Luis Fernando Veríssimo: podem rir com o coronel


O Millôr pulverizou a frase feita “Uma imagem vale mil palavras” desafiando: “Diga isso sem palavras”. Mas, em alguns casos, uma imagem, ou uma superimposição de imagens, diz tudo sobre um momento, sem precisar de palavras.

Há dias os jornais publicaram, simultaneamente, duas fotos, uma do Marcelo Rubens Paiva na Flip, interrompendo um depoimento que fazia sobre o desparecimento de seu pai, Rubens Paiva, morto pela ditadura militar, até poder controlar a emoção, outra, a do coronel Wilson Machado, um dos ocupantes do Puma em que explodiu, prematuramente, a bomba destinada a causar pânico e mortes no Riocentro, no 30 de abril de 1981.
O coronel está rindo na foto. Depois de mais de 30 anos desde o seu desaparecimento, a família do Rubens Paiva continua sem saber onde está o seu corpo. Nos 33 anos desde a explosão da bomba no seu colo, o então capitão Wilson Machado teve uma carreira militar normal com promoções sucessivas, chegou a coronel e certamente chegará a general.
A julgar pela sua foto, está em paz com sua vida e sua consciência. Os superiores do coronel, que planejaram e ordenaram o atentado, também não têm com o que se preocupar.
Os responsáveis pelo desaparecimento de Rubens Paiva também não. A própria instituição militar já disse que nada de anormal aconteceu nos seus quartéis durante o chamado “período de exceção”. Todos podem rir como o coronel.

O que significam as coisas que nos excitam? Uma breve história do tesão!

As coisas que nos deixam excitados, e excitam aos outros, muitas vezes podem soar bastante misteriosas ou duvidosas. Examinados superficialmente, o suéter de pescador de ponto denso, as botas Wellington, ou um estacionamento são desvinculados de qualquer satisfação erótica saudável. Ainda assim sabemos bem que coisas desse tipo podem algumas vezes parecer essenciais ao sexo.
Modified Volkswagen Golf MK.5 GTi
A superficial improbabilidade dos elementos que provocam luxúria não é apenas uma característica fascinante da condição humana. É também a causa de problemas na intimidade. Como explicar para nossos amores as tantas coisas esquisitas que queremos? Por que as queremos? Podemos ficar intensamente perturbados com a direção de nossos próprios frissons. Na vida normal, podemos ser profundamente contra crueldade e violência, mas na fantasia nos descobrimos, para nosso horror, poderosamente excitados com a ideia de sermos, por exemplo, um invasor agressivo portando uma arma.
Sigmund Freud foi uma das primeiras pessoas que levou a sério nossa confusão e preocupação com relação ao sexo. Foi ótimo ele ter ajudado a levar o sexo a sério e ser tão honesto com relação a seus aspectos mais esquisitos. Mas isso teve um custo muito alto.
Suas análises sobre os motivos de nossa excitação, muitas vezes envolvendo explicações vindas da mais profunda infância, foram tão profundamente contrárias a quaisquer razões conscientes e compreensíveis que nos fizeram soar estranhos demais para nós mesmos, e isso, sem querer, criou incentivos para ainda mais repressão.
O sexo acabou, nas mãos de Freud, parecendo ainda mais perigoso e esquisito do que antes, e por isso ainda é bem difícil conversar sobre o assunto de forma razoável, digamos sentados prosaicamente numa cafeteria.
Não há por que adicionar ainda mais mistério ou vergonha. A sugestão que faço é que a excitação sexual é de fato muito fácil de compreender e não se contrapõe a razão. Ocorre em continuidade com as muitas coisas que queremos em outras áreas. Embora os entusiasmos eróticos possam algumas vezes soar estranhos (ou mesmo de mau gosto), eles são de fato motivados por uma busca pelo bem, uma busca por uma vida marcada por compreensão, simpatia, confiança, unidade, generosidade e bondade. As coisas que nos excitam são, no seu cerne, quase sempre soluções para coisas que tememos e símbolos de como gostaríamos que as coisas fossem.
À luz disso, analizemos alguns elementos comuns de excitação:

