A Globo joga sujo

A Globo, que não mostra o DARF, tenta intimidar "blogueiros sujos" por causa de entrevista com Lula
por Rodrigo Vianna

"Proponhoà Redação de O Globo uma troca singela: dou entrevista e respondo tudo o que quiserem saber, desde que a família Marinho (que ficou bilionária graças a uma concessão pública) apresente o famoso DARF e esclareça se pagou (ou não) a suposta dívida com a Receita Federal.”

Não devo um tostão em impostos. Não sei se as “Organizações Globo” podem dizer o mesmo.
O fato é que os bilionários da família Marinho estão incomodados, e querem intimidar os blogueiros. É uma batalha descomunal. Eu – que batuco meus textos num escritório improvisado no fundo de casa – de repente virei tema de “reportagem” de um império midiático com centenas de jornalistas Brasil afora?
Vejam só. Na tarde de segunda-feira (14/abril), fui procurado por uma suposta jornalista de O Globo, que me enviou a singela mensagem: “Prezado Rodrigo, Sou repórter do jornal O Globo e estou fazendo uma matéria sobre a entrevista coletiva do ex-presidente Lula com blogueiros na semana passada. Nós poderíamos conversar por telefone? Atenciosamente, Barbara Marcolini — Jornal O Globo”.
Curioso que o jornal conservador da zona sul carioca tenha levado uma semana para se interessar pelo tema, não? A entrevista de Lula aos blogueiros foi um sucesso enorme, gerando manchetes Brasil afora. A imprensa velha passou recibo. Ficou furiosa.
Editoriais, comentários na TV e rádio, colunistas conservadores: muitos se mobilizaram para atacar os blogueiros “sujos”. Alguns ataques vieram com acusações graves: fomos acusados de ser “financiados” pelo governo federal. E os mais incomodados parecem ser os colunistas das chamadas “Organizações Globo”.
Nada disso é por acaso. Trabalhei na Globo. Sei como essas coisas são. Quando jornal, TV, internet e rádio da família Marinho começam a bater na mesma tecla – ao mesmo tempo – é porque há uma ordem superior, uma determinação do patrão (ou de seus prepostos) para ir fundo naquele assunto.
Pedi que a repórter Barbara me enviasse as perguntas por escrito. Tenho pela repórter (a quem não conheço) respeito profissional. Mas considero O Globo e as “Organizações Globo” adversários. E sei que os prepostos da família Marinho me tratam como inimigo. Pessoa de minha família foi demitida da TV Globo, em 2010, depois que passei a assumir um posicionamento político claro em meu blog. Eles chegam a esse nível. São vingativos. Por isso, não há hipótese de responder nada a O Globo – a não ser por escrito.
Até as 21h, as perguntas de Barbara não vieram. Mas eu soube que outros blogueiros também foram procurados por jornalistas de O Globo – com a mesma pauta: a entrevista de Lula. Pelo menos 3 repórteres diferentes do jornal foram mobilizados na Operação. Objetivo era estabelecer vinculações “comprometedoras” entre os blogueiros e determinadas empresas, entidades e/ou governo (veja aqui a resposta do Fernando Brito, do Tijolaço, à tentativa de intimidação).
Mas não era só isso. Uma das repórteres globais chegou a perguntar a um blogueiro (a entrevista está gravada) se ele tinha filiação partidária. Sim, o macartismo da Globo avançou até esse ponto.
Trata-se de uma Operação para intimidar aqueles que nos últimos anos – ainda que de forma limitada – criaram um contraponto ao poder da velha mídia. Os barões da imprensa velhaca não se conformam com o fato de meia dúzia de blogueiros “sujos” oferecerem uma outra narrativa ao Brasil. A Globo, a Abril e aFolha seguem a ter imenso poder. Mas já não falam sozinhas.
Seria bom que soubessem: com essa tentativa de cerco, em vez de intimidar, vão mobilizar ainda mais blogueiros e internautas.
