Pig e oposição quer transformar trâmites do processo [mensalão] em julgamento definitivo

Depois da divulgação das alegações finais do Procurador-Geral da República - no que me diz respeito, uma mera repetição da denúncia que seu antecessor fez ao Supremo Tribunal Federal (STF) - uma parte da mídia transformou as alegações do Procurador-Geral em julgamento definitivo.

O acolhimento da denúncia pelo STF - repito o que tantas vezes já fui levado a dizer - não significa culpabilidade comprovada. Por exigência constitucional, esta só pode ser apurada no devido processo legal. Apesar disso, e do sagrado direito de todo e qualquer cidadão à presunção da inocência, dois jornais (Folha e O Globo) em editoriais neste domingo transformaram as alegações da PGR em julgamento definitivo.

Como, aliás, já tinham feito quando do acolhimento da denúncia pelo STF, desconhecendo que quem julga é a Suprema Corte e não a PGR. O Procurador-Geral acusa e deve apresentar fatos, provas e indícios. Estes, no meu caso, tanto nas alegações de agora quanto na denúncia, não existem, por mais que os editorais e o discurso político da mídia e da oposição digam o contrário.

Não há uma única prova sobre minha participação

Certos articulistas, inclusive, passaram a divulgar como última palavra sobre meu julgamento as alegações finais da PGR que não acrescentou nada à denúncia, já que durante os quatro anos de instrução do processo, de oitivas das testemunhas, de juntada de provas, e de perícias realizadas, nada, absolutamente nada mesmo foi acrescentado sobre minha participação.

Por isso, desafio os jornais e articulistas - que em seus editoriais e artigos afirmaram que há fatos, provas e indícios de minha participação nos fatos denunciados e investigados - a apontar, seja na alegação final da Procuradoria Geral da República, seja na instrução processual, uma prova e um indício que seja de minha participação ou culpabilidade.

Sou inocente e, portanto, obrigado e me defender de público. Vou fazê-lo para evitar a tentativa ilegal e ilegítima de transformar meu julgamento num juízo político, o que nossa Constituição e Estado de Direito não permitem em hipótese alguma. Mais do que isso, repudiam até em seus fundamentos democráticos.

Objetivo é atingir o PT, o governo e as transformações sociais


Não custa recordar que tive o meu mandato de deputado federal cassado sem provas pela Câmara e que nesses seis anos sofri um verdadeiro linchamento público. Fui pré-julgado e condenado sem direito à defesa e ao devido processo legal pela maior parte da mídia.

Daí, minha indignação a esta violência que cometem contra as nossas leis e Constituição, contra os direitos individuais e a liberdade de expressão. Adotam um comportamento que é, na prática, uma traição aos princípios constitucionais que regem nossa democracia. Seu objetivo já é mais do que conhecido: buscam de forma canhestra  pressionar o STF a fazer um julgamento político, o que temos certeza absoluta que não acontecerá.

Sem contar o outro e inarredável propósito com que tratam dessa forma a questão: atingir a imagem do Partido dos Trabalhadores e tentar inviabilizar o projeto de transformação social do país, em implantação pelos governos liderados pelo meu partido.
Zé Dirceu

