Pnad reafirma a trajetória de queda das desigualdades

Novos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) reafirmam a trajetória de queda das desigualdades e mantêm as principais tendências verificadas nesta década. A correção da análise de dados e microdados, anunciada na sexta-feira (19) pelo governo federal, mostrou, entre outros reparos, a queda nas desigualdades sociais do país, medida pelo índice de Gini, e na desigualdade de renda proveniente do trabalho. Os novos números reforçam que a renda do brasileiro tem aumentado com velocidade crescente, nos últimos anos.
Entre 2011 e 2013, um brasileiro levaria 12,8 anos para ver sua renda mensal dobrar de valor. Se levado em consideração o período iniciado em 1993, esse mesmo cidadão levaria 23,6 anos para ver sua renda dobrar, apontam os dados revisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).




Os ministros Miriam Belchior, Tereza Campello, Henrique Paim e Marcelo Néri, durante coletiva sobre a correção dos dados da Pnad. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Néri, observou que, apesar de ainda não haver números consolidados, 2014 deverá marcar a maior queda na desigualdade nos últimos dez anos.
Ele citou , como exemplo dessa tendência, o índice que aponta queda nas diferenças de renda familiar per capita. Segundo ele, o índice foi de 0,527 em 2011 para 0,524 em 2012 e 0,522 em 2013. Quanto mais próximo de 1 mais desigual e, portanto, a diminuição do índice é um resultado positivo para o país.
Néri ainda ressaltou que o rendimento dos brasileiros cresceu, em média, 5,5% por ano entre 2011 e 2013, e que a desigualdade também atingiu, no ano passado, seu menor nível histórico em outras dimensões, como nos rendimentos do trabalho e nos rendimentos pessoais de todas as fontes.
Apesar de o percentual de pessoas que ganham até um salário mínimo ter ficado em 25,2% da população ocupada em 2013, e não 24,8%, a desigualdade diminuiu porque a taxa dos que ganham de cinco a 20 salários mínimos passou de 7,6% para 7,3% entre as duas análises e os que recebem mais de 20 salários mínimos permaneceu em 0,7%.
Já o rendimento mensal do trabalho variou menos do que o estimado: 3,8%, e não 5,7%, com isso, o valor do rendimento médio mensal ficou em R$ 1.651, e não R$ 1.681. "O mundo está em crise e o Brasil continua aumentando a renda por dois anos consecutivos", afirmou a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
No caso do desemprego, a taxa de 6,5% em 2013 não foi alterada pela correção dos dados da Pnad, mantendo-se em patamar baixo quando comparado a diversos países que enfrentam problema de desemprego.
A taxa de desocupação permanece a mesma, de 6,3% da população, mas o contingente de pessoas é 6,637 milhões, e não 6,693 milhões. O nível de ocupação total ficou em 61,8% da população, no lugar de 61,2%. O trabalho infantil caiu 10,6%, e não 12,3% divulgado.
Educação
Ainda de acordo com os dados revisados, a taxa de analfabetismo em 2012 era 8,7% da população e caiu para 8,5%. O dado divulgado anteriormente foi 8,3%. "Na faixa de 15-29 anos, fechamos a torneira o analfabetismo. Mantiveram trajetória de melhoria em todos os indicadores. As oportunidades estão sendo geradas pelo governo e refletem nos dados, principalmente, de quem está fazendo curso técnico", afirmou o ministro da Educação, Henrique Paim.
Após a correção dos dados, permaneceu a tendência de aumento de escolarização das crianças. Um favor de destaque foi o forte avanço à pré-escola, cuja taxa de acesso foi corrigida de 81,2% para 81,4%, a maior da série histórica, garantindo a entrada mais cedo de um maior número de crianças na educação formal, fundamental para novas quedas futuras das desigualdades. "Com os novos dados, percebemos um bom caminho a ser seguido na educação, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida às pessoas com o passar dos anos", ressaltou Paim.
Veja apresentação com os dados revisados da Pnad
Investigação
De acordo com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, uma comissão, constituída por representantes dos ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG)Justiça e Casa Civil, além da Controladoria-Geral da União (CGU), avaliará a consistência dos dados da pesquisa. A comissão terá 30 dias para analisar os fatos e a responsabilidade funcional. Miriam Belchior destacou a rapidez com que o IBGE corrigiu os dados. "Isso não apaga o erro, que é gravíssimo, mas colocou à disposição da sociedade de forma transparente o mais rápido possível, as informações corrigidas."
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, houve um erro técnico que superestimou a população das regiões metropolitanas do País, o que influenciou em outros dados, como o índice de Gini, e provocou alterações nos resultados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Os dados revisados já estão na página do IBGE.
Fonte: Portal Brasil com informações do IBGE, Ministério do Planejamento e EBC.



