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Luis Nassif - Noblat, Lula e a sina dos homens comuns

Recentemente, o colunista e blogueiro Ricardo Noblat escreveu um artigo sobre Lula. Trata-se de um dos mais significativos artigos dos últimos anos. Não para entender o fenômeno Lula, mas como material de estudo sobre como o senso comum da mídia o via.
Deixe-se de lado a bobagem de apresentar Lula como ameaça à democracia por convocar o exército de Stédile. É tão inverossímil quanto os 200 mil soldados das FARCs que invadiriam o Brasil em 2002, em caso de vitória de Lula.
Fixemos nas outras características de Lula, apud Noblat: rude, grosseiro, desleal, por não ter defendido José Dirceu e Luiz Gushiken. Também despeitado já que, segundo Noblat, ele queria ser candidato em 2014 e Dilma não permitiu (não é verdade, mas não importa). Ou a ficção de que luta para enfraquecer Dilma - mesmo Noblat sabendo que o fracasso de Dilma seria o fim do lulismo. No ano passado cometeu o feito de chamar Lula de “moleque de rua”.
O que é fascinante em Noblat é o uso da fita de medir homens comuns aplicada em homens de Estado. Pois por aí ele reedita um fenômeno que marca a politica desde os tempos de César: a dificuldade do homem comum em interpretar o Estadista e os recursos para trazer o personagem ao nível da mediocridade (entendido aí do pensamento médio) do leitor.
Mais um vez  recorro a Ortega y Gasset e seus portentosos ensaios sobre Mirabeau. Foi o homem que, na Constituinte, salvou a revolução francesa, apontando os rumos e definindo o novo desenho institucional.
Algum tempo depois morreu e seus restos mortais inauguraram o Panteon, que a França reservou para celebrar seus grandes homens. Aí descobriram o diabo da vida pregressa de Mirabeau. Aprontou todas na juventude, deflorou virgens, fugiu com mulheres casadas, deu tombos.
Imediatamente, os homens (comuns) de bem moveram uma campanha para retirar seus ossos do Panteon. E permitiram quase século e meio depois que Ortega traçasse perfis primorosos do Estadista, do homem comum (que ele denominava de pusilânime) e do intelectual.

O perfil do Estadista

O Estadista é um exagerado em tudo, um megalomaníaco, dizia Mirabeau. Pois não é que Napoleão tinha a mania de grandeza de se imaginar Napoleão?. Só um megalomaníaco compulsivo tem a pretensão de mudar o Estado.
Não é tarefa para homens comuns, para intelectuais ou para santos.
O Estadista se propõe a desafios tão grandiosos que assusta os homens comuns - e é para eles que Noblat escreve e é como eles que Noblat pensa, derivando daí sua competência jornalística.

Eduardo Cunha o santinho-do-pau-oco do pig

Nas últimas semanas, os principais jornais e revistas elegeram Eduardo Cunha (PMDB-RJ) seu Homem de Bem preferencial. Tem sido objeto de perfis humanizando-o, de reportagens mostrando sua garra, denodo, inspiração, transpiração.
Definitivamente transformou-se em herói da mídia, assim como outras figuras irrepreensíveis, como o Ministro Gilmar Mendes do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-MInistro Ayres Brito - que teve um genro e um ex-assessor suspeito de negociar sentenças -, como um dia foi o ex-senador Demóstenes Torres, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, o ex-governador de São Paulo, José Serra.
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O Mito dos Homens Bons consiste em tratar aliados como figuras impolutas, competentes, mesmo que seja o maior mandrião da República.
Consagrado pelo moralismo da mídia, o deputado Eduardo Cunha, é alvo de 23 processos no STF.
É conhecido da imprensa desde o governo Collor, quando foi colocado na Telerj por PC Farias. Depois de PC, tornou-se um operador político atuando para quem solicitasse, do deputado Francisco Dornelles ao ex-governador Sérgio Cabral.
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Provavelmente é o pior exemplo político da República, o mais ostensivo caso de impunidade atual, o maior negocista da Câmara, o parlamentar que mais recebeu contribuições empresariais, permitindo-lhe eleger uma bancada particular.
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Em 2009, Cunha foi indicado pelo governador fluminense Antonio Garotinho para dirigir a Cehab (a companhia habitacional de estado) como parte da cota dos evangélicos.
Seus companheiros de empreitada foram  Jorge La Salvia, argentino, ex-procurador de PC Farias e indiciado em inquéritos juntamente com Cunha; advogado Carlos Kenigsberg, assim como Salvia próximo do araponga Telmo (principal suspeito dos grampos do BNDES, nos anos 90) e do traficante Abadia.
Tanto o deputado Francisco Silva, evangélico, quanto Abadia, foram acusados de esconder de forma fraudulenta imóveis de Cunha, para escapar dos leilões da Justiça.
O Tribunal de Contas do Estado estava prestes a rejeitar as contas quando chegaram documentos do Ministério Público Estadual inocentando-o (e aos demais diretores) de qualquer suspeita de fraude.
Tempos depois, o  MPE constatou que os documentos tinham sido falsificados pelo então Procurador Geral do Estado, Elio Fischberg.
O processo foi desmembrado. A parte que não tinha foro privilegiado ficou no Rio. Lá, o Tribunal de Justiça condenou  Fischberg a três anos, 10 meses e 11 dias de reclusão e à perda sua função pública.
O processo de Cunha ficou no STF, onde o MInistro Luiz Fux - afilhado político do então governador Sérgio Cabral - contrariando todo seu histórico de julgamentos, "matou no peito" o processo e beneficiou Cunha. .
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Tempos depois, envolveu-se em um esquema pesado de sonegação de impostos sobre a gasolina que resultou em novos inquéritos e uma CPI na Assembleia Legislativa do Rio. Na outra ponta da fraude, o grupo que havia adquirido o controle da refinaria de Manguinhos.
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Por ocasião de um de seus escândalos – o da Cehab – Cunha justificou seus gastos (incompatíveis com a renda declarada) com base em um suposto empréstimo do Banco Boreal.
É esse o parlamentar para quem os grupos de mídia pretendem entregar o comando da Câmara Federal.