por Leonardo Boff

A perda de confiança na ordem atual

Na perspectiva das grandes maiorias da humanidade, a atual ordem é uma ordem na desordem, produzida e mantida por aquelas forças e países que se beneficiam dela, aumentando seu poder e seus ganhos.
Essa desordem se deriva do fato de que a globalização econômica não deu origem a uma globalização política. Não há nenhuma instância ou força que controle a voracidade da globalização econômica.
Joseph Stiglitz e Paul Krugman, dois prêmios Nobel em economia, criticam o Presidente Obama por não ter imposto freios aos ladrões de Wall Street e da City, ao invés de se ter rendido a eles. Depois de terem provocado a crise, ainda foram beneficiados com inversões bilionários de dinheiro público. Voltaram, airosos, ao sistema de especulação financeira.
Estes excepcionais economistas são ótimos na análise mas mudos na apresentação de saídas à atual crise.
Talvez, como insinuam, por estarem convencidos de que a solução da economia não esteja na economia mas no refazimento das relações sociais destruídas pela economia de mercado, especialmente, a especulativa.
Esta é sem compaixão e desprovida de qualquer projeto de mundo, de sociedade e de política. Seu propósito é acumular maximamente, apropriando-se de bens comuns vitais como água, sementes e solos e destroçado economias nacionais.
Para os especuladores, também no Brasil, o dinheiro serve para produzir mais dinheiro e não para produzir mais bens. Aqui o Governo tem que pagar 150 bilhões de reais anuais pelos empréstimos tomados, enquanto repassa apenas cerca de 60 bilhões para os projetos sociais.
Esta disparidade resulta eticamente perversa, consequência do tipo de sociedade a qual nos incorporamos, sociedade essa que colocou, como eixo estruturador central, a economia que de tudo faz mercadoria até da vida. 
Não são poucos que sustentam a tese de que estamos num momento dramático de decomposição dos laços sociais. Alain Touraine fala até de fase pós-social ao invés de pós-industrial.
Esta decomposição social se revela por polarizações ou por lógicas opostas: a lógica do capital produtivo cerca de 60 trilhões de dólares/ano e a do capital especulativo, cerca de 600 trilhões de dólares sob a égide do “greed is good”(a cobiça é boa).
A lógica dos que defendem a maior lucratividade possível e a dos que lutam pelos direitos da vida, da humanidade e da Terra.
A lógica do individualismo que destrói a “casa comum”, aumentando o número dos que não querem mais conviver e a lógica da solidariedade social a partir dos mais vulneráveis.
A lógica das elites que fazem as mudanças intrasistêmicas e se apropriam dos lucros e a lógica dos assalariados, ameaçados de desemprego e sem capacidade de intervenção.
A lógica da aceleração do crescimento material (o PAC) e a dos limites de cada ecossistema e da própria Terra. 
Vigora uma desconfiança generalizada de que deste sistema não poderá vir nada de bom para a humanidade. Estamos indo de mal a pior em todos os itens da vida e da natureza.
O futuro depende do cabedal de confiança que os povos depositam em suas capacidades e nas possibilidades da realidade. E esta confiança está minguando dia a dia.
Estamos nos confrontando com esse dilema: ou deixamos as coisas correrem assim como estão e então nos afundaremos numa crise abissal ou então nos empenharemos na gestação de uma nova vida social, capaz de sustentar um outro tipo de civilização.
Os vínculos sociais novos não se derivarão nem da técnica nem da política, descoladas da natureza e de uma relação de sinergia com a Terra. Nascerão de um consenso mínimo entre os humanos, a ser ainda construído, ao redor do reconhecimento e do respeito dos direitos da vida, de cada sujeito, da humanidade e da Terra, tida como Gaia e nossa Mãe comum.
A essa nova vida social devem servir a técnica, a política, as instituições e os valores do passado. Sobre isso venho pensando e escrevendo já pelo menos há vinte anos. Mas é voz perdida no deserto.
“Clamei e salvei a minha alma”(clamavi et salvavi animam meam), diria desolado Marx. Mas importa continuar. O improvável é ainda possível.

Pelé que nada...

Fora-de-serie mesmo são os comentaristas esportivos. 

São artilheiros, não perdem um gol...

Armam com maestria no meio de campo, além de fazer o bom combate.

Na defesa são craques...

No gol, infalíveis, defendem todas...

Pena que isto seja apenas da boca prá fora. 

Na verdade muitos foram jogadores medíocres e olhe lá.

Desta mesma forma agem a maioria dos jornalistas, economistas e mais istas pagos pela banca e o pig.

Eles se acham.

