“Tínhamos 2 mil trabalhadores da indústria e uma missão dada pelo Lula que era implantar a indústria naval de volta no Brasil. (…) E havia a opinião generalizada que não tínhamos capacidade de engenharia para os projetos, nem trabalhadores qualificados nem empresas capazes. Dez anos depois, estamos em outra realidade, que mostra que de fato era uma avaliação muito preconceituosa. (…) Era uma questão de crença no Brasil, que nossas empresas e trabalhadores, assim que tivessem oportunidade, iriam agarrar com as duas mãos”, afirmou.
Dilma - Temos de valorizar o petróleo, a indústria, os empregos e a educação
A boneca de sal
Frase da hora
Algo de podre no Supremo Tribunal, Pedro Profírio
BNDES - e o papel que tem hoje
A Folha publicou ontem entrevista com o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore. Entre outras coisas, ele disse que nunca antes nesse país o BNDES teve o papel que tem hoje. Pastore afirma que não era preciso colocar o banco para financiar a infraestrutura no Brasil.
Ela acrescenta que os financiamentos que o BNDES faz se tornam aumento de dívida pública. E que o banco hoje é usado com objetivo político.
Mas o BNDES já teve, sim, o papel que tem hoje. Foi nas privatizações de Fernando Henrique Cardoso. Mas, porém, todavia, era legítimo e dentro das regras do mercado. Financiou o desmonte do Estado brasileiro que a ditadura montou, com o auxílio de Pastore, que, como podemos ver na sua biografia, serviu bem à ditadura. Primeiro no governo de São Paulo, como secretário da Fazenda (1979-1983), e depois como presidente do Banco Central (1983-1985).
Mas, como a vida continua, na mesma edição da Folha de ontem , e no mesmo caderno de economia, podemos ler de forma didática (com gráfico e tudo) como o Estado salvou os bancos e empresas nos Estados Unidos na crise 2008-09, com as consequências que vivemos agora com o provável fim dos estímulos monetários do FED (Federal Reserve).
No entanto, Pastore diz que o real se desvaloriza por causa do déficit externo. Aliás, se desvalorizava, contrariando de imediato sua tese. Tese que serve a quem?
E mais: seu argumento sobre as concessões – o de que o BNDES não precisa financiar porque bastava adotar uma taxa de retorno mais alta – beira o cinismo, já que foi o mercado que exigiu do governo a entrada do BNDES. Ao não aceitar uma taxa de retorno dentro dos parâmetros possíveis no atual momento do país, o mercado deixou claro que só participaria dos leilões com isenções fiscais e financiamento via BNDES, mais barato.
José Dirceu
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A morte de Gushiken e a falta de pudor
Eu lamento a morte de qualquer pessoa, e não seria diferente com o petista Luiz Gushiken. Havia tomado a decisão de não escrever a respeito porque, confesso, acho desconfortável. Ele certamente tinha um círculo de amores e afetos que independiam da política, e é claro que há pessoas sofrendo. Nem o fato de ser um homem público, entendo, elimina certas exigências do decoro.
Gushiken só foi preservado, de resto, porque os fundos de pensão, sua área de atuação, ficaram fora do escopo de investigação do mensalão. Tivessem entrado — e há muitos anos escrevo que é neles que está o coração pulsante do poder petista —, talvez a história fosse outra.
(…)
Era avesso a entrevistas, mas acabava aparecendo com destaque na mídia como personagem de casos polêmicos. Em meados de 2004, em um dos episódios da batalha travada entre o Opportunity e a Telecom Italia pelo controle da Brasil Telecom, Gushiken acabou sendo atingido por uma investigação feita pela empresa Kroll Associates. O trabalho encomendado pela Brasil Telecom, controlada pelo banqueiro Daniel Dantas, identificou e-mails de Gushiken, anteriores à posse de Lula, para o ex-sócio do Opportunity, Luiz Roberto Demarco, com quem Dantas travava batalha judicial.
Em um dos e-mails, Gushiken oferecia a Demarco ajuda na obtenção de aliados dentro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que o ajudassem na disputa contra Dantas. Na época o ministro confirmou o envio de duas mensagens a Demarco, em 2000 e em 2001, mas negou a existência de irregularidades.
Defensor do polêmico projeto propondo a criação do Conselho Federal de Jornalismo, acabou sendo taxado de autoritário por setores contrários à proposta e chegou a declarar, em resposta aos críticos do projeto, que a imprensa livre não era um valor absoluto.
(…)
Os petistas e seus asseclas — inclusive alguns, digamos, “jornalistas” que o combateram severamente por conta de seu confronto com Daniel Dantas e que hoje se tornaram governista$ fanático$ — tentam, de modo asqueroso, usar a morte de Gushiken para fazer proselitismo em favor dos mensaleiros. Isso, sim, é desrespeitar a memória do morto e do aliado. O senador Eduardo Suplicy (SP), no velório, não teve dúvida:
“Eu acho que inevitavelmente todo esse processo [do mensalão] certamente contribuiu para enfraquecê-lo e diminuir a resistência dele. O câncer se espalhou pelo corpo e ele retirou diversos órgãos e fez inúmeras cirurgias. Então, o sofrimento por causa desse processo acabou penalizando bastante a ele próprio. Mas acho que foi muito importante para ele e para a família saber que ele foi inocentado”.
“Ele falava assim muito baixinho, mas estava inteiramente consciente e disse uma coisa do ponto de vista, assim, para mim importante. Como está para ser decidido quem vai ser o candidato ao senado pelo PT ele me disse assim: você é uma pessoa muito boa e o PT não pode abrir mão de que você seja o candidato ao Senado. E eu o cumprimentei pela maneira como agiu e o exemplo que ele foi para todos nós, exemplo de valores”.