Qualé a tua Nassif?

Governo Dilma empoderou delegados da PF em processo obscuro

Jornal GGN - A aprovação da Medida Provisória 657/14 pelo Senado na última terça-feira (11) acendeu um debate sobre a obscuridade do processo que levou os ministérios sob comando da presidente Dilma Rousseff (PT) a romper com acordos e esvaziar grupos de trabalho formados com a intenção de reestruturar a carreira dos servidores da Polícia Federal. Editada às pressas, a MP deixou de lado as demais categorias que formam a PF - escrivães, agentes e papiloscopista - para beneficiar apenas e subitamente os delegados da corporação.
“A partir do momento que a presidente sancionar a MP - o texto aguarda até o início de dezembro pela rubrica de Dilma - ela só vai fortalecer um modelo de segurança pública que prejudica a sociedade, e fortalecerá um cargo que concentrará informações de investigações importantes e que poderão - não estou dizendo que vão - usá-las de maneira imprópria”, disse ao GGN o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federal (Fenapef), Jones Leal.
A MP consiste em pelo menos três pontos que foram elogiadas pelos delegados:
- Estabelece que o diretor-geral da PF deverá ser escolhido pelo presidente da República entre delegados de classe especial, tornando, portanto, o cargo máximo na corporação é privativo aos delegados mais experientes - Na prática, a escolha já vem ocorrendo sob esse critério há alguns anos.
- Determina que o concurso público para entrar na carreira de delegado deve exigir o diploma de bacharel em Direito e experiência jurídica ou policial de três anos;
- Obriga que a OAB acompanhe todas as fases do concurso público.
À parte os motivos para contestar o teor da MP, a Fenapef coloca em xeque, principalmente, o modo como o governo Dilma encampou o processo. Há meses, os ministério do Planejamento e Justiça discutiam com as diversas categorias da Polícia Federal a reestruturação das carreiras. Esse trabalho, segundo Leal, teve inicio antes das eleições presidenciais e tinha o prazo de 150 dias - até o final de novembro - para apresentar resultados. Mas, em meio à disputa acirrada pelo Palácio do Planalto, a MP foi editada e enviada ao Legislativo para ser votada em tempo recorde.
“Nós somos contra porque acordamos com o governo que nenhum instrumento legal, nenhuma medida provisória, nenhum projeto de lei seria encaminhado antes da conclusão dos grupos de trabalhos que estão em andamento. E esses grupos de trabalho têm o prazo final estabelecido em 30 de novembro. Ou seja, o que foi acertado era que antes dos fins das eleições, nada seria feito antes da conclusão desses grupos”.
Argumentos contra
Na visão de Leal, a MP 657 prejudica a Polícia Federal como um todo principalmente por dificultar a mudança estrutural necessária à revitalização da de segurança pública do País. 
Em um ofício distribuído no Senado antes da votação da MP 657, as associações nacional dos Procuradores da República, dos membros do Ministério Público, dos Procuradores do Trabalho e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios declararam que são contrários à MP pelos seguintes argumentos:
1- A tramitação da matéria foi acelerada e houve pouca discussão. “A MP foi editada no dia 14 de outubro. Sua Comissão Especial foi instalada no dia 29 de outubro e o relatório foi apresentado e aprovado no dia 30 de outubro. Agentes, peritos, escrivães e papiloscopistas não foram ouvidos.”
2- É inconstitucional por não ser “urgente e relevante”, pois o artigo 62 da Constitucional determina que Medidas Provisórias devem ter esse caráter. “A reestruturação dos cargos do departamento de Polícia Federal não atende a esse critérios."
3 - Fortalece um modelo de investigação obsoleto. “A opção por um procedimento investigatório judicialiforme – como o inquérito policial – não leva ao aprimoramento do combate ao crime. Considerando apenas os inquéritos  policiais por crime de homicídio, por exemplo, a estimativa atual é de que apenas de 5% a 8% sejam esclarecidos pela polícia no Brasil – percentual que é de 90% no Reino Unido, 80% na França e 65% nos Estados Unidos."
“Para investigar bem não é preciso cursar Direito. Quem atua na área criminal sabe que o inquérito policial é composto em sua maioria de atos burocráticos, com ofícios, despachos, mandados, análises jurídicas e carimbos. Prioriza-se a formalidade em lugar da apuração dos fatos”, endossaram.
Para Leal, a medida provisória tem como objetivo alçar os delegados à carreira jurídica e, dessa maneira, abrir janela para que a categoria possa demandar a discussão da PEC 240/2013, que versa sobre funcionários de carreira jurídica receberem até 90,25% do salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal.
“No primeiro dia de Medida Provisória, os deputados desengavetaram uma PEC, formaram uma comissão e pleitearam os 90,25% para os delegados. Ou seja, essa MP não tem nada de bom para a sociedade. Estamos retroagindo no tempo, reforçando uma segurança pública do tempo do império português”, disparou o presidente da Fenapef.
Motivação política?
No mesmo texto, o agente lembra que a Folha de S. Paulo publicou na edição do dia 14 de outubro a fala de Fernando Francischini (Solidariedade) sobre o assunto. Teria dito o deputado delegado que o governo teve que editar uma MP às pressas, “porque sabia que ia ser uma pancadaria. Botamos o governo de joelhos”.
Para Leal, a forma como a MP foi encaminhada dá sinais de que houve alguma pressão de ordem política e motivação eleitoral por trás das decisões. “Não temos na história uma Medida Provisória tão célere como esta, que já está na mesa da presidente desde ontem (12/11). Alguma coisa me parece estranha. Não temo como afirmar o que aconteceu, mas a gente se baliza nas palavras do deputado Francischini”, comentou.
Outro lado
Para o juiz de direito do Paraná Sergio Bernardinetti, a MP não apresenta nenhuma grande novidade, pois apenas versa sobre o que já é de conhecimento, de prática e constitucional. Além disso, não prejudica as demais categorias, que terão opotunidade de discutir vantagens próprias com o governo federal. “Exceto por essa grande conquista, no sentido de ser o Diretor-Geral necessariamente um DPF, a MPV 657/2014 nada fez além de dizer o óbvio. Não pode ser motivo 
de desunião das classes policiais.”
“Todos estes cargos, seja de delegado, de escrivão, de agente, são acessíveis a todos os brasileiros, mediante concurso público. Quem quiser ser escrivão, presta o concurso para escrivão. Quem quer ser delegado, presta concurso para delegado. Cada um tem suas atribuições, suas prerrogativas e sua parcela de autonomia, com absoluta interdependência.”
“(...) Nosso sistema Constitucional não permite, sob pena de grave desvio de função, a movimentação horizontal entre carreiras distintas. Não é uma questão de vaidades, de valores, ou de capacidade. É uma questão de legalidade”, explicou.
A OAB de São Paulo emitiu uma nota favorável à MP.