Óculos

A Ansiedade: Os óculos são símbolos de reflexão e seriedade. São usados por pessoas que parecem ter coisas importantes a resolver, talvez muitos pensamentos importantes na mente. Nossa preocupação é se esse tipo de gente tem tempo para nós. Podem ser importantes demais para nos dar atenção, ou atender a nossos desejos.
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O Erótico: Ainda assim, muitas sessões de sites eróticos contém pessoas de óculos. Por que? Porque quando convidamos os óculos para o sexo, uma ansiedade natural – e importante – está sendo trabalhada, e (temporariamente) resolvida: a preocupação que a reflexão e a seriedade por um lado, e a excitação corporal por outro, possam ser incompatíveis. A solução imaginada é que a pessoa de óculos acabe sendo não só reflexiva, mas extremamente interessada em sexo e no corpo. Sexo com óculos simboliza que a vida da mente não é separada do prazer sensual, que a sensibilidade e a seriedade podem ser adequadamente conciliadas com a intimidade, e até combinar bastante com ela.

Uniformes

A Ansiedade: Muitas vezes tememos que a autoridade venha a nos ser hostil, que não entenda nossas necessidades ou não nos compreenda de forma geral. Simplesmente dificultaria nossa vida e a encheria de tédio. Todas as coisas que queremos fazer seriam então proibidas e nos seria exigido sermos versões domesticadas e desinteressantes de nós mesmos.
worldscrews.blogspot.com
O Erótico: Uma fantasia sexual envolvendo pessoas em uniformes é uma solução imaginada para medos com relação a autoridade. Todos os tipos de uniformes são capazes de causar excitação: mais frequentemente ternos executivos, mas também os trajes de médicos, enfermeiros e pilotos… São profissões que nos intimidam e assustam, e portanto em nossos jogos sexuais convidamos o uniforme para reduzir o poder delas sobre nós. O uniforme representa a autoridade, mas a autoridade agora está do nosso lado, nos dando exatamente o tipo certo de atenção. O piloto, em vez de estar impassível aos controles da aeronave, está vidrado em ficar comigo, não é mais inimigo, mas um colaborador.
O ideal que reconhecemos, quando ocorre no contexto erótico, é que a autoridade pode ajudar em vez de causar obstáculos, pode inspirar confiança, em vez de nos intimidar. Estamos, como que se imaginando uma utopia em que força, organização, limpeza e ordem surgem para nos deixar mais confortáveis, mais relaxados e mais autênticos.

Escravidão

A Ansiedade: Somos ensinados desde jovens que precisamos nos tornar independentes. Vivemos numa cultura individualista que constantemente reprova a dependência e nos leva na direção de um ideal de maturidade autossuficiente.
Venus Erotic Fair 2012
O Erótico: E ainda assim, em termos das identidades sexuais, muitos entre nós ficamos profundamente excitados com a ideia de passividade e submissão absolutas, como uma válvula de escape das exigências extremamente exaustivas da vida adulta. Ser um “escravo” significa que a outra pessoa saberia exatamente o que você deve fazer, tomaria responsabilidade completa, retiraria todo seu poder de escolha. Isso pode soar horripilante porque a maior parte dos feitores que podemos imaginar (ou mesmo apenas nossos chefes reais) são terríveis. Eles não têm nossos interesses em seus corações. Não seriam gentis. Então queremos ser independentes em parte porque não parece haver ninguém disponível e bom o bastante para ser merecedor de nossa submissão.
Mas a esperança profunda no cenário erótico é que enfim poderemos estar com alguém que é digno de nossa lealdade e devoção completas.
É uma característica comum a todas as fantasias sexuais que elas não, – é claro – resolvam de fato os problemas nos quais embasam sua excitação. Mas não devemos nos preocupar com se a fantasia resolve ou não o problema na realidade. O que buscamos aqui é simplesmente uma forma de explicar e simpatizar com o desejo.

