Frase do dia

"As pessoas felizes que conheço tem uma coisa em comum, dão ao dinheiro menos valor do que ele tem"
Joel Neto
pinçado do Blog do Briguilino

Frase do dia

"As pessoas felizes que conheço tem uma coisa em comum, dão ao dinheiro menos valor do que ele tem" 
Joel Neto

O melhor remédio


Talvez possamos aprender com os Estados Unidos. No pacote protecionista lançado ontem o governo brasileiro beneficiou alguns e não outros. Por que não submeter a lista a um intenso debate no Congresso?

E o mundo não acabou. O sistema político dos Estados Unidos mostrou-se suficientemente flexível para encontrar uma solução e destravar o debate do aumento do teto da dívida.

Não havia saída fácil, dada a divisão no Congresso, que apenas reflete a divisão na sociedade.

Nossos alquimistas da reforma política quebram a cabeça para construir modelos em que dissonância social produza consonância congressual. Apresentam a restrição de representações como essencial para a eficiência política.

O exemplo americano mostra a possibilidade de caminho diverso.

Outro fenômeno aqui é o desejo íntimo de evitar que a política imponha limites às ideias absolutamente certas dos economistas sobre como enfrentar problemas.

Ainda que um problema resida em haver quase tantas ideias absolutamente certas e distintas quando a quantidade de economistas envolvidos no debate.

E a política costuma ser o meio de buscar a unidade na diversidade.

Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, achava que a melhor maneira de enfrentar esta crise era dar uma cartada decisiva a favor do livre comércio, na Rodada Doha.

Já Dilma Rousseff, como se viu ontem, embicou o governo para a defesa firme do protecionismo.

Que o governo brasileiro, uns anos atrás, acusava de ter criado as condições para a Segunda Guerra Mundial.

As ideias certas podem mudar com o tempo, vê-se.

A sociedade nos Estados Unidos divide-se quanto à melhor maneira de sair da crise. Uns dizem ser preciso mais dívida, mais investimento público. E também mais impostos. E que os ricos paguem a conta.

Outro pedaço defende o contrário. Deixar mais dinheiro em mãos privadas, para que na busca de reproduzir esse capital criem-se mais negócios, mais empregos. E a economia saia assim do buraco. É o que propõem.

Aliás, o pacote anunciado ontem por Dilma tem algo desse último vetor, nas agressivas desonerações, mesmo seletivas.

O estatismo ficou em alta na passagem de 2008 para 2009 e em tempos seguintes, quando a intervenção governamental salvou as economias do colapso.

Mas não apresentou o mesmo desempenho para alavancar a recuperação econômica nos países desenvolvidos, que patinam.

Uns dizem ser preciso mais do mesmo, que o remédio é bom mais não veio na dosagem suficiente. Propõem dobrar a aposta.

Outros dizem que não, pois isso levaria à estagnação, pois o capitalista sabe investir melhor, com mais retorno para a economia e a sociedade. Especialmente na criação de empregos.

Havia duas possíveis rotas de fuga do incêndio.

Os republicanos têm posição sólida no Congresso. Barack Obama poderia dar um murro na mesa e aumentar unilateralmente o limite da dívida, como desejavam alguns de seu partido. Ou buscar um acordo. O melhor acordo possível.

Como rejeitavam os extremos do partido dele e também do partido adversário.

Os Estados Unidos não são, ainda, uma republiqueta. Vingou a alternativa b.

Mas para chegar à convergência era necessário o rito. Cada lado precisaria mostrar os músculos e dar sua própria satisfação ao respectivo eleitorado.

Cada chefe de facção precisaria provar liderança sobre a respectiva tropa, até para poder pedir depois que depusessem as armas.

Como aconteceu.

Talvez tenhamos algo a aprender deles neste caso. No pacote protecionista lançado ontem o governo brasileiro beneficiou alguns e não outros.

Deve ter sido uma negociação dura intramuros para definir o quem entra e quem sai.

