fraga: Foi logo quando meu primeiro filho nasceu. Embora o lúdico e o colorido sempre estivessem em meu universo, só pensei em como isso funciona para as crianças quando fui pai. Quis fugir do senso-comum de azul para meninos e rosa para meninas. A primeira roupa que fiz foi um macaquinho para meu filho, na época, recém-nascido. Ele era verde limão com detalhes e costuras em vermelho. Na frente, havia algumas ovelhinhas vermelhas. A peça me marcou, porque eu nunca tinha feito roupas infantis. Queria algo bem colorido e vibrante. Esta primeira roupa resume bem o meu trabalho. Hoje, faço peças de fibras naturais, com 100% linho ou algodão. O marco é que a cultura brasileira está sempre presente.
 
Seleções: Como a moda influencia na criação das crianças?
RF: Quando procuro trazer outros elementos, principalmente da cultura brasileira, acredito que a criança coloca estes códigos em suas vidas, por meio da brincadeira. Vivemos em um mundo perversivo. Uma criança de seis anos, hoje, tem vontades que uma mesma criança, há 15, 20 anos atrás, não tinha. Além disso, por passarem muito tempo fora de casa, trabalhando, os pais acham que sempre falta alguma coisa a oferecer aos filhos. Eles acham que são bens materiais, mas nunca pensam que é afeto. Hoje, eu vejo um exagero no controle das crianças, que escolhem até o detergente no supermercado. Além disso, elas são influenciadas pela televisão, veículo que as bombardeia direto.
 
Seleções: A moda infantil deve ser baseada na adulta?
RF: Não pode haver exageros. Não podemos esquecer que fazemos roupa de criança para criança. Precisamos, primeiramente, do conforto. Em seguida, do elemento lúdico. Uma roupa pode marcar a memória afetiva de uma criança. Mesmo que sutilmente e nas entrelinhas, é importante falar de educação e cultura. Você nunca verá uma frase em inglês na minha marca. As crianças precisam aprender as palavras lindas que temos no português e conhecer as imagens que nosso país tem a oferecer.
 
Seleções: Você acredita que vende mais do que outras grifes de roupa adulta que também entraram no mundo infantil pelo fato de suas roupas carregarem elementos culturais?
RF: Nunca me preocupei com isso. Logo no início, muita gente me falava que o mercado quer roupas infantis eróticas. Eu não concordava. Sempre quis fugir da armadilha da erotização. Sou extremamente crítico em relação à forma como vejo as marcas vestindo as crianças. Meninas de cinco anos já usam salto, maquiagem, top e querem ser modelo. Considero a erotização perigosa e ela tem acontecido muito na moda infantil brasileira. Investir neste outro viés para as peças de roupas para crianças foi uma aposta. Hoje, o setor infantil do Ronaldo Fraga tem um lugar significativo na marca.
 
Seleções: Você gosta mais de fazer roupas para crianças ou adultos?
RF: Eu gosto de fazer roupa. Utilizo o mesmo princípio. Adoro contar histórias através das peças que construo. Para mim, roupa também é interpretação de texto. Lembro da primeira peça que tenho registro: com uma banda estampada e o escrito “Para ver a banda passar”. Todo adulto cantava a música do Chico (Buarque), quando me pegava no colo. “A Banda” foi a primeira música que aprendi a cantar. E o trecho escrito na peça, o primeiro que aprendi a ler. Esta é a roupa que está em minha memória afetiva. Eu penso nisso ao criar para crianças. O que essa roupa tem ou deveria ter para que seja lembrada para o resto da vida.
 
Seleções: Qual é a maior dificuldade de se desenhar para o público infantil? É mais difícil do que para os mais velhos?
RF: A construção da peça é trabalhosa. As pessoas nem imaginam, porque pensam que pelo tamanho menor, gasta-se menos tecido e acaba sendo mais barato. Mas, na realidade, o infantil há mais tamanhos, como de 0 a 12 anos, e isso dificulta mais o corte. Além disso, as crianças têm uma mudança muito rápida de códigos. Uma de cinco anos tem um desejo que uma de seis talvez não tenha. Elas crescem da noite para o dia. Entender e acertar essas minúcias é uma grande questão, que nem sempre é fácil.
 