Como montar um pequeno E-commerce

Falar em grandes projetos de e-commerce, com recursos abundantes, várias e fartas fontes de financiamento é muito fácil. Difícil, é a realidade do pequeno e médio empreendedor brasileiro que precisa administrar o caixa com precisão Suíça para não quebrar. Por isso, a proposta de inclusão do pequeno e médio empresário no comércio virtual deve levar em consideração as limitações de recursos que estes empreendedores enfrentam. A pergunta é: É possível criar um e-commerce de sucesso com um baixo orçamento? A resposta é sim e e segunda pergunta é óbvia: Como?
Sendo profissional:
 E-Commerce é coisa séria. Não tente entrar neste segmento se não quiser encarar o projeto de forma séria e com muito comprometimento. A Internet não é uma “terra de coisas baratinhas” que pode ser desbravada com soluções improvisadas e subterfúgios. O grátis na Internet é apenas um custo que ainda não te revelaram. Informe-se sobre custos de serviços que serão envolvidos no seu projeto de e-commerce e prazos de execução. Planejamento no mundo virtual tem tanta, ou mais importância que no mundo físico.
Evitando o confronto: 
A disputa por mercado com grandes players já estabelecidos nunca foi um bom negócio. Procure atuar em nichos de mercado em que você possua vantagens comparativas. Muitas grandes empresas não se interessam em atual em alguns nichos de mercado por não oferecerem a rentabilidade necessária para suas estruturas. Isso não significa que esses mercados não sejam viáveis para o seu negócio. No livro A Cauda Longa, Chris Anderson deixa esse aspecto do e-commerce bem claro. Além da atuação em um determinado nicho de mercado, você também deve se destacar por um atendimento diferenciado e exclusivo. As pessoas adoram se sentir únicas, principalmente em um ambiente tão massificado quanto a Internet.
Conhecendo os recursos: 
A primeira coisa é conhecer o ambiente em que você está entrando. Procure conhecer as ferramentas (sistemas) já disponíveis no mercado. Como é mostrado em nosso curso sobre criação de lojas virtuais, existem hoje em dias vários sistemas prontos que podem ser comprados ou alugados para a criação de um negócio de sucesso na Internet. Lojas virtuais com recursos de última geração podem ser criadas a partir de soluções já disponíveis no mercado e personalizadas de forma a passar ao seus clientes a identidade e prestígio que o seu negócio já possui no mundo físico. O custo é compatível com a realidade do pequeno e médio empresário, e contando com uma boa orientação, o projeto pode estar pronto em bem pouco tempo. Comércio eletrônico não é exclusividade de grandes empresas e boas plataformas de e-commerce estão disponíveis também para o pequeno e médio empreendedor.
Aprendendo a divulgar: 
O marketing no mundo digital tem formatos diferentes, mas a mesma essência do marketing tradicional, o convencimento. A grande diferença está no meio. No marketing online, tudo acontece de forma mais rápida e por isso o tempo para convencer o seu comprador em potencial é muito menor. Por isso, o marketing digital requer conhecimento dos padrões de comportamento dos usuários e precisão nas campanhas. Não adianta veicular uma peça publicitária em uma mídia que é ignorada pelo seu consumidor em potencial. Por vezes, o que funciona para um segmento não funciona para o outro. A grande vantagem do marketing digital é que qualquer ação pode ser mensurada por ferramentas de monitoramento acessíveis a todos. Por isso, o conhecimento das ferramentas de divulgação e suas aplicações é tão importante para o sucesso de um e-commerce.
Conquistando a confiança: 
Seu cliente precisa ser conquistado e reconquistado a cada compra. Torne seu e-commerce um ambiente agradável para os visitantes. Trabalhe bem as fotos da sua loja virtual, deixe-a com uma navegação fácil rápida e intuitiva.  Tenha um cuidado extremo com as fotos, pois elas na verdade são a primeira venda da sua loja. Para que o usuário ganhe confiança na sua loja é necessário que a apresentação e navegação seja impecável.
Mantendo-se atualizado:
 Não é porque a sua loja virtual está pronta, funcionando e faturando bem que a sua tarefa de pesquisa acabou. O e-commerce é um ambiente em constante mutação e sofre influência de todas as órbitas da Internet. Novas tecnologias e hábitos surgem a cada semana e você precisa estar atualizado para não se tornar ultrapassado. Acompanhe sites que falam sobre tecnologias e tendências do comércio eletrônico e marketing digital. Fique atento ao que se passa nas mídias sociais.
Facilitando a jornada:
 Para facilitar o acesso a todas essas técnicas e fontes de informação, o Curso de E-Commerce disponibiliza uma grade completa de cursos nas áreas do e-commerce e marketing digital nos formatos presencial e online. Estes cursos ajudam ao pequieno e médio empresário a compreender o funcionamento do comércio eletrônico brasileiro e as formas de divulgação para sua loja virtual. conheça nossa agenda de cursos presenciais e começe hoje mesmo a estruturar o seu projeto de e-commerce. Caso prefira realizar estes cursos no formato online, o Curso de E-commerce também possui esta opção em uma plataforma interativa e especialmente desenhada para o ensino a distância. Conhça nossa grade de cursos online.