A Globo não tem estatura moral para cobrar explicações de ninguém. Vamos relembrar alguns episódios recentes:
– a Globo foi acusada de sonegar impostos (mais de 1 bilhão em valores atualizados – clique aqui para saber mais), e até hoje não esclareceu o episódio;
– o processo fiscal em que a Globo era investigada por bilionária sonegação “sumiu” (na verdade, teria sido roubado) de uma agência da Receita Federal no Rio, e a Globo até hoje não explicou o caso;
– um diretor da Globo, Ali Kamel, processa pelos menos 6 blogueiros (entre eles este escrevinhador), numa tentativa clara de intimidação judicial, de calar as vozes que em 2006 e 2010 ajudaram a desmascarar a tentativa da Globo de interferir no processo eleitoral;
– por fim, a Globo (estou falando só da TV) recebeu quase 6 bilhões do governo federal nos últimos anos – como mostra a tabela acima, publicada pelo Viomundo e pelo jornalista Fernando Rodrigues.
E essa mesma Globo de 6 bilhões em recursos públicos (recursos dos seus, dos meus impostos!) quer acusar blogueiros de serem “financiados” pelo governo?!
É piada.
De minha parte, sou jornalista profissional. Vivo do trabalho como repórter de TV. Já vendi minha força de trabalho para a “Folha”, a “TV Cultura”, a “TV Globo” – e hoje sou repórter na “TV Record”. Jamais vendi meu cérebro para nenhum patrão. Tenho posições políticas claras. Públicas. E por conta delas comprei briga com a Globo em 2006 – deixando a emissora.
Não vejo nada de anormal em blogs e sites sem vinculação com a velha mídia pleitearem publicidade. Mas, felizmente, não preciso disso para seguir travando o bom combate. Nunca entrei na SECOM do governo federal para tratar de dinheiro. E nem em qualquer outra secretaria de Comunicação Brasil afora.
Minha questão é política. Encaro o debate de forma aberta – jamais de braços dados com ditadores, ou beneficiado por acordos obscuros com embaixadas e governos estrangeiros. O Escrevinhador não tem em seu currículo: TimeLife, apoio a uma ditadura assassina, escândalo Proconsult contra Brizola em 82, manipulação da cobertura das Diretas-Já, edição criminosa do debate Lula/Collor em 89, combate ao Bolsa-Família, oposição às quotas para negros, tentativa de transformar bolinha de papel num míssil em 2010…
Os gastos mensais para manter meu blog hoje são de aproximadamente 2,5 mil reais. Conto com anúncios do Google (valores irrisórios) e com a colaboração de leitores, e ainda tiro dinheiro do meu bolso para cobrir as despesas. Em 6 anos, devo ter recebido 6 anúncios pontuais de governos ou entidades sindicais. Nenhum deles por mais de um mês. Nenhum deles superior a 2 mil reais (ou seja, no total os anúncios não chegaram a 15 mil reais em quase 6 anos – contra despesas de aproximadamente 150 mil no mesmo período).
Tenho lutado para que os blogueiros se organizem, façam parcerias com empresas ou criem associações para disputar, sim, o direito a participar do bolo publicitário – inclusive as verbas oficiais, que ajudaram a família Marinho a ficar bilionária nos últimos anos.
Aliás, proponho à Redação de O Globo uma troca singela: dou entrevista e respondo tudo o que quiserem saber, desde que a família Marinho (que ficou bilionária graças a uma concessão pública) abra suas contas e apresente o famoso DARF – esclarecendo se pagou (ou não) a suposta dívida com a Receita Federal.
Que tal, Bárbara? Passa a sugestão pros seus chefes aí!

Solidariedade amiga

Estou com contra a "prisão de segurança máxima" imposta a Zé Dirceu. E sem provas! Vergonhosa a omissão de seus companheiros!

Ideias

Dois homens iam andando por uma estrada, cada um com um pão, ao se encontraram, trocaram os pães, cada um foi embora com um.