Dominação

A Ansiedade: A vida moderna demanda extrema polidez e decoro. Temos que  controlar nosso temperamento mandão. É claro, na esfera privada seguimos pela vida muitas vezes considerando que sabemos o que é melhor para os outros, ou pensando que alguém talvez mereça um tratamento bem mais duro. Em nossos corações, podemos gostar de ser mandões, muito exigentes e insistentes. Podemos querer forçar a obediência absoluta daqueles que nos desafiam. Mas é claro, no mundo real, isso se torna difícil pelo fato de que poucas pessoas confiam o suficiente em nós para que exerçamos tal poder; simplesmente não somos capazes de alçar ao status que nos permitiria exercitar o poder como gostaríamos.
Dungeon Dwellers And Domination Enthusiasts Descend On DomconLA
O Erótico: A fantasia é que alguém reconheça nossa força e sabedoria, reconheça nossos talentos e nos coloque totalmente em controle. O decoro não é mais necessário, não é mais preciso cuidar o que se fala. Na fantasia sexual, alguém se coloca em nossas mãos, como sempre esperamos que acontecesse. Essa é uma tentativa de lidar com o problema muito delicado e real de quando alguém tem o direito de exercer poder sobre outra pessoa. E agora, no jogo sexual, em vez de a situação estar carregada de ansiedade – porque podemos estar equivocados quanto aos desejos do outro, porque pode haver ressentimento, porque podemos machucar alguém – as ordens só se deparam com o deleite da pessoa em quem são exercidas.

Violência

Two boys wrestling
A Ansiedade: Na infância se podia saltar por aí e se bater um pouco uns nos outros e tudo bem – era até bem divertido. Mas na idade adulta somos infinitamente mais circunspectos. Toda violência é proibida. Temos horror à força, seja exercida contra nós, seja exercida por nós mesmos.
O Erótico: Mas, sonhando acordado: pode ser legal levar um tapa, levar uma pancada de alguém; pode ser legal que a coisa fique selvagem, e que se reaja com força. Seria violento, haveria uma pontada de ferocidade. E ainda assim, magicamente, ninguém realmente se machucaria. Ninguém se desapontaria. A outra pessoa aceitaria nossas possibilidades extremas, violentas. Não ficaria chocada. Não precisaríamos ser tão cuidadosos; e depois poderia haver amor e aconchego, pelo menos até a próxima.
É a fantasia de que a violência não fosse mais ruim para nós mesmos e para os outros; que nossa raiva e agressão pudessem ser exercidas de forma segura, e que isso não nos faria infelizes, mas que de fato lhes daríamos boas-vindas a elas – e que a fúria de outra pessoa não destruiria nossas vidas, mas que, de fato, nos traria um frisson benévolo.

Sexo em público/ao ar livre

A Ansiedade: Ficamos facilmente embaraçados no que diz respeito ao reino público; sentimos que temos que nos resguardar, nos comportar bem: seja nos elevadores, praças, shopping centers ou nas garagens do mundo. E mesmo a natureza é reconhecida como bastante hostil – um âmbito frio e perigoso no qual os inimigos nos espreitam.
tibet-babao
O Erótico: Surge então o desejo de que fiquemos tão confortáveis no mundo, em público e na natureza, quanto em casa. Seria uma solução para o tipo de opressão de fazer sexo no elevador, nas pilhas de livros da biblioteca, ou atrás do posto de gasolina, no parque, etc. O sexo ao ar livre é prazeroso pelo mesmo motivo que os piqueniques o são: são formas de domar o mundo ao sobrepor o mundo doméstico sobre ele. Qualquer atividade que se limitou a quatro paredes se torna mais prazerosa quando realizada fora destas, já que isso simboliza uma conquista de nossas ansiedades – é uma forma de se imaginar mais a vontade no mundo do que normalmente nos encontramos.
* * *
Podemos analisar quase todos os “fetiches” (timidez, casaquinhos de malha, sapatos sem salto, botas, charutos, meias 7/8, meias listradas, etc.) e encontrar estruturas parecidas: uma ansiedade e uma esperança correspondente, nas quais uma carga erótica se conectou.
Encarados assim, poderemos explicar os cenários sexuais em termos bastante racionais e razoáveis, tanto para nós mesmos quanto para as outras pessoas em nossas vidas. Poderemos trazer as pessoas para nossas histórias: explicar como se formou nosso medo de que a sensibilidade e a seriedade precisavam desdenhar o corpo. Explicar como, quando éramos adolescentes, havia certas instâncias que realmente pareciam tornar essa ideia problemática, e como acabamos buscando uma solução para isso, e porque os óculos entraram na história.
Ao falar dessa forma, a esperança é que os gostos sexuais se tornem menos embaraçosos e um pouco menos ameaçadores – e nossas soluções eróticas um pouco mais razoáveis, e, a seu próprio modo, um bocado mais lógicas.
* * *
Este texto foi originalmente publicado no Philosophers Mail e traduzido por Eduardo Pinheiro sob autorização do autor.
Alain de Botton

Pensador com uma visão afiada sobre as questões mais urgentes de hoje, escritor de livros e ensaios, fala de educação, notícias, arte, amor, viagens, arquitetura e outros temas essenciais da "filosofia da vida cotidiana". Também é fundador da School Of Life, escola dedicada a uma nova visão de formação humana.

