Ricardo Kotscho: Por que Dilma pode levar no primeiro turno?

Dez entre dez comentaristas, analistas e especialistas garantem que a economia brasileira vai mal, de mal a pior. Falta muito pouco para o apocalipse, garantem eles, a uma semana das eleições presidenciais.

Os sábios nativos gostam de citar uma frase atribuída a James Carville, célebre marqueteiro político, conselheiro de Bill Clinton nas eleições americanas de 1992, em que ele derrotou George Bush. "É a economia, estúpido!".

Pois se a economia brasileira não é nenhuma Brastemp, longe disso, como explicar então que a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, continue aumentando sua vantagem nas pesquisas, abrindo a "boca do jacaré" na reta final, a ponto de poder liquidar a fatura já no primeiro turno?

Logo após a divulgação da nova pesquisa Datafolha, na noite de sexta-feira, em que Dilma abriu uma vantagem de 13 pontos (40 a 27) no primeiro turno, chegando a 45% dos votos válidos, Heródoto Barbeiro me perguntou no Jornal da Record News a que eu atribuía a derrocada da candidatura de Marina Silva.

As análises que já havia visto e ouvido eram unânimes em apontar a agressividade da campanha negativa do PT como responsável pela queda de Marina. Pode até ter influído, mas certamente não foi a razão principal para explicar o que aconteceu nas últimas pesquisas, que voltaram a registrar números muito próximos aos de abril, quando foi dada a largada para a corrida presidencial. Tivemos muito dinheiro, tempo, pesquisas e palpites jogados fora durante todo este tempo, para voltarmos ao ponto de partida.




Só foi ao ler a chamada do Blog do Moreno (meu chapa Jorge Bastos Moreno) na home do portal de "O Globo", com a matéria de Clarice Spitz, que encontrei a explicação mais próxima da realidade. "Brasil: desemprego é o menor em 12 anos", diz o título da nota.

O professor Delfim Netto, manda-chuva da economia brasileira nos tempos da ditadura, que misturava sabedoria acadêmica com bom humor popular, costumava dizer que a parte mais sensível do corpo humano é o bolso. É com este sentimento que a maioria dos eleitores vai às urnas: minha vida melhorou ou piorou? Se melhorou, vota no governo, na continuidade; se piorou, dá a vitória à oposição. Simples assim.

Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, divulgada esta semana, a taxa de desocupação ficou em 5%, a menor para um mês de agosto nos últimos 12 anos. É preciso dizer mais alguma coisa? Trata-se de um quadro próximo ao do pleno emprego.

Emprego e renda sempre foram os paus da barraca dos governos do PT desde que o partido chegou ao poder em 2003, por piores que fossem os dados macroeconômicos e as crises políticas, que a maioria da população nem entende, porque ninguém vive de PIB nem de CPI, mas de salário no fim do mês, quer dizer, dinheiro no bolso.

Quem ainda vota por ideologia? Só os muito ricos, os radicais de um lado ou de outro, os antigos intelectuais chamados orgânicos, ou seja, uma pequena parcela do eleitorado. Foi isso que os candidatos da oposição ainda não conseguiram entender. Só bater no governo não resolve. Parafraseando Carville, é possível resumir a ópera em quatro palavras: "É o emprego, estúpido!"

Mais uma vez, ao que tudo indica, sem querer saber de balas de prata, delações premiadas, notícias catastróficas, denuncias cabeludas, formadores de opinião e quetais, os eleitores votarão por interesse: os seus próprios interesses.



Papo de homem

Quem é o dono do dom?

Quando tinha doze anos, tomei a primeira decisão estratégica da minha vida.

Desde pequeno, eu gostava de contar histórias. Antes mesmo de saber escrever, eu mandava minha mãe desenhar os personagens e ditava o que um estava dizendo para o outro. Na sexta série, eu escrevia e desenhava gibis, xerocava, coloria as capas uma a uma e vendia assinaturas entre colegas. Cheguei a ter 16 assinantes.