Se dois homens forem andando por uma estrada, cada um com uma ideia, e, ao se encontrarem, trocarem as idéias, cada um vai embora com no mínimo, duas.

Receita do dia

Torta de carne moída com massa de macaxeira
Ingredientes:
01 ovo
01 cebola grande
02 dentes de alho
02 macaxeiras médias
03 colheres (sopa) de amido de milho
04 colheres de leite em pó desnatado
03 colheres (sopa) de farelo de aveia
02 colheres de farelo de trigo
01 colher (sopa) de fermento em pó
Salsinha e cebolinha a gosto
Sal ou caldo de legumes a gosto
Meio quilo de carne moída refogada com 2 dentes de alho, meia cebola, 2 tomates sem sementes, salsinha e meio caldo de carne ou sal

Porquê Putin?

Vladimir Putin?
Um tirano, um oportunista, um déspota, um anti-democrático, praticamente um ditador segundo os media ocidentais.

Problema: na Rússia, a grande maioria dos eleitores gosta de Putin. E muito até. 

A mais recente pesquisa do Instituto Vciom-Levada, considerado o mais confiável no País, credencia o líder do Kremlin dum índice de popularidade de quase 76 por cento (75,7% para sermos mais precisos). Sim, sem dúvida, o número cresceu após os factos da Crimeia: mas em Maio de 2012 já era 68,8 % e ,em média ao longo dos últimos 13 anos, esse número tem-se mantido mais ou menos estável, sempre acima de 60%.

Comparem com a popularidade dum Barack Obama, por exemplo: nas últimas sondagens (Outubro de 2013), apenas 42% dos entrevistados apoiavam as suas decisões, enquanto 51% declaravam como "não satisfatório" o trabalho do Presidente. O facto é que o Nobel da Paz fica apenas 5% acima do pior resultado de Bush.

Explicação? Complicada, pois as palavras têm um significado muito diferente quando pronunciadas em Lisboa ou em Moscovo.

Democracia? Para os russos comuns, especialmente na periferia do País, muitas vezes é uma palavra suja. A nova classe média? Nas margens do rio Moskva a palavra soa pejorativa. A arrogância do regime contra um оligarca democrático como Khodorkovsky, que queria desafiar Putin nas urnas? Para muitos nas redondezas do Kremlin é um acto de justiça contra os muitos oligarcas enriquecidos nunca saciados de dinheiro e poder.

Ucrânia, Crimeia, o preço do gás que aumenta...quase impossível entender-se.
E tudo começa nos anos noventa.

Na noite de 25 de Dezembro de 1991, os russos não conseguiam dormir. Um dia antes eram cidadãos dum País, a União Soviética, no dia seguinte já não. Foi um choque. Milhões de pessoas de nacionalidade russa encontraram-se abandonadas pela pátria, cidadãos em Países que não os queriam e que, muitas vezes (como aconteceu nas Repúblicas Bálticas), negou-lhes os direitos mínimos de cidadania. Mas não havia nem tempo nem força para lidar com isso.

Logo as coisas começaram a piorar. Chegou a política do Fundo Monetário Internacional, chegaram os Meninos de Harvard, tudo introduzido pelo governo de Boris Yeltsin: liberalização e privatização.

Era chamado de "terapia de choque". Um choque no choque. A promessa era de que, no fim do túnel, haveria um País finalmente livre, democrático e próspero. Os russos confiavam, estavam prontos para sacrificar-se: pensavam que o Ocidente, depois de ter sido capaz de proporcionar bem-estar, democracia e justiça em casa própria, teria feito o mesmo com a Rússia.

A confiança desmoronou lentamente, sob os golpes da realidade.
Cedo percebeu-se que o Ocidente via na Rússia um novo território de conquista.

Sob os olhos de pessoas impotentes, para "o bem do País", as empresas começaram a ser vendidas por um preço próximo do zero, entre 1,5 e 2 % cento do real valor. Ao todo, o Estado conseguiu da operação cerca de 10 % daquilo que poderia (e deveria) ter conseguido com a venda de empresas, bens móveis e imóveis.

