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Babaquice

A besteira abaixo foi escrito pela colunista Marília Moschkovich

Vamos supor que você está fazendo seu trabalho, tranquila, como todos os dias. De repente um desconhecido se aproxima e te dá um beijo. Você nunca viu mais gordo. Mas você está exposta e tem que entregar o trabalho naquele minuto, sendo observada por seus chefes e pela sua equipe. Seria possível uma reação agressiva? E se aquilo se voltasse contra você? Talvez denunciar em seguida? Mas como saber quem era aquele homem?
Essa situação lamentável já consta entre a nada modesta lista de pérolas machistas que vimos e veremos nos próximos 30 dias, ao longo da realização da Copa do Mundo aqui no Brasil (em tempo: não que ela não aconteça da mesmíssima forma em outros países). Enquanto estava realizando seu trabalho, em transmissão ao vivo, a repórter Sabina Simonato foi beijada por um torcedor croata anônimo, na calçada da Avenida Paulista.
A abordagem dada pela maioria dos veículos que noticiou é a mesma de sempre, sobretudo porque se trata de um europeu branco com alguma grana pra frequentar copas do mundo, de não de um “pedreiro” (pra voltarmos à velha discussão sobre intersecionalidade e preconceito de classe que rola quando falamos sobre assédio nas ruas): risadinhas, todo mundo achando graça. A própria repórter, inclusive, reage com estranhamento mas tenta se manter descontraída.
Algo me diz, porém, que ela não poderia ter tido qualquer reação ali, ao vivo, no ar, sem que aquilo se voltasse contra ela de alguma maneira. Talvez impondo limites ela passasse por “grossa”, “antipática”, “péssima profissional”, entre outros adjetivos frequentemente direcionados às mulheres que resistem o assédio. Talvez sofresse pesada retaliação de seus colegas, da sociedade como um todo, do veículo para o qual trabalha.
O episódio reacende uma questão que tem estado na boca da internet nos últimos meses, e que infelizmente não depende da Copa: até quando seremos desrespeitadas nas ruas por sermos mulheres?
Reparem que a questão aqui não é um beijo de um desconhecido. É um beijo de um desconhecido num contexto específico. Claramente não solicitado, claramente não consensual. O torcedor croata, ao tascar o beijo na repórter, coloca-a em sua posição de mulher – um corpo disponível. É assim que nos sentimos nas ruas, pontos de ônibus, estações de metrô, e até mesmo em festas e bares quando homens aleatórios se acham no direito de interferirem em nosso espaço físico e psicológico. Sabina Simonato não pediu nem concordou com esse beijo, não importa o quão leve tenha nos parecido sua reação.
Quando dizemos que o feminismo ainda é necessário, é por causa de atitudes desse tipo. Alguém já viu algum jornalista homem sofrer assédio sexual assim, ao vivo? Na frequência com que isso acontece com as jornalistas mulheres (só no último ano me lembro de pelo menos dois ou três casos de grande repercussão aqui no Brasil)? O assédio é uma questão de poder, de lembrar às mulheres que somos “apenas” mulheres. Por isso ele é humilhante, indigno, violento – ainda que venha na forma de um beijo com risadinhas.

Nem machismo, nem feminismo

Apenas: Cada um puxa brasa para sua sardinha ou tenha muita ou pouca farinha...meu pirão primeiro

na Carta Caputal
Aposentadoria, alistamento militar obrigatório, ingresso mais barato na balada - isso não é privilégio, é machismo
Por Nádia Lapa
O feminismo é pauta constante em conversas, na mídia, na mesa do boteco. E, como muita gente não reconhece o movimento como legítimo, de bases históricas, de militância incansável e estudado  na academia, repetem absurdos a respeito do tema. Acham que o senso comum resolve. Ignorância ou má fé? Não sei, mas o primeiro dá para resolver - tem um monte de livros bacanas, blogs interessantes (inclusive esse aqui!) e perfis no Twitter que falam de feminismo o tempo todo.

