Pig não vai mudar


Sinceramente, não acredito que de uma hora para outra a velha mídia mudará de comportameno. O escândalo Cachoeira é, seguramente, o mais escabroso da história política brasileira. Essa mistura promíscua do crime organizado, polícia, políticos, judiciário e imprensa pode não ser inédita, mas é a primeira vez que se mostra a opinião pública de corpo inteiro.
Desde criança ouvia aquela velha história que jornal só conta mentira, aliás, muito parecida com a generalização de que todo político rouba. Até tempos atrás fui um voraz leitor de jornal e sei que é uma generalização injusta, tanto para um como para o outro.
Acho que chegou a hora dos políticos e jornalistas verdadeiramente honestos se posicionarem. As primeiras  reações ao Caso Cachoeira foram de colocar panos quentes. É um tal de empresário de jogos, o senador disse... No Congresso a coisa está na base do "Brutus é um homem muito honrado". Hoje já se está tratando Cachoeira de bicheiro e as gravações, que já estavam disseminadas na blogosfera, finalmente, chegaram ao horário nobre da televisão e, em alguns casos, as primeira páginas. Ainda faltam as duzentas conversas entre Cachoeira e Policarpo e a contundência que costumam tratar os malfeitos do lado governista.
O escândalo  pode ser um divisor de águas no combate a corrupção no país. Nunca um esquema mostrou tentáculos tão profundo em instituições importantes para a democracia brasileira. Quem não for a fundo  na apuração dessa história, certamente, está conivente com as práticas criminosas dos envolvidos.
por Luiz Gonzaga da Silva

Rei morto, Rei posto


[...] Ou seria: senador laranja morto, senador laranja posto?
E acredito que a linha de sucessão é bem extensa.
Quanto a imprensa, continuará como sempre foi, ou melhor, como é. Continuará publicando somente o que a ela interessa, mesmo que a verdade seja claramente ignorada. E muitas vezes forjada.
Ela já conseguiu doutrinar a maior parte do público, que só acredita nela.
Era um estágio que sem nenhuma surpresa ela alcançou.
Se informar era o objetivo inicial, influenciar passou a ser. E influenciar passou a não ser o bastante.
Com o poder que sabem ter nas mãos, manipular foi o estágio seguinte.
Não satisfeitos, dominar é o atual.
Virtualizam a realidade segundo seus interesses.
O Brasil é o que aparece nas páginas da Veja e na tela do Jornal Nacional.
Infelizmente, nossos políticos são corruptos, covardes e na melhor das hipóteses incompetentes.
Não haverá mudanças no panorama atual. Pelo menos em futuro próximo.
A escolha, mesmo que se saiba o resultado das opções, é dificil de se fazer. Apesar de uma ser mais confortável.
por Edmilson Fidelis

Todas temos amigas

[...]  assim

Nova crônica de Luiz Fernando Verrissimo



Ele tinha cara e corpo de toureiro. Ou então não de toureiro, que mata o touro. De bandarilheiro, que o irrita. Afinal, o Millor era só meio espanhol. O touro dele era qualquer coisa grande ou metida a grande, qualquer coisa com chifres que assustavam os outros mas não ele, qualquer coisa pomposa e ridícula, qualquer coisa prepotente. Mas acima de tudo, o touro dele era a burrice.