As pessoas comuns receberam um pedaço de papel, chamado de voucher, que era o equivalente ao que era considerado "justo" segundo o mercado. Cada voucher valia 10 mil Rublos, 200 Euros no câmbio de hoje. Mas o valor real era muito mais baixo: os voucher eram vendidos nas esquinas em troca duma garrafa de vodka, três mil Rublos.

Como escreve a jornalista Naomi Klein no seu Shock Economy:
Em 1998 mais de 80% das empresas agrícolas russas foram à falência e cerca de 70 mil fábricas estatais foram fechadas: tudo isso resultou numa epidemia de desemprego. [...] 74 milhões de russos viviam abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial.

Não havia nenhum trabalho, os rapazes sonhavam a fuga e pediam computador, as reformas estavam atrasadas​​, os salários não chegavam: médicos, professores, engenheiros, quem podia procurava um emprego no estrangeiro.

As filas nas lojas tinham desaparecido, simplesmente porque tinha desaparecido o dinheiro para comprar. Floresciam lojas temporárias, nas ruas, onde tudo era pago em Dólares. Os hospitais nem os lençóis entregavam, o crime floresceu ao ponto que tornou-se muito arriscado sair à noite mesmo numa cidade como Moscovo.

Enquanto isso, o dinheiro foi para ​os bolsos de alguns empreendedores, que tornaram-se bilionários e poderosos, os chamados "oligarcas".

Khodorkhovskij, por exemplo: quando foi preso em 2003, era o dono da Yukos, o terceiro gigante do petróleo do País, e tinha adquirido a empresa através da participação num leilão. Pormenor: ele era o dono do banco Menatep, que tinha organizado o leilão. Assim, conseguiu obter 77% das acções da Yukos com 309 milhões de Dólares. E dado que o valor real era de cerca de 30 biliões de Dólares, entrou directamente na lista dos homens mais ricos do mundo (segundo Forbes).

Isso é o que vêem os russos.
Quando Putin foi para o poder, reencontraram um pouco de confiança.

De acordo com Freedom House e outras organizações sem fins lucrativos, Putin é um político oligárquico e autoritário, com contornos ditatoriais. Putin e o seu governo são também acusados ​​de inúmeras violações de direitos humanos e de limitar a liberdade de expressão.

Pode ser.
Mas agora os russos têm comida nas lojas e dinheiro para adquiri-la. Recebem reformas e ordenados. E também a criminalidade baixou: no ano 2000 houve mais de 41.000 homicídios; em 2010, menos de 19.000.

Segundos o dados da CIA, em 2010 a Rússia tinha 13.1% da população abaixo a linha de pobreza (  2 Dólares por dia): nos Estados Unidos, a percentagem era de 15.1%. 

A Rússia apresenta uma taxa de crescimento entre as mais elevadas no Mundo. 
E ainda não invadiu um País estrangeiro, nem tem tropas que controlam os cultivos de opio.

Há Nobels da Paz que não podem dizer o mesmo.


Ipse dixit.



Nilva de Souza - Minha homenagem a meu pai

Benedicto de Souza - 22/10/1012 - 08/04/2014
Um currículo singelo e exemplar

Minha homenagem ao meu pai

Benedicto de Souza – 22.10.1912 – 08.04.2014
Um currículo singelo e exemplar

Benedicto de Souza – 22.10.1912 – 08.04.2014
Um currículo singelo e exemplar

101 anos
14 filhos – todos vivos - de sua união com Augusta Rodrigues de Souza - falecida em 1994
34 netos
24 bisnetos
7 tataranetos

Uma das passagens mais lindas da sua vida foi quando, ainda no interior de São Paulo, em Santa Cruz das Posses, região de Ribeirão Preto, onde nasceu, na década de 20, semi-alfabetizado, ganhou uma lousa de um fazendeiro para alfabetizar jovens e adultos.

Ele, que só tinha o primário incompleto, dava aulas para quem não tinha acesso à educação e trouxe esta experiência para São Paulo, ensinando a seus filhos como ajudar na educação do próximo.