Mas sempre que chega alguém "novo" no rolê, a pessoa faz questionamentos pueris, quase nunca com o desejo de saber mais. A intenção - nota-se pelo tom da voz - é "desmascarar esse tal feminismo".
Eu prefiro desmascarar as falácias.
1) Feminismo é contrário de machismo.
Bom, quem diz isso ainda está na fase "feminismo para dummies". Machismo é um sistema patriarcal, institucionalizado, de opressão de um gênero sobre o outro. Feminismo é um movimento que visa a igualdade e, mais do que isso, desafia esse sistema. Há muitos feminismos, e cada um deles propõe uma forma de acabar com o machismo. Há anarcafeministas, feministas radicais, feministas liberais, e por aí vai. Tem quem queira repensar o capitalismo, tem quem lute pelo empoderamento da mulher sem mexer nas estruturas do capital. Mas basicamente feminismo e machismo não são nada similares.
2) Por que mulher se aposenta antes? Nessa hora ninguém reclama!
Sim, reclamamos, mas não lá, aos 60 anos.
Reclamamos antes, pela "obrigação" de lavarmos a louça, tirarmos a toalha molhada da cama, varrermos o chão e esfregarmos a privada que você usou. Na divisão sexual do trabalho, as mulheres exercem a atividade mais mal remunerada do mundo: cuidar da casa. Mal remunerada porque simplesmente não é remunerada.
Segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (Pnad), do IBGE, mulheres gastam 23,9 horas da semana cuidando de afazeres domésticos, enquanto os homens ficam com apenas 9,7 horas. Em alguns estados, a diferença é ainda mais gritante: na Paraíba, mulheres gastam 27,8 horas semanais cuidando da casa; os homens, 10,6 horas. É quase o triplo.
A pesquisa abrange moradores acima de 10 anos de idade. O resto é só matemática. Se a jornada de trabalho normal no Brasil é de 40 horas semanais e a mulher trabalha em casa, sem remuneração, por 24 horas por semana, no fim do ano ela trabalhou 1.147 horas, enquanto o homem, apenas 465. Multiplique pelos anos até a aposentadoria, e aí você saberá a razão da diferença.
Você conhece algum casal que compartilha as tarefas domésticas? Ótimo. Por enquanto, eles são a minoria da minoria. Quando isso for a regra, e não a exceção, não tenha dúvida: a idade para aposentadoria da mulher vai aumentar (ou você acha mesmo que o governo quer deixar de receber as contribuições e já começar a pagar?).
3) Por que vocês não lutam pelo alistamento militar obrigatório?
Essa parte, confesso, me faz rir.
Por que alguém lutaria por uma obrigação?
Nem precisaria explicar depois disso, mas sou insistente: as mulheres (não necessariamente feministas) lutam para fazer parte dos quadros das forças armadas. Os Colégios Militares, por exemplo, só aceitaram alunas mulheres depois da Constituição Federal de 1988. Até hoje concursos simplesmente não aceitam mulheres. Leis e ações judiciais, como esta do Ministério Público do Distrito Federal, tentam reverter isso.
Além disso, existem feministas - como eu - que são contra o militarismo. Outras são a favor de que seja voluntário para homens e mulheres.
4) Feminista até paga menos na balada/pagar o motel/chegar a conta.
Mulheres pagam menos na balada porque são usadas como iscas. Homens heterossexuais não costumam gostar de ir para festas onde "só tem marmanjo". Isso é machismo, não feminismo.
Sobre o motel, realmente muitas mulheres acham que o homem tem que pagar. Sabem o motivo? Fomos ensinadas de que o cara "aproveitou", que nós fizemos algum tipo de concessão, sei lá, e que o cara precisa pagar por isso. Isso é machismo, não feminismo. O mesmo vale para a conta.
5) Quem vai abrir potes se vocês acabarem com os homens?
Ninguém quer acabar com os homens, por favor.
E sabemos abrir potes. Tivemos aulas de física e aprendemos que o calor dilata metais. Logo, é só esquentar um pouquinho a tampa que ela vai ficar mais frouxa. Também dá para fazer uma alavanca com a colher. E, vejam só, existem até utensílios que fazem tudo isso por nós.
Como diria Simone de Beauvoir, em tempos tecnológicos, não há que se falar em força física para tarefas normais do cotidiano. A roda já foi inventada. E, putz, que existência desgraçada a de quem acha que sua função no mundo é abrir potes para mulheres indefesas, hein?

Feminismo prá que?

É assustadora a quantidade de gente que não sabe o que é feminismo. Ninguém tem a obrigação de saber, é claro, mas a partir do momento em que você decide opinar sobre um assunto, é de bom tom saber do que se trata.  As pessoas são "contra" o feminismo sem sequer saber o que significa. É comum escutar:
  • "Não sou feminista, sou feminina",
  • "Não sou feminista e nem machista",
  • "Não sou feminista e nem machista, sou humanista",
  • "Não sou feminista, os homens são meus amigos" (essa chega a causar azia),
  • "Não sou feminista, acho que todos deveriam ser tratados igualmente e ter os mesmos direitos".

Bom, vamos lá.
Feminismo não prega ódio, feminismo não prega a dominação das mulheres sobre os homens. Feminismo clama por igualdade, pelo fim da dominação de um gênero sobre outro. Feminismo não é o contrário de machismo. Machismo é um sistema de dominação. Feminismo é uma luta por direitos iguais.
Então se você diz "não sou feminista, acho que todos deveriam ser tratados igualmente e ter os mesmos direitos" você está dizendo, exatamente: "não sou feminista, mas sou feminista". E se você se diz humanista, bom, acredito que saiba então que o humanismo é uma filosofia moral baseada na razão humana e na ética, que coloca o ser humano acima do sobrenatural, de deuses, de dogmas religiosos, da pseudociência e das superstições e que não tem nada a ver com o assunto.
Existe essa grande falha lógica que é o sujeito achar que você tem que ser contra uma coisa pra ser a favor de outra; neste caso, "contra" os homens para ser "a favor" das mulheres. O feminismo não luta contra os homens, e sim contra o supracitado sistema de dominação, que, veja só, privilegia os homens e foi criado por... homens. Fica clara a diferença entre lutar contra um sistema e lutar contra todo um gênero?
  • Feminismo não tem nada a ver com deixar de usar batom, salto ou dar de quatro.
  • Feminismo não tem nada a ver com ser inimiga dos homens.
  • Feminismo não tem nada a ver com esconder o corpo; muito pelo contrário, exigimos o direito de andar com a roupa que bem entendermos sem assédio ou constrangimentos. Taí a Marcha das Vadias que não me deixa mentir.
  • Feminismo não tem nada a ver com morrer solteira de bigode.
  • Feminismo não tem nada a ver com não ter filhos, e sim com a escolha de como e quando esses filhos virão, e se virão.
  • Feminismo não tem nada a ver com não ser feminina.