O xadrez da batalha do impeachment, por Luis Nassif

- *Ah, se Nassif estivesse falando pela boca de um anjo. Não poderia acontecer algo melhor para nossa Nação que essa direita amestrada tentasse derrubar a presidente Dilma Roussef. Pena que além de lambe botas, esses merdinhas oposicionistas midiáticos são um bando de covardes. Porém, eu continuo rezando, pedindo a Deus e o diabo para que tentem - 

Leiam abaixo o artigo do jornalista :
Nos próximos meses, recrudescerá a tentativa de impeachment da presidente da República. As cartas já estão na mesa. Aliás, estão desde o julgamento da AP 470.
Em regimes democráticos, golpes não são meramente uma quartelada planejada por meia dúzia de conspiradores. Há a necessidade de, inicialmente, criar-se a mobilização da opinião pública e, depois, se cumprir rituais, formalismos, dando aparência de legalidade ao golpe, que seja convalidado por um dos dois poderes da República – o STF (Supremo Tribunal Federal) ou o Congresso.
O modelo é conhecido, do suicídio de Getúlio, à queda de Jango e de Collor.
Na América Latina pós-ditaduras, todos os golpes – de André Peres e Fernando Collor a presidentes de esquerda – começaram  com uma campanha midiática, que, exacerbando a opinião pública, convalidou o impeachment via Congresso ou Supremo.
A reação dos presidentes ajuda a reforçar a tese do contragolpe.

Debate no SBT: no circo de horrores só quem ganhou foi o Nassif

O meu *Cândido passou da conta.
Com mais um texto deste já já se transformar num Voltaire - para mim sinônimo de hipocrisia -.
Problema meu.
O apelido será outro.
Posar de ingênuo Nassif...conta outra, todo mundo sabe que você não é.
E para encurtar a conversa:
o rebaixamento a que Dilma foi submetida " , quem tem dignidade não se rebaixa. E Você sabe bem que Dilma Roussef não se submete.
Você também sabe que na vida como no futebol - que comparação baixa - há o drible e também a porrada.
Sinceramente acho que você nunca jogou e se jogou, nunca deu uma porrada?
Portanto camarada, vá posar de bom moço para tuas negas - é assim que chama tuas filhas ?-, pra cima de mim não, pianão.