No lombo da burrice ele espetava suas bandarilhas coloridas, seus epigramas pontudos, suas parábolas incisivas, suas frases marcantes, sua inteligência afiada, esquivando-se dos chifres da besta. No fim ele só não conseguiu driblar a coisa mais burra que existe: a morte.
Especulação dolorosa: o que teria passado pelo seu cérebro nestes últimos dias, preso a um corpo inutilizado? Que memórias, que imagens ocuparam sua mente antes do fim? Ele na sua última arena, diante do seu último touro. Arena vazia, só os dois, num cara a cara final. Ele sem seus instrumentos: sem lápis, sem teclado, sem defesa. E na sua frente a burrice na sua forma definitiva.
A burrice total, a burrice imune a argumento ou súplica, a burrice irreversível, a burrice triunfante. Não adianta ele sugerir que ao menos dancem uma valsa, a burrice não tem senso de humor. Nem se pode chamá-la de vingativa — ela sabe que no fim, depois das bandarilhas coloridas e de todas as piruetas, a vitória será dela. Por mais ridicularizada que ela seja, a vitória é sempre dela. E depois vem a burrice eterna.
No seu sonho terminal, o touro começa sua carga. E o bandarilheiro não consegue sair do lugar.
BOZÓ E COALHADA
Cada um tinha seu personagem do Chico Anisio favorito. Os meus eram o Bozó e o Coalhada. O Chico era, antes de mais nada, um grande ator e cada personagem que ele criava vinha completo, não só com trejeitos e personalidades meticulosamente observados mas com biografia e destino claramente subentendidos.
Você adivinhava toda a vida do Bozó, sonhando eternamente com o status de ser da Globo, e do Coalhada, lembrando uma carreira no futebol que tinha pouco a ver com a realidade. Uma dentadura falsa bastava para fazer o tipo do Bozó, mas o Coalhada requeria um estrabismo meio desvairado que não podia ser simulado, era recurso do grande ator.
CHEGA!
Chico Anisio e Millor, um depois do outro. Ninguém está achando graça.

Mensalão: Cachoeira fez Roberto Jefferson de bobo da corte


As imagens em que um diretor dos Correios, Mauricio Marinho, guarda uma propina de R$ 3 mil – divulgadas na Veja e reproduzidas no jornal nacional – foram o início da crise política que resultou na queda do Chefe da Casa Civil do Governo Lula, José Dirceu.


O então presidente do PTB, Roberto Jefferson, que controlava os Correios, considerou que o Governo não o protegeu e ao partido de forma adequada, e deu uma entrevista à Folha (*) em que, pela primeira vez, usou a palavra “mensalão”, associada a Dirceu.

Quem mandou fazer a fita foi Carlinhos Cachoeira, para vingar Demóstenes Torres.

Quem faz essa acusação é Ernani de Paula, ex-prefeito de Anápolis, que foi derrubado da Prefeitura numa operação de grampos desaparecidos, como os que parecem ter a marca de Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres.

Cachoeira foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

Ernani de Paula foi casada com uma suplente de Demóstenes.

Ela assumiria o lugar dele no Senado, se Demóstenes saísse do PFL, entrasse no PMDB, e assumisse, como combinado, o  cargo de Secretário Nacional de Justiça, uma espécie de vice-Ministro da Justiça.

Demóstenes não foi nomeado e acredita que Dirceu foi quem vetou o nome dele.

Este ansioso blogueiro entrevistou Ernani de Paula esta semana.

Ele fala deste vídeo e do outro, que deu início ao enfraquecimento de Dirceu: aquele em que Valdomiro Diniz, então funcionário da Loteria do Rio, pede dinheiro a Cachoeira.

O vídeo foi exibido dois anos depois, quando Diniz trabalhava com Dirceu.

Ernani de Paula fala também de seu amigo de infância em Mogi das Cruzes, São Paulo, Valdemar da Costa Neto.

Valdemar era do PR, partido de José Alencar, candidato a vice de Lula.

Atingir Valdemar passou a ser um dos objetivos – segundo Ernani –, porque era uma forma de atingir Alencar, Lula e Dirceu, que participou de reuniões com Valdemar, durante a campanha. Leia trechos da entrevista Aqui

Carências generalizadas


Clique para Ampliar

No dicionário, é a falta do preciso. Ou do que preciso? Carência é também privação. De quê? De um abraço, um beijo, uma mensagem, atenção? Carência de ser amado? De ser querido?Carência também é necessidade. Necessitar de alguém esperando? De alguém vindo buscar? De vir deixar? De ficar? Carência de um brinde, de duas taças se tocando, de um vinho, qualquer vinho agitado antes do primeiro gole para o primeiro brinde... Carência é irmã gêmea da baixa estima porque ambas são da mesma família: a tristeza! Não sou autoridade para dar conselhos, principalmente a quem não me pede, mas se pedisse, seria mil vezes mais delicado porque envolve uma certa dose de responsabilidade nas conse-quências que possam advir de qualquer conselho seguido. Carência é uma coisa muito pessoal, muito de dentro da alma, de um estado de espírito que chega sem avisar e vai ficando sem ser desejado.