Ninguém tinha mais orgulho desse meu “dom do desenho” do que minha mãe, artista formada em Belas Artes.

Para ajudar a refinar o meu “dom”, ela me enviou para passar uma temporada em Nova Iorque com um amigo da família. Na época, o querido Goot, pseudônimo de Gutemberg Monteiro (1916-2012), recentemente falecido aos quase cem anos, desenhava a tirinha do Tom & Jerry.

Durante um mês, vivi como novaiorquino, pegando trens e metrôs, indo ao sindicato entregar as tiras, comendo bagel com suco de grapefruit, conhecendo os maiores cartunistas dos anos oitenta, aprendendo todos os truques do nanquim.




Quando voltei ao Brasil, larguei o desenho.

Não foi uma decisão intempestiva ou rebelde.

Percebi que gostava de contar histórias, não de desenhá-las. Eu só desenhava porque, para um menino de doze anos, era o único jeito de passar minhas histórias. Mas todo o tempo que gastasse no lado mais técnico e braçal da ilustração seria menos tempo para criar meus personagens, burilar meus enredos, transmitir minhas mensagens.

A decisão não foi bem recebida. Para minha mãe, era um desperdício e um pecado:

“Você tem um dom, meu filho, e não pode desperdiçá-lo!”

Mas se não tenho a liberdade de desperdiçar meu “dom”, então não sou eu que tenho o “dom”: ele é que me tem, escravizado, em seu poder, condenado a ganhar a vida como desenhista só porque, ó que sina, eu tinha um “dom”.




Muda Mais: The New York Times mostra que Dilma estava certa e Miriam Leitão só fez o papel de pessimista

Durante a ~entrevista~ da presidenta Dilma Rousseff ao jornal Bom Dia Brasil, na última segunda-feira (22), a jornalista Miriam Leitão bem que tentou, insistiu e teimou com a presidenta para colocar o Brasil em má situação econômica. Mas o fato é que o pessimismo perdeu mais uma vez.

Na entrevista, em que Dilma foi interrompida pelos jornalistas OITENTA E DUAS vezes em 30 minutos e meio, Miriam afirmou que a Alemanha cresce a 1,5%, e o Brasil, a 0,3%. A presidenta discordou e mostrou o real crescimento do país europeu. “A Alemanha não está crescendo 1,5%. A Alemanha está crescendo 0,8%, e há dúvidas a respeito da continuidade. Tanto é que o índice, aquele Zeus, que mede a confiança do empresariado na economia, cai pelo nono mês consecutivo”, afirmou Dilma.




E não é que Dilma estava com os dados corretos? Na quarta-feira (24), o maior jornal do mundo, The New York Times, acabou por desmentir a jornalista em uma matéria a respeito da situação econômica na Alemanha (link is external) que reforça o que a presidenta Dilma afirmou. A reportagem mostra que existem temores de que a economia do país europeu esteja ameaçada de entrar em recessão e revela que um dos principais indicadores de confiança das empresas alemãs caiu.

"A economia alemã já registrou um declínio no segundo trimestre, quando a produção caiu 0,2% em comparação com o trimestre anterior. Outro declínio trimestral consecutivo colocará o país em recessão”, afirma o jornal. Dilma ainda reforçou durante a entrevista que a Alemanha, "que tem a indústria mais competitiva do mundo, está em uma situação difícil".




Não foi dessa vez que o pessimismo de Miriam Leitão venceu, colocando o Brasil em situação inferior à que ele se encontra. Inclusive, a jornalista foi a campeã de interrupções durante a entrevista, respondendo por quase metade das 82 interrupções. É mesmo difícil para os pessimistas aceitarem, mas o Brasil resistiu à crise e, em meio a altas taxas de desemprego no mundo, criou 20 milhões de vagas formais - o suficiente para empregar todos os desempregados pela crise na Europa. Enquanto o mundo desemprega 62 milhões de pessoas, o Brasil enfrenta a crise gerando emprego e renda.