E nem com ser.
Feminismo tem a ver com liberdade, com eu, você, elas e eles podermos todos viver e ser sem ninguém dando pitaco em como devemos nos portar, como devemos nos vestir, o que devemos dizer, do que devemos fazer com nossos corpos.
Outra coisa importante: nem todas as feministas estão de acordo a respeito de todos os tópicos. Cada um constrói seu feminismo. Como disse a Tavi Gevinson, a jovem editora da RookieMag, em uma palestra do TEDxTeen, o feminismo não é um livro de regras, mas uma discussão, uma conversa, um processo. E cada um tem o seu."Feminismo, caros, não é uma seita que reprime e excomunga quem quebra seus preceitos."
Vale sempre lembrar que o mundo machista também oprime os homens com esse negócio de que eles têm que ser os provedores, que eles têm que ser durões, que não podem chorar, que não podem demonstrar nenhuma característica atribuída ao feminino porque isso é considerado uma fraqueza - já que as mulheres são consideradas mais fracas, logo, inferiores. Gay é "xingamento" porque ser gay é ser um homem mulherzinha. Gente, não dá mais isso, 2013, sabe? Chega de reproduzir conceitos sem sequer parar para pensar neles.
Há um teste simples pra saber se você é feminista.
  1. Você concorda que uma mulher deve receber o mesmo valor que um homem para realizar o mesmo trabalho?
  2. Você concorda que mulheres devem ter direito a votarem e serem votadas?
  3. Você concorda que mulheres devem ser as únicas responsáveis pela escolha da profissão, e que essa decisão não pode ser imposta pelo Estado, pela escola nem pela família?
  4. Você concorda que mulheres devem receber a mesma educação escolar que os homens?
  5. Você concorda que cuidar das crianças seja uma obrigação de ambos os pais?
  6. Você concorda que mulheres devem ter autonomia para gerir seu dinheiro e seus bens?
  7. Você concorda que mulheres devem escolher se, e quando, se tornarão mães?
  8. Você concorda que uma mulher não pode sofrer violência física ou psicológica por se recusar a fazer sexo ou a obedecer ao pai ou marido?
  9. Você concorda que atividades domésticas são de responsabilidade dos moradores da casa, sejam eles homens ou mulheres?
  10. Você concorda que mulheres não podem ser espancadas ou mortas por não quererem continuar em um relacionamento afetivo?

Respondeu sim pra tudo, está confortável na cadeira?
Você é feminista. Uau!
Você não precisa ser ativista para ser feminista. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Se você acredita na igualdade de direitos entre homens e mulheres, você é feminista.
As pessoas confundem feminismo com um monte de coisas. As pessoas têm medo da palavra FEMINISMO.
Feminismo. Feminista. Feminismo. Feminista. FE-MI-NIS-MO.
Feminismo é sobre liberdade.
E é difícil ser realmente livre neste mundo.

Canalhice feminina


Para todos os homens que dizem:
“Porque comprar a vaca, se você pode beber o leite de graça?”

Aqui está a resposta para vocês:

Hoje em dia 80% das mulheres são contra o casamento e sabem por quê?...

Porque as mulheres perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma linguiça! HAHAHAHA !!!!

De onde vem tanta irritação com as mulheres independentes?


Noto que virou moda na imprensa brasileira falar mal das mulheres independentes. Qualquer um que deseje cinco minutos de fama desce o cacete no “feminismo”, entendido como a atitude auto-suficiente das mulheres em relação aos homens. No jornal que eu assino, houve na última semana dois artigos esculhambando mulheres que trabalham e não parecem interessadas em homens. Além do esforço deliberado para causar indignação - que virou praga no jornalismo brasileiro – acho que existe por trás dessas bobagens um verdadeiro sentimento reacionário. 
Muitos homens gostariam de voltar ao período em que todos os empregos e todas as prerrogativas pertenciam a eles. Muitas mulheres estão cansadas – ou assustadas com a perspectiva – de trabalhar duro pelo resto da vida, acumulando funções de mãe, dona de casa e funcionária exemplar. Em meio a eles, milhões estão inseguros sobre o seu ponto de vista ou sua situação social. Minha impressão é que começamos a viver um tempo de nostalgia, alimentado pela sensação de que a relações entre homens e mulheres nunca mais serão como antes. Tem gente morrendo de medo de ficar obsoleto. 
Não é por acaso que os textos de ataque às feministas sempre arrumam um jeito de ironizar as mulheres que “vivem sem homem”. Os autores dizem que a independência afetiva das mulheres não passa de embromação. Sugerem que todas elas gostariam de ter um macho forte e provedor que as levasse pelo braço. “É genético!”, garantem. Na falta de um homem de verdade, cercadas de moleques incapazes de assumir seu lugar histórico, as solitárias inventariam fantasias de auto-suficiência.  