O que é um Líder

"Um líder se forja, em primeiro lugar, quando tem empatia com seus cocidadãos, sente com eles, sofre com eles. Em segundo lugar, quando é capaz de mostrar que tem capacidade para modificar o estado das coisas, para passar do pessimismo ao otimismo. E em terceiro lugar quando tem a pele grossa para suportar as críticas." Felipe Gonzales


Cercadinho Verde

Marina Silva concluiu o ciclo dela no PV em situação de claro
isolamento. Saiu do partido levando com ela um punhado de fiéis. Os
detentores de mandato preferiram a cautela, pois caso deixem a sigla
ficam sujeitos a perder a cadeira.

No fim das contas a máquina do PV prevaleceu.

É injusto com a ex-ministra e ex-senadora acusá-la de ter pretendido
adonar-se do partido. Pediu apenas regras democráticas para a eleição
de dirigentes e escolha de eventuais candidatos.

Era um pedido prudente, dada a possibilidade sempre real de os donos
do cartório usarem o potencial eleitoral de Marina para, no fim da
trilha, negociarem a cabeça dela e entregarem o troféu numa bandeja
para o governo, ou mesmo para o PSDB.

Nas nossas regras quem deseja ser candidato precisa estar filiado ao
partido um ano antes. Assim, o PV teria a opção de vender ao governo
ou aos tucanos a degola de Marina, e ela não teria a opção de reagir a
posteriori.

O sistema partidário brasileiro transformou-se nisto: uma federação de
máquinas, abastecidas por dinheiro público e dominadas por caciques
incontestáveis, um oligopólio paraestatal.

É impensável o sujeito entrar num partido para disputar, para colocar
a possibilidade de uma alternativa. Será expelido antes de esboçar o
primeiro passo.

Assim, Marina, que tem seu legítimo projeto, precisou sair.

A nova trajetória dela carrega belas possibilidades e pelo menos uma
fraqueza estrutural. As possibilidades vêm do espírito do tempo. O
ambientalismo ocupa neste início de século 21 o espaço dogmático, é
quase uma nova religião.

Na prática, Marina nem precisa se preocupar em fazer a apologia dela
própria, o mundo já cumpre esse papel.

Se Luiz Inácio Lula da Silva preencheu no final do século 20 o locus
do promotor da justiça social, Marina ocupa o lugar da portadora da
utopia do momento. A verde.

Os operadores hegemônicos das ideias trabalham para ela, na prática.

A fraqueza estrutural, até agora, é Marina sistematicamente encontrar
dificuldades intransponíveis quando procura materializar uma aliança
social que a apoie estrategicamente.

Marina tem com ela as simpatias difusas, mas lhe falta articulação.

Faltou-lhe quando no governo. A proposta dela, de uma transversalidade
que amarrasse horizontalmente as políticas públicas, acabou batendo de
frente com o então desenvolvimentismo da mãe do PAC.

Faltou-lhe na campanha eleitoral, quando não quis -ou não foi capaz-
de usar no segundo turno o capital político acumulado no primeiro.

E faltou-lhe agora, quando abriu a batalha contra os donos do PV e perdeu.

O marinismo pode argumentar, e haverá alguma lógica nisso, que até
agora Marina sempre esteve constrangida por pertencer a arcabouços
políticos sobre os quais não tinha efetiva liderança.

No governo do PT a que ela serviu, quem mandava eram o PT, Lula e,
depois, Dilma. No PV, como se viu, os donos estavam bem estabelecidos.

