Mais um falso Catão desmascarado

Ergue-se o véu da proteção piguista a tucanalhada. Será que o livro do Amaury tem algo a ver com isto?...

Desce o pano e desmascara-se mais um falso catão! A Folha de S.Paulo mostra hoje que não um parlamentar qualquer da bancada tucana na Casa, mas seu líder, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), tem um motorista para o transporte dos filhos em sua base eleitoral, Ribeirão Preto, pago pela Câmara dos Deputados.

O deputado confirma à Folha que o motorista atende a seus filhos e disse, candidamente, "não ver nada demais nisso". Que é isso, líder? As regras da Câmara pagam o trabalho de assessor parlamentar nos Estados, desde que a atividade seja inerente ao exercício do mandato parlamentar. E o  Ministério Público Federal (MPF) já esclareceu esta questão: considerou desvio de função a atuação de servidores em tarefas particulares.

E agora, o que esperar disso? Pelos precedentes, e da forma ruidosa e furiosa como agem quando a denúncia envolve alguém do governo, o mínimo a esperar é que ele se afaste do cargo. E vai renunciar ao mandato? Pedir ao MPF e à Polícia Federal (PF) que o investiguem?

Vai dar no JN? Vão exigir que ele renuncie?...


Duarte Nogueira, líder tucano na Câmara, vai abrir seu sigilo fiscal, bancário e telefônico? Vai fazer tudo o que os integrantes de seu partido e da oposição exigem quando o denunciado é do governo? Se não deu ainda, o Jornal Nacional da Rede Globo vai dar a notícia como o faz com suas vítimas quando as escolhe no governo, PT ou na base aliada?

Vamos ver o que vão fazer. Principalmente se ele vai renunciar ao mandato, se seu partido vai linchá-lo moralmente em público, se o JN vai dar...  se...

Minhas dúvidas e indagações são procedentes. Não posso deixar de expô-las, porque o líder do PSDB é integrante da mesma oposição que há meses mantém o governo no foco de denúncias. Vejam, uma oposição que tem vários de seus integrantes enlameados por práticas e acusações semelhantes e até mais graves do que às feitas à gente do governo.
Para refrescar a memória quanto a isso, e atendo-me apenas a uns poucos exemplos, leiam, também, o post Oposicionistas continuarão a proteger seus acusados de irregularidades?

Mensagem de Natal de Lula

Transcrevo (abaixo) a mensagem que o ex-presidente publicou no site do Instituto Cidadania:


Minhas amigas e meus amigos,

O ano de 2011 vai terminando e este momento especial do Natal, de confraternização com a família e os amigos, permite reforçar os laços de afeto e união para começarmos um novo ciclo com muita energia e amor.
Neste final de ano, quero agradecer de coração todo o carinho que recebi em 2011. A solidariedade de tantos amigos do Brasil e de outros países tem me ajudado muito durante o meu tratamento.
Desejo que todos tenham muita saúde, paz e prosperidade neste ano que vai começar. Vamos continuar juntos em 2012 com a presidenta Dilma, construindo um Brasil e um mundo cada vez melhor, mais justo e mais solidário.
Um forte abraço,
Luiz Inácio Lula da Silva

