MAÇÃ


Quero-te instintiva,
Harmoniosa,
Quero-te não somente nua...
Libidinosa,
Fêmea, louca, desvairada...
Delirando,
Cheiro desejável da maçã,
Destilando,
Quero teus palavrões
Expressos,
Corpo molhado...
(Des)compassos
Em gestos, olhares e voz
Frêmida
Quero em minhas mãos,
Pétala úmida...!

Marly Bastos

por Zé Dirceu

Europa fecha com os EUA na Líbia e mete-se numa enrascada

Image
símbolo da ONU
A Europa mais uma vez acompanhou a diplomacia norte-americana e deu aval para a decisão do Conselho de Segurança da ONU (CS-ONU), que autorizou na 6ª feira pp. uma intervenção na guerra civil na Líbia.

O eufemismo "zona de exclusão aérea" não durou nem 12 horas. Na prática, o que assistimos a partir do sábado foi uma intervenção pura e simples dos Estados Unidos e de várias outras potências (França, Inglaterra, Itália, Canadá) no país.

Tanto é assim que, iniciada a ofensiva, agora sob o pretexto de fazer o governo Muamar Kaddhafi respeitar a intervenção adotada sob o pomposo nome de "zona de exclusão aérea", a Liga Árabe foi a 1ª a botar a boca no mundo e a protestar que o ataque à Líbia difere do que foi acordado e aprovado na ONU.

Países eram ingênuos, não sabiam o que os EUA queriam?

O texto, lembrou a Liga, diz que o objetivo da zona de exclusão aérea era proteger a população civil, e não bombardear mais objetivos civis. Mais do que isso, com exceção do Qatar, nenhum país árabe quer apoiar a aventura norte-americana e anglo-francesa.

Além da Liga, outros países do bloco chamado de "aliado" se rebelam contra a distorção do que foi aprovado no CS-ONU. Até parece que alguns deles eram ingênuos e não sabiam o que os EUA e as outras potências parceiras pretendiam...

Já que os EUA, pela voz de seu presidente, Barack Obama, apressa-se em querer passar o comando das operações para outra potência ou instituição, a Turquia, inclusive, impediu com seu veto que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) assumisse a coordenação dos ataques. Ela insiste em negociar diretamente com Kaddhafi (leiam o post "Civis e Direitos Humanos: defesa só na Líbia").

por Alon Feuerwerker

Ocupação burocrática de espaços 


O Brasil buscou para si um lugar na zona de conforto. A custo zero. Quis sair bem com todos os lados, sem sujar as mãos e livre para poder reclamar depois. Mas sem desafiar as posições hegemônicas

Em uma passagem do discurso na cerimônia planaltina com o colega Barack Obama a presidente Dilma Rousseff disse que "não nos move o interesse menor da ocupação burocrática de espaços de representação. O que nos mobiliza é (...) que um mundo mais multilateral produzirá benefícios para a paz e a harmonia entre os povos".

Ou seja, a reivindicação brasileira por um lugar no Conselho de Segurança não expressa ambição, apenas desejo de ajudar o mundo. Um gesto de grandeza.

O que seria, precisamente, uma eventual "ocupação burocrática de espaços"? A expressão não tem maior significado. Uma cadeira no CS é sempre política, nunca burocrática.

No dia em que o Brasil for membro permanente da instância maior da ONU vai estar ali como qualquer outro no mesmo nível, votando de acordo com as convicções e conveniências.

A fala presidencial teve um aroma de uvas verdes.

Há quem pense, inclusive no governo, que só não somos ainda membros permanentes do CS porque nos falta força militar, talvez uma bomba nuclear.

A Coréia do Norte tem a bomba e o Japão não. Quem está mais perto da vaga?

Outro país bem posicionado é a Alemanha, e ela quer distância da bomba.

Talvez o caminho para um assento permanente dependa mais da capacidade de definir nosso papel exato, o que desejamos ser no mundo.

China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia estão lá por razões objetivas, historicamente determinadas. E cada um pagou pela filiação com muito sacrifício e sangue.

A China saiu um tempo, mas acabou voltando, por motivos óbvios e bem realistas.

Ainda sobre o Conselho de Segurança, vale olhar para o que aconteceu na segunda votação sobre a crise líbia.