A dúvida é sobre a campanha eleitoral. O "se" na História não tem
muito valor, mas é possível que mais protagonismo no segundo turno
tivesse reforçado o papel de Marina no cenário político, e no próprio
PV.

Mas por que Marina sistematicamente bate na trave quando se coloca o
desafio da articulação? Talvez por uma razão política.

O único momento recente em que Marina conseguiu deixar o cercadinho do
fundamentalismo ambientalista foi na reta final do primeiro turno
presidencial, quando recolheu um amálgama de votos conservadores e
votos ansiosos por uma política mais limpa.

Antes e depois, aceitou ser empurrada para o cercadinho da política verde.

Que recolhe simpatia difusa, mas encontra uma barreira quando precisa
responder aos desafios da vida prática. Quando precisa transformar o
rejeicionismo em alternativas viáveis para o andamento da civilização.

Talvez Marina Silva esteja precisando publicar uma Carta Verde aos
Brasileiros.

A homeopatia não serve para coisa alguma

O chefe do primeiro centro britânico a estudar terapias alternativas diz que há pouca ciência por trás delas

Teresa Perosa – Época

O médico alemão Edzard Ernst, de 63 anos, foi o primeiro pesquisador no Reino Unido a comandar um departamento acadêmico especializado em analisar cientificamente a eficácia das terapias alternativas, como homeopatia, acupuntura e ervas medicinais. À frente da Unidade de Medicina Complementar da Universidade de Exeter desde 1993, Ernst amealhou evidências a favor do uso da acupuntura para tratar artrose e trouxe novas provas do efeito antidepressivo da erva-de-são-joão (Hypericum perforatum). Mas também concluiu – "com tristeza" – que a homeopatia não funciona. "A homeopatia parece não ser nada além de uma preparação sem efeito algum", diz Ernst, que é ex-homeopata. A seguir a entrevista que ele deu a ÉPOCA.

ENTREVISTA – EDZARD ERNST

Divulgação

QUEM É

É médico e pesquisador de medicina alternativa. Nasceu na Alemanha, mas vive na Inglaterra com sua mulher francesa. Tem 63 anos

O QUE FEZ
Foi diretor do primeiro departamento acadêmico britânico a estudar as técnicas de medicina alternativa, criado em 1993 pela Universidade de Exeter

O QUE PUBLICOU
É autor de Medicina complementar – Uma avaliação objetiva (Editora Manole, 2001) e Trick or treatment? Alternative medicine on Trial, de 2008, sem edição no Brasil

ÉPOCA – Depois de estudar terapias alternativas por quase 20 anos, qual é sua conclusão? Elas funcionam?
Edzard Ernst – 
Depende de cada técnica. Essa área inclui práticas muito diferentes entre si. Os melhores resultados estão na área de ervas medicinais. A planta Hypericum perforatum, conhecida como erva-de-são-joão, foi uma das mais estudadas. Diria que ela não é apenas eficaz contra a depressão. Ela é melhor que os antidepressivos. Em minha opinião, é melhor que o Prozac. A acupuntura funciona para algumas condições, não para todas. Há fortes evidências de que ela é eficaz no tratamento da artrose, uma doença que causa a degeneração da cartilagem nas articulações, causando dor e rigidez. O melhor resultado é no tratamento de dores no joelho. Já a homeopatia parece não ser nada além de um placebo, uma preparação sem efeito algum.

ÉPOCA – Como o senhor recebeu esses resultados, sendo homeopata?
Ernst – 
Teria adorado provar que homeopatia funciona, porque eu ganharia o Prêmio Nobel de Medicina e seria muito rico. Mas fico triste em dizer que a evidência mostra exatamente o contrário. Atualmente, há cerca de 200 testes clínicos em andamento e a maioria dos resultados não é favorável à prática. É preciso dizer que os fundamentos do tratamento homeopático são implausíveis. Diluir remédios não os torna mais poderosos, mas os faz menos eficazes. Esse assunto é o mais polêmico em minha área porque as pessoas que acreditam na homeopatia o fazem quase com fervor religioso.