Galaxy Alpha o iPhone da Samsung

Revelado em agosto, o Galaxy Alpha, novo smartphone da Samsung, chegou nesta sexta-feira, 26, às lojas americanas. O aparelho, feito com design de metal, custa US$ 613 (cerca de R$ 1.463), tem tela de 4,7 polegadas, processador Exynos 5 Octa e 32GB de armazenamento. Basta bater o olho nele para perceber a semelhança com o iPhone 5s - só que com Android 4.4.4.

Alguns sites estrangeiros já tiveram acesso ao modelo e publicaram seus reviews sobre a novidade da Samsung. Compilamos abaixo os principais pontos levantados:

Design

Segundo o The Verge, o fato da Samsung ter optado pela moldura de metal deixa o smartphone mais sofisticado, até mesmo em relação ao Galaxy S5. O Android Police concorda e ressalta a semelhança com as molduras dos iPhone 5 e 5S, com os mesmos acabamentos e arredondamentos nos cantos. Ainda de acordo com o AP, se a Apple não tivesse mudado o design do iPhone 6 e 6 Plus, o Galaxy Alpha seria um concorrente de peso no design.

Além do iPhone 5 e 5S, outros dois modelos de celular foram comparados ao Galaxy Alpha: o Ascend P7, da Huawei e o HTC One M7. O BGR afirma que o Alpha é um bom rival do Ascend, mas lembra que a Huawei dificilmente enfrentaria problemas de patente no famoso embate ApplexSamsung. Já o The Verge diz que o modelo tem design "idêntico" ao M7.

Alpha x irmãos da Samsung

O The Verge chama a atenção para a ausência de recursos (como a entrada microSD) e diminuição de outros em relação ao Galaxy S5, como uma câmera de 12 megapixels (ante 16MP no S5) e bateria de 1.860 mAh (2.800 mAh no S5).

Para o Android Police, o Alpha é "provavelmente o que você desejaria que o Galaxy S5 mini tivesse sido". A tela, por sinal, é bem similar à versão mini do S5 e também usa tecnologia AMOLED, mas é um pouco maior.

Bateria

No que diz respeito à bateria, o Android Police lembra, porém, que a resolução da tela é menor (1280x720 pixels) em relação ao Galaxy S5, o que compensa o gasto de energia. Nos testes do site feitos usando Wi-Fi e HSPA+, a bateria durou em torno de um dia com uso moderado e 3 horas com uso contínuo.

A duração se repetiu nos testes do The Verge também com uso moderado. Segundo a publicação, na maior parte do tempo, o Alpha coletou notificações e ficou sincronizando serviços como o Gmail e Twitter e mesmo assim, em dias de uso máximo, como por exemplo, navegando no Maps ou tirando fotos seguidas, a bateria "segurou da manhã até a noite".




Câmera

Apesar da diferença de 4 megapixels em relação ao Galaxy S5, no geral, a câmera do Alpha não deixou a desejar para o Verge. O site diz que o "foco é geralmente rápido". Os pontos negativos são a demora para abrir o aplicativo, as opções de grid, "que são enormes, mas não terrivelmente intuitivas", e a falta de opções para ambientes sem luz, nos quais é preciso usar o flash ou "desistir de tirar uma foto útil".

O Android Police também reclama dos ambientes com pouca luz, mas elogia o uso da câmera na situação contrária. "[A] performance na luz natural é boa, e fotos tiradas com HDR ficam ótimas e com bons detalhes", defende.

Conclusão

Se você procura um smartphone intermediário e com design mais sofisticado, o Galaxy Alpha é o ideal. Contudo, se estiver procurando por algo top de linha, opte pelo Galaxy S5 ou um iPhone 6. Como lembra o BGR, o "Galaxy Alpha é o primeiro de diversos celulares que começa a entregar componentes conhecidos de smartphones 'plastificados', mas com bordas de metal". Ainda não há previsão para o aparelho chegar ao Brasil.

do Olhar Digital!


Fernando Brito: Marina quase foi o tudo. E pode virar o nada

É muito curioso o que ocorre quando a política, em lugar de se dar como emanação de um processo social, passa a viver à base de jogadas, truques de esperteza e arranjos de marketing.