Seleções: Como é a recepção das crianças a esse estimulo extra que você coloca nas roupas?
RF: Elas acham que eu sou um croqui. A própria imagem do criador, em geral, já é divertida. Meu estilo sempre foi mais assimilado pelo público infantil do que pelos adultos. Já havia crianças em minha loja, mesmo antes de ela oferecer roupas infantis. Elas adoram o que faço. Acham tudo muito divertido. Eu tenho um laboratório em casa, que são meus filhos, e isso me ajuda. Sempre pergunto o que eles gostariam de vestir. E eles respondem coisas como estampas assustadoras, de mulas sem cabeça, por exemplo. Se eu tenho um estilo de criação livre na linha de adulto, ele é mais livre ainda no infantil. Enquanto eu desenhar como se estivesse em meu caderno de ilustrações, continuarei fazendo.

Cultura

[...] aquilo que é nosso

A partir de amanhã, o seminário Cultura em Debate, promovido pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, discute perspectivas e realidades em torno do patrimônio material e imaterial da cidade
Ao falarmos em patrimônio da cidade ou do Estado, logo associamos o termo a prédios antigos, lugares históricos e edificações tombadas. Contudo, pouco se sabe, de fato, o que é um bem tombado, qual a importância de se eleger patrimônios locais e quais os critérios utilizados na escolha desses lugares, pessoas ou práticas

Diante das significativas mudanças que a cidade de Fortaleza vem sofrendo, em função, sobretudo, da escolha da Capital como uma das sedes da Copa 2014, este aparenta ser um momento crucial para discutir a importância de se preservar o que é nosso, aquilo que conta a história da nossa sociedade. 

A partir de amanhã, pesquisadores, autoridades públicas e membros da sociedade se reúnem no “Seminário Fortaleza Cultura em Debate”, encontro cujo tema central será o patrimônio: planejamento urbano, políticas culturais de incentivo, educação patrimonial para a sociedade e desenvolvimento socioambiental são alguns dos assuntos postos em pauta. O evento, promovido pela Secretaria de Cultura de Fortaleza, a Secultfor, acontece no auditório do Centro Cultural Dragão do Mar.

Gestão popular
Um dos temas em questão durante o evento será a importância da participação popular. Sobre isso, desde abril de 2008, uma lei que normatiza os mecanismos de proteção ao patrimônio de Fortaleza considera imprescindível a atuação da sociedade para a preservação dos bens. 

Assim, os cidadãos não apenas têm o dever de mantê-los, mas também o direito de fazer pedidos de tombamento. Para o mestre em Patrimônio Cultural pelo Programa de Especialização em Patrimônio (PEP/Iphan), João Paulo Vieira Neto, mais do que o tombamento por decreto, são necessárias ações que sensibilizem a população, promovendo o que se entende como uma educação patrimonial.

“Ao invés de envolver as populações nos processos, o poder público, geralmente, age de forma isolada. Isso causa um problema porque, algumas vezes, se impõe aos cidadãos a importância de um bem que não é sequer conhecido por eles. É necessário, portanto, que se faça uma consulta para que as pessoas possam indicar quais os bens que devem ser preservados”, diz.

João Paulo é um dos integrantes da segunda mesa redonda do evento “História, Memória e Educação Patrimonial”, que se inicia às 14h de amanhã. Coordenador do projeto Historiando, João Paulo foi requisitado pela Prefeitura para prestar consultoria acerca de dois museus comunitários que o governo municipal pretende criar, no Titanzinho e no Projeto Vila do Mar. 

O Historiando deverá justamente formar os cidadãos em noções de educação patrimonial, sensibilizando-os a gerir os museus de suas comunidades. O projeto é conhecido, entre outros, por ter-se envolvido no movimento popular que culminou no tombamento da Estação Rodoviária da Parangaba. A Estação seria destruída para a construção do Metrofor, mas foi mantida por pressão dos moradores do bairro. Segundo João Paulo, o fator preocupante das mudanças impostas pela Copa é a pressa em cumprir os prazos, que dificulta a consulta popular. “As obras estão com um prazo tal que não entra no cronograma perguntar para a sociedade a relevância dos bens que serão destruídos ou danificados no processo”, alerta o pesquisador. 