Dez apoiaram a intervenção militar e cinco abstiveram-se. Votaram a favor o árabe Líbano -um governo onde o Hezbollah é a força decisiva- e os africanos Nigéria, Gabão e África do Sul.

Duas abstenções autoexplicam-se. Se China ou Rússia votassem contra inviabilizariam a resolução, pois têm poder de veto. Os votos russo e chinês foram, portanto, a favor, mas assim meio disfarçados.

Uma neutralidade a favor. Para poder reclamar depois.

Como fez o Brasil.

Ninguém quis pagar o preço político de ficar sócio de Muamar Gadafi no massacre da oposição líbia.

Zona de exclusão aérea é ato de guerra. Quando alguém propõe uma guerra, ou você fica a favor ou fica contra. Guerra não é algo que suporte "apoio crítico".

O Brasil preferia uma resolução que permitisse às potências agir, mas de leve. Talvez para manter o status quo, livrar a cara da "comunidade internacional" e também oferecer uma bela saída para o amigo Gadafi.

Como a resolução aprovada permite tudo, menos tropas terrestres (1), é possível às potências desenhar uma estratégia em que a intervenção se dá no ar e no mar, para abrir espaço em terra ao avanço dos rebeldes anti-Gadafi rumo ao poder, ou pelo menos rumo ao equilíbrio estratégico.

Que também será um cadafalso para Gadafi, talvez mais lento.

Se o Brasil desejava preservar o líbio, era razoável o Brasil votar contra a resolução.

Mas deu a lógica. Nosso país enveredou pelo caminho tradicional, e não apenas deste governo. Tanto que a abstenção recebeu elogios do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O Brasil buscou para si uma área na zona de conforto. A custo zero. Quis sair bem com todos os lados, sem sujar as mãos e livre para poder criticar depois.

Mas sem confrontar as posições hegemônicas.

Deve ser a tal "ocupação burocrática de espaços".

por Alon Feuerwerker

Ocupação burocrática de espaços 


O Brasil buscou para si um lugar na zona de conforto. A custo zero. Quis sair bem com todos os lados, sem sujar as mãos e livre para poder reclamar depois. Mas sem desafiar as posições hegemônicas

Em uma passagem do discurso na cerimônia planaltina com o colega Barack Obama a presidente Dilma Rousseff disse que "não nos move o interesse menor da ocupação burocrática de espaços de representação. O que nos mobiliza é (...) que um mundo mais multilateral produzirá benefícios para a paz e a harmonia entre os povos".

Ou seja, a reivindicação brasileira por um lugar no Conselho de Segurança não expressa ambição, apenas desejo de ajudar o mundo. Um gesto de grandeza.

O que seria, precisamente, uma eventual "ocupação burocrática de espaços"? A expressão não tem maior significado. Uma cadeira no CS é sempre política, nunca burocrática.

No dia em que o Brasil for membro permanente da instância maior da ONU vai estar ali como qualquer outro no mesmo nível, votando de acordo com as convicções e conveniências.

A fala presidencial teve um aroma de uvas verdes.

Há quem pense, inclusive no governo, que só não somos ainda membros permanentes do CS porque nos falta força militar, talvez uma bomba nuclear.

A Coréia do Norte tem a bomba e o Japão não. Quem está mais perto da vaga?

Outro país bem posicionado é a Alemanha, e ela quer distância da bomba.

Talvez o caminho para um assento permanente dependa mais da capacidade de definir nosso papel exato, o que desejamos ser no mundo.

China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia estão lá por razões objetivas, historicamente determinadas. E cada um pagou pela filiação com muito sacrifício e sangue.

A China saiu um tempo, mas acabou voltando, por motivos óbvios e bem realistas.

Ainda sobre o Conselho de Segurança, vale olhar para o que aconteceu na segunda votação sobre a crise líbia.

Dez apoiaram a intervenção militar e cinco abstiveram-se. Votaram a favor o árabe Líbano -um governo onde o Hezbollah é a força decisiva- e os africanos Nigéria, Gabão e África do Sul.

Duas abstenções autoexplicam-se. Se China ou Rússia votassem contra inviabilizariam a resolução, pois têm poder de veto. Os votos russo e chinês foram, portanto, a favor, mas assim meio disfarçados.

Uma neutralidade a favor. Para poder reclamar depois.

Como fez o Brasil.

Ninguém quis pagar o preço político de ficar sócio de Muamar Gadafi no massacre da oposição líbia.