Poesia da noite

Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!

Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!

Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!

Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

Mario Quintana

Paulo Henrique Amorim: os candidatos são Urubológa, Ataulfo e Sardenberg

Lula e Dilma ocuparam o espaço político de forma ampla, geral e irrestrita.

Da esquerda à centro-direita.

Só sobrou um pedacinho de chão para os vandaleiros, lá e cá.

O PT , Lula e Dilma chuparam o oxigênio dos projetos políticos que faz o Brasil dar o salto irreversível na direção de uma sociedade desenvolvida e justa.

A Direita não tem o que dizer.

Esgotada as forças do neolibelismo, a Direita morreu pra dentro.

Faltam dez dias para o horario eleitoral, quando Dilma tem o dobro do tempo dos outros dois, e eles não conseguiram oferecer uma migalha ao debate de ideias.

Requentaram o Consenso de Washington, revisto e ampliado pelo Farol de Alexandria.

E recorreram ao velho Golpe de sempre, desde Vargas: o Golpe da Corrupção.

Entrou a areia.

O Aecioporto, o trensalão, o arquivamento do mensalão dos tucanos … tudo isso tirou a máscara dos fariseus.

Até o dos múltiplos chapéus diz hoje (10/08) na Fel-lha (*) e no Globo que Dudu e Aecioporto não tem o que declarar.

É preciso receber essa inédita – é um prodíjio ! – observação com grãos de sal.

Como se sabe, o dos múltiplos chapéus é o único interlocutor a que o Padim Pade Cerra dá atenção.

(Insones, de madrugada eles trocam receitas de veneno.)

Portanto, trata-se de uma revelação também nada original: o Cerra vai cristianizar  o Aecioporto.

O PT, o Lula e a Dilma esvaziaram a Casa Grande faz tempo.

A Judith Brito, inesquecivel presidente da global Associação Nacional dos Jornais (sic) já tinha dito que o PiG (**) é a verdadeira oposição.

Por essa ousada declaração, o Barão de Itararé lhe ofereceu o Prêmio “O Corvo”, e ela nunca foi buscar.

Uma ingrata !

Agora, se aprofunda a dependencia da Casa Grande ao PiG.

Criou-se esse factóide da mudança do perfil da Urubóloga na Wikepédia.

Uma hecatombe universal !

O Globo Overseas, em todas as suas nefandas manifestações, se estrebucha de ódio !

Até o Globo Rural entrevista a Urubóloga !

Liberdade de imprensa, a violação do sagrado direito de informar !

Balela !

Primeiro, que os perfis da Wikepédia não são as Tábuas da Lei.

Acredita neles quem quer.

Aquilo é uma bagunça 

Qualquer um mexe, modifica, adultera.

E tem até uns espertalhões – nos Estados Unidos – que cobram US$ 10 mil para alterar o que você quiser…

E se algum pilantra, funcionário do Palácio do Planalto, usou o computador do Palácio para dizer que a Urubóloga defendeu o banqueiro imaculado Daniel Dantas com unhas e dentes – e se isso for mentira ! – (leia “em tempo”) – é muito simples.

Apanhados o IP e o espertalhão, rua com ele,  e implacável processo administrativo.

E chega de bulha.

Porque a Urubóloga não imagina que o Mercadante, a Presidenta, ou o Thomas Traumann se dessem ao trabalho de interromper seus afazeres para “editar” o perfil dela na Wikepédia.

Nem a ególatra mais alucinada imaginaria tal desvio de função.

E a biografia dela já está escrita.

Neste domingo de sol – e sem água, em São Paulo – lê-se na colona (***) do Ataulfo (****) Merval que ele também teve a biografia adulterada na Wikepédia.

Um absurdo !

É preciso chamar a Embaixada Americana e exigir que os drones do Iraque despejem armas mortíferas sobre os que usam o Wi-Fi do Palácio do Planalto !

O episódio tem relevância próxima de zero.