Não que eles não possam ser bem sucedidos, como foram, por exemplo, na eleição de Fernando Collor, em 89, quando se tratava, antes e acima de tudo, de não permitir a eleição de um favorito de esquerda, primeiro Leonel Brizola e, a seguir, Luís Inácio Lula da Silva, separados por ínfimo meio por cento no primeiro turno.

Antes que digam que estou comparando Marina Silva a Collor, digo que não vejo a menor semelhança entre ambos, exceto a arrogância.

Interessa-me é o que se une em torno e o que, depois do seu desmanche, o que resta nas forças políticas que representam como “salvadores da pátria” que se proclamam fora da política.

E o que pode, surpreendentemente, fazer com que parte da direita brasileira, diante da inviabilidade de uma vitória de Marina Silva, prefira que a eleição se encerre no primeiro turno, o que é menos improvável do que muita gente pensa.

Vejam: o crescimento de Marina Silva veio, essencialmente, de três vertentes.

A primeira, a não-política, espécie de hipocrisia alimentada pela mídia e seu falso moralismo nas classes médias urbanas. É algo que não tem voto, mas tem “estampa”. É um espaço eleitoralmente minúsculo, mas barulhento, onde se aninham “udenistas de esquerda”, de direita e psolistas em geral, abrigados antes no PT “pré-poder”.

A segunda, deformação politiqueira de confissões evangélicas que pretendem se comportar, espalhadas pelos partidos, como um partido político e uma ferramenta de poder.

E, por último, a mais importante: a falta de um candidato da direita orgânica, tradicional, que, diante da rejeição e repetidas derrotas de seu general José Serra e da inutilidade pomposa do Marechal Fernando Henrique, teve de adotar um candidato pífio, sem luz própria e cuja carreira foi o arranjo de um “filhinho do vovô”.

A fatalidade da queda do avião de Eduardo Campos reciclou Marina Silva e a transformou na “grande esperança verde” para dar fim ao ciclo trabalhista-desenvolvimentista que começou com Lula ( e, ainda assim, depois que ele percebeu que a direita não o aceitaria como solução intermediária a um regime entreguista e excludente, porque a direita brasileira não aceita – e nunca aceitou – qualquer regime que não fosse o da espoliação selvagem deste país).

Marina tinha o “physique du rôle” para isso: de origem pobre, aparência frágil, evangélica e de personalidade arrogante, em tudo servia para apresentar-se como capaz de capturar os votos da pobreza, o que de fato fez em certa classe média baixa, em parte e durante algum tempo.

Além disso, caprichou em sua conversão à uma imagem de “selvagem domesticada”, cuidando de exibir suas companhias “confiáveis” – a senhora do Itaú e os economistas neoliberais – como penhor de sua docilidade ao stablishment.

Marina, porém, esbarrou em alguns limites.

O primeiro, a fantástica lucidez do povo mais pobre deste país que, embora vivendo os maiores sacrifícios e carências, soube, quase que instintivamente, proteger suas conquistas.

O segundo, também um instinto de sobrevivência, este de Dilma Rousseff, que abandonou a despolitização que marcou seu governo e assumiu, de frente e sem covardias, o combate político, inclusive e sobretudo no horário político.

O terceiro – e este foi fatal a Marina – o tempo de exposição de suas próprias fraquezas. A necessidade de atender a tantos senhores quanto os que necessitada em seu inorgânico ajuntamento – de Malafaia a Setúbal, de tudo um pouco – foi-lhe expondo as contradições, as companhias e, sobretudo, a inevitabilidade de um governo de concessão aos ricos e arrocho aos pobres.




Agora, chegamos a um possível – para mim, provável – paradoxo.

A direita paulista – e direita paulista é um pleonasmo e uma definição – prefere agora a morte rápida, com uma decisão de primeiro turno.

A vitória de Alckmin já na primeira rodada parece assegurada e o mesmo ocorre com algo que irá definir seu futuro nos próximos anos: a eleição de José Serra para o Senado.