Por que não submeter a lista dos beneficiados pelas bondades governamentais a um intenso debate no nosso Congresso Nacional? E à ampla negociação?

O governo deve ter tido razões para definir a lista como definiu, mas o Legislativo talvez seja a válvula para quem não teve, neste caso, livre trânsito nos melhores gabinetes da Esplanada e do Planalto.

Cá, como lá, a democracia é sempre o melhor remédio.
por Alon Feurwerker

Plano Brasil Maior

"Inovar para competir. Competir para crescer". Esse é o slogan do plano Brasil Maior, lançado ontem pela presidenta Dilma Rousseff em cerimônia no Palácio do Planalto. 

A nova política industrial reduziu a zero a alíquota de 20% para o INSS dos setores de confecções, calçados, móveis e softwares. Com isso, as empresas terão uma economia de R$ 25 bilhões por um período de dois anos.

"Essas medidas são o nosso primeiro passo em direção a aumentar a competitividade do Brasil, a partir da inovação, da exigência de agregação de valor e do combate a práticas fraudulentas reais no que se refere à concorrência", disse a presidenta Dilma após o lançamento.   

O Brasil Maior prevê, ainda, uma série de ações iniciais que vão desde a redução de custos para as exportações, com a criação do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra), até a regulamentação da Lei de Compras Governamentais, passando pelo fortalecimento da defesa comercial contra importações irregulares de produtos.
 
A medida funcionará como um projeto piloto até dezembro de 2012 e seu impacto será acompanhado por uma comissão formada por governo, setor produtivo e sociedade civil.

Conheça todos os pontos do Brasil Maior.

Leia: 



José Dirceu: " Espero ser julgado pelo STF este ano "


Image
Entrevista ao Jornal da Gazeta
 

Zé Dirceu deu uma entrevista, ontem, ao vivo, ao Jornal da Gazeta, da TV Gazeta. Foi uma oportunidade importante, pois pode dar a sua opinião sobre vários temas da ordem do dia e a respeito do seu processo no Supremo Tribunal Federal. Seguem, abaixo, alguns dos trechos da entrevista, que está na Internet e pode ser conferida aqui.

[Silvia Corrêa] Em sete meses de governo, a presidenta Dilma teve de afastar dois ministros e demitir 22 funcionários do alto escalão (do Ministério dos Transportes). Eu queria ouvir sua opinião. Dilma é mais rigorosa que Lula, ou a corrupção aumentou?

[José Dirceu] A corrupção tem sido combatida desde o governo do Lula. A Polícia Federal tem atuado, o Ministério Público tem independência. O Tribunal de Contas tem autonomia e ainda temos aí a Controladoria Geral da União atuando. Grande parte das denúncias surgem também a partir da ação da Polícia Federal ou da Controladoria Geral da União. Muitas surgem a partir da imprensa. (...) O importante é isso. É que haja uma ação tanto dos órgãos de fiscalização e de controle, como que haja uma ação imediata do governo quando surge uma denúncia. Agora, o país precisa de uma reforma política. Eu defendi ontem na reunião do diretório do PT diminuir o número de cargos de confiança que são ocupados por servidores de carreira. A Constituição brasileira diz que os cargos de confiança dos funcionários públicos de carreira. Mas diz (apenas) “preferencialmente”. Isso abriu essa possibilidade de nós termos 22 mil cargos de confiança (no governo). Um terço deles é ocupado por funcionários que não são de carreira. Temos que restringir isso e fazer a reforma política: o financiamento público, mudar o sistema de voto...

[Silvia Corrêa] (...) Quando o sr. ocupava a Casa Civil pôs em prática essa filosofia?

