Muita gente atribuiu os números do último Vox Populi a uma suposta simpatia do instituto pelo PT.
Mas os resultados do Datafolha divulgados hoje reforçam o que o Vox Populi apontava: o momento é inteiramente favorável para Dilma.
O quadro, a pouco mais de uma semana das eleições, é o seguinte: Dilma cresce, Marina diminui e Aécio fica parado.
A grande questão, hoje, é se esta tendência se manterá. Caso isso aconteça, são grandes as chances de Dilma levar no primeiro turno.
Os adversários de Dilma estão ajudando, é verdade. Aécio insiste em falar em corrupção, como se fosse um Catão e os brasileiros idiotas.
Não poderia triunfar, a verdade é essa, um candidato que começa sua campanha jurando à plutocracia que iria tomar “medidas impopulares”.
Marina se enrolou nela mesma. Abraçou um projeto conservador e depois teve imensa dificuldade em sustentá-lo. Um dos casos mais notáveis de guinada foi o da CLT, que ela prometeu “atualizar” para empresários e depois, diante da reação de sindicatos, disse ser “sagrada”.
A campanha de Dilma foi brilhante, talvez melhor até que seu governo.
Mesmo sendo situação, ela soube capitalizar o desejo dos brasileiros de mudar. “Muda Mais” é um dos melhores slogans da história política nacional.
Em outro ponto explorado pelos adversários, o da corrupção, ela também tomou a dianteira. Disse que a grande diferença entre hoje e antes é que no passado a corrupção era empurrada para debaixo do tapete, e agora é combatida.
Fora tudo, ela se beneficiou de um estado de espírito que tomou o mundo: a insatisfação com a desigualdade social.
Neste campo, são inquestionáveis os avanços promovidos primeiro por Lula e depois por ela.
Programas como o Bolsa Família e o Mais Médicos mudaram para melhor a vida dos pobres.
Sinal disso, tanto Aécio quanto Marina gastam um bom tempo de suas falas na defensiva, garantindo que não irão mexer em nenhum desses programas.
O pior, para Aécio e Marina, é que eles não têm um único projeto social novo, de porte, para anunciar.
Por fim, não se deve subestimar também a força eleitoral de Lula. Com seu carisma, com sua popularidade e com seu humor cortante, ele se empenhou intensamente pela pupila.
Aécio não teve um padrinho desses: FHC tira votos, em vez de trazer. E Marina teve em Neca Setúbal uma conselheira e apoiadora de muito menor impacto eleitoral que Lula.
Todas as circunstâncias, vistas as coisas em retrospectivas, foram dar no cenário de hoje: o franco favoritismo de Dilma.
Pode mudar? Pode. Mas é altamente improvável. Aécio está fora do jogo. No jargão do futebol, tem chances matemáticas. E para Marina a maior vitória será conseguir se arrastar, em meio à rápida erosão de intenção de votos, até o segundo turno.
Acontece que a hipocrisia humana não conhece nem mesmo os limites sexuais. Pensei sobre isso outro dia, quando ouvi um diálogo – no mínimo – revoltante. “Eu já fiquei com mulheres.” “Sério? (cara de babaca assustado)”. “Sério. Você não curte?” Curto, mas só com as vagabundas. Você é minha namorada.” Não preciso nem dizer que, a partir de então, ela não era mais a namorada dele.
É lamentável, mas muitas pessoas – muitas mesmo – ainda cultivam talvez o preconceito mais incompreensível de todos: o preconceito sexual.
Gente como o ex-namorado babaca da minha amiga. Gente que vê gang bang na internet mas discrimina swingers, que tem preconceito com lésbicas mas ainda acha que precisam de um pau entre elas. “Não curto, mas se eu puder participar…” Gente que faz um sexo idiota e limpinho e vai dormir a ponto de explodir de tesão, sonhando com a putaria louca que, na verdade, queria ter feito. Gente que arregala os olhos cheios de preconceito ao ouvir o fetiche alheio, enquanto guarda o seu bem escondido – afinal, o que é que vão pensar?
Acontece que fetiche não se discute. Não se dosa, não se controla, como fazem o sex shop e a indústria pornográfica, ao tentarem de convencer que o que te leva ao auge da excitação é uma cinta liga vermelha e bem lavada. Talvez seja, tudo é possível. Mas é muito mais provável que, se você procurar bem, seja um ménage, uma chuva dourada ou outra coisa inimaginável que só você conhece.
Não dá pra dizer que o fetiche alheio é nojento, esquisito ou bizarro – ou dá, vai ver é mesmo. Mas e daí? Costumo dizer que todo fetiche pode te libertar ou te enclausurar, a depender de como você lide com ele.
Do mesmo modo, é preciso respeitar o fetiche do outro – especialmente do seu parceiro. Aliás, se o seu parceiro não tem fetiche, desconfie – ele provavelmente tem, mas não quer dividir com você. E se não quer dividir, tem alguma coisa muito errada entre vocês. Pessoas que compartilham sexo têm que compartilhar por completo – aceitar o outro com tudo que vem junto, seja um fio terra ou um simples drive in. Isso não significa uma obrigação absoluta de sair por aí fazendo tudo o que o outro quer. Fetiche é uma coisa tão intrínseca que talvez nem Freud explique, ainda menos essa humilde colunista que vos fala (que, afinal, é aprendiz de tudo nessa vida, inclusive de fetiches).
Isso significa – tão somente – dividir os seus desejos com a (s) pessoa (s) que você escolheu para realizá-los. É natural que você queira escondê-los quando tudo te emite sinais de que isso é nojento e estranho. Estranho pode até ser, a depender do ponto de vista. Mas é humano, instintivo, e até irrepreensível – porque nasceu com você. Você não precisou ir ao sex shop comprar a vontade de praticar voyeur, como comprou aquela sua fantasia de coelhinho.
Mas nojento, não. O tesão que um bom fetiche proporciona – acredite – elimina qualquer sensação de nojo, repulsa, e até de dor (os sadistas que o digam). É o seu espírito e a sua mente compactuando com os tais ‘prazeres da carne’ e te dizendo que não tem nada de errado com seus fluidos, seu suor, suas caras, suas bocas. Então, ao invés de entrar em crise com aquele seu fetiche incomum, obedeça os seus desejos – eles sabem o que fazem.