Walter Decker: Algumas frases ditas “feministas” sobre nós


“Alguns homens leem a Playboy pelo mesmo motivo que leem a National Geografic,  gostam de ver lugares que sabem que nunca vão visitar.”  
“Homem é que nem pão de forma: chato, quadrado, casca-grossa, fácil de dobrar e miolo mole.”
“As mulheres não fazem os homens passarem por idiotas, a maior parte deles faz isso por si mesmo.”
“Homem é aquele que sonha ser tão bonito quanto a mãe acha que ele é; ter tanto dinheiro quanto o filho dele acha que tem; e ser tão bom de cama como ele pensa que é.”
“Todo homem tem a fantasia de fazer sexo com duas mulheres ao mesmo tempo. As mulheres deveriam gostar da ideia. Pelo menos, teriam com quem conversar depois que ele pegasse no sono.”

Uma foto banal e provocativa


Uma imagem de mulher jovem está provocando uma formidável controvérsia mundial no Facebook.

É uma foto banal e ao mesmo tempo extremamente provocativa.

Banal porque não há nudez nem completa e nem parcial, a não ser que você considere braços de fora alguma coisa no gênero.

Provocativa porque a foto é de uma síria de 21 anos, Dana Bakdounis. Dana postou há poucas semanas uma foto sem véu num grupo criado no Facebook por mulheres árabes em busca de igualdade de direitos.

Nela, segura sua identidade e um bilhete manuscrito que é um pequeno manifesto, intitulado “A primeira coisa que senti quando tirei meu véu”. Nele afirma: “Estou com o Movimento de Liberação da Mulher Árabe porque, ao longo de 20 anos, não me permitiram sentir o vento em meu cabelo e em meu corpo”.
A foto, ninguém sabe explicar por que, foi uma sensação instantânea. Em pouco tempo, atraiu 1 600 likes, foi compartilhada 600 vezes e foi objeto de 250 comentários.

Com isso, o grupo ganhou uma visibilidade que ainda não tinha. Os debates se acirrariam ainda mais pouco depois, quando o Facebook simplesmente tirou a foto do ar, sem explicações, e também bloqueou a conta pessoal de Dana.

Censura? Um ataque à liberdade de expressão? Os protestos tomaram a página do grupo no Facebook, hoje com 70 000 integrantes e transformado num fórum vivo de debates de jovens mulheres ávidas insatisfeitas com sua situação. Uma delas disse: “Se vocês fazem este tipo de censura então não podem reivindicar os méritos pela Primavera Árabe.”

O Facebook acabaria, depois de idas e vindas, liberando a foto, e também a conta de Dana. “Minha vida mudou depois que tirei o véu”, diz ela. “Recebi muitas manifestações de solidariedade de outras mulheres com véu. Elas diziam ter vontade de fazer a mesma coisa, mas acrescentavam que faltava a audácia que tive.”

Meses atrás, quando o então presidente da França Nicolas Sarkozy iniciou na França uma cínica e eleitoreira caça às burcas sob o argumento de que estava ajudando as mulheres árabes, escrevi que era uma falácia.

Todos os movimentos históricos de conquista de direitos nasceram das próprias vítimas de injustiça, e não de tutores.

Sempre foi assim, das sufragettes, as mulheres inglesas que lutaram pelo direito ao voto no começo do século passado, aos negros americanos que combateram por sua inclusão social, para ficar em apenas dois casos.

A foto de Dana pode ser um sinal de que as mulheres árabes estão efetivamente decididas a batalhar, elas também, por sua própria Primavera. Se for isso, a imagem entrará para a história da humanidade.
Por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo

Guerra dos sexos


Essa guerra entre homens e mulheres foi algo planejado

Nossos pais e avós sempre foram amigos e sempre deu muito certo...

O feminismo foi criado pelos grandes banqueiros para tirar a mulher de casa para que ela pudesse produzir...

Antes tínhamos uma pessoa pagando impostos, em cada domicílio, agora temos duas...

Também com os filhos mais tempo na escola, como acontece nos EUA, faca fácil de moldá-los de acordo com o que querem os poderosos...

Tem gente que diz: Mas hoje temos mais ''coisas''...

O que temos são coisas desnecessárias que não fazem falta alguma...

Muitas mulheres acordaram para essa realidade e estão querendo ter mais tempo com os seus filhos...

SE CACHORRO, GATO E MACACO CUIDA DE SEUS FILHOTES, PORQUE É QUE COM A GENTE DEVERIA SER DIFERENTE?

Fica a pergunta... 

Juca

Direitos iguais

Minha filha, sempre muito independente e feminista, um belo dia disse na mesa: 

- Deveríamos lutar pela igualdade de direitos entre homen e mulheres! Ao que meu caçula prontamente retrucou: 

- Ué, e vocês vão abrir mão de que para ficarem iguais a nós?

Carlos Afonso Quintela da Silva

Frases cafajestes da tarde

O troco: 

A verdade é que toda mulher é uma cadela. O jeito é escolher a que melhor abano o rabo e late mais gostoso. 

As feministas querem me calar, devo fazer barulho?

Cara Jarid Arraes e Blogueiras feministas

Nos últimos dias, ninguém se uniu, seja mulheres, homens, feministas ou não para protestar com o rodízio de mulheres que a Globo apresenta todos os dias na novela Avenida Brasil. Nenhuma mulher cansou de assistir três mulheres se prostituindo em horário nobre. Todos entenderam a situação apresentada como uma brincadeira inofensiva.