Valor do povo
Outro assunto importante na pauta do debate será a reflexão acerca dos bens imateriais. Para o ex-coordenador da Coordenação de Patrimônio Histórico-Cultural da Secultfor, André Aguiar, a divisão de patrimônios em materiais e imateriais já não comporta as estruturas e os fenômenos sociais, que devem ser resguardados pela sociedade. Em Fortaleza, o único bem imaterial tombado é a celebração religiosa da Igreja de São Pedro, conhecida como Igreja dos Pescadores, no Mucuripe.

Durante o seminário, André participa da última mesa “Políticas públicas e preservação do patrimônio cultural”. Nela, o pesquisador deve comentar as experiências das quais participou enquanto coordenador da CPHC e discutir o que atualmente tem sido seu projeto de doutorado: o tombamento da paisagem do Titanzinho. 

Ainda sobre isso, João Paulo, do Historiando, ressalta uma perspectiva importante: “Muitas vezes, protege-se bens das elites em detrimento dos populares. Casas de sobrado ao invés das casas operarias, igrejas em detrimento dos terrenos de umbanda. Certas comunidades podem não ter construído edificações imponentes, mas possuem ricas tradições, que merecem a preservação total”.

O evento segue durante todo o dia de amanhã e continua no dia seguinte. O prazo das inscrições encerra hoje. Para mais informações, basta consultar o site da Secultfor http://www.fortaleza.ce.gov.br/cultura . 

Fique por dentro
Bens de Fortaleza
Muitos fortalezenses desconhecem os bens materiais e imateriais da cidade. Na Capital, os decretos de tombamento começaram na gestão de Maria Luiz Fontenele, em 1986. Atualmente, há ao todo 15 patrimônios tombados em caráter definitivo e 13 provisórios. Dentre os mais conhecidos estão o Estoril, da Praia de Iracema, e a Ponte dos Ingleses. O que muitos não sabem é que os espelho de água das lagoas da Messejana e da Parangaba também são tombados, além do riacho Papicu e de suas margens.

Patrimônio em debate
Amanhã
8h às 9h30 – Mesa 1: Planejamento Urbano e Política Cultural: Avanços e Perspectivas, com Paulo Ormindo de Azevedo (Arquiteto, Professor da Universidade Federal da Bahia) 

9h45 às 11h15 – José Ramiro Teles Beserra (Arquiteto, chefe do escritório técnico de restauração Icó e Aracati) 
11h15 às 12h – Intervenções do público

12h às 14h – Almoço 

14h às 15h30 – Mesa 2: História, Memória e Educação Patrimonial, com João Paulo Vieira Neto (Mestre em Patrimônio Cultural e Coordenador do Projeto Historiando – Fortaleza)

15h45 às 17h15 – José Ricardo Oria Fernandes (Doutor em História da Educação pela Universidade de São Paulo e consultor legislativo da Câmara dos Deputados em Educação e Cultura)