Também Leia>>> O Livro do Cleófates

Luis Nassif: porque apoio Dilma

Pela primeira vez assinei um manifesto de apoio a um candidato a presidente, no caso Dilma Rousseff.

As razões são as seguintes.




Acredito em um determinado modelo de desenvolvimento do país.

Pela linha econômica de dois candidatos - Aécio e Marina - é impossível que seja implementado em seu governo. No caso de Dilma, é possível que seja implementado, mas não é garantido devido ao estilo de gestão adotado por ela no primeiro governo.

Esse modelo passa por algumas pernas:

1. Aprofundamento da democracia social, com a criação cada vez mais ampla de canais de participação da sociedade, através de conselhos, ampliando o escopo da democracia digital, retomando os fóruns públicos de participação, sem que implique em avançar nas atribuições dos demais poderes.

2. Entender a inclusão como processo central do desenvolvimento, com suas vertentes social, regional e empresarial.

3. O entendimento do governo como uma confluência de tendências do país, procurando compor o quadro de Ministros e Secretários com a diversidade das forças sociais e econômicas existentes. Atrair para os quadros de governo as melhores lideranças de cada setor econômico e social abrindo espaço para que tragam novas ideias e experiências.

4. Para conferir caráter democrático aos programas, submetê-los a modelos de consulta interministerial e intersetorial, visando dar sinergia e visão sistêmica a cada qual.

5. Aprofundar as políticas setoriais, identificando setores prioritários e amparando com os diversos mecanismos já existentes na economia. Prioridade para setores em que haja ganhos de escala e aqueles ligados a políticas de bem estar (saúde, educação, saneamento) e poder de compra do governo (pré-sal, Defesa).

6. Políticas fiscal e cambial responsáveis, que garantam o financiamento dos programas sociais e econômicos com total transparência.

7. Políticas de estímulo fiscal e creditício amarradas a regras claras e previsíveis, acabando com o voluntarismo que caracterizou a última gestão.

8. Reforma responsável no modelo de metas inflacionárias e no custo de carregamento da dívida pública, de maneira a reduzir o peso dos juros no orçamento público.

9. Radicalização da Lei de Transparência através da criação de indicadores de eficácia e de estímulo a organizações incumbidas de monitorar as ações públicas.

10. Mudanças no modelo de grupos de mídia, visando trazer equilíbrio às diversas manifestações no mercado de opiniões.

Muitas dessas políticas já estão em curso. Várias foram planejadas pela própria Dilma, enquanto Ministra e Presidente. Várias políticas públicas amadureceram nos últimos anos, oferecendo um quadro inédito de possibilidades para a montagem de programas de ação estratégicos.

Não significa que a eleição de Dilma, por si, garanta o aperfeiçoamento desse modelo.

O primeiro governo Dilma foi caracterizado por inúmeros problemas operacionais, ligados ao estilo da presidente que comprometeram o modelo:

1. Um governo com algumas (boas) ideias centrais, mas sem plano de vôo, perdido entre as pressões do curto prazo.

2. Visão tecnocrática anacrônica, trazendo de volta políticas de gabinete que se supunha extintas pelos novos tempos. Insensibilidade para temas políticos que significassem abrir as janelas do governo às pressões sociais e empresariais.

3. Estilo de tratar os Ministros que espantou do seu convívio personalidades de maior fôlego. Como agravante, a ampla complacência com a mediocrização do Ministério.

4, Impaciência com a consolidação de programas de médio e longo prazo, que acabaram levando a movimentos erráticos do Banco Central e ao uso condenável do câmbio e tarifas para controlar pressões de preço de curto prazo.

Nas conversas com o Chefe da Casa Civil Aloizio Mercadante, e nas próprias declarações recentes de Dilma, há uma aceitação implícita dessas críticas. Na entrevista com Mercadante ele apresenta um conjunto de respostas às críticas, ao acenar com maior participação social, com a convocação das principais lideranças para compor o novo governo.

Ocorre que em diversas oportunidades, sob pressão dos fatos, Dilma simulava abrir-se. Mas o máximo que concedia era receber os críticos em audiências, como se fosse favor da Rainha aos súditos, encantá-los com sua prosa mineira e não resultar em nenhuma ação sistemática para atender ao reclamos.

O que seria um segundo governo Dilma, em caso de vitória? A campanha eleitoral terá sido pedagógica, um banho de política que será bem assimilado no segundo governo? Ou, ao contrário, reforçará a auto-confiança, levando-a a um governo mais centralizador e autocrático que o atual?

Esse é o dilema.