Nenhuma postagem indignada, nenhum protesto. Nenhuma mensagem apagada. Nenhuma pessoa excluída de páginas do G+1, do Twitter, do Tumblr, do Facebook . Nenhum e-mail enviado, nenhuma imagem de protesto deletada, nenhuma censura, nenhuma tentativa de silenciar, nenhuma falta de respeito e atenção, nenhuma calhordagem, má fé. Até agora, vocês feministas não se importaram com a situação das mulheres do Cadinho.

Por tudo isso, falo em meu nome, Feministas: vocês são um bando de hipócritas.

Defendem a igualdade entre os sexos apenas naquilo que lhes convém. Exemplo:

  • Defendem o direito de abortar. E o direito do pai não permitir o aborto, como fica?
  • Defendem salários iguais para o mesmo trabalho. E para se aposentarem também?
É, vocês sabem o que fazem. Sabem muito bem. E por isso tentam nos convencer que lutam por direitos e deveres iguais.

Na realidade vocês defendem sim, privilégios. E posam de vítimas para alcançarem seus objetivos. 

Mas eu, "Brucutu", resisto. Eu resisto aos seus abusos, as suas artimanhas.



Eu resisto à vocês e luto todos os dias por um mundo melhor.

Eu me coloco de pé e lhes encaro de frente, com punho erguido, sabendo que vocês não me vencerão. 

Eu, Brucutu, não tenho medo de vocês.

Eu não lhes desafio a me calar, prá que?

Sei que não me calarão mesmo.

Avenida Brasil: Rodízio de marido

Em Avenida Brasil, novela da Rede Globo, 3 mulheres decidiram assinar um contrato para desfrutar de um homem. - na cama e na grana -. Tudo muito bom, tudo muito bem, sinal dos tempos.

Mas nessa estória, tem uma coizinha fora do lugar.

Rodízio de marido?... Nannaninnannão, rodízio de mulher.

São as mulheres que estão no cardápio do Cadinho. Ele que degusta pratos de texturas, cores e sabores diferente.

Não me causa nenhuma surpresa as mulheres aceitarem de bom grado a situação. O cara é rico e mão aberta. E para 99,99% das mulheres é isso que interessa, o mais não tem presa.

E as feministas, onde estão?...manipulando o significado das palavras para afirmar que o homem neste caso é o objeto sexual.

Ah, coitadas! kkkkk


História da “escravização” da mulher no planeta terra

Houve na idade média um movimento feminista que é muito pouco divulgado, mas teve uma importância muito grande na organização familiar e econômica da época. Foi realmente revolucionária.
O movimento desencadeou uma série de mudanças que podem ser vistas hoje.
Graças a elas nós temos hoje os tratores e as grandes cidades.
A mulher, ou a maioria delas, já que àquela altura 98% da população vivia no campo, puxava carroça e arado, material para construção, etc..
Carregavam bastante peso, trabalhavam duro, de sol a sol, alem dos afazeres domésticos.
O movimento libertador de então reivindicava que pudessem fazer apenas os trabalhos domésticos.
Libertação do campo. No sentido mais intenso possível.
Para os homens, que também trabalhavam duro, justiça seja feita, eles perderiam um valioso parceiro.
As mulheres queriam e conseguiram apenas: cozinhar, limpar, fiar, buscar lenha, etc. e cuidar das crianças, que sempre eram muitas. Sexo era o único shopping na época.
Os homens foram atrás de animais para tração que além do preço de aquisição, necessitavam ser tratados, alimentados, medicados, etc. , mas, faziam o trabalho de várias mulheres.
Custo benefício.
As transformações nas relações de arrendamento de terras e os impostos cobrados pelos senhores feudais, associados à oferta de trabalho nas cidades por conta da revolução industrial, começaram a transferir as populações, para as cidades.
Êxodo rural.
O êxodo rural foi crescendo, a revolução industrial já não era mais revolução, já era uma realidade ainda que com insipiente tecnologia.
Tração animal no campo.
Vislumbrou-se a idéia de mercado: mercado consumidor, mercado de trabalho, mercado financeiro.
Mais êxodo rural.
Parece que nos Estados Unidos de hoje, 2% da população produz comida para os 98 restantes.
Estão lá na proporção exatamente inversa à da idade média na relação habitante cidade campo.
Para se ter uma idéia, na mesma idade média não havia juros.
Era a usura, crime sério condenado desde a Igreja, até os governos.
A evolução das técnicas de produção, aliada às técnicas de mercado consumidor, propaganda, financiamento, etc., criou a necessidade de ampliar mercados e a única alternativa era a de aumentar o número de consumidores.
Foi fácil.
Metade da população é mulher, que não recebe pelo que trabalha não ganha dinheiro, não consome.
Fizeram  um novo movimento de “libertação”, no qual as mulheres deveriam sair de casa para trabalhar fora.
Mais adiante perceberão que muito mais, foram feitas, do que fizeram o tal movimento.
O feminismo atendeu muito mais aos interesses do sistema do que aos das mulheres.

A vida como ela é

Pesquisa revela que 50% das mulheres dispensam os homens que racharem a conta no 1º encontro.