Zona de exclusão aérea é ato de guerra. Quando alguém propõe uma guerra, ou você fica a favor ou fica contra. Guerra não é algo que suporte "apoio crítico".

O Brasil preferia uma resolução que permitisse às potências agir, mas de leve. Talvez para manter o status quo, livrar a cara da "comunidade internacional" e também oferecer uma bela saída para o amigo Gadafi.

Como a resolução aprovada permite tudo, menos tropas terrestres (1), é possível às potências desenhar uma estratégia em que a intervenção se dá no ar e no mar, para abrir espaço em terra ao avanço dos rebeldes anti-Gadafi rumo ao poder, ou pelo menos rumo ao equilíbrio estratégico.

Que também será um cadafalso para Gadafi, talvez mais lento.

Se o Brasil desejava preservar o líbio, era razoável o Brasil votar contra a resolução.

Mas deu a lógica. Nosso país enveredou pelo caminho tradicional, e não apenas deste governo. Tanto que a abstenção recebeu elogios do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O Brasil buscou para si uma área na zona de conforto. A custo zero. Quis sair bem com todos os lados, sem sujar as mãos e livre para poder criticar depois.

Mas sem confrontar as posições hegemônicas.

Deve ser a tal "ocupação burocrática de espaços".

Crônica de duas farsas que se entrelaçam no cinismo e na covardia



Os bombardeios da Líbia liberaram os poderosos para novas agressões



  “Eu não sei o que será da Líbia nas próximas horas. Mas lamento profundamente que os governos pusilânimes com assento no Conselho de Segurança da ONU tenham cedido às pressões da França, Inglaterra e Estados Unidos, aprovando uma resolução que permite tudo, inclusive a intervenção militar, para o gáudio dos senhores das armas desse ocidente decadente e sem pudor. Fal
ar de zona de exclusão aérea é balela, é eufemismo típico de quem não tem o menor recato e acha que tem algum mandato divino para meter o bedelho no país dos outros, sobretudo quando esse país dos outros é um reservatório incomensurável de petróleo”.
Da minha coluna de 17 de março de 2011  


Confesso que estou em dúvida sobre qual farsa comentar: se a representação burlesca protagonizada pelo preposto do grande ditador invisível, que destacou a renúncia gaiata de nossa soberania, estuprada pelo FBI por dois dias; ou essa macabra tragédia que configura a mais pérfida agressão estrangeira de alguns países sob batuta da fina flor do crime oficial.

Os dois embustes se entrelaçam até fisicamente: Barack Obama deu a entender que determinou os bombardeios da Líbia (já decididos antes mesmo da Resolução do Conselho de Segurança)  quando trocava figurinhas com nossa surpreendente presidente Dilma.  Em ambos os casos, que consagram o cinismo e a covardia, nossa mídia deu mostras da sua essência irresponsavelmente mercenária e irremediavelmente comprometida, ao ponto de noticiar o massacre de inocentes em Trípoli como ações para proteger civis.

Desde o sábado, dia 19 de março, mergulhei numa profunda crise existencial provocada pela mais dramática impotência. Quarenta e oito horas antes havia escrito que aquela resolução da ONU era uma carta branca para dar um verniz “legal” à agressão tramada desde  as primeiras agitações no mundo ára be. Disse que a agressão estava em marcha.

Tinha razão e isso me abalou. Mergulhei numa terrível depressão ao constatar que nada podia fazer para mudar o rumo dos acontecimentos. Entre uma data e outra fiz aniversário, sem festas, como seria aconselhável. Mas a folhinha andou. E mostrou que hoje o mundo está mais degenerado do que antes. O desrespeito pela verdade campeia como uma massa envenenada irradiada aos quatro ventos. A vida humana se animalizou na renúncia dos valores essenciais que sempre serviram de bússolas.

Tudo o que vi e ouvi nesses dias me provocou torturantes sensações de vômito. Teve um certo momento em que tive vontade de chorar. Não podia imaginar jamais que o nosso governo se agachasse a tanto. Um vexame. Policiais alienígenas revistando ministros de Estado brasileiros, aqui, onde se crêem autoridades.

O histrião foi recebido num ritual da mais flagrante insolência. Exibiu-se e foi-se sem dizer a que veio. Não disse ele, nem disseram igualmente seus anfitriões. Mas a gente conseguiu ler nas entrelinhas o grande golpe que armou e que só explicitou entre quatro paredes no secreto colóquio com a nossa inexperiente chefa do Estado brasileiro. 