Luis Nassif: o tucano Gianotti e o fim do Psdb

Filósofo respeitado, tucano de quatro costados, José Arthur Gianotti deu entrevista relevadora para o Estadão de hoje (http://tinyurl.com/ng9549o) em que praticamente sela o fim do PSDB.
O jornal o apresenta como “tucanoide” (simpatizante) e muito próxima a Fernando Henrique Cardoso. É muito mais que isso.
Na verdade, sua amizade maior é com José Serra. É o que explica o fato de considerar Serra “muito à esquerda” de Geraldo Alckmin e prever que ele será um dos síndicos da falência do partido. Com um pouco de distanciamento, Gianotti aceitaria que a pá de cal no PSDB foi a campanha vergonhosa de 2010, que deixou o partido com a cara abjeta de Serra.
Em relação aos demais pontos, seu diagnóstico é preciso.
Aliás, o quadro que desenha é a chamada crônica de uma morte anunciada. Desde 2008 venho apontando esse quadro de deterioração intelectual do PSDB.
Apenas por amizade, Gianotti não menciona os responsáveis. É evidente que a responsabilidade maior recai sobre a pessoa a quem o partido confiou a liderança intelectual e política: Fernando Henrique Cardoso.
Serra não existiria sem FHC. A campanha abjeta de 2010 – que liquidou com os resquícios de legitimação do partido – não existiria sem FHC. Comandado por Serra, o estilo esgoto do jornalismo tucano foi diretamente estimulado por FHC. Assim como a debandada de intelectuais tucanos, que poderiam ter contribuído para algum arejamento do partido, mas que, a partir de um determinado momento, não tiveram estômago para permanecer na trincheira, depois que o partido deixou-se conduzir pela ultradireita escatológica.
A partir de então, o PSDB abandonou qualquer veleidade intelectual. Sua cara ficou sendo a da agressividade mais vazia, de políticos menores atuando apenas em representações moralistoides, e do jornalismo de esgoto comandado por Serra.
Aqui, os principais pontos da entrevista de Gianotti:
Sobre o espaço da socialdemocracia
Quando o PT veio para o centro, roubou o discurso da socialdemocracia do PSDB. Tornou-se o grande interlocutor com as forças capitalistas e populares, que era projeto da socialdemocracia.
Sobre o espaço da oposição
O PSDB não conseguiu se viabilizar como oposição organizada. Quando não se tem a oposição organizada, em geral quem ocupa esse espaço é uma dissidência da própria base aliada, como ocorreu com Eduardo Campos e Marina Silva, ex-Ministros do governo Lula.
Porque o PSDB falhou
Porque não teve discurso. Restará um partido estilhaçado, mas com alguns governadores e senadores fortes. Aécio ficou com imagem meio ambígua. Agora ele precisa sair correndo para Minas Gerais para salvar a candidatura que apoia. Não conseguiu firmar uma liderança realmente decisiva,
O comando do PSDB
Aécio voltará a ser o que sempre foi: uma liderança do PSDB, mas não mais a ponta da pirâmide. Ideologicamente, o partido terá duas pontas: o Alckmin bem mais à direita e Serra bem mais à esquerda.
Sobre Marina, Collor e Jânio
Marina lembra Jânio e Collor na medida em que vem alguém religiosamente para salvar a pátira e depois tem uma enorme complicaçãoo na montagem de governo. A Marina não é um Collor, mas no sistema ela estava isolada. Não soube organizar o pafrtyido dela, a Rede, foi obrigada a se aliar a Eduardo Campos. Quando o avião cai, ela se acha predestinada a salvar a pátira e começa com esse discurso. A partir do desastre, ela lembra Jânio e Collor ao dizer que veio para salvar a pátria.
Sobre o antipetismo e o PSDB
O antipetisnmo está bem instalado na política brasileira. É hoje uma tremenda força.. Aécio vai compreender que para fazer o antipetismo é preciso que ele apoie Marina.
Sobre a bancada evangélica
Quando há uma crise do Estado, os conflitos religiosos aparecem. Quando não há uma estrutura de poder central organizando a sociedade, Deus aparece como o centralizador. O avanço evangélico é um sintoma da crise do Estado.
As manifestações de junho
Não formam líderes porque movimento popular desse tipo é como fogo fátuo. Ele surge e desaparece. Essas redes sociais são extremamente importantes mas não criam líderes. As lideranças políticas são, na verdade, formadas pelo processo partidário.
A crise do Estado
Temos uma série crise de Estado. Uma crise de Estado acontece quando você decide em cima e a decisão não chega embaixo. E o Estado, desta forma, não funciona. Já yemos uma crise de decisão. Ela continua se Dilma ou Marina vencerem. Não há esse risco com Aécio, porque ele não vai ganhar.



Luis Nassif: os riscos do jogo

Um governo deve ser analisado de acordo com a soma de virtudes e vícios, de possibilidades e de riscos.

Com todos os erros políticos e econômicos, com a insensibilidade para o aprofundamento democrático e a teimosia para se abrir para políticas participativas – da área social à econômica – o governo Dilma Rousseff tem diversas políticas plantadas, algumas em pleno andamento, outras prontas para florescer.