17h15 às 18h – Intervenções do público 

Mayara de AraújoRepórter

A cultura FaceWorld

O título deste post é uma alusão ao ensaio do pesquisador Benjamin Barber “Cultura McWorld”. O estudioso afirma que a verdadeira globalização vem sendo feita não pelos países, mas pelas grandes multinacionais, que são capazes de atravessar as fronteiras e integrar-se às mais diversas culturas.
 Barber afirma que “a nova cultura globalizante expulsa do jogo não apenas aqueles que a criticam de um ponto de vista reacionário, mas igualmente os seus concorrentes democráticos, que sonham com uma sociedade civil internacional constituída de cidadãos livres oriundos das mais variadas culturas”.
No texto, o pesquisador utiliza o McDonalds como exemplo de grande corporação que se infiltrou em várias culturas, inclusive aquelas que se destacam pela culinária local como França e Itália.
Destaco esse ensaio para abordar o evento da última quarta-feira, quando o presidente dos Estados Unidos Barack Obama realizou uma palestra pelo Facebook, divulgada mundialmente. A rede de Mark Zuckerberg já possui mais de 600 milhões de usuários e é umas das empresas mais populares do planeta.
Segundo Barber, “McWorld é uma América que se projeta em um futuro moldado por forças econômicas, tecnológicas e ecológicas que exigem integração e uniformização”. Nessa visão, podemos analisar o evento como um esforço de Obama de tentar aliar a imagem do Governo dos Estados Unidos a do Facebook. Dessa forma, ele procura atrair a simpatia das pessoas que são usuárias da rede e admiram o perfil inovador e empreendedor de Zuckerberg.
Em um momento em que o país está com a imagem um pouco arranhada pelo uso da hard power na intervenção da Líbia, Obama utiliza o Facebook para expandir a influência americana por meio do soft power. Como afirma Barber, “as relações de força tornam-se forças de sedução: a ideologia transforma-se em uma espécie de ‘videologia’ às base de sons expressos em bits e de videoclipes”.
É importante ressaltar que esse post não tem o objetivo de criticar a ação, que se configura em uma ótima sacada, mas sim de tentar explicitar os motivos mais institucionais que a motivaram. Além disso, o evento também mostra a importância dos empreendedores para a imagem de cada país. Não sei se Zuckerberg teve algum auxílio do Governo para montar sua empresa, porém, quando Obama faz uma palestra para uma platéia mundial por meio do Facebook, não dá para não enxergar os Estados Unidos como um país empreendedor. É a cultura FaceWorld!
Pedro Valadaes

Chico César reafirma:

não vai patrocinar ‘forró de plástico’; motivo é financeiro e de preservação cultural
O secretário de Cultura do Estado, o cantor e compositor, Chico César, reafirmou durante programa Conexão Arapuan, que o Estado não vai realmente financiar as chamadas bandas de ‘Forró de Plástico’ – bandas que estão longe do característico forró pé de serra. 
“O estado não vai pagar estilos que não tenham a ver com a herança direta de Jackson do Pandeiro, Sivuca ou Luiz Gonzaga. O dinheiro é pouco e a Secretaria pretende pactuar com os municípios que investirem na cultura nordestina, paraibana, popular e que tragam o forró de pé de serra (para as festas)”, argumenta.
O secretário revelou que a decisão de não financiar ‘forró de plástico’ é especificamente para o São João. 
“Estamos falando num tipo de música, num tipo de festa. Estamos falando de São João. É algo pontual para esse momento”, frisa.
Segundo o secretário, a música comercial já toca no rádio, nas casas noturnas e em outras festas durante todo o ano. “Na época do São João o estado pretende pactuar com quem valorizar a música nordestina de raiz”, pontua.
Além do pouco dinheiro para investir, Chico César, explica que o Estado pretende reservar a cultura da região. 
“É um investimento num plantio da nossa cultura, porque essa cultura tem sido desprezada, escamoteada, tratada com indiferença e o estado tem que chamar a atenção. Essas coisas que já são vistas e ouvidas não precisam do estado. Nós não queremos proibir, mas se alguém quiser fazer que pague do seu próprio bolso. Nós queremos lutar por um espaço da arte nordestina, paraibana, nessa festa que é a festa mais bonita que o povo da Paraíba mais gosta que é a festa de São João”, entende.
Questionado se pode voltar a atrás da decisão, o secretário explicou que quem toma as decisões de despesas é o governador Ricardo Coutinho (PSB). “Tudo passa pelo filtro dele, mas eu me sinto muito afinado com o governador e com os grupos que o levaram ao poder”, ressalta.
Chico César lembrou ainda que o governo foi eleito com o intuito de mudar e propor novas políticas culturais. “Muitas vezes a política nem passa por essa coisa de paga ou não paga, mas por que tipo de pactuação se faz. Queremos colaborar, queremos participar dessa festa que na verdade quem faz são os municípios, agora se quem faz são os municípios e de alguma forma vai sair algo do pouco dinheiro dos cofres do Estado. Então nós queremos ajudar na conceituação”, finalizou.