Tem o nível do volume morto do Alckmin.

Porém, ele revela um traço central dessa eleição.

Assim como o PiG é a Oposição, a Urubóloga e o Ataulfo são os verdadeiros candidatos.

Os colonistas do PiG se projetaram de tal forma, assumiram tal notoriedade  e relevância que eles mesmos e sua notoria parcialidade encarnam o sentimento de Oposição e de ódio ao PT,  muito mais do que esses anódinos Aecioporto e Dudu.

A Urubóloga e o Ataulfo, sim, são o arsenal capaz de enfrentar a Dilma – e, não, os candidatos registrados no TSE.

Revela-se, assim, uma singularidade do processo politico e eleitoral do Brasil.

Os candidatos não são o Gilmar Dantas (*****) ou o Joaquim Barbosa, que tentaram, mas sem os cacoetes e a esperteza necessarias naufragaram antes do tempo.

Um foi para o twitter e o outro para os plantões.

Sobraram os mais loquazes, os mais expostos agentes do PiG.

Eles, sim, são o rosto e o cérebro da turma do camarote do Itaúúú.

Se não estavam lá, seriam benvindos.

Muito mais até que o Farol de Alexandria, que se apagou no terremoto chamado Lula e cuja validade vendeu.

O que sobrou da Oposição foi isso: a Urubóloga e o Ataulfo.

Melancolicamente.

Enfim, ficou claro !

O Brasil é como no Rio Grande: o candidato a Governador da Direita é uma “analista” da RBS, a Globo de lá – que começou a decepar jornalistas.

Com a eleição da Dilma no primeiro turno, segundo o Datafalha e o Globope, quem encarnará os principios e os fins da Casa Grande em 2018 ?

E até lá, a Globo já terá morrido gorda, como prevêem este ansioso blogueiro e os midias das agências de publicidade – em off…

É possível que a Casa Grande tenha que recorrer, de novo, ao Padim Pade Cerra (de que vive ele ?)

Já que o projeto vencedor há quatro eleições já tem o seu candidato: Lula.

Em tempo: de fato, o ansioso blogueiro não tem noticia de que a Urubóloga tenha falado bem do imaculado banqueiro. E também não tem noticia de que tenha falado mal …

Em tempo2: o PiG tem tanto medo do imaculado banqueiro, que a Fel-lha de SP (o mau, hálito se acentua com a proximidade da eleição), ao dedicar uma pagina inteira ao factoide da Wikepédia, se esqueceu de dizer que uma das adultareções assacadas contra a Urubologa foi … defender o imaculado banqueiro. Ele é um santinho do pau oco – no PiG e no Supremo … A Fel-lha, então, morre de medo dele.

Clique aqui para ver a reportagem que a Globo censurou e mostra o que Gilmar Dantas – num plantão !!! – ignorou para dar o segundo HC Canguru ao imaculado.