Na verdade este percentual é de quase 100%. Todo mundo sabe disso.

A mulher finge querer igualdade, O que elas desejam mesmo é privilégios.

Não desperdice

O autor da charge se inspirou na frase de Nelson Rodrigues: 
" Nem todas mulheres gostam de apanhar, só as normais".

Millôr: o melhor movimento feminino ainda é o dos quadris

Todos os dias leio, escuto e vejo defensores das mulheres esbravejando indignados contra o machismo, contra a exploração "sexual feminina", contra o sexismo da publicidade etecetara e tal. Aí, as nove da noite vem a novela global e apresenta cenas de prostituição explicita [ Candinho comprando suas mulheres] e uma mulher usando sexualmente o dito cujo... 

Cadê a horda dos e das indignadas, onde se metem uma hora desta?

Tão assistindo a novela e sonhando em encontrar um príncipe encantado cheio da grana para se prostituirem?

Ou prostituição é apenas quando o valor pago é pouco?

Prostituir-se por muito dinheiro a sociedade e as feministas aceita e elogia de bom grado, por que?

Prostituição significa: obter lucro através da venda do corpo para atividades sexuais. 

Que fazem as mulheres fotografadas nuas ou seminuas em revistas ditas masculinas?
Pior que a prostituição é hipocrisia que impera na sociedade.

Grandes abóboras

Leia abaixo algumas besteiras [ minha opinião] ditas por militantes do movimento feminista sobre o projeto Rede Cegonha:

  • “A Rede Cegonha é no bojo da concepção de mulher-mala [mãe e filho no mesmo cestinho], antiga, antiga”, chia a médica e escritora Fátima Oliveira, que está nessa luta há mais de 30 anos.
  • A doutora Fátima é do Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e do Conselho Consultivo da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe (RSMLAC). De 2002 a 2006, foi secretária-executiva da Rede Feminista de Saúde. Em outubro do ano passado, ela já havia manifestado essa preocupação no artigo Algumas ausências que foram paradigmáticas no debate eleitoral: “Numa olhada de relance nos discursos das campanhas à Presidência, a concepção de mulher-mala foi o tom das propostas para a ’saúde feminina’. Foi de amargar… Ai, meus sais!”.
  • As cegonhas vão parir…tudo está resolvido! ”, ironiza a farmacêutica Clair Castilhos, professora do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que, seguida,  desabafa. “É profundamente doloroso que tenhamos que criticar a formulação e implantação de um programa do Ministério da Saúde voltado para nós mulheres. E o mais irônico e melancólico é que isto aconteça precisamente no momento em que temos um governo presidido por uma mulher com valorosa e digna trajetória política.”
  • “O conceito trazido pela Rede Cegonha é um retrocesso nas políticas com enfoque de gênero, saúde integral da mulher e direitos reprodutivos e sexuais”, alerta a cientista social Telia Negrão, secretária-executiva da Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e diretora da RSMLAC,  em entrevista exclusiva ao Viomundo.
  • “A ideia da Rede Cegonha desumaniza o evento reprodutivo, quando retira das mulheres o papel de trazedoras dos filhos ao mundo”, critica Telia. “Em consequência, elas deixam também de ser detentoras dos direitos reprodutivos. Adetentora será a cegonha.”
  • “A cegonha é um pássaro que nem pertence à nossa fauna, é europeu. Tudo vem prontinho, numa fraldinha, negando que a gestação é um processo humano, social, de nove meses vivido por mulheres”, desaprova... É um discurso muito antigo, mitificador, mentiroso, que não engana nem criancinha. Nem os bebês aceitam mais a velha  cegonha. As crianças já sabem que o bebê vem da barriga da mãe.” Telia.

Feminismo, ontem e hoje

 O movimento, que muitos pensam fazer parte do passado, segue atuante e tem atraído novas gerações de militantes. Para especialistas, a luta pela igualdade de direitos continua – mas os desafios são outros

Vera Fiori, de O Estado de S.Paulo

Depois de relevantes conquistas e com novos desafios pela frente, quais os rumos do feminismo hoje? Para relembrar a trajetória do movimento brasileiro desde os anos 1970 e discutir o seu papel nos dias atuais, o Feminino conversou com mulheres ligadas ao tema. Uma delas, a antropóloga e socióloga Lia Zanotta Machado, autora do livro Feminismo em Movimento (Editora Francis), fez um balanço dos momentos decisivos no Brasil. Aqui, por causa da ditadura, afirma Lia, a luta foi politicamente mais de esquerda do que as campanhas francesa e americana (consideradas mais liberais ):
- Em 1975 houve, no Rio de Janeiro, o Seminário sobre o Papel e o Comportamento da Mulher na Sociedade Brasileira. Foi o primeiro ato público em que as questões principais eram a condição da mulher no País, o trabalho, a saúde física e mental, a discriminação racial e a homossexualidade feminina, além do posicionamento a favor da democracia. Dois anos depois, foi aprovada a emenda do senador Nelson Carneiro, instituindo o divórcio. Foi uma espera de 27 anos.
Dida Sampaio/AE
Dida Sampaio/AE
Lia sugere intensificar discussões nas escolas