Cultura

[...] Inútil
  • A comida demora 7 seg pra passar da boca ao estômago. 
  • O cabelo consegue aguentar até 3kg. 
  • O comprimento do pênis é 3x o comprimento do polegar. 
  • O fémur é tão duro quanto o cimento. 
  • O coração das mulheres bate mais rápido. 
  • As mulheres piscam 2x mais os olhos. 
  • Usamos 300 músculos para manter o equilíbrio. 
  • As mulheres leram o texto inteiro... O homem continua olhando para o seu polegar. 

Ditados populares

Santinha do pau oco
Significa: pessoa que se faz de boazinha, mas não é.
Sem eira nem beira
Significa pessoas sem bens, sem posses. 
Cair no conto do vigário
Significa: Que foi enganado.
Ficar a ver navios
Significa: Esperar em vão.
Dourar a pílula
Significa: melhorar a aparência de algo.
Chegar de mãos abanando
Significa: não carregar, obter coisa alguma.
Chato de galocha
Significa: um chato resistente, insistente.
Do arco-da-velha
Siginifica: coisa velha.

Entrevista

Ana Buarque de Hollanda
Ministra da Cultura

Andre Dusek/AE
Andre Dusek/AE
Em entrevista ao Estado, a ministra da Cultura Ana de Hollanda fala do conteúdo de sua conversa com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Gary Locke, durante a passagem de Obama pelo Brasil. “Eles estão preocupados com a flexibilização dos direitos autorais e de como isso pode levar a uma maior tolerância com a pirataria.” Ana respondeu ainda sobre questões referentes a reformas das leis do direito autoral e Rouanet. E deu sua opinião sobre o episódio Maria Bethânia, que teve autorização do MinC para arrecadar R$ 1,3 milhão que serão destinados à criação de um blog de poesia: “Fizeram uma tempestade em copo d”água”.
A senhora até agora falou pouco e ouviu muito. Está sendo um começo difícil?
Qualquer anúncio de mudança gera insegurança. Por mais que tentemos esclarecer que estamos estudando as questões, as pessoas querem respostas imediatas. Aí começam a sair versões do que poderia estar certo ou errado. Eu nunca tive uma situação como temos agora, de sentar para responder.
Qual foi sua primeira impressão ao ler o projeto de lei do ex-ministro Juca Ferreira, que pede mudanças na atual lei dos direitos autorais?
Aquela proposta me assustou um pouco. O direito do autor está previsto na Constituição, é uma cláusula pétrea. Ele tem que ser respeitado. Comentava-se muito no meio cultural que as mudanças estavam deixando o autor em uma situação frágil em vários aspectos.
Por exemplo?
Quando se falava das cópias de um livro, por exemplo. Se essa obra for editada sem autorização, pela lei vigente, a obra seria recolhida e o infrator pagaria uma multa de, se não me engano, o equivalente a 30 mil cópias. A proposta de reforma já falava em multa de até 30 mil livros. Ou seja, a multa poderia ser de um, dez ou 30 mil. São detalhes que deixam o detentor dos direitos em situação frágil.
As mudanças da lei propostas por Juca davam ao presidente da República poder para conceder os direitos de obras em casos especiais. A senhora já retirou esse poder do presidente e o repassou ao Judiciário. Qual é o limite da participação do Estado em questões ligadas aos direitos autorais?
Sinto ainda que existe uma interferência muito forte do Estado no projeto de lei e isso, de uma certa forma, vai infringir a Constituição. O direito de associação de artistas é permitido pela lei, é livre. Então o intervencionismo do Estado (na fiscalização do Ecad) é muito complicado. Mas entendo que é necessário haver, sim, uma transparência para os autores sobre seus rendimentos.
A senhora está dizendo que o Estado vai fiscalizar o Ecad?
Eles devem apresentar um balanço público (sobre o que arrecadam em direitos autorais).
O que a senhora discutiu com o secretário do comércio dos EUA, Gary Locke, durante a visita de Obama ao Brasil?