Briguilinks do dia

A Dilma o que é de Dilma, por Paulo Moreira Leite

Se as eleições fossem hoje, e o país vivesse pelas regras eleitorais anteriores a 1989, quando não havia o sistema de dois turnos, Dilma Rousseff estaria reeleita — na matemática.
Se o último Data Folha já registrou o crescimento de Dilma, em dois levantamentos internos, recém-saídos do forno, disponíveis na noite de sexta-feira, ela se encontrava na casa dos 38 e 39% das intenções de voto, apresentando uma tendência de alta, sem grandes saltos nem movimentos especulares, mas de notável regularidade.
A disputa quente, ao menos neste momento, é pelo segundo lugar. Enquanto Dilma cresce inclusive onde parecia parada, como São Paulo, Marina encontra-se em queda no país inteiro e sua diferença em relação a Aécio Neves diminui a cada levantamento.
Conforme pesquisas de tipo tracking — um levantamento baseada na média de intenções de voto de três dias consecutivos, considerada a mais apropriada para apurar as tendencias da disputa — a distancia de Marina para Dilma se ampliou.
Chegou a dez pontos. Em outro levantamento do mesmo tipo, a distância é de quinze pontos. Mesmo olhando esses números com a reserva necessária a todo levantamento dessa natureza, pois ele não obedece a nenhum controle além das próprias campanhas e seus patrocinadores, eles parecem confirmar que a boca do jacaré entre as duas concorrentes principais está abrindo.




