Trecho de “A Máquina do Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade)

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas.

Dirceu - será mais fácil que muitos pensavam

Informado que Marina impôs o distanciamento do PSB do palanque do governador Geraldo Alckmim (PSDB-SP) nas eleições deste ano, José Dirceu afirmou:

"Está acontecendo exatamente como nós previmos. A reeleição dá presidenta Dilma será mais fácil que muitos imaginaram. Eu disse."

Sam Alves afirma que continua hetero. E Xuxa?...

Ninguém perguntou, pergunto:
Então Xuxa continua hetero, virou bi ou assumiu o lesbianismo?
Foto: Reprodução/ Twitter

O triângulo das bermudas, por Merval Pereira

Os principais candidatos à Presidência da República em outubro estão dedicando seus melhores esforços à formação de palanques na Região Sudeste, especialmente nos três principais colégios eleitorais, São Paulo, Rio e Minas, o chamado Triângulo das Bermudas da política brasileira, onde, tudo indica, as batalhas mais decisivas serão travadas.
A decisão de romper a aliança com o PSDB em São Paulo, se confirmada, é uma jogada de risco para a candidatura de Eduardo Campos do PSB no principal colégio eleitoral do País.
Mesmo que Marina Silva tenha tido em 2010 cerca de 20% dos votos no estado, nada indica que ela conseguirá transferir essa votação para Campos mesmo sendo confirmada como vice na chapa do PSB.
A aposta é que ela transfira seu prestígio também em outros estados e no Distrito Federal, onde venceu a eleição, e no Rio. A reação do líder Beto Albuquerque, que se recusa a aceitar a decisão como definitiva perguntando “para onde vamos então?”, mostra bem, no entanto, a dificuldade. Além do mais, o PSB pretende usar o número 40 em suas candidaturas majoritárias, para ajudar a aumentar sua bancada federal no Congresso, e está difícil encontrar um candidato no partido.
A ex-prefeita Luiza Erundina se encaixaria nesse perfil socialista, mas resiste a aceitar. O vereador Ricardo Young é do PPS, mas poderia haver um acordo entre os partidos para que ele concorresse com o número 40.
São candidatos, no entanto, não competitivos, e Campos teria de abrir mão de dividir o palanque de Alckmin com o tucano Aécio Neves, o que enfraquece desde já sua candidatura.
Mesmo que o governador do PSDB esteja em situação difícil com todas as acusações às gestões tucanas de formação de cartel nas licitações do metrô e de trens, ele continua sendo o favorito em São Paulo, e o partido tem uma grande estrutura no estado, só comparável à do PT com a máquina federal e, agora, a prefeitura.
Nas últimas eleições o PSDB tem vencido sempre para presidente em São Paulo, e mantém o governo estadual, embora o PT esteja na Presidência do país por quase 12 anos. Ao mesmo tempo os candidatos do PT à Presidência têm vencido as eleições em Minas, mesmo que o PSDB esteja no poder estadual.
Em 2010 o resultado do primeiro turno da eleição para presidente em Minas coincidiu com o resultado oficial geral. A candidata Dilma Rousseff teve 46,9% dos votos, o mesmo percentual que obteve no Brasil, e o tucano José Serra teve 30,7%, contra 32,6% no país. Também a candidata Marina Silva recebeu em Minas 21,2% dos votos, sendo 40% em Belo Horizonte, contra 19,6% no plano nacional.
Não se trata de mera coincidência, mas de uma representação das diversas regiões do país detectada pelo presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, que constatou em muitos anos de pesquisa eleitoral que os resultados em Minas refletem cada vez mais a média nacional.
Se a tese for confirmada, o candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, pode se considerar eleito, pois em suas contas ele pretende sair de Minas com uma vantagem de 3 a 4 milhões de votos sobre a presidente Dilma Rousseff.
Mas o PT avalia que desta vez encontrou um candidato de peso a governador, o ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, e se acha capaz de vencer no reduto eleitoral do candidato tucano. Além do fato de a presidente Dilma ser mineira, embora tenha feito a carreira política no Rio Grande do Sul.
Se a presidente repetir a vitória que teve em 2010, onde venceu por diferença de 1.797.83 votos, toda a estratégia de Aécio vai por água abaixo, já que será muito difícil para ele ter uma vitória folgada em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, com 1/3 do PIB nacional e 1/4 do eleitorado, onde os partidos solidamente implantados em São Paulo são o PSDB e o PT.
O PSDB tem vencido regularmente a eleição para presidente em São Paulo, mas a diferença a seu favor vem diminuindo: Fernando Henrique abriu cerca de 5 milhões de votos de frente para Lula em 1994 e 1998, em 2006, Alckmin venceu por uma margem de 3,8 milhões de votos e Serra, em 2010, por cerca de 1,8 milhão.
Esta será a primeira eleição presidencial desde 1994 em que não há candidatos paulistas na disputa, e, portanto, não se sabe qual será a reação do eleitorado tucano (e da máquina) diante do senador Aécio Neves. Ele acha que se vencer em SP, por mínima que seja a diferença, estará eleito. 
O PT prepara-se para vencer em São Paulo, para o governo e para a Presidência. (Continua amanhã)

Já não se fazem mais socialistas como antigamente

Pois não é que o deputado Beto Albuquerque, líder do PSB - Partido Socialista Brasileiro - na Câmara Federal, está a defender os , agiotas, parasitas - rentistas - nacionais e internacionais?...