Lia relembra, ainda, a forte repercussão, em 1976, do assassinato da milionária Ângela Diniz, praticado por seu namorado, Doca Street. Num primeiro julgamento, em 1979, ele foi inocentado sob o argumento de "legítima defesa da honra". Um ano depois, porém, após entrar no fórum sob vaias de feministas, foi condenado a 15 anos de prisão. O caso se tornou símbolo de uma virada histórica.
Anos depois, surgiram os grupos de SOS, com serviços de atendimento às mulheres vítimas da violência. "Seria a semente da criação, em 85, das Delegacias Especializadas das Mulheres, uma invenção brasileira cujo modelo foi copiado por países da América Latina", diz Lia.
A década de 80 foi fundamental, ainda, na luta das brasileiras em relação à saúde. Segundo a antropóloga, as propostas do Estado quanto ao controle de natalidade e à esterilização das mulheres sem acesso à informação recebiam duras críticas. Em resposta, movimentos feministas e profissionais da área médica propuseram o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM) – um contraponto ao então atendimento quase exclusivo da mulher como mãe.
No período pré-Constituição, o CNDM articulou, junto com os conselhos estaduais e municipais e a Bancada Feminina no Congresso, estratégias que visavam a inclusão dos direitos humanos das mulheres na Constituição de 1988. A campanha "Constituinte para valer tem que ter palavra de mulher" e o lobby do batom resultaram na "Carta das Mulheres aos Constituintes". Em 1988, a nova Constituição incorporou a maioria das reivindicações.
Antes da promulgação da Lei Maria da Penha, em 2006, a agressão doméstica era considerada uma violência contra os costumes e não contra a pessoa. "Com a lei, o homem que é denunciado deixa de ser réu primário", comenta Lia.
Entre os desafios atuais do movimento está a questão do aborto. "Existe um pensamento comum, nas classes média e baixa, de que quando se trata de uma pessoa próxima e cujas razões são conhecidas, o aborto é aceito. Mas é preciso pensar nas demais mulheres que, por circunstâncias afetivas, sociais e econômicas, não podem levar a gestação adiante", pondera a antropóloga.
Outra discussão é a participação das mulheres na política. Segundo a organização internacional União Interparlamentar, num ranking de 188 nações, o Brasil ocupa o 104º lugar em relação à presença feminina nos parlamentos. "Nesse âmbito, o fato histórico de termos uma mulher na presidência e mais ministras produz um efeito de desnaturalização do espaço masculino no poder", diz Lia.
A conclusão da estudiosa é que ainda há muito a fazer. "Um dos caminhos para promover profundas mudanças seria intensificar os debates sobre gênero e raça nas escolas, o que é feito hoje de forma periférica, através de livros paradidáticos."
Seriam as mulheres do campo mais organizadas do que as dos centros urbanos? Segundo a psicóloga Nalu Faria, coordenadora geral da Sempreviva Organização Feminista (SOF) e integrante da Secretaria Nacional da Marcha Mundial das Mulheres, realmente as trabalhadoras rurais constroem grandes articulações. "Mas há pontos de união em comum, como o trabalho, a soberania alimentar, a violência e a saúde."
Contraste. Por outro lado, um abismo divide as mulheres: na base estão as mais pobres e, no topo, as que ganham altos salários. "O acesso aos direitos não chegou a todas as camadas. No Brasil, as mulheres são as mais pobres, em particular as negras e rurais. Temos só 52 mulheres em cada 100 que estão no trabalho assalariado. Um dos pilares da Marcha é a luta por um salário mínimo mais digno, que impacte de forma positiva a vida dessas mulheres", afirma Nalu.
A violência, pauta do movimento desde os primórdios, ainda é um problema grave. "A cada 15 segundos, uma mulher é vítima de agressão no Brasil. Embora a Lei Maria da Penha tenha tornado o tema mais público, é importante trabalhar no âmbito da prevenção", afirma a psicóloga. "A violência, fruto da relação de poder, não acontece de uma hora para outra. Começa com o controle, o isolamento e a desqualificação da mulher, que se sente fragilizada, com baixa autoestima e economicamente dependente."
Nalu também destaca a questão do aborto. Apesar da criminalização no Código Penal, um número estimado de 1 milhão de procedimentos do tipo ocorrem anualmente no País. "O aborto inseguro é a terceira causa de morte materna. Somos a favor da descriminalização e legalização do aborto, mas é importante criar condições de a mulher não chegar até ele."
Outra plataforma forte da Marcha, explica Nalu, é o posicionamento contra a mercantilização do corpo feminino. O movimento rechaça a prostituição e o uso do corpo como um produto, ao considerar os sistemas de aliciamento da indústria da prostituição cada vez mais poderosos no turismo sexual e no tráfico de mulheres.
O movimento feminista foi revolucionário ao promover profundas mudanças na luta pela igualdade de direitos e independência das mulheres, observa Mônica Waldvogel, jornalista e apresentadora do programa Saia Justa. "Mas, muitas vezes, escuto de mulheres na faixa dos 40, 50 anos, a seguinte frase: 'Não era isso o que eu queria pra mim'." Eis o dilema: "Preparadas, bem resolvidas quanto à equação carreira e família e com chances de chegar a altos postos nas empresas, elas param no meio do caminho".
Segundo Mônica, incorporar o modelo masculino de gestão engessa as mulheres de tal forma que elas caem fora. "Em Paradoxo Sexual, a autora Susan Pink propõe que cada gênero tenha liberdade para fazer escolhas diferentes. Segundo Pink, as mulheres precisam parar de agir como homens só para não se sentirem discriminadas." E, botando lenha na fogueira feminista, a jornalista afirma: "Há que se levar em conta uma conexão muito direta da mulher com a natureza. Ela é da ordem da Terra, um ser sujeito a influências das fases da Lua".