Em São Paulo morou a princípio no bairro de São Judas Tadeu/Jabaquara, mudando para a Vila Dalila em 1959, onde viveu por 55 anos, e costumava dizer a todos que era aqui na Vila Dalila/Vila Matilde que estava sua vida e seus amigos.

Foi coletor de lixo, desde a época das carroças com burros, passando pelos caminhões basculantes , entre outras atividades. Sempre reforçou aos filhos que todos os trabalhos são dignos e honrados, desde que feitos com honestidade.

Ele sempre nos dizia : “ Estudem, a educação é a única coisa que eu posso deixar de herança pra vocês”

Era um excelente frasista e cada frase sintetizava seus ensinamentos e experiência de vida. E assim era reconhecido por seus familiares, amigos, vizinhos. Era comum ouvirmos da boca das pessoas a última frase que ele havia dito depois de conversarem. “Como disse o seu Dito: devagar e sempre” e outras.

Chegou aos 101 anos e no Centenário explicou com suas frases como chegou aos 100.

- Devagar e sempre, alegre e contente, foi assim que eu cheguei aos 100 (ensinando prudência e gratidão pela vida).

- E vamos que vamos, porque se não formos ficamos e quem fica não vai. Quem fica parado não sai (ensinando a olhar pra frente e seguir adiante).

- Eu nasci só, mas eu sou nós (ensinando solidariedade e empatia).

- Enfim, eu sou eu, e não o que eu quero ser (aceitação de si e dos fatos da vida).

- E nem tampouco o que os outros dizem ( seguir à frente, com confiança sempre, pois sempre alguém irá discordar do caminho que escolhemos trilhar).

- Criando novas amizades, com sinceridade (a importância de termos e sermos amigos leais, fiéis).

- Nunca fiz o que eu quis, sim o que eu pude e devia fazer (fazer o melhor possível no que for possível fazer ).

- Com o respeito e o amor na frente (fazer tudo com amor e respeito).
- E continuo assim, para que não falem mal de mim.

- Todo pau pintado é bonito (ensinando que não basta ser bonito por fora, que o que vale é a beleza interior).

Nos últimos tempos, já conformado por andar doente e depender de outros para sua locomoção, quando perguntado como estava e se queria ir a algum lugar, respondia : “Estou como posso” e “Vou aonde me levarem”.

Ensinou-nos a fé e a gratidão a Deus. Pôs em prática seus ensinamentos “Fazer o bem sem olhar a quem, fora da caridade não há salvação, e amar ao próximo como a si mesmo".

Obrigada / obrigado – pai, avô, bisavô, tataravô pelo seu legado – O GRANDE EXEMPLO DE VIDA.