Este é o eixo de poder real que irá se agrupar na oposição a Dilma, com Aécio reduzido a expectativas no máximo estaduais e Marina Silva, enfim descartada do cenário político, como bananeira que já deu – e na segunda vez não o pôde dar – cacho.

Não estou dizendo que a eleição se encerrará no primeiro turno, até porque os movimentos eleitorais tem um quê de insondável.

Estou registrando, agora com mais clareza, aquilo que já vinha afirmando desde o dia 3: “se a direita convencer-se que Marina não será o seu “cavalo” nesta disputa presidencial, poderá “sacrificá-la” antes da hora. E juntar os cacos do PSDB.”

Para que levar Marina a um segundo turno e deixá-la como “player” em 2018?

A política, não me canso de repetir a frase do velho Brizola, ama a traição, mas logo acaba por abominar o traidor.
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Stiglitz é Prêmio Nobel de Economia, o que não lhe dá, porém, credenciais para contestar a Urubóloga, o mais brilhante pensador neolibelês que o Brasil conseguiu produzir.

Mas, mesmo assim, vale a pena reter alguns pontos centrais do que diz o insignificante Stiglitz…

- Angela Merkel da Alemanha e outros lideres europeus pró-austeridade – aqui chamados de “idiotas do tripé” – continuam a negar a realidade.

- A austeridade (ou seja, o tripé da Bláblá, do aeroporto do Titio e da PhD de Caratinga) – é um fracasso !

- (Os parvos do tripé) dizem que, como a economia não está mais entrando em colapso, a austeridade deve estar funcionando.

- É o mesmo que dizer que se jogar de um despenhadeiro é a melhor forma de descer a montanha, porque, dessa forma, a queda deixa de acontecer.

- A recuperação eventualmente virá; o problema é saber quando.

- A austeridade é um desastre consumado. Cada vez fica mais claro que as economias da União Europeia estão estagnadas, se não for uma recessão, com desemprego alto e renda per capita inferior à de antes da crise de 2008.

- Mesmo nas melhores economias, como a da Alemanha, o crescimento desde 2008 tem sido tão lento, que, em qualquer outra circunstância (sem o apoio da Urubóloga – PHA) a Alemanha seria considerada um desastre também.

- Nos países mais atingidos, como a Espanha e a Grécia, a situação é de depressão econômica. Uma em cada quatro pessoas está desempregada. 50% dos jovens não conseguem emprego.

- Assim, defender a austeridade é como o barbeiro medieval para que o sangramento funciona porque o paciente não morreu – ainda.

- O produto europeu é mais de 15% abaixo do que seria sem a crise de 2008. É uma perda acumulada de US$ 6,5 trilhões (mais de duas vezes o GNP do Brasil ! – PHA).

- A Alemanha está obrigando os outros países a seguir políticas econômicas que enfraquecem suas economias.

- Três anos atrás, o eleitor da França votou para mudar de rumo. Mas, o assim chamado partido socialista francês (aqui também tem um partido socialista inscrito entre os parvos do tripé – PHA) está reduzindo os impostos das empresas e cortando gastos – receita garantida para enfraquecer a economia.

- A esperança é que cortar impostos de empresas estimule o investimento.

- Mas o que impede a Europa e os Estados Unidos de crescer é a falta de demanda (que aqui abunda, com licença da má palavra – PHA).

(Lembram quando o Dudu dizia que ia cortar o consumo ? Esses socialistas não podem ver um jatinho … PHA)




- A Itália está sendo encorajada a acelerar a privatização (que aqui resultou na Privataria - PHA). Mas, o primeiro-ministro Renzi teve o bom-senso de reconhecer que vender ativos nacionais a preço de banana (como o FHC fez com a Vale – PHA) não faz nenhum sentido (o Cerra venderia o Coliseu à Disney – PHA).

- A privatização do sistema de previdência social, por exemplo, demonstrou ser muito caro. O sistema previdenciário mais privatizado do mundo, o americano, é o menos eficiente do mundo.