Vejam:

 "O Mantega versão 2014 evoluiu da contabilidade criativa para a contabilidade do calote. Não paga as contas e diz que fez superávit."

Beto Albuquerque, Deputado (RS)

O homem tem longa experiência sobrevivendo à adversidade, mas pouca sobrevivendo à prosperidade

Enquanto isso, no distante reino da Dinamarca...
Em uma pesquisada anual intitulada "World Happiness Report", realizada em 2012 e 2013, a Dinamarca foi coroada duas vezes seguidas como a mais feliz das nações, esse ano sendo seguida pelas vizinhas Noruega, Suíça, Holanda e Suécia.
Por lá, pais e mães recebem um total de 52 semanas compartilhadas para licença maternidade, saúde é um direito público devidamente garantido, há maior igualdade de gêneros, bicicleta é um meio de transporte para mais da metade da população em Copenhagen, mais de 40% da população se engaja em algum trabalho voluntário e nem mesmo as longas noites de frio intenso são um incômodo, diante do hábito cultural conhecido como hygge – termo local para práticas de aconchego, viver simples e bem.
Segundo o professor Jeffery Sachs, um dos responsáveis pelo estudo:
"Existe hoje uma crescente demanda mundial por políticas públicas mais alinhadas com o que realmente importa para o que as próprias pessoas entendem como seu bem-estar. Mais e mais líderes globais estão dialogando sobre a importância do bem-estar como um guia para suas nações e para o mundo."
Com alguma sorte, as próximas gerações vão resolver os problemas estruturais que hoje afligem os países menos afortunados e, cedo ou tarde, seremos todos dinamarqueses. Estamos, len-ta-men-te, nos tornando mais hábeis em reconhecer o que os torna felizes e cultivar condições para que isso floresça.
Por hora, podemos aprender um bocado apenas observando os países nórdicos, que parecem estar na dianteira desse percurso. Como podemos ler nesse belo artigo da The Economist:
Há boas razões para prestarmos atenção a esses pequenos países na ponta da Europa. A primeira delas é por terem alcançado o futuro primeiro. Eles estão lidando com problemas que outros países hão de enfrentar no devido tempo.
Pessoalmente, me interessa saber o que eles teriam a dizer sobre os dilemas relativos ao futuro da prosperidade.
Estamos acostumados a ter questões graves nos atormentado vida afora. Porém, quando os fatores externos estão estabilizados e nos tornamos pessoas civilizadas, cultas, elegantes, educadas, sociáveis, bem-sucedidas financeiramente, sem problemas críticos de saúde, emprego ou moradia, vivendo em cidades inteligentes, bem planejadas e agradáveis, em um estado justo e honesto, o que acontece?
Quando a prosperidade bate à porta, sem ressalvas, como nos relacionamos com ela?
O trio WhoMadeWho arriscou uma crítica mordaz em sua trilogia de videoclipes lançados em 2010, 2011 e 2012, feitos em parceria com a Good Boy! Creative. Além de talentosíssimos, são, claro, dinamarqueses.

Keep me in my plane

Experimente ler, após o vídeo: "Solidão Masculina".

Every minute alone

Letra da música (roubei daqui a frase de abertura desse texto)
Experimente ler, após o vídeo: "A nova geração de homens mimados".

Running man & the sun (Pitfalls of modern man)

Experimente ler, após o vídeo: vários de nossos melhores artigos. Ou, apenas, "O seu estilo de vida já foi projetado".
Os três vídeos são construções narrativo-musicais dignas de palmas.
* * *
O tema felicidade está numa ascendente. Nos artigos do PdH, na web, nas livrarias, em encontros políticos, nos bares e nas viradas de ano ao redor do o mundo. Todos desejam e vão buscar por mais em 2014.
A questão é, ao riscar todos os itens das listas de metas e "chegando lá", o que se faz?
Guilherme Nascimento Valadares

Interessado em boas conversas, redes e novos modelos de trabalho e negócios. Na interseção desses pilares, surgiram o PdH, o Escribas e o lugar. Formado em Comunicação, atuou alguns anos como estrategista digital.


Outros artigos escritos por 

Eu não sou uma pessoa pobre

*Sou uma pessoa rica...com sérias dificuldades financeira.

**Eu também sou possuidor de uma imensa fortuna...em dividas.

***Eu tenho um enorme saldo em minha conta. O único problema é aquele sinalzinho de -. Mas, diante de tantos números, o que é um sinalzinho mixuruca desses, né?

****Bem papo de artista.

*****Tá certo!

*Flavia Azevedo **Paulo Patricio Thomaz Rodrigues ***Mauricio Aikoma ****Mikael M.S ***** Francisco Zelador