LUTO: Para ele um verbo
Para nós, saudades
Saudades eternas da família Souza

Roberto Freire, Alckmin e a "nova política" de Campos e Marina

Eduardo Campos mal teve tempo de celebrar a confirmação de Marina Silva como sua vice e já está às voltas com um problema mal resolvido de sua coligação. Nesta segunda-feira, dia em que se dissiparam as dúvidas quanto à ordem dos nomes na chapa, o presidenciável do PSB foi instado pelo deputado Roberto Freire, presidente do PPS, a reconsiderar a decisão de lançar um candidato próprio ao governo de São Paulo, como defende Marina.
Integrante da minúscula coligação de Eduardo Campos, o PPS deseja um acordo com o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, candidato à reeleição. “Qualquer candidatura que for criada no improviso, seja pela Rede seja pelo PSB, não terá o efeito de uma aliança com Alckmin”, disse Freire ao blog, confirmando que reabriu o debate em conversa com Campos.
Freire diz estar convencido de que a sucessão de 2014 será decidida pelo eleitorado de São Paulo. E acha que, se quiser entrar na briga para valer, Campos não pode improvisar no maior colégio eleitoral do país. “O Eduardo tem perspectivas de crescer. Eu disse a ele que não dá para imaginar uma disputa real pelo poder ficando isolado com uma candidatura inexpressiva em São Paulo.”
Alckmin deseja o acordo com o PSB. Não desistiu de organizar um palanque duplo — com Campos e o presidenciável do PSDB, Aécio Neves. O governador tucano já havia oferecido a vaga de vice na sua chapa para o deputado Marcio França, seu ex-secretário de Turismo e presidente do diretório paulista do PSB. Ante a resistência de Marina, Alckmin sinalizou a disposição de ceder também a vaga de candidato a senador.
“Mesmo com todos os problemas, o Geraldo concentra ao seu redor uma estrutura de poder, é uma força política que tem representatividade, é democrática e convive bem com setores de esquerda”, afirmou Freire. “Não há razão para não marcharmos junto com ele. É isso que eu defendi junto ao Eduardo.”
E qual foi a resposta? “Ele diz que gostaria de buscar algo ‘novo’ em São Paulo. Mas não está excluindo a outra possibilidade. Sinto que a preocupação com o ‘novo’ é uma questão política que o Eduardo levanta. Diria até que o problema não é Marina. Até porque Marina sabe que não tem uma candidatura consistente em São Paulo.”
A seção paulista do partido de Freire já tomou sua decisão. Em São Paulo, o PPS manterá sua aliança com Alckmin mesmo que os parceiros PSB e Rede insistam em lançar um candidato próprio ao governo do Estado. Na conversa com Campos, Freire aconselhou-o a “levar em conta que Aécio está imprimindo um bom comando à sua campanha, fechando bons acordos. Já não está isolado no Rio. E fechou um bom entendimento na Bahia, o quarto colégio eleitoral do país.”
Não fosse por outras razões, prosseguiu Freire, o desempenho de Aécio reforça a necessidade de Campos de “ter uma presença maior em São Paulo.” O presidente do PPS pensa em voz alta: “O Alckmin já percebeu que é bom para a reeleição dele ter a presença dos dois candidatos de oposição do seu lado. Para o Eduardo também seria ótimo. Pode não ser muito bom para o Aécio.”
São Paulo foi tema de outra conversa mantida por Eduardo Campos, dessa vez com Márcio França, o dirigente do PSB paulista que Alckmin gostaria de ter como vice. Desde que o nariz torcido de Marina conduziu o partido para a tese da candidatura doméstica, França declarou-se, ele próprio, candidato. Fez isso para evitar que a opção recaísse sobre um nome vinculado à Rede —Walter Feldmann, por exemplo.
Segundo apurou o repórter, Campos sondou França sobre a hipótese de ele trocar a candidatura ao governo de São Paulo pela coordenação da campanha presidencal do PSB. Conforme relato que fez a amigos, o deputado afirmou que, se recebesse o aval do partido para aceitar a posição de número 2 na chapa de Alckmin, poderia conciliar as duas atribuições.
Porém, se a opção de Campos for mesmo pelo lançamento de um candidato próprio em São Paulo, França prefere manter seu nome na disputa, a despeito de avaliar que a tarefa será inglória. Sem o apoio do PPS e com escassos 50 segundos de propaganda no rádio e na tevê, o PSB iria à briga de São Paulo como um fiasco esperando para acontecer.
E se lançássemos em São Paulo a candidatura de Luíza Erundina?, perguntou Campos em privado. Recordaram-lhe que a octagenária Erundina talvez não seja enxergada pelo eleitorado como a encarnação do “novo”. De resto, embora seja amiga de Marina e desfrute do respeito de todos, Erundina não parece disposta a arrostar o desafio de uma campanha para o Palácio dos Bandeirantes.
De concreto, por ora, apenas a impressão de que, na campanha de Edurardo Campos, São Paulo é um palanque por fazer. No dizer de Roberto Freire, não houve, ainda uma mudança. “Mas Eduardo pelo menos começou a dialogar e não deixa de levar em consideração que Alckmin é uma alternativa”.
por Josias de Souza