[José Dirceu] Fizemos isso. Deixamos de indicar (pessoas) para dois terços dos cargos (de confiança). Eles foram ocupados por servidores de carreira. (...) O PT ocupa menos de 30% desses cargos. (...) O que eu digo é que a experiência mundial exige que se construa uma burocracia civil. O Brasil (no governo Lula) estava com o serviço público totalmente sucateado. Foi o governo Lula que reiniciou a contratação por concursos, reorganizou os planos de cargos e carreiras, de gestão, de direção, de assessoria de quase todos os ministérios. Hoje centenas de milhares de jovens prestam concurso para o serviço público porque o salário base aumentou. Em algumas carreiras varia entre R$ 4 mil e R$ 8 mil. O Brasil está reorganizando sua burocracia civil e tende a melhorar essa questão, (e com isso) evitar que haja corrupção.

[Silvia Corrêa] O sr. disse que foi cassado reiteradas vezes sem nenhuma prova. Ainda assim dois procuradores gerais o chamaram de chefe de quadrilha. E o ministro do Supremo, Joaquim Barbosa aceitou a denúncia. Queria saber qual é a motivação disso tudo?

[José Dirceu] É o papel do Ministério Público me acusar e de provar perante o Supremo aquilo de que me acusa. Quem lê os autos (...) vai ver que não há nenhuma prova (contra mim). (...) Eu desafio quem quiser demonstrar que na denúncia e nos autos do inquérito haja prova de que eu seja chefe de quadrilha ou corrupto. (...) Eu quero que o Supremo me julgue o mais rápido possível. (...) Não deixei de atuar no país abertamente, de cabeça erguida. (...) Eu tenho convicção da minha inocência. Fui prejulgado e linchado. A cada decisão da Justiça (neste caso) eu sou linchado como corrupto e como chefe de quadrilha. E se o Supremo me absolver, como aconteceu no caso de Ibsen Pinheiro?

[Silvia Corrêa] O que o sr. vai fazer? O sr. volta para a vida pública? Processa muita gente?

[José Dirceu] Eu não saio da vida pública e só vou tomar uma decisão sobre o que vou fazer no dia em que o Supremo me julgar. O que eu espero é que se criem condições para que (eu) seja (julgado) este ano.

[Silvia Corrêa] Sobre as prévias do PT?

[José Dirceu] Candidatos nós temos. Até demais. Se tivermos mais que um, temos de ter prévia. Há um processo para buscar um consenso para termos só um candidato. (...) O acordo é sempre melhor.

UM AMOR DE VERDADE



Quando meus dias estão tristes,
fecho os olhos
e tento te enxergar

Sinto a força do teu amor
aquecendo a minha alma
e a suavidade das tuas mãos
moldando o meu coração

Teu hálito quente e perfumado
Transmite-me a paz
que eu sempre desejei

Tua voz soa em meus ouvidos
Como uma eterna canção de amor

A ternura do teu olhar
Depura os meus pensamentos,
Renova minhas esperanças,
Fortalece meus sentimentos
E invade a minha alma
Com uma imensa sensação de felicidade

Na magia desse momento
Procuro aconchegar-me,
cada vez mais, em teus braços
e encantado com o brilho
do amor que reluz em teu olhar
sussurro em teu ouvido:
Obrigado meu DEUS
por estar sempre ao meu lado
Guiando os meus passos
E amando-me tanto assim!