O programa de concessões avança. A política industrial do pré-sal começa a ficar clara, assim como ganhos substanciais nas políticas de compras públicas e de conteúdo nacional. Com a EPL (empresa de Planejamento e Logística) começa a tomar corpo uma política mais sólida de infraestrutura. As políticas sociais não sofreram interrupções. Avançou-se na educação e na saúde.

O Sistema Nacional de Inovação conseguiu amarrar projetos de mudança na educação básica, os enormes avanços do Pronatec, a abertura para o mundo, com a Ciência Sem Fronteira, o alinhamento com as necessidades empresariais, com a Embrapii e a política industrial do pré-sal, a diversificação de universidades casadas com o desenvolvimento regional.

Não é pouca coisa. Um levantamento minucioso da obra do governo Dilma vai revelar uma enorme lacuna apenas no Ministério da Justiça e os desacertos na área da Fazenda e do Tesouro.

Nos demais, em ritmos diferentes, houve a continuidade de políticas bem sucedidas e o lançamento de novos projetos relevantes.

Não significa que um segundo governo Dilma seja uma certeza. Ainda há muitas incógnitas no ar.

Até agora, não há nenhum sinal mais claro de que irá abrir mão do estilo autocrático. A condescendência com Ministros medíocres, a teimosia em manter um Ministério de segundo grau, a impermeabilidade a toda sorte de discussões, as confusões na área econômica, são vícios decorrentes do estilo personalista da presidente.

No entanto, sua correção depende de atitudes individuais da Presidente, não de grandes operações políticas, de gestos de rompimento etc.

Já parte econômica do plano de Marina demole qualquer veleidade de política industrial ativa, de mudança nesse modelo de atrelar toda a economia a uma política de juros civilizada ou mesmo a compromissos mínimos de proteção à produção e ao emprego nacional.

Ganhando as eleições, a Rede lança o país em uma incógnita. Perdendo, será dona da agenda de modernização democrática que ficou presa em algum escaninho burocrático de Brasília no dia em que o governo perdeu o sentimento das ruas.


Luis Nassif: o mito do cavaleiro solitário

O texto abaixo expressa a desconfiança do autor sobre a capacidade de discernimento do povo brasileiro. Tenho convicção que não vamos enveredar por mais uma aventura eleitoral. Abertas as urnas um novo ciclo se inicia. com o PT mais forte ainda e o rearranjo dos partidos pós fim do Psdb.
Minha confiança na reeleição da presidente Dilma tem essas premissas

Fiquem com o meu "Cândido":

Todo fim de ciclo político abre espaço para os outsiders da política.

São períodos em que ocorre um aumento da inclusão, da participação popular e os mecanismos políticos tradicionais não mais dão conta da nova demanda. Há o descrédito em relação à política e, no seu rastro, o cavaleiro solitário, cavalgando o discurso moralista e trazendo a esperança da grande freada de arrumação.

Fazem parte dessa mitologia políticos como Jânio Quadros, Fernando Collor e, agora, Marina Silva.

Tornam-se fenômenos populares, o canal por onde desaguará a insatisfação popular com o velho modelo.

No poder, isolam-se por falta de estrutura partidária ou mesmo de quadros em qualidade e quantidade suficiente para dar conta ro recado de administrar um país complexo como o Brasil.

Com poucos meses de mandato, a população percebe que não ocorrerá o milagre da transformação política brasileira e se desencantará com o salvador. Sem base política, sem o canal direto com o povo, perdem o comando e trazem a crise política.

Desde a redemocratização de 1945 o Brasil tornou-se um país difícil de administrar, dada a complexidade de forças e setores envolvidos. Só é administrável através das composições políticas.

Na última década, a complicação ficou maior porque floresceram uma nova sociedade civil, novas classes de incluídos e o fantasma da hiperinflação (e dos pacotes econômicos) não mais funcionava como agente organizador das expectativas e de desarme das resistências.

O maior momento de Marina foi quando, na OMC (Organização Mundial de Comércio) defendeu a o direito do Brasil proibir a importação de pneus. No episódio Cessna descobre-se um sócio oculto do ex-governador Eduardo Campos, que enriqueceu com incentivos fiscais (do estado de Pernambuco) justamente para a importação de pneus.

Não apenas isso.

Sua vida profissional indica uma personalidade teimosa e desagregadora.

Começou a vida política com Chico Mendes. Depois, rompeu com ele e aderiu ao PT. Foi parceira de Jorge Vianna, governador do Acre. Rompeu com Jorge, tornou-se Ministra de Lula.

Teve embates com a então Ministra-Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff acerca da exploração da energia na Amazônia. Perdia os embates nas reuniões Ministeriais, mas criava enormes empecilhos no licenciamento ambiental.

Nas reuniões ministeriais, jamais abria mão de posições. Quando derrotada, se auto-vitimizava e, nos bastidores, jogava contra as decisões com as quais não concordava.

Saiu do governo Lula no dia em que anunciou seus planos para a Amazônia e Lula entregou a gestão para Roberto Mangabeira Unger.