á a diferença de Aécio para Marina diminuiu. Ficou em dez pontos, num dos levantamentos. Em apenas seis, em outro. Embora Marina ainda seja vista com a adversária provável no segundo turno, cresceu a visão, na campanha do PT, de que a chance de Aécio Neves ir para a segunda rodada deixou de ser um exercício imaginário e se transformou numa hipótese real.
Quando faltam quinze dias para a votação, a previsão é de um primeiro turno literalmente imprevisível, que pode lembrar 1989, quando Lula e Leonel Brizola chegaram emparelhados em segundo lugar e o candidato do PT venceu por 400 000 votos — diferença tão apertada que, fora o DataFolha, a maioria dos institutos nem arriscou uma previsão nas pesquisas de boca-de-urna, feitas após a votação.
Mesmo real, o crescimento de Aécio tem um limite. Sua agressividade de adversário original do PT pode contribuir para retirar eleitores conservadores de Marina. Ao mesmo tempo, impede que tenha acesso a eleitores da candidata do PSB que se situam num universo progressista, descontentes com o governo mas em medida ainda maior com a memória do PSDB.
A consolidação de Dilma numa dianteira respeitável envolveu duas situações particulares. O PT teve de mostrar agilidade para encarar uma mudança fora de qualquer cálculo — a troca de Eduardo Campos por Marina Silva, a apenas 45 dias antes da votação –, que deu origem a outra campanha, com outro adversário, outro programa, outro debate. Aquilo que fora pensado e preparado como um clássico confronto entre PT e PSDB transformou-se em outra disputa.
De uma hora para outra Dilma foi levada a enfrentar uma situação estranha ao mundo de pancadaria aberta que enfrentou desde a posse no Planalto, em 2011: uma candidata ex-PT, que podia valer-se de seu passado no partido e no ministério para receber apoio de petistas desgastados após 12 anos de governo, e de suas alianças do presente para conseguir apoio junto a quem fazia oposição desde sempre.Tudo envolvido num ambiente de religiosidade e mistério.
A crítica às propostas conservadoras de Marina, a começar pela independência do Banco Central, serviu para tirar o centro de gravidade da candidata do PSB — uma permanente ambiguidade — e definir um terreno onde a candidatura Dilma tem sido capaz de caminhar com segurança.
Outro aspecto envolve a avaliação do governo, o teste definitivo de qualquer governante que tenta uma reeleição. Mais do que falar sobre o futuro, uma candidata se ancora no passado de governo — para crescer ou afundar. Em qualquer parte do mundo, o eleitor prefere fatos a promessas, não é mesmo?
Os números melhoram regularmente, mostrando que Dilma não é uma candidatura no vazio nem caminha contra a corrente principal de eleitores. Seu crescimento ocorre aonde se esperava, junto a camada de brasileiros que residem nos patamares mais baixos de renda, junto aos quais o PT sempre obteve apoio.
Sem querer imaginar que tudo se passou às mil maravilhas e nada merece crítica, está provado que ela é uma presidente que tem o que mostrar, para decepção de quem imaginava que iria fazer oposição a um governo desastrado, e mesmo para aqueles que falavam em tom condescendente do copo meio cheio, meio vazio. Os debates e entrevistas têm mostrado que é difícil condenar o governo de voz baixa, olho no olho, com argumentos racionais. Essa é a grande mudança produzida na campanha.
A fase atual da campanha mostra o reencontro de Dilma e seu governo. A disputa política e a propaganda na TV permitiram fazer o contraponto ao jornalismo-catastrofe praticado pelos grandes meios de comunicação.
Os números mostram que, sem avanços espetaculares, mas num movimento constante, a cada dia cresce a parcela do eleitorado que gosta do que vê no governo e reconhece a continuidade de Lula. Este é o grande trunfo da presidente.



Marina Silva: "agora estão unidos, PT e PSDB, numa mesma artilharia para destruir quem tem programa, para destruir quem trata eles com respeito

André LB:
COMO É QUE É??? QUAL parte do programa, a que ela mudou ou que AINDA não mudou?
A de flexibilizar direitos trabalhistas?
De mudar a Lei anti trabalho escravo?
A de dar "independência ao BC?
De propor tarifaço para depois das eleições?
A de deixar os LGBT na mão?
De sugerir toda santa vez que abandonará o partido em que está - e de quem é o programa que ela muda como quem muda de camisa - na primeira oportunidade?




E QUE RESPEITO É ESSE? O de "acusar" o PT de por um diretor na Petrobrás "para roubar"?

Apesar de sempre ter discordado de Marina, achei que ela tinha CARÁTER. Ela deve ter mudado de ideia quanto a ter caráter também. Pelo visto, ter caráter não é importante na "nova política". Ela me faz lembrar do filme "as mil faces do Sr. Lao", ou "Macunaíma, o herói sem nenhum caráter".

Psdb lança o programa "Aécio Esperança"

HARVARD - Animados com a recuperação de Aécio nas pesquisas, líderes do PSDB lançaram as bases do programa Aécio Esperança. Na próxima propaganda eleitoral, Geraldo Alckmin aparecerá abraçado a policiais militares e entoará o jingle "Ligue 0500 2014 045 pra doar cinco pontos percentuais". No fundo a tropa de choque batucará, no ritmo do Olodum, com seus cassetetes nas costas de integrantes do MTST.




Em seguida, os roqueiros Lobão e Roger pedirão mantimentos e ajuda humanitária para conter o avanço do comunismo. Fechando a apresentação, o blogueiro Reinaldo Azagão aparecerá com ombreiras e gravata à Didi Mocó para protagonizar um esquete cômico com Dedé Constantino.