EUA no caminho para o status de república das bananas

Um acordo para elevar o teto de endividamento [do governo americano] está sendo fechado. Se passar, muitos comentaristas vão declarar que um desastre foi evitado. Mas eles estarão errados.
Pois o acordo, dada a informação sobre ele disponível, é um desastre, e não apenas para o presidente Obama e seu partido. Vai danificar uma economia já deprimida; provavelmente vai tornar o antigo déficit dos Estados Unidos ainda pior, não melhor; e, mais importante, ao demonstrar que extorsão nua e crua funciona, sem causar custo político, vai colocar os Estados Unidos no caminho para o status de república das bananas.
Comecemos pela economia. Nós atualmente temos uma economia profundamente deprimida. Vamos continuar a ter uma economia deprimida por todo o próximo ano. E provavelmente teremos uma economia deprimida até 2013, se não além.
O pior que se pode fazer nestas circunstâncias é cortar os gastos do governo, já que isso vai deprimir a economia ainda mais. Não preste atenção naqueles que invocam a fadinha da confiança, alegando que ações duras no corte do orçamento vão dar segurança aos empresários e consumidores, fazendo com que eles gastem mais. Não funciona desse jeito, um fato que é confirmado por muitos estudos históricos.
Na verdade, cortar gastos quando a economia está deprimida não vai nem mesmo ajudar muito na situação do orçamento, pode até piorar. De um lado, os juros em empréstimos federais já estão bem baixos; assim, os cortes vão fazer pouco para reduzir os custos de juros futuros. De outra parte, enfraquecer a economia agora vai prejudicá-la a longo prazo, o que por sua vez vai reduzir a arrecadação futura. Assim, aqueles que exigem cortes são como médicos medievais que tratam os pacientes com sangramento, tornando-os ainda mais doentes.
E então temos os termos do acordo, que representam uma rendição abjeta da parte do presidente. Primeiro, haverá grande corte de  gastos, sem aumento da arrecadação. Em seguida, um comitê fará recomendações sobre futuras reduções do déficit — e se estas recomendações não forem aceitas, haverá novos cortes de gastos.
Os republicanos supostamente terão um incentivo para fazer concessões da próxima vez, porque gastos em defesa poderão ser incluídos nos cortes subsequentes. Mas o Partido Republicano acaba de demonstrar que aceita o risco de um colapso financeiro até obter o que os mais extremistas de seus integrantes querem. Por que esperar que serão mais razoáveis da próxima vez?
Na verdade, os republicanos vão se sentir encorajados pela maneira como o sr. Obama se entrega diante de ameaças. Ele se rendeu em dezembro passado, ao estender todos os cortes de impostos de Bush; ele se rendeu na primavera, quando os republicanos ameaçaram fechar o governo; e ele se rendeu em grande estilo agora, sob extorsão pura e simples, na questão do teto da dívida. Talvez só eu veja uma tendência nisso.
Desta vez o presidente tinha alguma alternativa? Sim.
Em primeiro lugar, ele poderia e deveria ter exigido um aumento no teto da dívida em dezembro passado. Quando perguntado porque não o fez, respondeu que estava certo de que os republicanos agiriam com responsabilidade. Boa!
Mesmo agora, o governo Obama poderia ter recorrido a manobras legais para driblar o teto da dívida, usando qualquer uma de várias opções. Em circunstâncias normais, isso poderia parecer um passo extremo. Mas Obama enfrentava a realidade do que está acontecendo, ou seja, da extorsão de um partido que, afinal, controla apenas uma das casas do Congresso, e assim seria totalmente justificável.
Pelo menos o sr. Obama poderia ter usado a possibilidade de uma disputa legal para fortalecer sua posição de barganha. Em vez disso, no entanto, ele descartou isso desde o começo.
Mas se ele jogasse duro isso não ia preocupar os mercados? Provavelmente, não. Na verdade, se eu fosse um investidor eu ia me sentir seguro, não desanimado, com a demonstração de que o presidente era capaz e desejava enfrentar a chantagem dos extremistas de direita. Em vez disso, ele escolheu demonstrar o oposto.
Não se enganem, o que estamos testemunhando aqui é uma catástrofe em múltiplos níveis.
É, naturalmente, uma catástrofe política para os democratas, que por algumas semanas pareciam ter os republicanos em fuga por causa do plano deles de desmantelar o Medicare [programa federal de saúde]; agora o sr. Obama jogou tudo aquilo fora. E os danos não acabaram: haverá outros pontos de estrangulamento que os republicanos poderão usar para criar uma crise a não ser que o presidente se renda e agora eles podem agir confiantes de que Obama vai se render de novo.
No longo prazo, no entanto, os democratas não serão os únicos perdedores. O que os republicanos conseguiram foi colocar em questão nosso próprio sistema de governo. Afinal, como a democracia americana pode funcionar se a política é ditada pelo partido mais preparado para ser cruel e para ameaçar a segurança econômica da Nação? E a resposta é… talvez não possa.
by Paul Krugman