2011 - o ano que o pig demitiu ministros

[...] 2012 o ano da privataria tucana
por Maria Inês Nassif

Em 2005, quando começaram a aparecer resultados da política de compensação de renda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva – a melhoria na distribuição de renda e o avanço do eleitorado “lulista” nas populações mais pobres, antes facilmente capturáveis pelo voto conservador –, eles eram mensuráveis. Renda é renda, voto é voto. Isso permitia a antevisão da mudança que se prenunciava. Tinha o rosto de uma política, de pessoas que ascendiam ao mercado de consumo e da decadência das elites políticas tradicionais em redutos de votos “do atraso”. Um balanço do que foi 2011, pela profusão de caminhos e possibilidades que se abriram, torna menos óbvia a sensação de que o mundo caminha, e o Brasil caminha também, e até melhor. O país está andando com relativa desenvoltura. Não que vá chegar ao que era (no passado) o Primeiro Mundo num passe de mágicas, mas com certeza a algo melhor do que as experiências que acumulou ao longo da sua pobre história.
O perfil político do governo Dilma é mais difuso, mas não se pode negar que tenha estilo próprio, e sorte. As ofensivas da mídia tradicional contra o seu ministério permitirão a ela, no próximo ano, fazer um gabinete como credora de praticamente todos os partidos da coalizão governamental. No início do governo, os partidos tinham teoricamente poder sobre ela, uma presidenta que chegou ao Planalto sem fazer vestibular em outras eleições. Na reforma ministerial, ela passa a ter maior poder de impor nomes do que os partidos aliados, inclusive o PT. Do ponto de vista da eficiência da máquina pública – e este é o perfil da presidenta – ela ganha muito num ano em que os partidos estarão mais ocupados com as questões municipais e em que o governo federal precisa agilidade para recuperar o ritmo de crescimento e fazer as obras para a Copa do Mundo.
Sorte ou arte, o distanciamento de Dilma das denúncias contra os seus ministros, o fato de não segurar ninguém e, especialmente, seu estilo de manter o pé no acelerador das políticas públicas independentemente se o ministro da pasta é o candidato a ser derrubado pela imprensa, não a contaminaram com os malfeitos atribuídos a subalternos. Prova é a popularidade registrada no último mês do ano.
Mais sorte que arte, a reforma ministerial começa no momento em que a grande mídia, que derrubou um a um sete ministros de Dilma, se meteu na enrascada de lidar com muito pouca arte no episódio do livro “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Passou recibo numa denúncia fundamentada e grave. Envolve venda (ou doação) do patrimônio público, lavagem de dinheiro – e, na prática, a arrogância de um projeto político que, fundamentado na ideia de redução do Estado, incorporou como estratégia a “construção” de uma “burguesia moderna”, escolhida a dedo por uma elite iluminada, e tecida especialmente para redimir o país da velha oligarquia, mas em aliança com ela própria. Os beneficiários foram os salvadores liberais, príncipes da nova era. O livro “Cabeças de Planilha”, de Luís Nassif, e o de Amaury, são complementares. O ciclo brasileiro do neoliberalismo tucano é desvendado em dois volumes “malditos” pela grande imprensa e provado por muitas novas fortunas. Na teoria. Na prática, isso é apenas a ponta do iceberg, como disse Ribeiro Jr. no debate de ontem (20), realizado pelo Centro de Estudos Barão de Itararé, no Sindicato dos Bancários: se o “Privataria” virar CPI, José Serra, família e amigos serão apenas o começo.