Paulo Henrique Amorim

Dia dos Pais

O que aprendi com a paternidade

Se eu tivesse que descrever, pra alguém, o que aprendi desde que soube que ia ser pai, sairia algo mais ou menos assim:
Ser pai não é uma meta ou um prêmio. É uma oportunidade que o destino está oferecendo. Quando descobri que ia ser pai, logo pensei nos meus. Comecei a vê-los de uma forma que nunca tinha visto antes. Percebi o quanto são humanos e como se esforçaram e suaram para dar uma boa educação e uma infância gostosa para mim e meus irmãos. Enxerguei como eu criei expectativas absurdas e cobrei coerências inatingíveis achando que eu já sabia tudo o que precisava saber no primário. Entendi que meus pais também tiveram medo e alegrias quando engravidaram e que, se eu fiquei nervoso e sem chão, o mesmo deve ter acontecido com eles.
Parto 1
Parto 2
Parto 3
Entendi que meu pai não recebeu um manual de instruções e minha mãe não fez um curso de culinária pra fazer a melhor comida do mundo. Eles tiveram uma vida antes de mim, que eu nem sequer imagino, e foram aprendendo e errando no caminho. Um dia a nossa comida também será a referência de melhor gastronomia do mundo. Nossa casa também será a referência que meu filho usará pra descrever um lar. Ser pai talvez seja criar um ambiente onde isso possa acontecer pra que, quando nossos filhos crescerem, possam relembrar de tudo com alegria e certa nostalgia.
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Percebi que a natureza é muito inteligente em dar 9 meses pra gente se acostumar com a ideia de ter um hóspede eterno em casa. A gente começa arrumando o quarto, depois a casa e quando vê já arrumou a vida inteira pra receber o ilustre desconhecido. Todo pai tem um momento em que percebe que o tempo corre demais nesses meses de gravidez. Alguns se empenham nos esportes, outros aproveitam pra fazer um ‘banco de sono’ e eu fui para um retiro cuidar da minha mente.
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Ser pai é ver sua companheira mudar intensamente e ir mudando junto, aprendendo, lendo, acompanhando, perguntando e estabilizando sua energia, para poder dar um abraço apertado e acolhedor quando os medos e ansiedades dela aparecerem. É entender que as flutuações hormonais das TPMs são só um pequeno ensaio do que vem pela frente. É mudar para sempre a forma de enxergar uma mulher. É saber que sua vida nunca mais será a mesma e, ainda assim, seguir curioso sobre o que o futuro reserva.
Pai é parir junto quando chegar a hora, é nascer junto com o filho, é estar tão envolvido com o processo inteiro que o parto chega e explode em alegria e emoção e faz perder o sono na primeira noite, de tão intenso que foi. Ser pai é ir do êxtase do parto para o medo do futuro, em questão de minutos, quando você finalmente se vê sozinho tendo que cuidar de uma família. É prender a respiração quando segurar a criança pela primeira vez e, em menos de um mês, já saber trocar uma fralda com a habilidade de uma avó.
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Ser pai é trabalhar nos bastidores. É se esforçar, como um contrarregra, para que a casa e o ambiente estejam em ordem e nada interfira na relação mãe-bebê. É deixar os problemas e picuinhas do lado de fora e trazer alegria e novidades para uma casa cansada de cuidar da criança o dia inteiro. É saber que o timing de um bebê é lento, monótono e muito repetitivo – ele não vai te dar nem um ‘obrigado’ depois de um dia cansativo –, e, por isso mesmo, saber que é precisosustentar a sua energia sem precisar ‘sugar’ isso de fora com baladas, viagens, esportes ou jantares.
Ser pai é ter seu auto-centramento escancarado de forma intensa e constante. Não dá pra pensar em si mesmo, agir com base nas suas próprias vontades, nojos, apegos e ansiedades, quando o bebê estiver chorando e precisar do pai ali, agora. Você precisa esquecer sua agenda, os seus compromissos, as suas vontades, a sua rotina, e fazer de tudo para que a rotina do bebê não mude. Rotina traz segurança e tranquilidade para um serzinho que ainda não entende bem este mundo.
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Ser pai é descobrir a liberdade escondida entre os choros e as fraldas. É tirar de lá um ânimo e motivação para seguir melhorando como pessoa e exemplo. É ter suas certezas destruídas, uma por uma, porque criança não segue essas leis de gente grande. É perceber como um bebê é autêntico, se entregando inteiro quando gosta da situação e reclamando se ficar descontente – ao contrário de nós, adultos, que sempre ficamos preocupados com as opiniões alheias.
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A paternidade, como qualquer mudança, é um turbilhão de receios e desafios, mas, se estivermos dispostos, atentos, alegres e olharmos o quadro de fora, vamos perceber que estamos presenciando algo incrível e que essa é uma ótima oportunidade de nos tornarmos leves e abertos pros detalhes escondidos nos cantinhos da vida.
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Sobre a série colaborativa “Mundo interno”

Junto com as pessoas que participam do lugar e também com qualquer leitor ou leitora do PdH que quiser colaborar, vamos publicar alguns textos com essa motivação de mapear e ganhar clareza sobre nossos mundos internos.
A ideia é descrever em primeira pessoa, iluminando por dentro, processos que normalmente são abordados de modo exteriorizado. Será um exercício de introspecção e também de linguagens mais precisas, estimulado empatia e conversas mais profundas sobre qualidades, obstáculos e dinâmicas presentes na maioria de nossas experiências.
Em vez de testar mais um método de mudanças de hábitos e comportamentos, como posso trabalhar diretamente com os processos sutis de distração, torpor e ansiedade? Se lá fora vejo qualquer que seja o fenômeno, o que vejo quando olho para dentro? Qual o mundo interno de uma empresa, de uma música, de um show? De uma avenida congestionada? De um site como o Facebook ou o PapodeHomem? Quando aparentemente estamos aqui ou ali, onde estamos de verdade?

