Governo lança programa com meta de erradicar miséria até 2014
Automóvel
A presidente apresenta programa contra a miséria para líderes da base aliada
Dilma Rousseff reuniu ontem os integrantes do Conselho Político para a apresentação do programa de erradicação da miséria, que será lançado oficialmente hoje. Diante de presidentes e líderes de partidos da base aliada, Dilma e a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, apresentaram a proposta de tirar 16,2 milhões da condição de extrema pobreza, dando à esse público condições de renda e qualificação profissional para que ingressem no mercado formal de trabalho.A apresentação faz parte de uma estratégia política do governo de mudar a relação com a base aliada, que fez várias críticas à articulação política do governo federal. Apesar disso, em nenhum momento Dilma ou Tereza disseram aos parlamentares se alguma das medidas contidas no plano seria encaminhada ao Congresso. “A presidente Dilma pediu, sim, nosso empenho para conversar com os governadores e prefeitos de nossos partidos”, disse o líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA).Tereza Campello levou para o Conselho praticamente a mesma apresentação que tem feito aos movimentos sociais, tanto urbanos quanto rurais, aos empresários e aos governadores. Nela consta que a maior parte da população situada na extrema pobreza está no Nordeste, representando um contingente de aproximadamente 9,2 milhões. “É um plano ousado e arrojado, que pretende dar condições de melhorar a vida dessas pessoas”, completou Queiroz.O eixo principal do programa compreende três tópicos: garantia de renda, inclusão produtiva e acesso aos serviços públicos essenciais. Durante o encontro, o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo (RJ), sugeriu que o governo aproveitasse a rede de agentes de saúde para divulgar o programa e ajudar na identificação de quem ainda permanece excluído do auxílio do governo. “Aparentemente, a presidente Dilma gostou da proposta”, disse o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG).De acordo com o senador Antonio Carlos Valadares (SE), o programa de erradicação da miséria também vai dialogar com outra iniciativa já anunciada pelo governo federal: o Microempreendedor Individual (MEI). Essa parceria vai se dar pela qualificação dos excluídos para que eles possam abrir, no futuro, seus próprios negócios. O governo deve lançar, inclusive, uma linha específica de microcrédito para atender essa população.Segundo Valadares, em nenhum momento Dilma ou Tereza Campelo apontaram quanto custará o programa para os cofres públicos. “Até porque muitas das iniciativas serão feitas em conjunto com os governadores, prefeitos, associações de moradores e entidades religiosas”, completou Valadares.O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), sugeriu à presidente que ela faça uma reunião ou um anúncio positivo a cada 15 dias. Nem que para isso seja necessário revisitar antigos programas de governo. “Ela nos falou que pretende, nas próximas semanas, lançar o Minha Casa Minha Vida 2, que também supre o déficit habitacional brasileiro, sobretudo dos mais carentes”, completou Raupp.Paulo de Tarso Lyra
por Brizola Neto
Multi investe US$ 1 bi no aço que Agnelli achava “fria”
Quando ela olha pra mim
Eles se acham
por Luis Fernando Verissimo
Pedaços de metal
Me ocorreu que a metáfora do Nietzsche pode ser usada ao contrário para descrever o que acontece com o euro, a moeda única idealizada para uma Europa unida que parece estar em vias de perder o sentido.
No caso do euro a intenção era que as moedas valessem o mesmo para todos os membros do mercado comum, independentemente do estado das suas economias. Mas, ao contrário dos pedaços de metal de Nietzsche, com o tempo certos euros ganharam um valor real que para outros é artificial. E o valor dos euros saudáveis é ameaçado pelas repetidas crises dos euros anêmicos.
As outras tentativas de criar uma Pan-Europa fracassaram por razões diferentes. Napoleão quis levar a Revolução Francesa para além das fronteiras da França e do seu próprio poder e provocou uma reação da Europa monárquica que acabou não só com suas pretensões imperiais mas com o regime revolucionário que o pariu.
Ironicamente, Napoleão criou uma união europeia — a dos velhos regimes que se uniram para detê-lo e a ameaça republicana. Decisiva na derrota de Napoleão e do seu sonho foi a resistência da Inglaterra, aquela estranha ilha que, para quem vive dizendo que não é Europa, tem tido uma participação desproporcional na história europeia.
A Inglaterra também foi, em grande parte, responsável pela derrota de Hitler, outro que sonhou com uma federação europeia e propôs sua Europa fascista como um baluarte contra o bolchevismo e as "hordas asiáticas" que já estariam na margem oriental do Danúbio prontas para atacar a civilização ocidental.
Uma proposta aceita por muita gente boa, na época.
A atual tentativa de unir a Europa partiu de uma conveniência de mercado, nada tão grandiloquente quanto as pretensões bonapartistas e nazistas. Em vez de um ideal revolucionário ou da civilização cristã, pretendeu-se defender a relevância da Europa no mundo da competição capitalista.
Começando pelos pedaços de metal, pois afinal o dinheiro é que manda neste mundo. Também não está funcionando.