Saiu do governo, entrou no PV e promoveu um racha no partido. Tentou montar a Rede, juntou-se com o PSB e criou conflitos de monta com os principais auxiliares de Campos.

A teimosia em geral estava a serviço de ideias e conceitos totalmente anticientíficos.

Combateu as pesquisas em células tronco. Em 2010, em uma famosa entrevista no Colégio Marista, em Brasilia, anunciou que proibiria ensinar Darwin nas escolas, por ser a favor do criacionismo.

Se o país resolver insistir na aposta no personagem salvador, só há uma coisa a dizer: bem feito!


Luis Nassif: É preferível um Aécio na mão que duas Marinas voando




A aposta em Marina Silva é de alto risco por várias razões.

Dilma Rousseff e Aécio Neves representam forças claras e explícitas e são personalidades racionais.

Dilma defende um neo-desenvolvimentismo com uma atuação proativa do Estado e Aécio a volta ao neoliberalismo de Fernando Henrique Cardoso.

Em 2011, o pânico em relação à inflação tirou Dilma do prumo. Mas ela tem ideias claras sobre o país e sobre o que quer: política industrial, investimentos em infraestrutura, aprofundamento do social.

Podem ser apontados inúmeros vícios de gestão, mas também tem feitos consagradores, como a própria política do pré-sal, a construção da indústria naval, o Pronatec, Brasil Sem Miséria e um conjunto de obras – especialmente na área de energia.

Mesmo sua teimosia mais arraigada não chega perto do risco da desestabilização – apesar do terrorismo praticado por parte do mercado.

Com Aécio, a economia será submetida novamente a uma política de arrocho fiscal. Haverá refluxo na atuação do BNDES, fim das políticas de incentivo fiscal, redução da ênfase nas políticas sociais, interrupção no processo de reaparelhamento técnico do Estado. Se venderá novamente o peixe da “lição de casa” e do pote de ouro no fim do arco-íris.

Assim como FHC, Aécio estará ausente do dia a dia. Mas certamente se cercará de um Ministério de primeira grandeza e há uma lógica econômica por trás de suas propostas.

Até onde pretenderá chegar com o desmonte do Estado social, é uma incógnita. Mas age com racionalidade.

Já Marina é uma incógnita completa.

Primeiro, pelos grupos que a cercam e que querem um pedaço desse latifúndio. E ela não tem um grupo para chamar de seu, a não ser para o tema restrito do meio ambiente.

Haverá uma disputa dura para saber quem a levará pela mão: economistas de mercado, os grandes empresários paulistas, ambientalistas radicais, os egressos do PSB e – se Marina se consolidar – os trânsfugas do PSDB paulista.

O segundo dado é o mais confuso: a personalidade de Marina que nunca foi de admitir ser conduzida por ninguém.

Os que conviveram com Marina no governo reforçam algumas características:

Dificuldade em entender economias industriais.

Baixo pique operacional. Praticamente não conseguiu colocar de pé nenhuma de suas propostas à frente do Ministério do Meio Ambiente.

Jogo de cintura nenhum.

Tudo isso seria contornável, não fosse um aspecto de sua personalidade: teimosia e voluntarismo exacerbados. No governo Lula era quase impossível a outros Ministros definir pactos com Marina. Nas vezes em que era derrotada, costumava se auto-vitimizar.

Os empresários paulistas que apoiaram sua candidatura estavam atrás do símbolo político, o Lula de saias, o Avatar dos novos tempos. Vice de Eduardo Campos seria o melhor dos mundos, pois o presidente asseguraria a racionalidade do governo.

Colocaram como seus porta-vozes economistas, importaram o brasilianista André Lara Rezende, que encontrou a melhor síntese para casar o livre mercadismo com as propostas ambientalistas de Marina: o país não pode crescer para não comprometer o equilíbrio do meio ambiente mundial. Quem chegou, chegou, quem não chegou não chega mais.

Experiências recentes do país indicam que o componente pessoal, a psicologia individual é um ponto relevante na análise de figuras públicas.

Resta saber se o país está disposto a pagar para ver.

Para os mercadistas: aguardem um mês de campanha antes de iniciar a cristinianização de Aécio, para poder entender melhor a personalidade de Marina.

É preferível um Aécio na mão que duas Marinas voando.

Comentário: dou um pelo poutro e não quero volta


Luis Nassif - FHC e a arte de se apequenar antes e depois

Caro Nassif, não sabia que era tão irônico. O título desse excelente texto (abaixo) é ironia. Parabéns. Porém, sabemos que o dito sujo é um Grandessíssimo FH-C3 - Farsante Hipócrita Covarde Canalha Cínico -. Confiram abaixo mais uma pérola do meu "Cândido":