Marcos Bauch

Nascido na Bahia, criado pelo mundo e, atualmente, candango. Burocrata ambiental além de protótipo de atleta. Tem como meta conhecer o mundo inteiro e escreve de vez em quando no seu blog, o De muletas pelo mundo.

Preocupação na cúpula tucana

Pesquisas qualitativas feitas pelo campanha de Aécio Neves acendeu o sinal amarelo - tem que diga já ser o encarnado -. É que uma grande parcela da população já começa a ligar a imagem do candidato à apelidos populares, mas nada lisonjeiros: 

Cu de cana, Pé de cana, Cana-brava, Pudim de Cachaça, Papudinho, Pinguço etc.

Os marqueteiros já avisaram. 

Agora é ver se Aécio Neves segue o conselho e para de encher a cara.

Fazendo teoria da conspitação

Sou inteiramente solidário com Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, que tiveram seu perfil na enciclopédia Wikipedia alterado a partir de um computador conectado a rede do Palácio do Planalto.
O grave, no episódio, é a geo-política.
É inaceitável que um instrumente que pertence ao patrimônio público seja utilizado em benefício de interesses políticos particulares.
Cabe investigar e apurar as responsabilidades, como o governo já anunciou que irá fazer.
Mas discordo da própria Miriam Leitão quando ela diz:
“É ingenuidade acreditar que uma pessoa isolada, enlouquecida, resolveu, do IP da sede do governo, achincalhar jornalistas.(…) Alguém deu ordem para que isso fosse executado. É uma política. Não é um caso fortuito. E o alvo não sou eu ou o Sardenberg. Este governo desde o princípio não soube lidar com as críticas, não entende e não gosta da imprensa independente. Tentou-se no início do primeiro mandato Lula reprimir os jornalistas através de conselhos e controles. A ideia jamais foi abandonada. Agora querem o “controle social da mídia”, um eufemismo para suprimir a liberdade de imprensa.”
Com isso, tenta-se confundir o Planalto, imóvel frequentado por centenas de funcionários e visitantes, todos os dias, com o “Planalto” como instituição política e comando do governo.
Faltam indícios minimamente consistentes para se sustentar essa teoria da conspiração, o que não ajuda quem quer esclarecer mas serve a quem quer confundir — quando falta um mês e meio para a eleição presidencial.
Um funcionário do governo é orientado a falar mal de Miriam Leitão e Sardemberg para suprimir a liberdade de imprensa?
Calma.
A afirmação (“alguém deu ordem”) é tão leviana que chega a lembrar uma observação fabricada contra Sardenberg pelos militantes da Wikipedia.
É aquela no qual se tenta associar sua visão de politica econômica ao fato de que um de seus irmãos ocupa um cargo de direção na Bolsa de Valores.
Nós sabemos que a proximidade entre o jornalismo e o mercado financeiro já despertou diversos debates de natureza ética, em especial em Wall Street.
Mas, a menos que se possa demonstrar uma relação de causa e efeito entre os interesses de um irmão e os comentários do outro, uma insinuação dessa natureza é precipitada e maldosa.
Acho que Sardenberg e Miriam dizem e escrevem aquilo que dizem e escrevem porque estão convencidos de que devem dizer o que dizem e escrevem.
Isso não os impede de falar e escrever coisas que julgo erradas e divulgar ideias falsas.
É pertinente lembrar um fato maior. O salto tecnológico da internet abriu imensas possibilidades de emancipação e liberdade para a espécie humana e também criou oportunidades para controles indevidos, repressão e banditismo.
No mesmo instante em que você lê estas linhas, alguém pode estar acionando um esquema para me xingar, mentir e caluniar.
Acontece sempre e todo dia e a Wikipedia, enciclopédia aberta aos internautas, é parte desse mundo. Existem cidadãos que consideram seus comentários em blogues como parte de sua condição de cidadãos do seculo XXI.
Outros são profissionais da calunia, cabos eleitorais eletrônicos.
Como qualquer cidadão vacinado, com título de eleitor em dia, sei que as grandes candidaturas presidenciais – todas – têm esquadrões subterrâneos na internet, que operam em graus variados de clandestinidade.
Só não acredito que atuem com nome e endereço, assinando recibo a cada intervenção indevida.