A “Privataria” tem muito a ver com a conjuntura e com o esporte preferido da imprensa este ano, o “ministro no alvo”. Até a edição do livro, a imprensa mantinha o seu poder de agendamento e derrubava ministros por quilo; Dilma fingia indiferença e dava a cabeça do escolhido. A grande mídia exultou de poder: depois de derrubar um presidente, nos anos 90, passou a definir gabinetes, em 2011, sem ter sido eleito e sem participar do governo de coalizão da mandatária do país. A ideologia conservadora segundo a qual a política é intrinsicamente suja, e a democracia uma obra de ignorantes, resolveu o fato de que a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizimou a oposição institucional, em 2010, e a criação do PSD jogou as cinzas fora, terceirizando a política: a mídia assumiu, sem constrangimentos, o papel de partido político. No ano de 2011, a única oposição do país foi a mídia tradicional. As pequenas legendas de esquerda sequer fizeram barulho, por falta de condições, inclusive internas (parece que o P-SOL levou do PT apenas uma vocação atávica para dissidências internas; e o PT, ao institucionalizar-se, livrou-se um pouco dela – aliás, nem tanto, vide o último capítulo do livro do Amaury Ribeiro Jr.).
Quando a presidenta Dilma Rousseff começar a escolher seus novos ministros, e se fizer isso logo, a grande mídia ainda estará sob o impacto do contrangimento. Dilma ganhou, sem imaginar, um presente de Papai Noel. A imprensa estará muito menos disposta a comprar uma briga durante a CPI da Privataria – quer porque ela começa questionando a lisura de aliados sólidos da mídia hegemônica em 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, quer porque esse tema é uma caixinha de surpresas.
Isso não chega a ser uma crise que a democracia não tenha condições de lidar. Na CPI dos Anões do Orçamento, que atingiu o Congresso, os partidos viveram intensamente a crise e, até por instinto de sobrevivência, cortaram na própria carne (em alguns casos, com a ajuda da imprensa, jogaram fora a água da bacia com alguns inocentes junto). A CPI pode ser uma boa chance de o Brasil fazer um acerto com a história de suas elites.
E, mais do que isso, um debate sério, de fato, sobre um sistema político que mantém no poder elites decadentes e é facilmente capturado por interesses privados. Pode dar uma boa mão para o debate sobre a transparência do Estado e sobre uma verdadeira separação da política e do poder econômico. 2012 pode ser bom para a reforma política, apesar de ter eleições municipais. Pode ser o ano em que o Brasil começará a discutir a corrupção do seu sistema político como gente grande. Cansou essa brincadeira de o tema da corrupção ser usado apenas como slogan eleitoral. O Brasil já está maduro para discutir e resolver esse sério problema estrutural da vida política brasileira.
(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.