(O FHC incumbiu o André Haras Resende de preparar a privataria da Previdência, no modelo do Chile de Pinochet. A eleição de Lula em 2002 interrompeu a sangria … – PHA)

- Embora os fatos demonstrem que a austeridade no funciona, ela continua a se espalhar. A Alemanha e outros falcões dobraram a aposta, jogando o futuro da Europa numa teoria desmoralizada há muito tempo.

(Aqui, na Colônia, ainda a levam a sério – PHA).

Tradução livre de Paulo Henrique Amorim

Alex Castro: escolher a mediocridade

Escolher a mediocridade

Aos olhos do mundo, entretanto, o que eu e a Andréa mais temos em comum é nossa mediocridade: estamos ambos vivendo abaixo de nosso (pretenso) brilhantismo, desperdiçando nosso (suposto) potencial, jogando nossas ó-tão-incríveis vidas fora.

Uma menina brilhante. Formada por Princeton. Nota máxima em todas as matérias. Como pode se contentar em ganhar a vida chicoteando os outros? É isso que você quer fazer, Andréa? É assim que você se vê daqui a dez anos? Será que foi pra isso que você teve uma educação de nível internacional? Não tem vergonha de desperdiçar as oportunidades que deus lhe deu?

Afinal, a maioria dos nossos colegas de escola já está ocupando os lugares de destaque que a sociedade fatalmente destina aos homens brancos de classe média-alta oriundos as melhores escolas: donos de empresas, diretores de multinacionais e capitães de indústria, cheios de filhos criados por babás uniformizadas, fazendo leasing de carros e financiando apartamentos, investindo em portfólios diversificados de ações e contribuindo para sólidos planos de aposentadoria.




Enquanto isso, recém-falido na malfadada tentativa de viver a vida empreendedora que me tinha sido traçada, eu estava sobrevivendo de dar aulinhas de inglês em um curso de subúrbio, em Jacarepaguá.

O trabalho não pagava quase nada, mas ficava no mesmo quarteirão do meu apartamento, não me estressava, não ocupava a minha cabeça.

Os três anos nos quais trabalhei nesse curso foram os anos em que mais pensei, flanei, escrevi, transei, passeei. Nunca fui tão feliz, tão tranquilo, tão produtivo, tão contemplativo. Foi nessa época que me reinventei no homem que sou hoje.

Estranhamente, nada disso parecia ser suficiente para as pessoas que me amavam.

Amigas e parentes faziam questão de dizer quase todo dia que eu não tinha direito de desperdiçar assim meus talento (sic), logo eu, uma pessoa tão brilhante (sic!), que poderia estar fazendo qualquer coisa (sic sic!!), em qualquer lugar do mundo!! (SIC SIC SIC!!)

Mas não era verdade: claramente eu não podia dar aulas de inglês num cursinho de subúrbio.

Eu podia fazer qualquer coisa… que se enquadrasse na noção preconcebida que tinham de mim.

Eu era livre…. para preencher suas expectativas, não para viver minha vida nos meus próprios termos.

Minha vida aparentemente causava uma grande tensão entre amigas e parentes, um desconforto que sentiam necessidade de verbalizar de forma frequente, espontânea e nunca, nunca requisitada.




Por que se achavam no direito de ter opinião sobre minhas escolhas? Por que verbalizavam essas opiniões de maneira tão invasiva? Por que minhas escolhas as incomodavam tanto?

Diziam que eu estava desperdiçando a caríssima educação que recebi. Que tinha feito uma opção pela mediocridade.

Mas, de que vale tanta educação se, em vez de me dar asas, ela me serve de âncora? Se em vez de ampliar, ela limita minhas escolhas?

Muitos dos elogios mais efusivos que recebemos são tentativas de nos controlar e nos manipular.

Hoje, fujo ativamente de pessoas que me elogiam. Busco sempre ser a pessoa menos interessante de qualquer recinto: quando sou a pessoa mais interessante da sala, eu troco de sala.

Escolhi não ser mais refém de aspirações e expectativas alheias em relação à minha pretensa ó-genialidade.