Ele estava muito preocupado com a questão da liberação dos direitos. De como a flexibilização no direito autoral pode acarretar mais tolerância com a pirataria. Isso não preocupa só os americanos, preocupa nossa indústria cinematográfica, editorial, fonográfica. Estão com medo de que essa produção seja fragilizada. É muito preocupante essa possibilidade de a gente liberar para o mundo nossa produção. Isso pode desestimular os artistas. Por que vão editar obras no Brasil se o Brasil não as protege?
Foi pensando assim que a senhora mandou retirar o selo do Creative Commons, que propõe maior liberdade nos licenciamentos de obras artísticas, do site do Ministério da Cultura?
Eu achei muito estranha a gritaria que esse caso criou. Aquele selo era uma propaganda dentro do site do MinC. Não existe a possibilidade de você fazer propaganda ali. A responsável agora sou eu e eu não podia permitir que isso continuasse.
A decisão da senhora então não foi ideológica?
Não, foi administrativa.
Então, ideologicamente, o que a senhora pensa dessa nova relação de direitos autorais proposta pelo Creative Commons?
A questão que me preocupa é que a concessão de direitos no Creative é irreversível. Há sempre um prazo para uso de direitos autorais. Eu posso ceder minha obra para tal uso por cinco, dez anos e depois eu posso reaver essa obra. Mas é bom dizer que essa decisão, de usar o Creative Commons, cabe unicamente ao autor.
Palavras da senhora no discurso de posse: “É importante democratizar tanto a produção quanto o consumo da cultura”. A reforma na lei dos direitos autorais e o Creative Commons são em tese democratizantes, no sentido de que garantiriam que a cultura chegaria a mais pessoas. Democratizar está sendo mais difícil do que a senhora imaginou?
A democratização é possível sempre, mas ela tem de prever também o pagamento àqueles que criam. Um autor de um livro que trabalha dez anos com pesquisa vive disso. O direito autoral é o salário dele.
A internet foi o paraíso para muita gente, já que o preço de um CD se tornou inacessível para muitos. Como fazer com que esse consumo continue sem prejuízo para os autores?
Essa é uma questão, sim, que tem de ser estudada nos próximos passos que vamos dar. Agora há pouco, vi um estudo no Canadá que sugere cobrança dos direitos de provedores. Estamos nesse impasse entre a proibição absoluta – que é quase impossível, já que as pessoas estão baixando – e uma liberação que não prevê o pagamento de direitos.
Maria Bethânia teve a aprovação do Ministério da Cultura para captar via Lei Rouanet R$ 1,3 milhão para criar um blog de poesia. Qual a opinião da senhora sobre isso?
Isso foi uma tempestade em copo d”água. Projetos assim são aprovados mensalmente. A lei, que tem também modificação pedida no Congresso, prevê essa possibilidade. Não cabe a mim analisar ou interferir em uma questão que é julgada por uma comissão, que antes passa por pareceristas que analisam os preços e se o projeto é cultural ou não. E o mérito não é de qualidade, mas se é cultural ou não é cultural. Se os preços foram aprovados, está ok.
Ninguém contesta que o projeto de Bethânia seja legal, mas esse dinheiro não deveria ser garantido a artistas com menos recursos?
Olha, isso tudo está sendo revisto nessa reforma da lei que está no Congresso. Queremos favorecer mais o Fundo Nacional de Cultura, que poderá facilitar essa divisão melhor e que atenderia aos produtores que normalmente não atraem o patrocínio das empresas privadas. As empresas querem associar seus nomes a artistas consagrados, faz parte das leis de mercado.
E assim os departamentos de marketing acabam definindo a política cultural do País.
Sim, isso. A atual Lei Rouanet tem esse viés, que era necessário ser equilibrado. Chega a ser perigosa porque quase que exclusivamente se faz atividade cultural no País através da Lei Rouanet. Passou a ser imperiosa. Quando falamos da necessidade da cultura ser autossustentável, vejo como a Lei Rouanet foi prejudicial. Qualquer evento que se faz começa a ficar um megaevento e a ter custos mais altos. E para os artistas se inserirem nisso, precisam ter o nome forte. Agora, uma atividade mais experimental, nova, que não estiver no gosto do mercado, vai ter uma difícil aceitação. A Lei Rouanet viciou o mercado a trabalhar só através dela.