Ele veio aqui em busca do ouro e faz qualquer negócio para dele se apoderar, inclusive brindar algumas vantagens pessoais para os que facilitarem a cobiça. Está mal na fita por lá e conta com uma reviravolta às nossas custas. Faz bico com as nossas pretensões e joga pesado com a idiotia que grassa.

Já nossa chefia parece que bebeu e ainda está de porre. Quer por que quer um apoio a algo que decididamente significa COISA NENHUMA.Ou você vê algum ganho significativo em sentar como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU?

Se souber, pelo amor de Deus, me informe. Até prova em contrário, essa parece uma tremenda conversa fiada, uma cortina de fumaça, & nbsp;um desejo diversionista absolutamente despropositado. Mas que é usado com a chancela até de professores de relações internacionais, que, igualmente, não explicam patavina, revelando as fábricas de encher linguiças em que se transformaram nossas universidades.

Mesmo se fosse top de linha, o Conselho de Segurança da ONU não confere a nenhum país permanente poderes capazes de melhorar a vida dos seus cidadãos. Não tem serventia conforme sua carta e ainda só serve para dar uma casca protetora ao decidido no complexo de poder das grandes corporações, representadas por indignos chefes de Estado, sempre de olho no alheio e no mar das propinas em dólares.

Agora mesmo, esse Conselho de Segurança, com o Brasil presente e acovardado, chancelou a fraude bélica que está tentando o que uma súcia de mercenários não conseguiu: afastar os obstáculos à conquista dos poços de petróleo líbios, instalando naquele país um governo títere e manso, como no Iraque e nesses sultanatos de nababos devassos e opressores.

Não adianta aqui repetir o óbvio sobre o cinismo que reveste a violação da soberania de um Estado constituído. Todo mundo sabe que a gana do Ocidente é a Líbia, que estava reconquistando uma posição proeminente no mundo do petróleo, graças a investimentos consideráveis em sua infra-estrutura, na educação e nas áreas sociais.

A derrubada de Muamar Kadhafi e a implantação de um regime fantoche têm preocupações mais qualitativas do que quantitativas. Obtém-se com o milionário bombardeio (cada míssil custa um milhão e meio de dólares) o repeteco da “legitimação” do “direito de agressão internacional”, conferido aos Estados Unidos e associados.

A próxima bola da vez, se essa agressão vingar, será a Síria e, no embalo, o Irã. Por estas paragens, a Venezuela está na mira, tanto como Cuba, que nunca teve paz e sossego e vive até hoje sob o mais criminoso bloqueio econôm ico. Tenho medo de estar certo mais uma vez. Infelizmente, porém, a voracidade dos poderosos não tem freio.

Enquanto isso, uma corriola de imbecis encastelados continuará possuindo o controle da mídia e inundando de sandices as descuidadas mentes cidadãs.

E mais: veja em Porfírio Livre cenas que a mídia não mostra: a execução de soldados líbios prisioneiros dos insurgentes que se apresentam como a inocente população civil. 

Poema do Amigo

POEMA DO AMIGO APRENDIZ

Quero ser o teu amigo.
Nem demais, nem de menos.
Nem de tão longe nem de tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.

Mas amar-te sem medida,
e ficar na tua vida
da maneira mais discreta que eu souber.

Sem tirar-lhe a liberdade.
Sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar quando for hora de calar, e sem calar quando for hora de falar.

Nem ausente nem presente por demais, simplesmente, calmamente, ser-te paz...

É bonito ser amigo.
Mas, confesso, é tão difícil aprender e por isso eu te suplico paciência.

Vou encher este teu rosto de lembranças!
Dá-me tempo de acertar nossas distâncias! 

Esoterismo

ÁRIES

Os pontos fortes dos aniversariantes desta data são a confiança, perseverança, ambição, coragem, autonomia, astúcia e habilidade. Seus pontos fracos são o desejo de dominação, destemperos emocionais, dificuldade de reconhecer os erros e a insensibilidade. São pessoas contraditórias, mas possuem diversos talentos. A carta do Louco representa essa personalidade de muitas facetas e pouca consistência. O anjo Sitael protege contra os perigos. Invocado pelo salmo 90, das 0h40 à 1h.