Perguntam-me dos motivos para a implicância com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
São vários.
O principal é que tinha base de apoio no seu partido, conhecimento, descendia de família de militares que participaram de episódios centrais de formação do país; tinha formação e adesão de parcelas importantes da opinião pública para montar um governo socialdemocrata, que conduzisse reformas mas lançasse as bases de políticas sociais legitimadoras. Tinha tudo, até a assessoria luxuosa da verdadeira estadista que era dona Ruth para lançar as bases do combate à miséria.
Em vez disso, terceirizou a política econômica para os financistas do seu governo, permitiu a manutenção de políticas cambial e monetária ruinosas, mesmo após três graves crises externas. Jamais conseguiu pensar como um verdadeiro estadista. Era deslumbrado com as pompas do poder, mas não com a possibilidade de mudar realidades.
Fora do poder, poderia ter se tornado um desses sábios referenciais dos quais toda Nação necessita, os mais velhos que trabalham para mostrar rumos, para conciliar, para ajudar na construção de consensos.
Pequeno antes, manteve-se pequeno depois.
Seu artigo de hoje, no Estadão (clique aqui), é tão medíocre que merecia ser assinado por Roberto Freire – o único (repito o único!) Senador da República que, em 1999, foi contra o projeto de renda mínima proposto em comum acordo por ACM e Eduardo Suplicy.
É medíocre por ser falsamente esperto, e pela absoluta falta de respeito de FHC pelos fatos e pela sua própria biografia.
Diz o artigo:
“O que fez o PSDB quando as pesquisas eleitorais de 2002 apontavam para a possível vitória do PT?”.
1.     Elevou os juros, mesmo antes das eleições, reduzindo as próprias chances eleitorais.
Coloca como se fosse um ato de desprendimento e não um gesto de desespero, antes oe erros colossais cometidos pelo então presidente do Banco Central Armínio Fraga, que elevou os dólares às alturas e quase explodiu com a economia brasileira.
Primeiro, Armínio criou o sistema de pagamento eletrônico, que passou a medir de forma muito mais intensa os movimentos de juros intrabanco e as cotações dos títulos do Tesouro. Depois, introduziu o sistema de “marcação a mercado” – pelo qual cada vez que as taxas de juros mudavam, os fundos eram obrigados a remarcar o valor presente dos títulos pré-fixados. Quanto maior os juros, menor o valor da cota.
Exemplo pequeno:
·       um título vale 100 no momento de resgate; a taxa de juros do mercado está em 10%. Logo o valor presente do título é 90,9. Ou seja, se alguém comprar por 90,9 e levar até o dia do vencimento, receberá os 100.
·       ai a taxa aumenta para 15%.  Imediatamente o valor a mercado do título cairá para 86,8 – para garantir os 15% de juros no vencimento.
Finalmente, lançou uma operação desastrosas de vender títulos pré-fixados amarrados a hedge cambial – visando empurrar goela abaixo do mercado os pré-fixados, em uma atitude de um voluntarismo tal que nada fica a dever às medidas de Dilma Rousseff, e muito mais ruinosa.
Os investidores passaram então a comprar o pacote, a ficar com o hedge e a desovar os pré-fixados no mercado. Esses títulos eram uma parcela ínfima do estoque de pré-fixados do mercado. Mas o valor das cotas de todos os papéis dependia das negociações diárias.
Quando os pré-fixados foram desovados no mercado, houve queda de sua cotação e imediatamente todos os fundos que tinham pré-fixado em carteira foram obrigados, pela marcação a mercado, a desvalorizar o valor de sua cota. Da noite para o dia, investidores se deram conta de que havia caído o saldo de suas aplicações nesses fundos.
Foi um pânico generalizado no mercado, que ajudou a fortalecer o falso temor de que, eleito, Lula confiscaria a poupança.
Foi uma barbeiragem tão grande que em muitas cabeças passou a impressão de ter sido intencional, para espalhar o temor nas eleições que se avizinhavam.
As medidas posteriores foram mero paliativo para impedir que a economia explodisse nas mãos de FHC como consequência dessa barbeiragem.
2.     Sustentou mundo afora que não haveria perigo de irresponsabilidade de Lula, pois as leis e cultura haviam mudado.
FHC baseia-se em uma versão falsa de ter conduzido a aproximação de Lula com o governo Bush Jr, conforma devidamente desmascarada aqui por pessoas que participaram diretamente das reuniões prévias. O principal homem de FHC em Washington, embaixador Rubens Barbosa, sempre acenou com fantasmas para o Departamento de Estado norte-americano.
3.     Pediu empréstimo ao FMI, com previa anuência dos candidatos.
Mas é óbvio que o FMI só emprestaria com aval do futuro presidente. Não se tratou de concessão, mas de um ato de moratória, quatro anos após o anterior, devido ao fato de adiar a tomada de medidas urgentes para não atrapalhar as eleições - prática que ele aponta em Dilma, em seu artigo.
FHC termina o artigo prevendo tempos duros, de autoritarismo e repressão.
E conclui: “Vejo fantasmas? Pode ser, mas é melhor cuidado do que não lhes dar atenção”.
É por essas e outras que jamais será a figura reverencial que poderia ter sido, depois de deixar o poder.
Comprova o pior receio de Sérgio Motta quando, pouco antes de morrer, mandou um bilhete implorando: “Não se apequene”.