ÉPOCA – Por quê?
Ernst – 
A realidade que o médico vê no consultório é diferente daquela que acontece em um laboratório. Você, como médico, atende um paciente com enxaqueca, decide receitar remédio homeopático e em 15 dias ele volta dizendo que a dor desapareceu. A maioria dos homeopatas diria que isso mostra que a homeopatia funciona. Mas, como cientista, você aprende a pensar de maneira diferente. Em minha opinião, a melhora do paciente não quer dizer absolutamente nada. Pode ser consequência do efeito placebo ou, simplesmente, a evolução natural da condição. A experiência como médico pode ser bastante ilusória. É exatamente por isso que nós precisamos de pesquisas. Um bom médico deve confiar em evidências científicas tanto quanto confia em sua experiência diária.

ÉPOCA – O senhor fez muitos inimigos?
Ernst – 
Os resultados dos estudos do meu grupo em relação à homeopatia e à quiropraxia, técnica que usa o alinhamento da coluna para tratar dores, foram muito negativos. Os defensores dessas duas práticas não gostam do meu trabalho, não gostam de mim e me atacam pessoalmente. Eles se mostraram extremamente agressivos. Não ligo para esses ataques, se eles não forem muito pessoais ou de baixo nível. Encaro essas controvérsias como resultado do meu trabalho. Às vezes, até provoco discussões de propósito. Acho que estimula o pensamento crítico, exatamente do que precisamos nessa área.

"Os estudos não respondem a questões cruciais, como o
mecanismo que explicaria os efeitos das práticas no corpo"

ÉPOCA – O senhor acha que não há rigor suficiente nas pesquisas sobre terapias alternativas?
Ernst – 
A maior parte dos estudos atuais não aplica análise crítica em grau suficiente. Querem apenas promover a medicina alternativa, mostrar que funciona. Os estudos não respondem a questões cruciais, como o mecanismo fisiológico que explicaria os efeitos das práticas no corpo. O que a área precisa é de ciência rigorosa, em vez de promoção pura e simples. Precisamos de cientistas que pesquisem de verdade as técnicas de medicina alternativa. Se você não é cético, não pode ser um cientista.

ÉPOCA – Acreditar na eficácia da terapia pode atrapalhar o resultado da análise?
Ernst – 
O ângulo errado de encarar uma pesquisa é dizer: "Estou convencido de que esse tratamento funciona e vou usar a ciência para provar". Para testar uma hipótese é preciso tentar derrubá-la. Se você tenta provar que um tratamento não funciona e o submete às mais extremas e severas condições e, ainda assim, ele apresenta resultados eficazes, é sinal de que funciona em qualquer circunstância. Mas não é assim que a maioria de meus colegas no mundo inteiro trabalha. Eles partem do pressuposto que a terapia é eficaz e querem provar isso. Pesquisar medicina alternativa é muito desafiador.

ÉPOCA – Quais são as dificuldades?
Ernst – 
Os efeitos dessas práticas costumam ser muito discretos. Não dá para dizer que a acupuntura e a homeopatia têm efeitos revolucionários sobre a vida dos pacientes. Isso significa que os estudos precisam ser realizados em uma amostra muito grande de pacientes, porque só assim temos condições de conseguir medir os efeitos. O problema é que pesquisas com muitos voluntários são caras. O segundo desafio é encontrar uma boa maneira de avaliar se a técnica funciona. Em testes de medicamentos comuns, um grupo de pacientes toma o remédio de verdade e o outro toma placebo, uma pílula falsa, de farinha, que não tem efeito algum. O resultado da pílula verdadeira tem de ser muito melhor que o da falsa. Na medicina alternativa é infinitamente mais difícil encontrar placebos. Por exemplo, como é possível substituir as agulhas de acupuntura? Aqui na unidade nós desenvolvemos uma "agulha placebo", semelhante às facas usadas no teatro. Elas não penetram de verdade na pele.

ÉPOCA – Como ficarão as pesquisas agora que o senhor anunciou a aposentadoria?
Ernst – 
Ainda não abandonei o posto completamente. Estou trabalhando meio período até achar um sucessor. Mas, quando deixar meu cargo, não vou parar. Vou escrever um livro, talvez vários. Vou ser uma voz muito crítica, vocês vão ouvir falar muito de mim.