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CANDIDATOS SEM HINOS


O passado continua sendo nosso maior professor, menos por dizer o que devemos fazer, mais por apontar o que precisamos evitar. Vale contar um episódio dos tempos da participação brasileira na II Guerra Mundial, modesta se comparada com os grandes exércitos em confronto, mas heróica em termos de sacrifício, desprendimento e imaginação.

Em outubro de 1944,  quatrocentos integrantes do grupo da recém criada Força Aérea Brasileira desembarcaram no porto de Livorno, na Itália,  depois de meses de treinamento  nos Estados Unidos. Eram pilotos, oficiais, sargentos, praças e até enfermeiras.

Na mesma tarde da chegada foram conduzidos, em caminhões, até uma  base da Força Aérea americana que seria transferida para outro  local, na cidade de Tarquínia.  Assumimos as instalações, os  aviões e toda a parafernália correspondente.    

O coronel chefe da base que passava à nossa responsabilidade, coronel Gabriel Disosway,  promoveu um desfile solene de sua tropa, que se despedia. Nossos aviadores  ficaram perfilados sob o comando do coronel Nero Moura. No final, os  americanos cantaram orgulhosamente  o hino da Aeronáutica dos Estados Unidos. Pelo microfone, fomos convidados a cantar o hino da nossa Força Aérea.  Seguiu-se um frio na barriga de todos os brasileiros, porque  a FAB, criada meses antes com a reunião de pilotos  do Exército  e da Marinha, ainda não tinha hino.

O constrangimento só durou alguns momentos, pois, saído da fileira lá  de trás, o sargento Oséas, amazonense atarracado com vivência no Rio,  aproximou-se do comandante brasileiro e sugeriu: “coronel, mande nossa banda tocar a “Jardineira”, porque esses gringos  não vão entender nada.”

A ordem foi dada e a nossa  tropa  inteira cantou a música vitoriosa no último Carnaval, cantada por Orlando Silva.  Quase todos choravam, foi um  sucesso  absoluto, para espanto dos americanos que jamais haviam escutado hino tão sentimental.

Essa historinha se conta a propósito da sucessão presidencial. Quando sobem ou descem dos palanques, nem Dilma Rousseff nem José Serra nem Marina Silva são saudados com hinos relativos às suas campanhas, que ironicamente não  existem, ao contrario de outros candidatos e de outras eleições  passadas. Os marqueteiros de hoje andam perdendo tempo.

Vai, assim, a proposta,  calcada na genial  sugestão do  sargento Oséas,  da FAB,  mais de sessenta anos atrás.
Que tal os partidários de Dilma Rousseff cantarem “A Banda”, de Chico Buarque, aquela do “estava atôa na vida, o  meu  amor me  chamou, para ver a banda passar...”

José Serra se deliciaria com “Não dá mais para Segurar”, do Gonzaguinha, e Marina Silva aprovaria o “Abre Alas que eu Quero Passar”,do Sinhô.  Os demais  sete candidatos talvez se incomodassem com o “Ninguém  me Ama, Ninguém me quer”, de Antônio Maria.  De qualquer forma, o leque está em aberto, à espera de sugestões mais modernas...

por Carlos Chagas

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Chico Buaque - Roda Viva

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...
Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou
A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou
No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...


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Quem já passou e o que vai passar

Eu cheguei  de viagem e abri a internet. Fui ver uns blogs que se publicam sob o rótulo da “Veja”. Senti vontade de me matricular num curso de yoga, para sublimar o nojo, a revolta, a indignação. Talvez por isso tenha ido descansar e retomar o trabalho mais tarde, no silêncio da madrugada, quando tudo é mais sereno.
Então troquei minha revolta por reflexão. O que será que faz um jornalista se prestar ao papel crápula de usar um personagem inventado para dizer que “nossa Zelig (Dilma) é uma jeca com nível intelectual de copeira da Casa Civil, que não conhece sequer os códigos da faixa de pedestre e que evidentemente desconhece rudimentos da cultura europeia ou de qualquer forma de cultura”?
E depois, quando Dilma diz que só dá entrevistas uma vez por dia, ficar repetindo que ela “só dá uma vez por dia”?
O que leva um ser humano a tamanha abjeção?
Dinheiro? Não, não, ele receberia o mesmo com 10% disso…Muito menos convicções, que ele poderia expressar, mesmo batendo duro, mas sem chafurdar nessa baixaria sexista e senhorial, que pensa isso sobre mulheres e copeiras…
Não, não. Nada disso. É mesmo delírio, desespero elitista, ódio transtornante que assoma à mente de quem se vê, em poucos anos, decair do altar de voz importante, quase divina, para fiapos de sons esganiçados aos quais ninguém mais dá atenção, senão seus companheiros de desdita.
Uma vez, no aeroporto Santos Dumont, meu avô deu um soco em David Nasser. Perguntado se tinha agredido o jornalista, respondeu: não, bati num canalha. Os tempos mudaram. Nada justifica uma agressão física, mesmo a um canalha.
Eles estão sendo nocauteados por uma mão muito mais poderosa e alegre. São pobres farrapos de gente, feitores diante da abolição, capitães de mato estalando seus chicotes que já não amedrontam.
Que maravilha a força da realidade, que beleza o nosso povão, as nossas copeiras, os nossos pedreiros, nossos irmãos e irmãs de todas as cores e todos os jeitos, “que não conhecem os rudimentos da cultura européia”, tomando deles as rédeas do país.
Para ele, para essa gente a quem sobrou o papel de bobos da corte decaída, o melhor e mais gentil tapa que podem levar é esse, que o video aí de cima mostra, para a gente começar o domingo com alegria e otimismo.
Está passando e vai passar.

Maria Amélia Buarque de Holanda


Mãe de Chico Buarque morre aos 100 anos

A mãe do cantor Chico Buarque, Maria Amélia Buarque de Holanda, 100, morreu na madrugada desta quarta-feira. A informação é da assessoria de imprensa do cantor, que não soube informar mais detalhes, como o local ou a causa da morte.
A assessoria alega que, por se tratar de um acontecimento da vida pessoal do cantor, deve esperar Chico se pronunciar sobre o assunto.
Também não foram confirmadas informações sobre o velório e o enterro de Maria Amélia, ou Memélia, como era chamada por alguns.
Ela havia comemorado seu 100º aniversário em janeiro, com a presença da família e do presidente Lula.
Maria Amélia era viúva do historiador Sérgio Buarque de Holanda, um dos fundadores do PT.