Merval Pereira especula que a campanha Aécio Esperança alterará drasticamente a corrida presidencial. "Trata-se de um fato novo que coloca em xeque o poder de mobilização do PT", analisou.
do The i-piauí Heral

Corrupção empresarial

Na varanda de uma cobertura de um luxuoso hotel, três grandes empreiteiros do país se vangloriam dos seus feitos (leia, Roubos).

- Estão vendo aquela ponte? Dez por cento no meu bolso. O segundo:

- Estão vendo aquele viaduto? Vinte por cento no meu bolso. O terceiro:

- Estão vendo aquele hospital? Perguntou, apontando para um terreno desocupado.

- Hospital, onde? Ali só tem um terreno baldio, disseram seus colegas.

- E ele, com orgulho e empáfia: Cem por cento no meu bolso!




Maurício Dias: por que o ódio ao PT?

O ódio ao PT e aos petistas em geral é um eixo importante sobre o qual também gira a campanha presidencial de 2014.

Esse sentimento antigo, manifestado abertamente por adversários de influência forte no eleitorado de oposição, permanece em estado latente e se manifesta mais claramente nas “guerras” presidenciais. Em tempos de “paz” é cochichado pelos cantos do Congresso e, igualmente, em reuniões sociais onde não há preocupação em expor preconceitos.

Nesses salões mais elegantes, os petistas são tratados de corja.

Recentemente, o asco jorrou surpreendentemente da boca do senador Aécio Neves, um mineiro até então pacato com os adversários políticos. A competição acirrada fez o candidato a presidente pelos tucanos sair dos seus cuidados.

“Sei que não vou ganhar. Minha luta é contra o continuísmo dessa gente. É contra isso que vou lutar”, confidenciou a Jorge Bastos Moreno, de O Globo. Isso, ainda no início de campanha, revelou o jornalista.

Reação incomum a do mineiro Aécio Neves, neto de Tancredo.




A tradicional cordialidade na sociedade mineira, por exemplo, aproximou o tucano Aécio do petista Fernando Pimentel. Em 2008, firmaram a aliança, com resistências no PT, para eleger o prefeito de Belo Horizonte. Acordo repudiado pelos petistas mineiros.
Na política, excetuadas as exceções, os adversários não são tratados como inimigos. Sabem que amanhã será outro dia e poderão estar no mesmo palanque.

O ódio embutido na frase de Aécio Neves tem explicação e antecedentes. Alguns bem mais explosivos e de maior violência verbal.
Em 2006, o senador Jorge Bornhausen (PFL-DEM) lançou uma provocação violenta contra a reeleição de Lula: “Vamos acabar com essa raça. Vamos nos livrar dessa raça por, pelo menos, 30 anos”. Falhou na previsão, como se sabe. Essas são algumas das raízes que fazem o ódio aflorar no processo eleitoral deste ano de forma mais transparente. O sentimento espalhou-se por uma parte considerável do eleitorado. De alto a baixo.

Para derrotar Dilma, um grande contingente de eleitores tucanos trocou de camisa. Optou por Marina. Aécio em poucos dias foi desidratado. Ele chegou a ter 23% das intenções de voto. Mas empacou. Dilma aproximou-se muito da possibilidade de vencer no primeiro turno. Aproximadamente, 30% dos eleitores formavam o grupo dos indecisos ou mostravam a intenção de votar em branco ou nulo.




O imprevisto jogou Marina na disputa. Ela rapidamente superou Aécio, que caiu para 15% das intenções de voto. Voltou a subir a 19% segundo o Ibope.

Trocar Aécio por Marina não é, efetivamente, resultado político adequado pelos critérios políticos mais tradicionais. A troca de candidato, no entanto, é fruto do medo de uma nova vitória do PT, cujo compromisso social assusta parte da sociedade com dificuldade de conviver com pobres.

Essa porção de privilegiados assusta-se com um pouco mais de igualdade. Da fonte do medo também brota o ódio.