É preciso ser forte. Em qualquer lugar porque carência, baixa estima, tristeza, solidão são coisas universais, desconhecem fronteiras, credo, raça, cor, cultura. As carências não são contagiosas, mas atingem e incomodam, principalmente a quem não pode fazer nada. A baixa estima, não. Às vezes, basta uma palavra sincera, uma frase inteira, nos casos mais graves, um pouco de atenção ou uma luz que se acenda. O pior de uma carência, seja ela qual for, é que ela nunca está na outra extremidade de uma vaidade tola, uma inveja ridícula, uma necessidade boba. As carências geralmente envolvem as coisas do coração, reverberam nos sentimentos maltratados, nos ostracismos a que muitos são relegados e não tem nada a ver com a crônica diária da pobreza, da miséria. É sempre coisa ligada ao desamor, à desatenção, à frustração, às decisões mal tomadas e, muitas vezes, aos arrependimentos tardios que deixam sequelas profundas, irreversíveis, incorrigíveis. Aqui e ali, vulgariza-se uma carência confundindo-a com uma necessidade passageira: "coitadinho, tá carente, tá, bebê? Vem cá, vem. Quer um beijinho" Isso não é o reconhecimento de uma carência séria, é a frescura da desculpa para debochar uma tristeza e tristeza não significa necessariamente uma carência.

Uma tristeza é genérica. Uma carência é específica. Muitas vezes, acordei no meio de várias madrugadas e olhei para a outra metade de uma cama que me pareceu enorme. O vazio pesado me preencheu a saudade com mil lembranças perfumadas. Uma certa ausência era justo a falta do que precisava, nem que fosse só naquela madrugada, só naquele momento, nem que fosse apenas para preencher uma vontade enorme de sentir o mesmo gosto na mesma boca de seda. Depois, é acordar para a realidade e ser sacudido pela razão, pela coerência, respirar fundo e deixar pra lá. "Melhor que não esteja aqui..." Fica o consolo e nenhuma confissão de arrependimento se faz necessária, mesmo dentro da cumplicidade do silêncio absoluto. As carências fustigam, insistem, incomodam, perseguem e, na maioria das vezes, são compulsoriamente esquecidas ou deixadas de lado porque a mente se ocupa de outra coisa. É preciso manter a mente ocupada, construir, reconstruir, fazer e desfazer, planejar, pensar bobice, mas não deixar que certos vazios se apoderem das nossas mentes vulneráveis.

As carências sempre existiram e vão existir sempre, mas dificilmente, muito exageradamente dificilmente, alguém morre de carência, tirante comida, água. Defina um ponto, faça um traço, comece a caminhar, vá em frente, apresse o passo, saia do compasso sem fazer o que faço e fuja para bem longe, o mais que puder, para nunca ser chamado de carente, mas se alguém achar que a sua carência é de um beijinho, um abraço, atenção, renda-se e aproveite. Deixe-se abraçar, beijar e depois siga seu caminho, de cabeça erguida, sem demonstrar tristeza, por uma questão de orgulho, de amor próprio.
por A. CAPIBARIBE NETO - capi@globo.com

Blog do Charles Bakalarczyk: O golpe de 64 e a cumplicidade da grande mídia, po...

Blog do Charles Bakalarczyk: O golpe de 64 e a cumplicidade da grande mídia, po...: (Texto retirado do perfil do Marcos Rolim no Facebooke) Nesta data, há 48 anos, os golpistas tomaram o poder para uma ditadura que ...