Presente para banqueiros

A austeridade e os banqueiros
por Simon Jonhson

Papai Noel chegou mais cedo, neste ano, para quatro ex-executivos da Washington Mutual (WaMu), um grande banco americano que faliu em 2008. A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, que garante os depósitos nos bancos americanos) tinha iniciado ações judiciais contra os quatro, centradas nos enorme riscos financeiros assumidos porque “sabiam que o mercado imobiliário caracterizava uma bolha”. A FDIC queria recuperar US$ 900 milhões, mas os executivos acabaram fechando acordo por US$ 64 milhões, dos quais arcarão com apenas US$ 400 mil, sendo o restante pago por suas seguradoras.
Sem dúvida, os executivos perderam seus empregos e agora precisam abir mão de suas reivindicações adicionais de indenização. Mas, de acordo com a FDIC, apesar disso, os quatro embolsaram mais de US$ 95 mil de janeiro de 2005 a setembro de 2008. Assim, eles se safaram com grande quantidade de dinheiro. Isso é o que acontece quando executivos financeiros são remunerados por “retorno sobre o patrimônio” não ajustado por riscos. Os executivos levam a melhor quando as coisas vão bem e quando riscos se concretizam eles nada (ou quase nada) perdem.
Ao mesmo tempo, suas atividades – e atividades similares de outros banqueiros – são diretamente responsáveis, tanto pela alta dos preços das casas com por seu colapso danoso que se seguiu. Esse colapso impactou os não banqueiros de muitas maneiras negativas, especialmente através da perda de mais de 8 milhões de empregos.
O colapso também provou austeridade – os impostos estão sendo elevados e os gastos do governo estão caindo em nível local e estadual em todo o país. Há uma difícil negociação fiscal em nível federal pela frente, mas cortes e contrações de vários tipos parecem prováveis.
Algumas pessoas argumentam que os americanos precisam apertar os cintos. Essa é uma discussão interessante, especialmente num momento em que o desemprego está acima de 8% (com recentes declínios em grande parte resultantes da decisão de muitos trabalhadores desempregados de parar de buscar emprego e abandonar inteiramente a força de trabalho total). É pouco provável que precipitar uma onda de austeridade ajude a economia americana a encontrar seu caminho de volta para níveis mais elevados de emprego.
Mas o que dizer do apoio do governo aos grandes bancos? Será que isso está diminuindo, tendo em vista nossas atuais pressões fiscais? Infelizmente, não; persiste muito apoio governamental, implicitamente mantido mediante a política de não permitir o colapso de bancos “grandes demais para falir” e explicitamente por meio de diversos tipos de apoio proporcionado pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
A lógica – ou, talvez devêssemos denominá-la ideologia – por trás do apoio aos grandes bancos é que eles são necessários para que a economia se recupere. Mas essa posição parece cada vez mais duvidosa, quando os bancos estão sentados em cima de uma pilha de dinheiro, enquanto consumidores e empresas merecedores de crédito estão relutantes em tomar empréstimos.
A mesma situação existe hoje na Europa, onde a realidade é ainda mais dura. Os bancos estão recebendo cada vez mais socorro, ao passo que, como resultado, os países que tomaram empréstimos estão cortando programas sociais e enfrentando crescentes tensões sociais e instabilidade política. Países como a Grécia, Itália, e, possivelmente, Portugal, estão superendividados, e agora seus cidadãos enfrentam graves consequências. Mas os banqueiros não sofrem nada por terem emprestado demais.
Sem dúvida, algumas das principais instituições financeiras europeias poderão agora enfrentar dificuldades, e – quem sabe – talvez alguns de seus executivos acabem sendo demitidos. Mas será que alguém acredita que as pessoas que afundaram os bancos europeus deixarão seus cargos com nada menos do que considerável fortuna?
Os manifestantes do movimento “Ocupar Albany” proclamaram recentemente uma firme declaração consensual, dizendo, em parte: “Os interesses daqueles que compram influência são recompensados à custa do povo, do qual deriva o poder do governo justo. Acreditamos que essa falha em nosso sistema está no cerne de muitas questões interligadas com que nos defrontamos, como sociedade, e que sua resolução é a chave para um futuro justo. Por isso exigimos democracia verdadeira, dissociada da influência corrosiva do poder econômico concentrado e conclamamos todos aqueles que compartilham esse objetivo comum a aliarem-se a nós e atuar nesse sentido”.
Os grandes bancos representam a última palavra em poder econômico concentrado nas economias contemporâneas. Eles são capazes de resistir a toda reforma significativa capaz de efetivamente mudar seus esquemas de remuneração. Seus executivos querem ficar com todo o lucro e, ao mesmo tempo, blindar-se contra todo e qualquer prejuízo real.
Mas um capitalismo sem a perspectiva de insucesso não merece a designação de economia de mercado. Estamos colhendo consequências um regime de subsídios em larga escala não transparentes e perigosos concedidos pelo governo em benefício de um punhado de gente extremamente rica.
Jon Huntsman, um candidato republicano à indicação para disputar a presidência, está abordando diretamente essa questão – insistindo em que deveríamos obrigar os maiores bancos a se desmembrar e tornar-se mais seguros. Nenhum outro candidato à presidência está encarando seriamente esse problema: simplesmente dizer “vamos deixá-los falir” não é uma resposta séria, quando o colapso de megabancos causaria tanto dano.
Devemos aprender tanto com o Washington Mutual como com o movimento “Ocupar”. Nos dois casos, a lição é a mesma: o poder financeiro concentrado é um presente que continua sendo dado – mas não para você.
Simon Johnson é ex-economista chefe do FMI, é cofundador do blog de economia, BaselineScenario.com, professor da MIT Sloan, membro sênior do Peterson Institute for International Economics, e coautor, com James Kwak, de “13 Bankers” (13 banqueiros).