Num antecedente que guarda alguma semelhança com este caso, anos atrás um funcionário do Planalto que tinha acesso a um twitter presidencial foi apanhado pelo próprio governo quando divulgou uma ironia contra um adversário.
A mensagem não chegou a permanecer um minuto no ar. Tratada como gesto imperdoável, foi eliminada em seguida. O responsável foi forçado a pedir demissão na hora.
Este episódio mostra que, seja por compreender a necessidade de separar entre interesses públicos e particulares, ou apenas por não desconhecer o risco que o uso sem critério da rede do Planalto pode trazer para o governo, ninguém confunde os computadores do Palácio com as máquinas privadas de um internauta no livre exercício de seus direitos.
Mas é claro que posso estar enganado, o que torna prudente aguardar pela apuração.
Por enquanto, falar que “este governo desde o princípio não soube lidar com as críticas, não entende e não gosta da imprensa independente” é insistir numa tese conveniente para a propaganda da oposição. Falta combinar com os fatos.
Foi o governo Lula que desenvolveu critérios técnicos (a chamada “mídia técnica”) para a distribuição de verbas publicitárias, que antes eram repartidas ao sabor subjetivo da area de comunicação – e todo mundo achava natural até ali, porque eram conversas entre amigos do golfe, dos jantares e da política.
Nem no auge das denúncias da AP 470, que deixaram o governo em carne viva, o Planalto fez movimentos no sentido de retaliar veículos que se jogaram de corpo e alma numa campanha para criminalizar ministros e aliados – atitude olímpica que chegou a gerar um compreensível inconformismo entre o PT e seus amigos. Em vez de “suprimir a liberdade de imprensa”, como diz a teoria da conspiração, o Planalto fez questão de manter contratos e pagamentos.
Quando se perguntou a Joaquim Barbosa por que o mensalão PSDB-MG não era apurado pelo STF com o mesmo empenho – e o mesmo barulho — do que o esquema de Valério e Delúbio, ele apontou para os jornalistas. Disse que não demonstravam o mesmo interesse pelos dois casos. Eu acho que Joaquim errou no argumento.A Justiça não deve e não pode pautar seu trabalho pela cobertura dos jornais.
Mas é claro que relator da AP 470 falava a verdade.
Os grandes jornais nunca demonstraram o mesmo empenho para conhecer o mensalão original.
Pressionaram com denúncias sem fim, no caso do PT. Aliviaram com o silêncio, no caso do PSDB mineiro.
A revelação de que o ex-ministro Pimenta da Veiga, atual candidato ao governo de Minas na chapa tucana, recebeu 300 000 reais do esquema jamais despertou o espírito investigativo de nossos repórteres. Olha só. Era uma soma seis vezes superior aos 50 000 que o ministério público acusou João Paulo Cunha de ter recebido.
Pimenta recebeu esse dinheiro depois da campanha de 2002, quando Aécio Neves ganhou o governo de Minas Gerais e boa parte dos condenados da AP 470, como os publicitários Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, participavam da caravana que carregou sua candidatura.
Uma visão equilibrada das relações entre poderes públicos e a mídia mostra que em Minas Gerais, os jornais e jornalistas têm uma postura conhecida de docilidade absoluta diante do governo. Coisa de ditadura albanesa nos tempos do comunismo.
Você pode acreditar que se trata de um silêncio voluntário, fruto de uma avaliação isenta das realizações de sucessivas administrações estaduais.
Ou não – e você pode imaginar por quê.

Perguntinhas de repórter inocente: por que nossos paladinos da liberdade de imprensa tem verdadeira fixação em apontar para um falso bolivarianismo petista em vez de denunciar o controle da mídia pelo Estado mineiro?
Não sabem o que se passa num Estado habitado por 20 milhões de brasileiros, que abriga o terceiro PIB do país?
Isso não interessa aos eleitores que tomarão o caminho das urnas em outubro?

Esta é a pergunta, jornalistas e não-jornalistas.
Paulo Moreira Leite é diretor do 247 em Brasília. É também autor do livro "A Outra História do Mensalão". Foi correspondente em Paris e Washington e ocupou postos de direção na VEJA, IstoÉ e Época. Também escreveu "A Mulher que Era o General da Casa".