Os limites da liberdade de expressão

Concordo com o tom e o teor do artigo abaixo. Porém, ficarei muito alegre quando ver, ouvir, ler alguma personalidade importante [famosa, masculina ou feminina], defender por exemplo: Que homens e mulheres se aposentem com a mesma idade...
Época
RUTH DE AQUINO
raquino@edglobo.com.br
 
A lei Maria da Penha é um conjunto de regras diabólicas. Se essa lei vingar, a família estará em perigo. Ora, a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher. As armadilhas dessa lei absurda tornam o homem tolo, mole. O mundo é masculino e assim deve permanecer. No caso de impasse entre um casal, a posição do homem deve prevalecer até decisão da Justiça, já que o inverso não será do agrado da esposa.

Releia o parágrafo acima, mas agora entre aspas. O autor dessas palavras é o juiz mineiro Edílson Rumbelsperger Rodrigues. Ele disse exatamente tudo isso em sentença, em 2007, ao julgar homens acusados de agredir e ameaçar suas mulheres. A Lei Maria da Penha existe desde agosto de 2006. Ela aumenta o rigor a agressões domésticas. Seu nome é uma homenagem à biofarmacêutica Maria da Penha Maia. Após duas tentativas de assassinato pelo marido em 1983, ela ficou paraplégica. O marido, Marco Antonio Herredia, foi preso após 19 anos de julgamento e ficou só dois anos em regime fechado. 

Em novembro do ano passado, o juiz Rodrigues foi suspenso por dois anos pelo Conselho Nacional da Justiça por suas “considerações preconceituosas e discriminatórias”. Na última terça-feira à noite, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, cancelou a punição. Defendeu a liberdade de pensamento dos magistrados. Para Marco Aurélio, a opinião de Rodrigues é “uma concepção individual” e “suas considerações são abstratas”. Segundo o ministro, não é preciso concordar com o juiz, mas a punição seria um exagero. 

Na sexta-feira, tentei entrevistar Rodrigues. Por meio da assessoria da Associação dos Magistrados de Minas Gerais, ele informou que não vai falar sobre o assunto até o julgamento final do Supremo. Ditou uma nota aos assessores: “Meu pronunciamento pessoal seria mais prudente depois da decisão definitiva do STF, na qual evidentemente confiamos”. Rodrigues já conta com a solidariedade do ministro Marco Aurélio. Um sinal de que poderá ser definitivamente reabilitado. 

Por muito tempo, Rodrigues sentiu-se perseguido. “Fui mal interpretado”, disse na ocasião, em 2007. Explicou que não ofendeu ninguém e, em sua sentença, citou até “o filósofo Jesus”. Mas admitiu achar a Lei Maria da Penha um “monstrengo tinhoso”, que leva a um “feminismo socialmente perigoso”. Segundo Rodrigues, alguns colegas concordam com ele, mas não têm coragem de dizer isso publicamente. Ele se considera um defensor do gênero feminino: “A mulher não suporta o homem emocionalmente frágil, pois é exatamente por ele que ela quer se sentir protegida”.

O caso do juiz língua solta de Sete Lagoas, Minas Gerais, nos leva a refletir sobre os limites da liberdade de expressão. Podemos pensar o que der na telha. Falar é mais complicado. Especialmente quando ocupamos um cargo importante e representamos uma instituição. Mais delicado ainda é um juiz ter uma “concepção individual” que contrarie uma lei instituída. Digamos que, em casa, no domingão com a família, ou nos bares de Sete Lagoas, o cidadão Edílson desça o sarrafo na Lei Maria da Penha. Tudo bem. Mas usar sua convicção de superioridade masculina para julgar e proferir sentenças o torna pouco confiável para avaliar processos de agressão no lar. Ou não? 

Gafes de pessoas públicas têm um preço. A presidenta Dilma repreendeu o general José Elito por ter declarado que os desaparecidos na ditadura militar são “um fato histórico”. O general foi obrigado a pedir desculpas. O papa Bento XVI repreendeu o bispo britânico Richard Williamson por negar o Holocausto. Williamson pediu perdão. A presidenta do Flamengo, Patricia Amorim, repreendeu o ex-goleiro Bruno por perguntar, em defesa de Adriano: “Qual de vocês, casado, nunca brigou ou até saiu na mão com a mulher?”. Bruno pediu desculpas. Ele está preso, acusado de agredir e fazer sumir a ex-amante e mãe de seu filho Bruninho. 

Todos os acusados – juiz, general, bispo, goleiro – se disseram “mal interpretados”. Queria saber se o juiz Edílson Rodrigues repetiria tudo o que pensa diante de Dilma. Algo me diz que ela tem apreço pela Lei Maria da Penha e não acha o mundo masculino.

Dois pesos e duas medidas

Onde estão as feministas?...
Fosse o deputado que tivesse esbofeteado a excelêntissima deputada...
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