Porém, a ocasião não foi tão aproveitada pelo tucano. Ele até fez críticas pontuais à candidata do PT, mas não convenceu pela maneira de se expressar: as palavras foram fortes, mas sem a entonação necessária, sem ser enfático, sem transparecer sua indignação, que talvez faria diferença entre o eleitorado.
Serra enfrentou diretamente Dilma apenas em duas oportunidades - no terceiro e no quinto blocos. O tucano optou por indagar a petista sobre sua política internacional: se é a favor da relação "de carinho e amizade com o Irã", do presidente Mahmoud Ahmadinejad "que enforca jornalistas e apedreja mulheres".
Para Dilma, as questões com outros países "não se resolvem com o fígado". "Trata-se de resolver a paz." Serra atacou a resposta, a qual considerou evasiva. "Não sou caluniador nem evasivo, a minha vida pública é conhecida. No seu caso não dá para dizer (...) Sistematicamente não responde às perguntas. Não precisa tratar com o fígado, mas também não precisa tratar com abraços e beijos." A ex-ministra replicou. "Lamento a tentativa do meu adversário de me desqualificar."
O tucano e a ministra tiveram, cada um, direito de resposta. Dilma porque foi criticada na condução da Casa Civil do governo Luiz Inácio Lula da Silva. "Meu adversário quer ganhar campanha no tapetão porque não consegue convencer o povo brasileiro. O que ele quer é virar a mesa da democracia." Serra porque foi chamado de caluniador. "A Casa Civil parece ser foco de corrupção."
Na segunda chance de enfrentar a principal adversária, Serra escolheu o tema saneamento. "No Brasil, 12 milhões de famílias não têm acesso a redes de água e 32 milhões não têm rede coletora de esgoto", frisou o tucano. "Mudamos o patamar de investimento na área. Saímos de gasto de menos de R$ 300 milhões em 2002 para R$ 10 bilhões quatro anos depois. Claro que há muito o que fazer. Vamos colocar metas para vermos no horizonte o processo de universalização do saneamento", salientou a petista.
Marina Silva (PV), por sua vez, elogiou as benfeitorias e atacou as deficiências brasileiras expostas nos últimos 16 anos, período em que o Palácio do Planalto foi comandado pelo PSDB (oito anos) e PT (outros oito anos). A verde também tentou emplacar o discurso de preservação do meio ambiente e bateu na tecla da corrupção e da violação de dados sigilosos da Receita Federal. O alvo foi sempre a candidata do governo, Dilma Rousseff, que defendeu ampla investigação e punição "doa a quem doer".
Plínio de Arruda Sampaio (Psol) iniciou o debate como franco atirador, mas ao decorrer da atividade foi apagando. Desafiou os concorrentes a investir 10% a mais na Educação, acabar com a Lei de Responsabilidade Fiscal e mudar o Bolsa Família, o qual taxou de "humilhação para quem recebe" e "um auxílio que pode falhar a qualquer momento". O socialista protagonizou os momentos mais descontraídos. Indagado por Dilma sobre os investimentos da Petrobras em navios e equipamentos de outros países, observou: "Falar sobre compra de navios pela Petrobras é pegadinha. Não estou a par."
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
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