A senhora, como cantora, tentou emplacar projetos pela Lei Rouanet?
Eu não. Bem, até vi em um jornal que houve um proponente de um projeto meu que não foi aprovado, também porque a Lei Rouanet tem uma série de trâmites complicados. Acho que isso foi no período em que eu estava com o projeto de um disco e aí depois consegui trabalhá-lo de outras formas. Foi um projeto para ser aprovado, era um disco meu, sim, que depois acabei fazendo.
O grande público, alheio a Creative Commons, Lei Rouanet, direitos autorais, percebe que entra e sai ministério e uma coisa não muda: cinema, shows e teatro são cada vez mais caros. Como se muda isso?
Mas aí você está falando dos grandes, né? A Cinemateca, por exemplo, tem um acervo fantástico que distribui filmes para os pontos de cultura (centros de cultura nas periferias), os cineclubes estão crescendo. Você está falando das grandes estrelas.
Foi da senhora ou do Planalto a decisão de desistir da contratação do sociólogo Emir Sader para a Casa Rui Barbosa? (Em entrevista, Emir se referiu à ministra como “meio autista”)?
Não, eu agi. Levei, conversei com o Palácio, sim, mas deixei claro que a decisão era minha, cabia a mim.
A senhora fala muito dos pontos de cultura, mas a situação deles é caótica, o dinheiro de alguns nunca chegou…
Já tive encontro com os representantes dos pontos. É assustador, porque são trabalhos em comunidades carentes. O princípio dos pontos é maravilhoso. O governo vai à comunidade e reconhece um trabalho cultural que já está sendo desenvolvido. Fazemos um trabalho para auxiliá-los, ajudamos a se equiparem melhor. Agora, alguns estão sem receber há algum tempo.
Não chegou o dinheiro de 2010.
Há outros que estão sem receber desde 2008. Alguns com problemas com documentação, mas há uma parte legal. E tem nosso orçamento que está bastante restrito, não só da Cultura, mas houve um corte grande.
Esse dinheiro chega este ano?
Já está sendo liberado. Vamos quitar com eles essa dívida.
Como a senhora, uma artista de formação e berço, chega para fazer política em Brasília?
Eu tive várias etapas da minha vida em que já passei por algumas experiências como esta. Estive envolvida na política pública em São Paulo.
Sim, mas Brasília é diferente. A senhora não sente dificuldades no jogo político?
Olha, em Osasco era um microcosmo disso, eu sentia lá também a pressão da sociedade, dos artistas, do executivo querendo fazer uma coisa mega. Eu sei que vou incomodar, você não pode atender a gregos e troianos. Agora, o fato de ser mulher ou ter um jeito delicado no falar não quer dizer que eu seja fraca ou insegura. Não sou nem um pouco insegura.
A senhora divide assuntos com seu irmão, Chico Buarque?
Eu acho que tudo o que ele não quer é que eu fique falando dos problemas do ministério (risos).
O Chico não queria que a senhora aceitasse o convite para ministra, certo?
Ele ficou assustado não por ele. Aliás, não só ele. Somos sete irmãos, todos ficaram assustados porque sabiam que o jogo era violento. E confesso que é mais violento do que eu imaginava. Porque esses movimentos organizados agiram com uma agressividade muito grande. E estão agindo ainda.
A senhora tem amigos na cúpula da música brasileira. Como ministra, está disposta a comprar briga com eles?
Eu acho que eles não vão brigar comigo, não. Como amigos, eu não os perco.
QUEM É ANA DE HOLLANDA
CANTORA E COMPOSITORA

Nascida em São Paulo, em 1948, estreou musicalmente em 1964, no palco do Teatro do Colégio Rio Branco, no show Primeira Audição, integrando o grupo vocal Chico Buarque e As Quatro Mais. Já lançou quatro discos.