Livros de presentes

Papai Noel, este ano, resolveu inovar. De presente, só vai trazer livros. Não apenas estará contribuindo para incentivar a cultura, mas, pelas escolhas que já fez, segundo informações  do nosso correspondente no Pólo Norte, pretende que cada agraciado tire lições dos volumes a receber. Obtivemos apenas parte da lista,  valendo apresentar os livros já embrulhados:
                                                                  
A presidente Dilma receberá  “Alice no País das  Maravilhas”, de Lewis Carrol.  
Para o Lula, “D.Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes. E mais:
                                                                  
José Dirceu: “O Processo”, de Franz Kafka. 
José Genoíno: “Acuso!” de Emile Zola. 
José Serra: “Humilhados  e Ofendidos”, de Dostoiewski. 
Michel Temer: “O Conde Monte Cristo”, de Victor Hugo. 
Gilberto Carvalho: “Candide”, de Voltaire. 
Carlos Lupi: “As Vinhas da Ira”, de John Steimbeck. 
Antônio Palocci: “Tartarin de Tarascon”, de  Alfonse Daudet. 
Rui Falcão: “1984”, de George Orwell. 
Jader Barbalho: “Em Busca do Tempo Perdido”, de Proust. 
Rosa Weber: “O Nome da Rosa”, de Humberto Eco. 
José Sarney: “O Dono do Mar”, de José Sarney. 
Cezar Peluso: “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri. 
Nelson Jobim: “O Exorcista”, de Willian Blatty. 
Aécio Neves: “A Ilíada e a Odisséia”, de Homero. 
Marcio Thomaz Bastos: “O Advogado do Diabo”, de Morris West.
Fernando Pimentel: “Hamlet”, de Shakespeare. 
Geraldo Alckmin: “Utopia”, de Thomaz Morus.  
Roberto Freire: “O Capital”, de Karl Marx. 
Ideli Salvatti: “Reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato.
Fernando Henrique Cardoso: “Ascenção e Queda do III Reich”, de Willian Shirer. 
Eduardo Campos: “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freire. 
Delúbio Soares: “Crime e Castigo”, de Dostoiewski. 
Pedro Simon: “O Tempo e o Vento”, de Érico Veríssimo.
Eduardo Suplicy: “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. 
Roberto Requião: “A Ilha do Tesouro”, de Robert Louis Stevenson. 
Agnelo Queirós: “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Júlio Verne.
                                               
Como são 513 deputados,  81 senadores, 38 ministros, 27 governadores e montes de ministros dos tribunais superiores, além de ex-políticos a dar com o pé, parece provável que até sábado consigamos mais detalhes da lista do Papai Noel.

por Carlos Chagas

Receita do dia

Salada com frutas e verduras

Ingredientes
  • 1 maço de alface crespa
    2 tomates sem cascas e sem sementes 
    1 cebola roxa picada 
    1 maçã picada 
    1 pêra picada 
    2 kiwi picados 
    quanto baste de nozes moída 
    1/2 lata de creme de leite 
    2 colheres (sopa) de maionese
    quanto baste de sal
    quanto baste de pimenta-do-reino branca

    Montagem

    Corte o tomate, a cebola, a maçã, a pêra e misture com o restante dos ingredientes. Disponha em uma travessa, decorada com alface crespa e os kiwi cortados em rodelas, acompanha carneiro assado.

A ceia de natal

[...] e o pão que o diabo amassou

"Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido." 
Charles Chaplin

 

 
Bem que eu queria desejar feliz natal de coração para coração. Queria valer-me das imagens singelas do nascimento de Jesus Cristo, tal como aprendi no catecismo, para cobrir a todos de carinho, afeto e de um luminoso feixe de esperanças.

Queria que a data, referência de uma civilização nascida na cruz e multiplicada nas catacumbas, fosse o momento sublime do mais afetuoso dos abraços.

Queria, sim, juro por tudo quanto é sagrado, que todos os 7 bilhões de seres humanos tivessem um belo motivo para um grande abraço através do planeta, inspirando-se nos sentimentos mais generosos de que desfrutamos e cultivamos no círculo restrito dos entes mais próximos.

Queria, mas, infelizmente, esse desejo é mais um a fantasia de inspiração lunática, típica de quem perdeu a noção da realidade e tenta desconhecer o trágico dos impulsos ensimesmados de cada indivíduo.

Imaginar a "festa máxima da cristandade" para além do corre-corre no comércio à cata de um presente para alguém que já está à espera dessa lembrança é passar atestado de desmiolado incurável.

O natal desses tempos modernos reduziu-se à troca de presentes porque a alma humana reduziu-se também ao império dos interesses, aos impulsos de caráter material, ao culto de satisfações egoístas, seja para hoje, na fruição de cada conquista pessoal, seja para o amanhã, quando a fé em Deus nos supõe eternos, com direito a um paraíso espiritual para todo o sempre.

A alma humana, aliás, é mais uma figura de retórica. Estes seres com que cruzamos na guerra silente de uma sobrevivência apequenada já se perderam no caos de suas próprias querências e compõem hoje apenas uma totalização disforme de partículas amargas e be ligerantes.

Portanto, o mais que se disser de mais um 25 de dezembro é subproduto reles da demagógica hipocrisia.

Mesmo assim, imaginando ser esta ainda a oportunidade de uma ceia em família, aproveito o ensejo para exortar a uma reflexão qualquer, qualquer coisa que permita lembrar o calvário de tantos outros filhos de Deus que nesta data santa ainda comem o pão que o diabo amassou
 
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